“Uma família Portuguesa”,
de Filomena Oliveira e Miguel Real
“Uma família Portuguesa”, de Filomena Oliveira e Miguel Real, numa encenação de Cristina Carvalhal, foi um êxito a quando da sua estreia no Teatro Aberto. Por razões diversas não a tinha conseguido ver então, e foi excelente poder recuperar este trabalho, agora em passagem pelo Festival de Teatro de Almada, dado tratar-se realmente de um espectáculo muito interessante, tendo por base uma família portuguesa de início do século XXI, que vive impregnada de fantasmas do passado, de Salazar à Virgem de Fátima, passando pela guerra colonial e pelo PREC. Uma casa antiga, onde coabitam três gerações e um espectro que a todos assombra, ainda que só à mulher “apareça”.
Marido e mulher, sogra e filhos, os dramas habituais da falta de dinheiro e da ausência de grandes horizontes, e o todo mesclado por referências musicais, literárias e plásticas da segunda metade do século XX, numa imaginativa encenação que, partindo de um cenário sarcástico e barroco, onde se amontoam sistematicamente adereços de todo o género, mas todos eles muito “significativos”, consegue criar uma marcação sugestiva e igualmente irónica.
A peça de Filomena Oliveira e Miguel Real, que não lemos, é certamente interessante e divertida nos seus apontamentos críticos e no clima que permite criar, que a encenação muito ajuda e os intérpretes, no seu todo, num estilo de discreta comédia, sublinham com graça e talento. Um bom espectáculo popular, mas exigente, na boa tradição do que normalmente se vê no Teatro Aberto.
Filomena Oliveira e Miguel Real escreveram em conjunto a adaptação de “Memorial do Convento” e as peças “Os patriotas”, “O umbigo régio”, “Liberdade, Liberdade”, “1755”. “O grande terramoto”, “Vieira – O céu na Terra” ou “Os Maias”. Formada em Filosofia, pela Faculdade de Letras de Lisboa, Filomena Oliveira lecciona no ensino secundário e é investigadora do Centro de Literatura de Expressão Portuguesa, tendo concluído em 2000 o Curso Superior Especializado de Teatro e Educação da ESTC. Também formado em Filosofia, Miguel Real especializou-se em Cultura Portuguesa, desenvolvendo actualmente o doutoramento sobre Eduardo Lourenço. Recebeu, entre outros, o Prémio Revelação Ensaio da Associação Portuguesa de Escritores e, com Filomena Oliveira, o Grande Prémio de Teatro Português 2008, da Sociedade Portuguesa de Autores/Teatro Aberto, com a peça agora apresentada.
Cristina Carvalhal iniciou os seus primeiros passos como actriz com João Lourenço. Com uma já longa trajectória, fez parte do núcleo fundador da “Escola de Mulheres – Oficina de Teatro”. Entre os espectáculos que encenou, destacam-se: “De que falamos quando falamos de amor”, de Raymond Carver, “Cosmos”, de Witold Gombrowicz, “Erva vermelha”, de Boris Vian, “Libração”, de Lluisa Cunillé, “Cândido”, de Voltaire e “A orelha de Deus”, de Jenny Schwartz (Prémio Autores 2010 Teatro – Melhor Espectáculo, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores).
Uma Família Portuguesa, de Filomena Oliveira e Miguel Real; Dramaturgia e encenação de Cristina Carvalhal; Teatro Aberto; Intérpretes: Bruno Simões, Carlos Malvarez, João Maria Pinto, Luísa Salgueiro, Teresa Faria; Música: João Gil; Cenário: Ana Vaz; Figurinos: Ana Vaz, Maria Gonzaga; Luz: Melim Teixeira; Apoio ao movimento: Margarida Gonçalves; Duração: 1H10; Classificação: M/ 12.
Marido e mulher, sogra e filhos, os dramas habituais da falta de dinheiro e da ausência de grandes horizontes, e o todo mesclado por referências musicais, literárias e plásticas da segunda metade do século XX, numa imaginativa encenação que, partindo de um cenário sarcástico e barroco, onde se amontoam sistematicamente adereços de todo o género, mas todos eles muito “significativos”, consegue criar uma marcação sugestiva e igualmente irónica.
A peça de Filomena Oliveira e Miguel Real, que não lemos, é certamente interessante e divertida nos seus apontamentos críticos e no clima que permite criar, que a encenação muito ajuda e os intérpretes, no seu todo, num estilo de discreta comédia, sublinham com graça e talento. Um bom espectáculo popular, mas exigente, na boa tradição do que normalmente se vê no Teatro Aberto.
Filomena Oliveira e Miguel Real escreveram em conjunto a adaptação de “Memorial do Convento” e as peças “Os patriotas”, “O umbigo régio”, “Liberdade, Liberdade”, “1755”. “O grande terramoto”, “Vieira – O céu na Terra” ou “Os Maias”. Formada em Filosofia, pela Faculdade de Letras de Lisboa, Filomena Oliveira lecciona no ensino secundário e é investigadora do Centro de Literatura de Expressão Portuguesa, tendo concluído em 2000 o Curso Superior Especializado de Teatro e Educação da ESTC. Também formado em Filosofia, Miguel Real especializou-se em Cultura Portuguesa, desenvolvendo actualmente o doutoramento sobre Eduardo Lourenço. Recebeu, entre outros, o Prémio Revelação Ensaio da Associação Portuguesa de Escritores e, com Filomena Oliveira, o Grande Prémio de Teatro Português 2008, da Sociedade Portuguesa de Autores/Teatro Aberto, com a peça agora apresentada.
Cristina Carvalhal iniciou os seus primeiros passos como actriz com João Lourenço. Com uma já longa trajectória, fez parte do núcleo fundador da “Escola de Mulheres – Oficina de Teatro”. Entre os espectáculos que encenou, destacam-se: “De que falamos quando falamos de amor”, de Raymond Carver, “Cosmos”, de Witold Gombrowicz, “Erva vermelha”, de Boris Vian, “Libração”, de Lluisa Cunillé, “Cândido”, de Voltaire e “A orelha de Deus”, de Jenny Schwartz (Prémio Autores 2010 Teatro – Melhor Espectáculo, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores).
Uma Família Portuguesa, de Filomena Oliveira e Miguel Real; Dramaturgia e encenação de Cristina Carvalhal; Teatro Aberto; Intérpretes: Bruno Simões, Carlos Malvarez, João Maria Pinto, Luísa Salgueiro, Teresa Faria; Música: João Gil; Cenário: Ana Vaz; Figurinos: Ana Vaz, Maria Gonzaga; Luz: Melim Teixeira; Apoio ao movimento: Margarida Gonçalves; Duração: 1H10; Classificação: M/ 12.
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