sexta-feira, abril 24, 2009

VAVADIANDO

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VAVADIANDO COM LAURO MOREIRA
Texto dedicado aos Caros Amigos da tertúlia, e ali lido:
Um café é, sempre foi, tende a deixar de ser, mas há quem procure manter essa boa tradição, um lugar de encontro, de diálogo, de confraternização, de tertúlia. Durante esse tempo de encontro, fazem-se (e às vezes desfazem-se) amizades que se prolongam pela vida fora. No Vavá, este café a que me encontro ligado há quase 50 anos, desde o tempo da sua fundação, fiz uma boa parte da minha vida social (e até pessoal e íntima, aqui fiz e desfiz namoros, aqui almoço quase todos os dia, só, ou com a Eduarda, com o Frederico, agora também com a namorada do Frederico…).
Mas tudo isto para vos dizer que aqui fiz muitas e boas amizades. Uma delas partiu esta semana, e eu gostaria de a recordar muito rapidamente. O Aventino Teixeira, militar de Abril e de Novembro, conselheiro pessoal do General Eanes, habitual frequentador deste espaço durante anos a fio. Ligado ao MRPP, de início, depois aderente ao grupo de Melo Antunes, Aventino Teixeira era um espírito de uma acutilância crítica e de uma inteligência rara. Tivemos por aqui muitas conversas sobre política arrasadoras, foi ele que me convidou em nome do General Eanes, a integrar a Comissão de Honra da sua Recandidatura, foi através dele que convidei o Presidente Eanes a assistir à ante-estreia da Manhã Submersa numa das salas do Quarteto. Com ele que me divertia muitas vezes à hora do almoço com os mexericos do Procópio da noite anterior. Partiu sem eu o saber, li a notícia estupefacto na Visão, e não queria deixar de o recordar hoje aqui. Nesta sala que ele habitou em tertúlia quase diária à hora de almoço.
Estamos a dois dias das comemorações do 25 de Abril. Os mais velhos sabem que sem esse dia, nunca teriam existido, por exemplo, estas tertúlias. Existiam outras, que espontaneamente brotavam em cada mesa do velho Vavá, onde se falava a medo de política, onde se conspirava brandamente, onde o “reviralho” aquecia a esperança de transformações. Mas estas, que nos permitem ouvir e dialogar em liberdade, com Otelo Saraiva de Carvalho ou Marcelo Rebello de Sousa, baptista Bastos ou Lídia Jorge, Feytor Pinto ou Fernando Rosas, Iva Delgado ou Paulo Portas, Maria do Céu Guerra ou Raul Solnado ou Nicolau Breyner, estas nunca teriam sido possíveis sem o 25 de Abril, que aqui gostaria de recordar.
Há muita coisa mal no nosso País, há de certeza, como em todos os países do mundo. Mas estaríamos muito pior sem o 25 de Abril, não tenho dúvidas. E devo dizer-vos, ao contrário de muitos velhos do Restelo do bota abaixo nacional, que este é um belo país onde apetece viver, apesar de tudo poder ser melhor. Lutar por essa melhoria é a herança do 25 de Abril que todos nós teremos de ajudar a cumprir.
Mas queria dizer-vos mais: hoje é dia mundial do livro, temos connosco vários autores de livros, e temos um convidado brasileiro, que além de embaixador do Brasil junto da CPLP (Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa), é ele próprio um embaixador da Língua Portuguesa e do Livro. A biografia de Lauro Moreira está resumida de forma muito sucinta no folheto que vos foi distribuído. Não está ai, porém, o seu amor à Cultura, em especial o seu amor à Poesia, à Música, ao Livro. Organizou em Lisboa dois eventos magníficos para dar a conhecer a obra de dois dos maiores escritores brasileiros de sempre (e não só brasileiros, mas da língua portuguesa, e da literatura mundial). Machado de Assis e Clarice Lispector. Continua a pugnar pela cultura lusófona e é um prazer tê-lo connosco, hoje, aqui.

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