PAUL VERHOEVEN: DA BOLA PRETA A GÉNIO
Não deixa de ser curioso observar
o que se passa com alguma critica, nacional, mas também internacional, em
relação a certos realizadores e alguns filmes. O argumento de autoridade pesa
tanto em determinadas cabeças que elas são capazes de todos os malabarismos para
se chegarem à frente e acertar o passo com a modernidade. O que aconteceu
recentemente com o cineasta holandês Paul Verhoeven é deliciosamente sintomático.
Paul Verhoeven sempre o
considerei um cineasta muito interessante, com um ou outro desacerto. Os
primeiros tempos, na Holanda, eram muito promissores. Quando em 1973 passei uma
semana em Amestrdão vi alguns filmes produzidos nesse país e inteiramente desconhecidos
entre nós. Um deles foi “Delicias Turcas”, de Paul Verhoeven. Outro foi “Angela”,
de Nikolai Van der Heyde. Como na altura dirigia a programação do Estúdio Apolo
70 e do Caleidoscópio, referi estes dois títulos à administração da Lusomundo,
que explorava ambas as salas, solicitando que os comprasse para a programação
destes cinemas. Isto aconteceu em 1973, mas os filmes só iriam ser estreados em
1976. Por razões de programação, “Angela” estreou no Caleidoscópio, e “Delicias
Turcas”, entretanto comprado internacionalmente pela Columbia, foi parar ao
Satélite e Quarteto (13.3.1976). Eram dois filmes bem interessantes.
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