quarta-feira, fevereiro 28, 2018

DUNKIRK



DUNKIRK

A chamada batalha de Dunquerque decorreu durante a II Guerra Mundial, em território francês. Tropas francesas, inglesas, belgas, entre outras, ficaram isoladas e encurraladas pelo avanço nazi na costa de Dunquerque, entre finais de Maio e o dia 4 de Junho de 1940. Esta batalha teve um desfecho trágico, pelo número de baixas que se verificaram, sobretudo do lado dos Aliados, mas a conclusão é complexa e contraditória: pode falar-se, de um lado e do outro, de vitória e derrota. Os Aliados tiveram de retirar numa situação não muito heroica, mas essa retirada acaba por ser uma vitória, pois evita a morte de quase 350.000 militares, de entre os mais de 400.000 que ali se encontravam concentrados, à mercê do avanço da infantaria alemã e dos raids da Luftwaffe. Por outro lado, os nazis conseguiram expulsar da região aquele contingente de tropas militares inimigas, mas acabaram por sentirem frustrados os seus intentos, pois a grande maioria deles escapou numa operação naval de grande fôlego, desencadeada pelo Reino Unido, sob o comando persistente de Winston Churchill (veja-se o filme “Darkest Hour”, que explica bem a génese desta iniciativa).
Perante o quadro existente na altura (400.000 militares encurralados e à espera de uma morte anunciada, numa praia do norte de França), duas atitudes se colocavam aos altos dirigentes políticos e militares ingleses: ou tornam aqueles militares vítimas indefesas dos nazis, dada a dificuldade de os defender ou tentam evacuá-los numa perspectiva quase suicida, quer para os encurralados, quer para os que os iriam tentar libertar. Optou-se pela última solução, enviando para Dunquerque vários navios de guerra, mas igualmente centenas de pequenas embarcações de pesca ou de recreio, que partiram do porto de Dover, sob o comando do vice-almirante Bertram Ramsay. A esta operação foi dado o nome de Dinamo.
É este o quadro do último filme de Christopher Nolan, que foi nomeado para oito Oscars, entre os quais o de Melhor Filme e Melhor Realizador. 
Christopher Nolan é um dos realizadores norte-americanos mais interessante entre os revelados já no século XXI. Norte-americano por quase toda a sua obra ser produzida e realizada em estúdios de Hollywood, apesar da sua naturalidade ser inglesa (nasceu em Londres a 30 de Julho de 1970). Mas já assinou títulos notáveis e de grande originalidade, como “Memento” (2000), “Insónia” (2002), “Batman, o Início” (2005), “O Terceiro Passo” (2006), O Cavaleiros das Trevas (2008), “A Origem” (2010), “O Cavaleiro das Trevas Renasce” (2012) ou “Interstellar” (2014), todos anteriores a “Dunkirk” (2017). Uma conclusão se pode desde logo retirar deste conjunto de obras: o seu autor consegue conciliar com extremo equilíbrio o sucesso comercial e o rigor de um verdadeiro autor, com uma temática própria e um gosto facilmente identificável de uma narrativa original, jogando sobretudo com o factor tempo (ou com tempos diversos).
“Dunkirk” é um filme brilhante sob diversos pontos de vista. Transformar uma retirada estratégica num acto heroico é conseguido de forma notável. Não há praticamente heróis individuais, há uma força colectiva que se movimenta, nas praias de Dunquerque ou nas águas do canal da Mancha, por ar, mar e terra. Consegue montar em paralelo estas acções, ora documentando a espera da morte, ou de um barco salvador, nas areias da praia, ora acompanhando batalhas aéreas entre pilotos britânicos e alemães, ora testemunhando a odisseia de barcos de guerra ou de pequenas embarcações com civis voluntários que se oferecem para esta acção quase suicida de resgate. O clima de inquietação e suspense é magnificamente dado pela montagem de Lee Smith, a fotografia de Hoyte Van Hoytema consegue uma tonalidade de quotidiano dramatismo que se impõe, a música de Hans Zimmer e todo o som do filme criam uma banda sonora de grande carga emotiva, sem, no entanto, ser redundante ou excessiva. A interpretação, sem grandes sobressaltos individuais, alia-se a essa intenção de produzir uma gesta colectiva. Um belíssimo e pungente filme que ajuda a consolidar a imagem de um cineasta.



