sexta-feira, fevereiro 26, 2010

SPORTING, POR QUE NÃO JOGAS SEMPRE ASSIM?

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SPORTING, 3 - EVERTON, 0
SPORTING, POR QUE NÃO JOGAS SEMPRE ASSIM?
Será que só funciona para "inglês ver"? E para o negócio das transferências?
Os jogadores são os mesmos, o campo também, os sócios os de sempre.
Que muda? A sorte? Sim, pode ser.
Mas já era altura de mudar com mais frequência.

domingo, fevereiro 21, 2010

CINEMA: NAS NUVENS

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NAS NUVENS
Jason Reitman, filho de Ivan Reitman, é daqueles jovens que começam a vida no cinema. Como faz-tudo, de assistente a actor, de argumentista até se impor como realizador, até agora com três títulos no activo: Thank You for Smoking (2005), Juno (2007) e agora este Up in the Air (2009). Bom percurso, a meio caminho entre a indústria instalada de Hollywood e os independentes. Contam as crónicas que, desde 2005, andava às voltas com a escrita da adaptação de Up in the Air, um romance de Walter Kim, aparecido em 2001. Interessante conferir as datas, porque o filme parece ter sido escrito e rodado em meia dúzia de meses para estar nas salas quando a crise de 2009 explodiu na banca e nas empresas, quando o desemprego galopou, quando o clima económico e social alastrou pelo mundo fora. Afinal, a coisa não foi assim tão inesperada, havia escritores e realizadores que já tinham detectado o caos muito antes dele aparecer à luz do dia, impossível de ser mais escondido dos olhos de todos.
De que fala, portanto, Nas Nuvens? Das várias maneiras de despedir pessoal, quando a crise aperta, ou mesmo quando, aproveitando-se da crise, as empresas resolvem “emagrecer os quadros” do pessoal. Nestes casos, os administradores não gostam de dar a cara, contratam companhias de despedimento, que têm zelosos funcionários que estudam os relatórios, prevêem as melhores formas de despedir, e capricham na dialéctica do “vai-te embora que já não és preciso.” Sobretudo dando a ideia ao despedido que o facto dele ser dispensado é a grande oportunidade da sua vida para abrir o tal negócio que ele há tanto tempo tinha na imaginação. Agora está livre para fazer o que quiser. Abençoado despedimento, portanto. Uns choram, outros protestam, alguns, raros, atiram-se de pontes abaixo, há quem se sinta humilhado e ofendido, “depois de tantos anos”, mas não há nada a fazer, os dados estão lançados, quem pode manda, quem não pode obedece. O argumento foi escrito pelo próprio realizador, de colaboração com Sheldon Turner e está entre os nomeados para os Oscars do ano.
Ryan Bingham (Clooney) é o protagonista, um tipo simpático e desportivo, que leva a vida na boa, e adora andar de avião, arrastando a mala de aeroporto em aeroporto. Arrasta também um caudal de queixas e lamúrias que vai deixando para atrás de si. Para ele os empregados são números que é preciso abater para “agilizar” as estruturas empresariais. Não há sentimentos nem emoções a sobreporem-se à eficácia. A sua presença é humana, obviamente, mas o seu escritório pensa que pode ser facilmente substituído por um computador, em sessão de vídeo-conferência: de um lado quem despede, do outro os sucessivos futuros desempregados. Jason Reitman mostra como se faz, colocando uma rápida montagem de rostos que acabam de ouvir a sentença final. Diga-se que quase todos são actores não profissionais que foram escolhidos num casting onde só entraram despedidos recentes que assim revivem um pouco da sua própria experiência pessoal. Ryan Bingham revolta-se contra este processo. Por o achar desumano? Não me parece tanto assim, Mas sobretudo por ele anular a sua vida de passageiro de avião, um dos únicos sete em todo o mundo a possuir um cartão de cliente ultra especial. Adicionada a sua quilometragem anual, facilmente se percebe que Bingham vai e vem à Lua e ainda lhe sobram milhas. Se os despedimentos forem feitos através de vídeo-conferência, passa a ficar sentado no seu escritório, o que para ele não tem graça nenhuma. Para Ryan Bingham nada mais existe do que essa vida de excursionista da desgraça, posando