sábado, julho 28, 2012

Post aberto, dirigido a Vossas Excelências


JOGOS OLÍMPICOS DE LONDRES 2012:
"Não tenhas medo. Esta ilha está cheia de sons"

Senhor Presidente da República
(sei que viu, porque vi por lá V. Excelência)
Senhor Primeiro-ministro,
Senhor Ministro da Educação,
Senhor Ministro da Saúde
Senhor Secretário de Estado da Cultura,
Senhor Secretário de Estado do Desporto,
Dr. Miguel Relvas,
Espero que todos tenham visto o belíssimo espectáculo que constituiu a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, 2012.
Claro que ficarei muito feliz por saber que V. Exas. não perderam tão grandioso e significativo espectáculo.
Também me congratulo por reconhecer o acrisolado patriotismo que os levou a sentirem uma particular alegria ao verem desfilar a nossa garbosa selecção de atletas, com cachecóis empunhando bem alto o nome de Portugal.
Mas não se trata disso que vos quero falar.
Gostaria de vos saber orgulhosos por uma cerimónia onde se homenagearam os valores ingleses e universais, e onde se deu particular destaque ao Serviço Nacional de Saúde britânico, à História, à Cultura, à Música, ao Cinema, à Televisão, aos Actores, aos Encenadores e Realizadores, aos Poetas e Escritores, aos Desportistas, afinal ao que de melhor a civilização inglesa (e mundial) deu ao mundo.
Enquanto os Jogos Olímpicos de Londres 2012, num país curiosamente governado à direita, e com fortes problemas económicos, se faz o elogio a um serviço nacional de saúde que, desde 1948, instituiu a máxima de que “todos têm por igual direito a cuidados de saúde”, enquanto por lá se louvam criadores inspirados de todas as artes, que se passa por aqui, em nome da crise?  
Calculo que os Jogos Olímpicos em Lisboa 2012 tivessem por tema a crise, a austeridade, o apertar do cinto e a pieguice portuguesa. Com carros alegóricos de crítica aos intelectuais e artistas que não vivem sem subsídios. E proclamações jurando a necessidade de encerrar camas em hospitais, centros de saúde, despedir médicos e enfermeiros, cortar nas escolas e nos professores, promover os cursos por correspondência, com muitas creditações políticas, e subir os impostos para a classe média, com as necessárias facturas para cabeleireiros, donos de stands de automóvel, restaurantes e cafés. E no final, a grande apoteose seria um número musical a exortar ao êxodo para terras onde os desempregados tivessem novas oportunidades.
Claro que poderia ser assim, mas não seria a mesma coisa.
Por isso gostei muito de ver esta abertura de Jogos Olímpicos, idealizada a pensar no gosto pelos valores e pela cultura universal. "Não tenhas medo. Esta ilha está cheia de sons". Foi esta frase de "A Tempestade", de William Shakespeare, que inspirou o realizador Danny Boyle a inventar este magnifico espectáculo. Está tudo dito.

7 comentários:

Maria Quintans disse...

muito bom, Lauro amigo!! um enorme beijo

Maria Quintans disse...

muito bom, meu amigo!! um enorme beijo

Carlos Paulo disse...

Destaco igualmente a passagem de testemunho das glórias do "passado" às jovens gerações? Acreditar, estimular, incentivar os mais jovens de hoje. Confiar a chama olímpica àqueles que hão-de prosseguir o esforço, a dedicação e os desafios do futuro.
Admirável!

Anónimo disse...

e muito bem dito!

Octávio Diaz-Bérrio disse...

Um hino à civilização britânica da qual muito se fala por aqui em termos comparativos!
É tempo de começar a copiar os bons exemplos!!

Madalena disse...

Tão importante esta chamada de atenção aos nossos governantes!
Vou publicar um link para este post na minha página do FB. ESpero que não se importe. O FB como sabe têm uma visibilidade maior do que os nossos blogues e este texto tem de ser lido por todos. Se assim não for, que seja por muitos. Obrigada!

Madalena disse...

Tão importante esta chamada de atenção aos nossos governantes!
Vou publicar um link para este post na minha página do FB. ESpero que não se importe. O FB como sabe têm uma visibilidade maior do que os nossos blogues e este texto tem de ser lido por todos. Se assim não for, que seja por muitos. Obrigada!