DUNKIRK
Título original: Dunkirk
Realização: Christopher Nolan (Inglatewrra, EUA, 2017); Argumento:

Christopher Nolan; Produção: Christopher Nolan, Maarten Swart, Emma Thomas, Andy Thompson, John Bernard, Erwin Godschalk, Jake Myers; Música: Hans Zimmer; Fotografia (cor): Hoyte Van Hoytema; Montagem: Lee Smith; Casting: John Papsidera, Toby Whale; Design de produção: Nathan Crowley; Direcção artística: Toby Britton, Oliver Goodier, Kevin Ishioka, Eggert Ketilsson, Benjamin Nowicki, Erik Osusky; Decoração: Emmanuel Delis, Gary Fettis; Guarda-roupa: Jeffrey Kurland; Maquilhagem: Luisa Abel, Jessica Brooks, Nicola Buck, Patricia DeHaney, etc. Direcção de Produção: Daniel-Konrad Cooper, Chris Dowell, Christine Raspillère, Page Rosenberg-Marvin, Nicky Tüske; Som: Richard King; Efeitos especiais: Karine Branco, Ian Corbould, Paul Corbould, Tony Edwards, Marie Korf, Jason Leinster, Ben Vokes; Efeitos visuais: Nick Ghizas, Arushi Govil, Andrew Jackson, Anshul Kashyap, Anne Putnam Kolbe, Liz Mann, Jeff Reeves,  Emma Rider; Companhias de produção: Syncopy, Warner Bros., Dombey Street Productions, Kaap Holland Film, Canal+, Ciné+, RatPac-Dune Entertainment; Intérpretes: Fionn Whitehead (Tommy), Damien Bonnard (soldado francês), Aneurin Barnard (Gibson), Kenneth Branagh (comandante Bolton), Tom Nolan, James D'Arcy, Lee Armstrong, James Bloor, Barry Keoghan, Mark Rylance, Tom Glynn-Carney, Tom Hardy, Jack Lowden, Luke Thompson, Michel Biel, Constantin Balsan, Billy Howle, Mikey Collins, Callum Blake, Dean Ridge, Bobby Lockwood, Will Attenborough, James D'Arcy, Matthew Marsh, Cillian Murphy, Adam Long, Harry Styles, Miranda Nolan, Bradley Hall, Jack Cutmore-Scott, Brett Lorenzini, Michael Fox, Brian Vernel, Elliott Tittensor, Kevin Guthrie, Harry Richardson, etc. Duração: 104 minutos; Distribuição em Portugal: NOS Audiovisuais; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 20 de Julho de 2017. 

quarta-feira, fevereiro 21, 2018

BAFTA 2018: OS VENCEDORES



BAFTA 2018: OS VENCEDORES 
19 de Fevereiro de 2018
A lista dos vencedores:

Melhor Filme
CALL ME BY YOUR NAME
DARKEST HOUR
DUNKIRK
THE SHAPE OF WATER
THREE BILLBOARDS OUTSIDE EBBING, MISSOURI

Melhor Realizador
BLADE RUNNER 2049, Denis Villeneuve
CALL ME BY YOUR NAME, Luca Guadagnino
DUNKIRK, Christopher Nolan
THE SHAPE OF WATER, Guillermo del Toro
THREE BILLBOARDS OUTSIDE EBBING, MISSOURI, Martin McDonagh

Melhor Atriz
ANNETTE BENING - Film Stars Don’t Die in Liverpool
FRANCES McDORMAND - Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
MARGOT ROBBIE - I, Tonya
SALLY HAWKINS - The Shape of Water
SAOIRSE RONAN - Lady Bird

Melhor Ator
DANIEL DAY-LEWIS - Phantom Thread
DANIEL KALUUYA - Get Out
GARY OLDMAN - Darkest Hour
JAMIE BELL - Film Stars Don’t Die in Liverpool
TIMOTHÉE CHALAMET - Call Me by Your Name

