E pronto, os resultados estão aí.
Ganhou claramente o País. Os que votaram ordeiramente, democraticamente e depois deram uma evidente demonstração de vivência democrática. Ganhar e perder faz parte do jogo democrático. Se a democracia tem muitos defeitos, acredito que é ainda o melhor de todos os sistemas políticos conhecidos.
A abstenção foi grande, mas talvez não tão grande (40%) quanto os resultados deram a ideia. Há que rever os cadernos eleitorais e clarificar os números. De todas as formas não votar é ainda uma forma de expressão.
Vencedor da noite Pedro Passos Coelho e o PSD. Vitória incontestável. “As vitórias eleitorais não asseguram a razão de quem vence mas a sua legitimidade para governar”. Disse Sócrates e muito bem. Passos Coelho está legitimado.
Pessoalmente devo dizer que entre os vários candidatos possíveis do PSD, Pedro Passos Coelho era, e é, o que me inspirava maior simpatia. Jovem, moderno, pragmático, espero que seja um verdadeiro social-democrata na acção e na forma como vai aplicar o veredicto da troika. Não se saiu nada mal do seu primeiro discurso de pós vitória.
O segundo vencedor da noite foi o derrotado José Sócrates pelo notável discurso de renúncia. Conseguiu inverter uma derrota pesada numa saída por cima que o dignifica pessoalmente e ao PS. Vai para a oposição, como militante de base. Veremos o futuro do PS.
O terceiro vencedor é Paulo Portas e o seu CDS. Não subiu tanto quanto ele desejava, mas subiu e ganhou lugar num futuro governo de centro-direito. Espero que o cravo e o discurso para com os mais humildes se mantenha na poder. O seu discurso de hoje foi bom. Outra coisa não seria de esperar de um politico experiente e inteligente.
Vitoriosos saíram ainda o PCP e BE. Conseguiram derrotar Sócrates e o PS e colocar no governo uma nova coligação de centro-direita com larga maioria de deputados. Conjuntamente com Mário Nogueira, o inspirado secretário-geral da Fenprof, conseguiram levar a sua água ao moinho. Agora, todos coligados, devem finalmente estar felizes e assegurar a mediocratização do professorado pela base. Os bons professores e os alunos que querem aprender bem são capazes de não pensar assim, mas viva a grande coligação da direita e da extrema esquerda contra os “fascistas” do PS. Uma técnica já muito utilizada no tempo de Mário Soares, que era “fascista” para os mesmos.
Sinceramente, espero que as raivinhas mesquinhas se calem e que venha ao se cima o melhor do PSD, e não o seu pior. Espero bom trabalho, séria dedicação, uma limpeza na justiça, uma boa planificação dos serviços públicos, acabar com a troca dos boys pelos boys (isso é que era bom!), valorização de quem produz e se dedica ao seu país. Se assim for, que seja bem-vindo quem vier por bem.
2 comentários:
Como é bom ironizar....
subscrevo, em particular os aspectos mais irónicos (e mais inteligentes, como é habitual, no autor). Haja saúde, porque quanto ao dinheiro para gastos ... bem, veremos
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