JOGOS OLÍMPICOS DE LONDRES 2012:
"Não tenhas medo. Esta ilha está cheia de sons"
"Não tenhas medo. Esta ilha está cheia de sons"
Senhor
Presidente da República
(sei
que viu, porque vi por lá V. Excelência)
Senhor
Primeiro-ministro,
Senhor
Ministro da Educação,
Senhor
Ministro da Saúde
Senhor
Secretário de Estado da Cultura,
Senhor
Secretário de Estado do Desporto,
Dr.
Miguel Relvas,
Espero
que todos tenham visto o belíssimo espectáculo que constituiu a cerimónia de
abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, 2012.
Claro
que ficarei muito feliz por saber que V. Exas. não perderam tão grandioso e
significativo espectáculo.
Também
me congratulo por reconhecer o acrisolado patriotismo que os levou a sentirem
uma particular alegria ao verem desfilar a nossa garbosa selecção de atletas,
com cachecóis empunhando bem alto o nome de Portugal.
Mas
não se trata disso que vos quero falar.
Gostaria
de vos saber orgulhosos por uma cerimónia onde se homenagearam os valores
ingleses e universais, e onde se deu particular destaque ao Serviço Nacional de
Saúde britânico, à História, à Cultura, à Música, ao Cinema, à Televisão, aos
Actores, aos Encenadores e Realizadores, aos Poetas e Escritores, aos
Desportistas, afinal ao que de melhor a civilização inglesa (e mundial) deu ao
mundo.
Enquanto
os Jogos Olímpicos de Londres 2012, num país curiosamente governado à direita,
e com fortes problemas económicos, se faz o elogio a um serviço nacional de
saúde que, desde 1948, instituiu a máxima de que “todos têm por igual direito a
cuidados de saúde”, enquanto por lá se louvam criadores inspirados de todas as
artes, que se passa por aqui, em nome da crise?
Calculo
que os Jogos Olímpicos em Lisboa 2012 tivessem por tema a crise, a austeridade,
o apertar do cinto e a pieguice portuguesa. Com carros alegóricos de crítica
aos intelectuais e artistas que não vivem sem subsídios. E proclamações jurando
a necessidade de encerrar camas em hospitais, centros de saúde, despedir
médicos e enfermeiros, cortar nas escolas e nos professores, promover os cursos
por correspondência, com muitas creditações políticas, e subir os impostos para
a classe média, com as necessárias facturas para cabeleireiros, donos de stands
de automóvel, restaurantes e cafés. E no final, a grande apoteose seria um
número musical a exortar ao êxodo para terras onde os desempregados tivessem
novas oportunidades.
Claro
que poderia ser assim, mas não seria a mesma coisa.
Por
isso gostei muito de ver esta abertura de Jogos Olímpicos, idealizada a pensar
no gosto pelos valores e pela cultura universal. "Não tenhas medo. Esta
ilha está cheia de sons". Foi esta frase de "A Tempestade", de
William Shakespeare, que inspirou o realizador Danny Boyle a inventar este
magnifico espectáculo. Está tudo dito.
7 comentários:
muito bom, Lauro amigo!! um enorme beijo
muito bom, meu amigo!! um enorme beijo
Destaco igualmente a passagem de testemunho das glórias do "passado" às jovens gerações? Acreditar, estimular, incentivar os mais jovens de hoje. Confiar a chama olímpica àqueles que hão-de prosseguir o esforço, a dedicação e os desafios do futuro.
Admirável!
e muito bem dito!
Um hino à civilização britânica da qual muito se fala por aqui em termos comparativos!
É tempo de começar a copiar os bons exemplos!!
Tão importante esta chamada de atenção aos nossos governantes!
Vou publicar um link para este post na minha página do FB. ESpero que não se importe. O FB como sabe têm uma visibilidade maior do que os nossos blogues e este texto tem de ser lido por todos. Se assim não for, que seja por muitos. Obrigada!
Tão importante esta chamada de atenção aos nossos governantes!
Vou publicar um link para este post na minha página do FB. ESpero que não se importe. O FB como sabe têm uma visibilidade maior do que os nossos blogues e este texto tem de ser lido por todos. Se assim não for, que seja por muitos. Obrigada!
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