Melhor Atriz Secundária
ALLISON JANNEY - I, Tonya
KRISTIN SCOTT THOMAS - Darkest Hour
LAURIE METCALF - Lady Bird
LESLEY MANVILLE - Phantom Thread
OCTAVIA SPENCER - The Shape of Water

Melhor Ator Secundário
CHRISTOPHER PLUMMER All the Money in the World
HUGH GRANT Paddington 2
SAM ROCKWELL Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
WILLEM DAFOE The Florida Project
WOODY HARRELSON Three Billboards Outside Ebbing, Missouri

Filme Britânico Excecional
DARKEST HOUR
THE DEATH OF STALIN
GOD’S OWN COUNTRY
LADY MACBETH
PADDINGTON 2
THREE BILLBOARDS OUTSIDE EBBING, MISSOURI

Estreia Excecional de Argumentista, Realizador ou Produtor Britânico
THE GHOUL Gareth Tunley (Argumentista/Realizador/Produtor), Jack Healy Guttman & Tom Meeten (Produtor)
I AM NOT A WITCH Rungano Nyoni (Argumentista/Realizador), Emily Morgan (Produtor)
JAWBONE Johnny Harris (Argumentista / Produtor), Thomas Napper (Realizador)
KINGDOM OF US Lucy Cohen (Realizador)
LADY MACBETH Alice Birch (Argumentista), William Oldroyd (Realizador), Fodhla Cronin O’Reilly (Produtor)

Melhor Filme em Língua Estrangeira
ELLE
FIRST THEY KILLED MY FATHER
THE HANDMAIDEN
LOVELESS
THE SALESMAN

Melhor Documentário
CITY OF GHOSTS
I AM NOT YOUR NEGRO
ICARUS
AN INCONVENIENT SEQUEL
JANE

Melhor Filme de Animação
COCO
LOVING VINCENT
MY LIFE AS A COURGETTE

Melhor Argumento Original
GET OUT Jordan Peele
I, TONYA Steven Rogers
LADY BIRD Greta Gerwig
THE SHAPE OF WATER Guillermo del Toro, Vanessa Taylor
THREE BILLBOARDS OUTSIDE EBBING, MISSOURI Martin McDonagh

Melhor Argumento Adaptado
CALL ME BY YOUR NAME James Ivory
THE DEATH OF STALIN Armando Iannucci, Ian Martin, David Schneider
FILM STARS DON’T DIE IN LIVERPOOL Matt Greenhalgh
MOLLY’S GAME Aaron Sorkin
PADDINGTON 2 Simon Farnaby, Paul King

Melhor Banda Sonora
BLADE RUNNER 2049 Benjamin Wallfisch, Hans Zimmer
DARKEST HOUR Dario Marianelli
DUNKIRK Hans Zimmer
PHANTOM THREAD Jonny Greenwood
THE SHAPE OF WATER Alexandre Desplat

Melhor Fotografia
BLADE RUNNER 2049 Roger Deakins
DARKEST HOUR Bruno Delbonnel
DUNKIRK Hoyte van Hoytema
THE SHAPE OF WATER Dan Laustsen
THREE BILLBOARDS OUTSIDE EBBING, MISSOURI Ben Davis

Melhor Montagem
BABY DRIVER Jonathan Amos, Paul Machliss
BLADE RUNNER 2049 Joe Walker
DUNKIRK Lee Smith
THE SHAPE OF WATER Sidney Wolinsky
THREE BILLBOARDS OUTSIDE EBBING, MISSOURI Jon Gregory

Melhor Design de Produção
BEAUTY AND THE BEAST Sarah Greenwood, Katie Spencer
BLADE RUNNER 2049 Dennis Gassner, Alessandra Querzola
DARKEST HOUR Sarah Greenwood, Katie Spencer
DUNKIRK Nathan Crowley, Gary Fettis
THE SHAPE OF WATER Paul Austerberry, Jeff Melvin, Shane Vieau

Melhor Guarda-roupa
BEAUTY AND THE BEAST Jacqueline Durran
DARKEST HOUR Jacqueline Durran
I, TONYA Jennifer Johnson
PHANTOM THREAD Mark Bridges
THE SHAPE OF WATER Luis Sequeira