de aeroporto em aeroporto para disseminar a má notícia e partir para outra. Lembra o portador da peste da Idade Média, mas vestido com as regalias de um executivo, um ar simpático e um sorriso irresistível para as mulheres com quem se cruza, para rápidas ligações sem consequências. Dá conferências sobre este modo de vida. Frente a anfiteatros repletos, coloca a malinha de mão a seu lado e explica como se sobrevive em permanente excursão. Não há vida fora da sua carreira, nem família, nem amigos, nem afectos. A família existe, aliás, mas é um transtorno (nem sequer encaixa na sua bagagem, vai de fora, à pendura).
O seu principal combate vai ser anular a ideia peregrina de Natalie Keener (Anna Kendrick), uma jovem tecnocrata que acha que despedir por pc é muito mais económico e eficiente. Cada um esgrime as suas razões e depois partem ambos para analisar in loco o efeito da novidade. É nessa altura que o empedernido Ryan Bingham se dá conta de que há mais vida para além da sua, e que o seu apartamento é um deserto. Nem tudo se pode acomodar dentro de uma malinha portátil que se arrasta como um dócil canídeo. Há mesmo uma altura em que duas malinhas dessas, deslizando lado a lado, podem dar a ideia de alguma cumplicidade e felicidade. Na verdade, há versões femininas de Ryan Bingham. Mas a cumplicidade é fortuita. Puro engano, como se verá no final.
“Up in the Air” não é o supra-sumo da comédia romântica, nem sequer do filme social, mas é um retrato muito interessante de uma realidade social que deflagrou a nossos olhos com uma força impressionante. Este é um filme que se pode ver como complemento ficcionista dos telejornais de todos os dias. E como ficção tem o poder de alertar para algo que nos telejornais começa a perder impacto, pela recorrência. Por vezes é preciso contarem-nos uma história para se perceber o que se passa ao nosso lado. É estranho e bizarro, mas é verdade.
O filme é bem contado, escorreito, nervoso, sincopado, adopta o estio do protagonista para seu próprio estilo, e as interpretações são muito boas. George Clooney parece que andou a vida toda, de aeroporto em aeroporto, a arrastar uma malinha de mão com rodas. Tem o físico e o rosto que se adaptam às mil maravilhas à personagem. Vera Farmiga (Alex Goran) e Anna Kendrick (Natalie Keener), cada uma no seu estilo, são magníficas e merecem amplamente figurar entre as nomeadas para melhor actriz secundária.
NAS NUVENS
Título original: Up in the Air
Realização: Jason Reitman (EUA, 2009); Jason Reitman, Sheldon Turner, segundo romance de Walter Kirn; Produção: Ali Bell, Michael Beugg, Jason Blumenfeld, Jeffrey Clifford, Daniel Dubiecki, Helen Estabrook, Ted Griffin, Joe Medjuck, Tom Pollock, Ivan Reitman, Jason Reitman; Música: Rolfe Kent; Fotografia (cor): Eric Steelberg; Montagem: Dana E. Glauberman; Casting: Mindy Marin; Design de produção: Steve Saklad; Direcção artística: Andrew Max Cahn; Decoração: Linda Lee Sutton; Guarda-roupa: Danny Glicker; Maquilhagem: Natasha Allegro, Jeff Lewis, Frances Mathias; Direcção de Produção: Ralph Bertelle, Kaylene Carlson, Patty Long, Tricia Miles; Assistentes de realização: Sonia Bhalla, Jason Blumenfeld, Steve Dale, Heather L. Hogan; Som: Barney Cabral, Trevor Metz, Perry Robertson, Scott Sanders; Efeitos especiais: William Dawson; Efeitos visuais: Justin Jones, Edson Williams; Companhia de produção: Companhia :Paramount Pictures; Intérpretes: George Clooney (Ryan Bingham), Vera Farmiga (Alex Goran), Anna Kendrick (Natalie Keener), Jason Bateman (Craig Gregory), Amy Morton (Kara Bingham), Melanie Lynskey (Julie Bingham), J.K. Simmons (Bob), Sam Elliott, Danny McBride, Zach Galifianakis, Chris Lowell, Steve Eastin, Marvin Young, Lucas MacFadden, Adrienne Lamping, Meagan Flynn, Dustin Miles, Tamara Tungate, Laura Ackermann, Meghan Maguire, Courtney Kling, Matt O'Toole, Alan David, Erin McGrane, Cari Mohr, Jerry Vogel, Adhir Kalyan, etc. Duração: 109 minutos; Distribuição em Portugal: Zon Lusomundo; Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 21 Janeiro 2010.

domingo, fevereiro 07, 2010

O QUE SE PASSOU FOI ISTO....

