“Cartas de Amor são Ridículas”
abre FESTin 2016
Iniciou-se mais uma edição do FESTin, a sétima
deste festival dedicado a produções faladas em língua portuguesa. O que leva o certame este ano a homenagear a CPLP
que assinala o seu 3«20 aniversário. São oito os países de língua portuguesa
(Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e
Timor) que têm obras selecionadas, mas é obviamente o Brasil o país
predominante em títulos, representação e envolvimento. Entre as longas-metragens
apresentadas não há uma única de Portugal, o que não deixa de ser estranho.
O FESTin 2016 inaugurou-se com uma
longa-metragem brasileira, assinada por Alvarina Souza e Silva, ambientada na
bela cidade de Goiás, e que aborda as peripécias de um velho casal com cinco
filhas, Açucena, Dália, Gardênia, Hortência e Violeta, uma já casada, as
outras quatro casadoiras, e à procura desesperadamente do seu fim último na
vida: não ficarem para tias solteironas. A realizadora e argumentista inspira-se
para tanto em poemas de Fernando Pessoa, nomeadamente no celebérrimo “Cartas de
Amor são Ridículas”.
A estrutura desta obra simpática, que
critica usos e abusos que se prolongaram até não há muito tempo, tendo como base
o casamento das jovens donzelas em famílias de quase todas as condições sociais,
mas de hábitos muito restritos, movimenta-se entre o registo dramático e a comédia
de costumes, com uma realização sóbria e eficaz, roçando a leveza da telenovela.
Certamente para conferir à intriga um tom datado, “histórico”, a fotografia
colorida tende para uma sépia que anula o voluptuoso colorido natural da Serra Dourada,
do Rio Vermelho, das belas casas de Goiás, com as suas cores garridas. O que se
vê deu para matar saudades de quem conhece bem aquelas paragens, mas já não as
visita há uns anitos. De resto, o filme vive ainda de um excelente elenco,
globalmente muito homogéneo, destacando o casal Roberto Bonfim e Sandra
Barsotti e as suas cinco filhas, Carolina
Oliveira (Açucena), Bela Carrijo (Dalia), Marcela Moura (Violeta), Bellatrix (Dalia)
e Ana Paula Lopes (Gardenia).
O FESTin rola já com muitas obras em
português.
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