Melhor caraterização
BLADE RUNNER 2049 Donald Mowat, Kerry Warn
DARKEST HOUR David Malinowski, Ivana Primorac, Lucy Sibbick, Kazuhiro Tsuji
I, TONYA Deborah La Mia Denaver, Adruitha Lee
VICTORIA & ABDUL Daniel Phillips
WONDER Naomi Bakstad, Robert A. Pandini, Arjen Tuiten

Melhor Som
BABY DRIVER Tim Cavagin, Mary H. Ellis, Julian Slater
BLADE RUNNER 2049 Ron Bartlett, Doug Hemphill, Mark Mangini, Mac Ruth, Theo Green
DUNKIRK Richard King, Gregg Landaker, Gary A. Rizzo, Mark Weingarten
THE SHAPE OF WATER Christian Cooke, Glen Gauthier, Nathan Robitaille, Brad Zoern
STAR WARS: THE LAST JEDI Ren Klyce, David Parker, Michael Semanick, Stuart Wilson, Matthew Wood

Melhor Efeitos visuais
BLADE RUNNER 2049 Gerd Nefzer, John Nelson
DUNKIRK Scott Fisher, Andrew Jackson
THE SHAPE OF WATER Dennis Berardi, Trey Harrell, Kevin Scott
STAR WARS: THE LAST JEDI
WAR FOR THE PLANET OF THE APES

Melhor Curta Metragem de Animação Britânica
HAVE HEART
MAMOON
POLES APART

Melhor Curta Metragem Britânica
AAMIR
COWBOY DAVE
A DROWNING MAN
WORK
WREN BOYS

Estrela Ascendente
DANIEL KALUUYA
FLORENCE PUGH
JOSH O’CONNOR
TESSA THOMPSON

TIMOTHÉE CHALAMET

segunda-feira, fevereiro 19, 2018

TRÊS CARTAZES À BEIRA DA ESTRADA



TRÊS CARTAZES À BEIRA DA ESTRADA
“Three Billboards Outside Ebbing, Missouri” é um filme profundamente inquietante e um bom retrato da América de Trump, um país dividido e traumatizado, usando a violência como algo usual e comum, ao serviço das mais variadas razões (e desrazões).
Uma mulher, Mildred Hayes (a fabulosa Frances McDormand), viu a sua filha ser assassinada e violada. Alguns meses depois, as autoridades da pequena localidade de Ebbing não conseguem identificar o autor. Ela acha que há pouca mobilidade e resolve assumir uma atitude inesperada: aluga o espaço de três cartazes decrépitos à beira de uma estrada quase sem trânsito, e coloca neles três frases fatais para o chefe da polícia local, acusando-o de nada ter feito. Os policias reagem com violência e alguma população faz o mesmo. Afinal, o chefe William Willoughby (magnifico Woody Harrelson) é olhado com respeito por todos e todos conhecem o seu estado crítico, atacado por um cancro. É ele que tenta colocar alguma calma nos seus adjuntos, entre os quais um nevrótico Dixon (Sam Rockwell, inesquecível), a quem chega mesmo a dizer: “entre 10 polícias, sete são racistas e os três restantes odeiam maricas”.


Este confronto entre uma mulher que foi abandonada pelo marido, que a trocou por uma jovem de 19 anos, e que nada a recomenda, e a polícia local vai crescendo de violência, tendo pelo meio vários equívocos e pistas falsas. O filme alicerça-se num argumento bastante original e bem estruturado, com personagens fortes e complexas, sem nenhum maniqueísmo, e situações muito bem desenvolvidas. A realização de Martin McDonagh (antes dirigira “Em Burges” e “Sete Psicopatas”), que assina igualmente o argumento original, é clara, eficaz, com momentos de um lirismo e uma sensibilidade tocantes, intercalados com acções de grande vigor e violência. A descrição do ambiente claustrofóbico de uma pequena cidade norte-americana é notável. Interpretações magnificas e vários Oscars assegurados. Quem sabe se O Melhor Filme e alguns dos actores seguramente. Não se percebe muito bem que Martin McDonagh não esteja entre os nomeados para Melhor Realizador.