... MAS FALTA A "NOVIDADE" CARLOS QUEIROZ

A DITADURA DA INFORMAÇÃO UNIVOCA

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A asfixia democrática instalou-se definitivamente. Os meios de comunicação social em Portugal estão dominados pelo terror. O Estado concentra nas suas mãos todas as decisões. A pluralidade da informação não existe. A situação começa a ser insustentável.
Hoje fui ao posto de venda de jornais onde me desloco com frequência e pedi um jornal onde viesse a vitória do Sporting sobre a Académica e não existia um único diário onde pudesse ler esta notícia.
O mesmo resultado reproduzia-se de manchete em manchete.
É impossível viver-se nu país assim.
O risco de regresso à ditadura é evidente. Se é que não estamos já.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

OS NOMEADOS SÃO…

O
OSCARS DE 2010
Foram hoje revelados os nomeados para os Oscars de 2010, referentes aos filmes estreados em 2009. A cerimónia de atribuição decorrerá no Kodak Theatre em Hollywood, no próximo dia dia 7 de Março. Até façam as vossas apostas. Eu também prometo fazer as minhas.

MELHOR FILME
Avatar
The Blind Side
Distrito 9
An Education
Estado de Guerra
Sacanas Sem Lei
Precious
A Serious Man
Up - Altamente!
Nas Nuvens

MELHOR REALIZADOR
Kathryn Bigelow
James Cameron
Quentin Tarantino
Lee Daniels
Jason Reitman

MELHOR ACTOR
Jeff Bridges - Crazy Heart
George Clooney - Nas Nuvens
Colin Firth - A Single Man
Morgan Freeman - Invictus
Jeremy Renner - Estado de Guerra

MELHOR ACTRIZ
Sandra Bullock - The Blind Side
Helen Mirren - A Última Estação
Carey Mulligan - An Education
Gabourey Sidibe - Precious
Meryl Streep - Julie e Júlia

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Matt Damon - Invictus
Woody Harrelson - The Messenger
Christopher Plummer - A Última Estação
Stanley Tucci - Visto do Céu
Christoph Waltz - Sacanas Sem Lei

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Penelope Cruz – Nove
Vera Farmiga - Nas Nuvens
Maggie Gyllenhaal - Crazy Heart
Anna Kendrick - Nas Nuvens
Mo'nique - Precious

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
Mark Boal - Estado de Guerra
Quentino Tarantino - Sacanas Sem Lei
Alessandro Camon & Oren Moverman - The Messenger
Joel & Ethan Coen - A Serious Man
Peter Docter, Bob Peterson, Tom McCarthy - Up-Altamente!

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
Neill Blomkamp & Terri Tatchell - Distrito 9
Nick Hornby - An Education
Jesse Armstrong, Simon Blackwell, Armando Iannucci & Tony Roche - In The Loop
Geoffrey Fletcher, Precious
Jason Reitman & Sheldon Turner - Nas Nuvens

MELHOR FILME EM LINGUA NÃO INGLESA
Ajami - Israel
El Secretro de sus Ojo - Argentina
The Milk of Sorrow - Chile
O Profeta - França
O Laço Branco - Alemanha

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
Coraline
O Fantástico Senhor Raposo
Princesa e o Sapo
The Secrets of Kells
Up - Altamente!

MEHOR DIRECÇÃO ARTÍSTICA
"Avatar" - Rick Carter and Robert Stromberg; Set Decoration: Kim Sinclair
"Parnassus - O Homem que Queria Enganar o Diabo" - Dave Warren and Anastasia Masaro; Set Decoration: Caroline Smith
"Nove" - John Myhre; Set Decoration: Gordon Sim
"Sherlock Holmes" - Sarah Greenwood; Set Decoration: Katie Spencer; Patrice Vermette; Set Decoration: Maggie Gray

MELHOR FOTOGRAFIA
"Avatar” - Mauro Fiore
"Harry Potter e o Principe Misterioso" - Bruno Delbonnel
"Estado de Guerra" - Barry Ackroyd
"Sacanas Sem Lei" - Robert Richardson
"O Laço Branco" - Christian Berger

MELHOR GUARDA-ROUPA
"Bright Star" - Estrela Cintilante” Janet Patterson
"Coco before Chanel” Catherine Leterrier
"Parnassus - O Homem que Queria Enganar o Diabo" - Monique Prudhomme
"Nove" Colleen Atwood
"A Jovem Vitória” Sandy Powell

MELHOR DOCUMENTÁRIO
"Burma VJ" Anders Østergaard and Lise Lense-Møller
"The Cove" Nominees to be determined
"Food, Inc." Robert Kenner and Elise Pearlstein
"The Most Dangerous Man in America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers" Judith Ehrlich and Rick Goldsmith
"Which Way Home" Rebecca Cammisa

