Não
é só no Dia Mundial do Teatro que se deve ir ao Teatro. O ideal é ir sempre que
possível. Todas as semanas retirar uma noite para ir ao Teatro, não seria mau. Ouvir
o texto, perceber a encenação, ver os actores, admirar os cenários, escutar os
sons, deixar-se tocar pelas luzes, olhar para a sala, as diferentes salas onde
tudo acontece, sentir a liturgia do acto na comunhão com o vizinho do lado, que
está frente à mesma realidade que nós e, todavia, a interpreta de maneira só
sua. Esse o fascínio do Teatro, estarmos ali a ver algo de irrepetível. Sim, as
sessões repetem-se, noite após noite e, no entanto, nada é igual. Seja porque o público é diferente, seja porque
os protagonistas, sendo os mesmos, são-no de forma diferente. A magia do Teatro
vem daí, desse acto único. Algo que vem, porém, desde que o Homem é Homem,
porque desde sempre o Homem representou a sua própria peça no grande palco do
mundo. Depois os gregos captaram a peça e reproduziram-na em auditórios para
plateias mais convencionais. Mas a peça, essa continua a ser a mesma, o Homem a
tentar libertar-se do que lhe tolhe os movimentos, o Homem a procurar ser Homem
de corpo inteiro. Essa a lição do Teatro, no Dia Mundial do Teatro, em todos os
dias da nossa vida. Por isso se deve ir ao Teatro, para nos olharmos ao
espelho. Ver as misérias e as grandezas. Ouvir aqueles que dão voz à nossa voz.
No Teatro.
(Na imagem, Anna Magnani, em "La Carrosee d'Or", de Jean Rennoir)
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