Um dos melhores filmes do ano. Um retrato implacável da actual América que o realizador considera uma comédia de humor negro. Humor realmente muito negro onde é difícil descortinar uma réstia de esperança. Que existe, apesar de tudo, e vem donde menos se espera.
Classificação: ***** 


TRÊS CARTAZES À BEIRA DA ESTRADA
Título original: Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
Realização: Martin McDonagh (EUA, Inglaterra, 2017); Argumento: Martin McDonagh; Produção: Daniel Battsek, Graham Broadbent, Peter Czernin, Rose Garnett, Ben Knight, David Kosse, Martin McDonagh , Diarmuid McKeown, Bergen Swanson; Música: Carter Burwell; Fotografia (cor): Ben Davis; Montagem: Jon Gregory; Casting: Sarah Finn; Design de produção: Inbal Weinberg; Direcção artística: Jesse Rosenthal; Decoração: Merissa Lombardo; Guarda-roupa: Melissa Toth; Maquilhagem: Susan Buffington, Leo Corey Castellano, Cydney Cornell, Jorie Mars Malan, Lindsay McAllister, Meghan Reilly, Alistair Hopkins, Peggy Robinson, Bergen Swanson; Assistentes de realização: Paula Case, Peter Kohn, Spencer Taylor; Departamento de arte: Steven P. Brown, Kenneth Bryant, Lillian Heyward, Jessica Tyler Segal, Whitney Yale; Som: Timothy Cargioli, Jonathan Gaynor, Joakim Sundström, Hannes Wannerberger; Efeitos especiais: Burt Dalton, William Dawson, Eric Dresso; Efeitos visuais: Andrea Aceto, Simon Hughes, George Kolyras, Paul O'Hara, Noga Alon Stein; Companhias de produção: Blueprint Pictures, Film 4, Fox Searchlight Pictures; Intérpretes: Frances McDormand (Mildred), Caleb Landry Jones (Red Welby), Kerry Condon (Pamela), Woody Harrelson (Willoughby), Sam Rockwell (Dixon), Alejandro Barrios (Latino), Jason Redford (Latino2), Darrell Britt-Gibson (Jerome), Abbie Cornish (Anne), Riya May Atwood (Polly), Selah Atwood (Jane), Lucas Hedges (Robbie), Zeljko Ivanek, Amanda Warren, Malaya Rivera Drew, Sandy Martin, Peter Dinklage, Christopher Berry, Gregory Nassif St. John, Jerry Winsett, Kathryn Newton, John Hawkes, Samara Weaving, Clarke Peters, Allyssa Barley, William J. Harrison, Brendan Sexton III, Eleanor T. Threatt, Michael Aaron Milligan, etc. Duração: 116 minutos; Distribuição em Portugal: Big Picture Films; Classificação etária: M/ 16 anos; Data de estreia em Portugal: 11 de Janeiro de 2018.