MELHOR DOCUMENTÁRIO - CURTA-METRAGEM
“China’s Unnatural Disaster: The Tears of Sichuan Province” Jon Alpert and Matthew O’Neill
“The Last Campaign of Governor Booth Gardner” Daniel Junge and Henry Ansbacher
“The Last Truck: Closing of a GM Plant” Steven Bognar and Julia Reichert
“Music by Prudence” Roger Ross Williams and Elinor Burkett
“Rabbit à la Berlin” Bartek Konopka and Anna Wydra

MELHOR MONTAGEM
“Avatar” Stephen Rivkin, John Refoua and James Cameron
“District 9” Julian Clarke
“The Hurt Locker” Bob Murawski and Chris Innis
“Inglourious Basterds” Sally Menke
“Precious: Based on the Novel ‘Push’ by Sapphire” Joe Klotz

MELHOR MAQUILHAGEM
“Il Divo” Aldo Signoretti and Vittorio Sodano
"Star Trek” Barney Burman, Mindy Hall and Joel Harlow
“The Young Victoria” Jon Henry Gordon and Jenny Shircore

MELHOR BANDA SONORA
“Avatar” James Horner
“Fantastic Mr. Fox” Alexandre Desplat
“The Hurt Locker” Marco Beltrami and Buck Sanders
“Sherlock Holmes” Hans Zimmer
“Up” Michael Giacchino

MELHOR CANÇÃO
“Almost There” from “The Princess and the Frog” Music and Lyric by Randy Newman
“Down in New Orleans” from “The Princess and the Frog” Music and Lyric by Randy Newman
“Loin de Paname” from “Paris 36” Music by Reinhardt Wagner Lyric by Frank Thomas
“Take It All” from “Nine” Music and Lyric by Maury Yeston
“The Weary Kind (Theme from Crazy Heart)” from “Crazy Heart” Music and Lyric by Ryan Bingham and T Bone Burnett

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
“French Roast” Fabrice O. Joubert
“Granny O’Grimm’s Sleeping Beauty” Nicky Phelan and Darragh O’Connell
“The Lady and the Reaper (La Dama y la Muerte)” Javier Recio Gracia
“Logorama” Nicolas Schmerkin
“A Matter of Loaf and Death” Nick Park

MELHOR CURTA-METRAGEM EM IMAGEM REAL
“The Door” Juanita Wilson and James Flynn
“Instead of Abracadabra” Patrik Eklund and Mathias Fjellström
“Kavi” Gregg Helvey
“Miracle Fish” Luke Doolan and Drew Bailey
“The New Tenants” Joachim Back and Tivi Magnusson

MELHOR MONTAGEM SONORA
“Avatar” Christopher Boyes and Gwendolyn Yates Whittle
“The Hurt Locker” Paul N.J. Ottosson
“Inglourious Basterds” Wylie Stateman
“Star Trek” Mark Stoeckinger and Alan Rankin
“Up” Michael Silvers and Tom Myers

MELHOR SONOPLASTIA
“Avatar” Christopher Boyes, Gary Summers, Andy Nelson and Tony Johnson
"The Hurt Locker” Paul N.J. Ottosson and Ray Beckett
“Inglourious Basterds” Michael Minkler, Tony Lamberti and Mark Ulano
“Star Trek” Anna Behlmer, Andy Nelson and Peter J. Devlin
“Transformers: Revenge of the Fallen” Greg P. Russell, Gary Summers and Geoffrey Patterson

MELHORES EFEITOS VISUAIS
“Avatar” Joe Letteri, Stephen Rosenbaum, Richard Baneham and Andrew R. Jones
“District 9” Dan Kaufman, Peter Muyzers, Robert Habros and Matt Aitken
“Star Trek” Roger Guyett, Russell Earl, Paul Kavanagh and Burt Dalton.

UM BEIJO PARA ROSA LOBATO FARIA

ROSA LOBATO FARIA
Morreu aos 77 anos
A actriz, escritora e compositora Rosa Lobato Faria, de 77 anos, morreu hoje, 2 de Fevereiro, depois de ter sido internada há uma semana com uma anemia grave num hospital privado de Lisboa. O seu editor na ASA e agora na PortoEditora, Manuel Alberto Valente, recorda-a como "uma pessoa extraordinária" e revela que Lobato Faria desejava publicar um novo romance este ano. Lauro António, realizador, frisa que "ela deixa uma marca forte no mundo do espectáculo e da cultura portuguesa".
Rosa Lobato Faria estava internada num hospital privado de Lisboa há uma semana devido a anemia e já há mais de seis meses que sofria de complicações devidas a uma cirurgia motivada por uma infecção intestinal. Era viúva de Joaquim Figueiredo Magalhães, editor literário, desde 26 de Novembro de 2008.
"É uma grande dor e uma grande perda", lamenta Manuel Alberto Valente ao PÚBLICO, que editou o primeiro romance da autora - "Para além de ser muito bem escrito, trazia para a área da ficção essa marca poética muito forte de todo o trabalho dela" - e quase toda a sua obra desde então.
"Foi crescendo entre nós uma amizade muito grande. Eu era uma das primeiras pessoas a ler cada original que ela terminava. Tinha prometido entregar-nos brevemente o novo romance que queria publicar ainda este ano. Não sei em que fase estava da escrita desse romance, mas vou agora tentar saber junto da família."
Lauro António, realizador de cinema que dirigiu Rosa Lobato Faria em "Paisagem Sem Barcos" (1983) e "O Vestido Cor de Fogo" (1986), elogia a sensibilidade e a elegância da actriz, que "ao mesmo tempo [era] muito intensa ao nível das suas convicções e paixões". O realizador assinala ainda que "a imagem que se tinha dela correspondia muito à sua essência. Tinha uma beleza interior e exterior e uma certa serenidade – curiosamente aproveitei essa serenidade para lhe dar papéis em que era fria, distante, personagens um pouco hipócritas".
"E, não sendo uma feminista militante, tinha uma personalidade forte, e deu um bom retrato da mulher, ajudando a alterar a imagem da mulher em Portugal nos últimos 50 anos", sublinha Lauro António ao PÚBLICO.
O Ministério da Cultura manifestou, em comunicado, "grande pesar pelo falecimento" da poetisa e romancista, destacando que "a actividade que desenvolveu na área da escrita, fundamentalmente como autora de romances, mas também de poemas, contos, peças de teatro, argumentos para televisão e letras de músicas e, ainda, como actriz em filmes e séries televisivas constituem um legado que atesta a sua criatividade e extrema sensibilidade e que perpetuará como fonte de inspiração para novas gerações".
A escritora (poeta e romancista) e actriz nasceu em Lisboa em abril de 1932. O seu primeiro romance, "O Pranto de Lúcifer", foi editado em 1995, mas publicara já antes vários volumes de poesia - como "Os Deuses de Pedra" (1983) ou "As Pequenas Palavras" (1987). O essencial da sua poesia está reunido no volume "Poemas Escolhidos e Dispersos" (1997). Em 1999, na ASA, publica "A Gaveta de Baixo", um longo poema inédito acompanhado por aguarelas do pintor Oliveira Tavares.
Como romancista publicou ainda "Os Pássaros de Seda" (1996), "Os Três Casamentos de Camilla S." (1997), "Romance de Cordélia" (1998), "O Prenúncio das Águas" (1999, que foi Prémio Máxima de Literatura em 2000) e "A Trança de Inês" (2001). Escreveu também "O Sétimo Véu" (2003), "Os Linhos da Avó" (2004), "A Flor do Sal" (2005), "A Alma Trocada" (2007) e "A Estrela de Gonçalo Enes" (2007), além de ter assinado vários livros infantis. Os dois primeiros romances tiveram tradução na Alemanha e "O Prenúncio das Águas" foi publicado em França pelas Éditions Métailié. O seu último livro, "As Esquinas do Tempo", foi publicado em 2008 pela Porto Editora.
Como actriz, Lobato Faria integrou o elenco da primeira novela portuguesa, "Vila Faia" (1983), e trabalhou com Herman José em "Humor de Perdição" também como argumentista. Filmou com João Botelho ("Tráfico, de 1998, e "A Mulher Que Acreditava Ser Presidente dos Estados Unidos da América", de 2003). Foi também dirigida por Lauro António em "Paisagem Sem Barcos" (1983) e "O Vestido Cor de Fogo" (1986). Estreou-se como locutora na RTP na década de 1960.
Escreveu ainda dezenas de letras para canções, muitas delas para festivais da canção. Entre elas o conhecido "Chamar a Música", interpretado por Sara Tavares.
02.02.2010 - 17:19 Por PÚBLICO
Nas imagens, Rosa Lobato Faria em Paisagem sem Barcos e O Vestido Cor de Fogo,
aqui ao lado se Josefina Silva e Adelaide Joao