quinta-feira, fevereiro 08, 2018

A HORA MAIS NEGRA


A HORA MAIS NEGRA
A Inglaterra enfrenta neste momento da sua história algumas dificuldades resultantes do “brexit”. Altura para se tentar reunir as forças e mentalizar a população com exemplos heroicos. Winston Churchill e a sua epopeia durante a II Guerra Mundial serve bem esses propósitos. Uma das razões seguramente para o aparecimento de dois filmes sobre esta figura ímpar da política inglesa do século XX. “Darkest Hour” é um deles e aparece assinado pelo mesmo realizador que também nos dera “Orgulho e Preconceito”, “Expiação”, “Hanna” ou “Anna Karenina”. Mantendo-se ao nível do realizador interessante que escolhe temas de um certo impacto histórico e literário, Joe Wright aproxima-se muito de uma outra obra recente, “O Discurso do Rei”, de Tom Hooper, mantendo com esta algumas das virtudes e certos dos seus vícios. Os vícios são para mim óbvios e facilmente ultrapassáveis se não se pretendesse fazer “obra de arte original”. Referimo-nos a alguns efeitos sem qualquer justificação, panorâmicas por avenidas ao ralenti, planos filmados a pique, mais uma ou outra situação que em vez de beneficiar o filme o distancia do espectador. Depois levanta-se uma questão que é comum a todos os filmes que procuram ficcionar factos históricos e figuras que existiram realmente. Em que medida situações e conversas apresentadas aconteceram efectivamente?  Algumas dessas liberdades poéticas não resultam muito bem, como por exemplo a viagem de Churchill pelo metropolitano de Londres, auscultando a opinião do povo.
O lado interessante é efectivamente a recuperação de um momento histórico importante, a obstinação de Churchill em não ceder perante a capitulação de alguns políticos ingleses e aceitar um pacto de colaboração com Hitler. Churchill sempre foi pela resistência à barbárie.
Os motivos que valorizam decisivamente este filme, são as interpretações de um elenco de um grande rigor, quer da parte de um extraordinário Gary Oldman, muito bem apoiado por uma maquilhagem acima da média, quer pelos restantes secundários.
Com alguma sobrevalorização, “A Hora mais Negra” está nomeado para alguns Oscars: Melhor Filme, Melhor Actor (Gary Oldman), Melhor Fotografia, Melhor Guarda Roupa, Melhor Direcção Artística e Melhor Caracterização. Há dois candidatos com muitas hipóteses, Oldman e caracterização.
Classificação: ***


A HORA MAIS NEGRA
Título original: Darkest Hour

Realização: Joe Wright (Inglaterra, 2017); Argumento: Anthony McCarten; Produção: Tim Bevan, James Biddle, Lisa Bruce, Liza Chasin, Eric Fellner, Katherine Keating, Anthony McCarten, Douglas Urbanski, Lucas Webb, Dario Marianelli; Fotografia (cor): Bruno Delbonnel (Carlos de Carvalho, na segunda equipa); Música: Geoff Alexander (orquestrador);  Montagem: Valerio Bonelli; Casting: Jina Jay; Design de produção: Sarah Greenwood; Direcção artística: Oliver Goodier, Nick Gottschalk, Joe Howard; Katie Spencer; Guarda-roupa: Jacqueline Durran; Maquilhagem: Jo Barrass-Short, Anita Burger, Ella Burton, Diana Choi, Carolyn Cousins, Bob Kretschmer, David Malinowski, Heather Manson, Helen Masters, Flora Moody, Ivana Primorac, Lucy Sibbick, Rosie Sinfield, Naomi Tolan, Kazuhiro Tsuji, Vincent Van Dyke, Jenny Watson, Direcção de produção: Tim Grover, Jo Wallett, etc. Assistentes de realização: Dan Channing Williams, Gayle Dickie, Jonny Eagle, Candy Marlowe, Sarah Mooney, Thomas Napper; Departamento de Arte: Matt Boyton, Freddie Burrows, Tamara Catlin-Birch, James Collins, Stephanie Gibbins, Georgina Millett, Julia Morgantti Minchillo, Julia Newell, etc. Som: Paul Carter, Michael Maroussas, Chris Murphy, Becki Ponting, Mhairi Wyles-Lang, etc. Efeitos especiais: Jonathan Bullock, Neal Champion, George Spensley-Corfield; Efeitos visuais: Miguel Algora, Yan Caspar Hirschbuehl, Patricia Leblanc, Benjamin Magaña, Stephane Naze, etc. Companhias de produção: Perfect World Pictures, Working Title Films; Intérpretes: Gary Oldman (Winston Churchill), Kristin Scott Thomas (Clemmie), Ben Mendelsohn (Rei George VI), Lily James (Elizabeth Layton), Ronald Pickup (Neville Chamberlain), Stephen Dillane (Viscount Halifax), Nicholas Jones (Sir John Simon), Samuel West (Sir Anthony Eden), David Schofield (Clement Atlee), Richard Lumsden (General Ismay), Malcolm Storry (General Ironside). Hilton McRae, Benjamin Whitrow, Joe Armstrong, Adrian Rawlins, David Bamber, Paul Leonard, David Strathairn, Eric MacLennaN, Philip Martin Brown, etc. Duração: 125 minutos; Distribuição em Portugal: NOS Audiovisuai; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 11 de Janeiro de 2018.