domingo, março 21, 2021

APOIO À CASA DO ARTISTA

 


Caras Amigas e Caros Amigos,

A Casa do Artista é uma instituição de solidariedade social que deve merecer a nossa maior simpatia e interesse. Fundada por um grupo de gente boa, Raul Solnado, Armando Cortez, Cármen Dolores, Manuela Maria, entre muitos outros, tem desenvolvido ao longo das últimas três décadas as mais diversas iniciativas de apoio aos artistas e à arte.

No passado dia 15 tomou posse uma nova direcção, com José Raposo como presidente, congregando um conjunto de nomes importantes da nossa cultura. Eu que sou sócio da Casa do Artista desde a sua fundação, com muito gosto aderi a esta chamada e aí estou num dos cargos para que direcção teve a amabilidade de me convidar. Temos, portanto, de lançar mãos à obra, ainda para mais numa altura que todos sabem de enormes dificuldades a exigir sacrifícios.

Há muito a fazer e cada um de nós pode ter um papel. Há várias actividades a desenvolver, interna e externamente. A direcção vai estudar os dossiers e tentar encontrar soluções para cada caso. Mas há algumas coisas que podem desde já ser feitas.

Aqui ficam algumas, para as quais peço a vossa melhor atenção.

- Inscreverem-se no Instagram e no Facebook na página oficial da Apoiarte, em Apoiarte_casadoartista;

- Fazerem-se sócios da Casa do Artista. Todos o podem ser por 40 Euros/Ano. Quem já é, e se tem esquecido de pagar as cotas (também já me aconteceu!), é favor regressar. Podem pagar as cotas através do NIF 501705163, correspondente à designação Apoiarte. Associação de Apoio aos Artistas;

- Segundo a lei portuguesa, indivíduos e instituições podem reduzir O, 5 do IRS, e oferecer essa verba à Apoiarte, indicando-a como beneficiária, sem nenhum agravamento de IRS.

Peço-vos que façam o vosso melhor e vão difundindo este apelo. Todos não seremos demais. Um abraço amigo.

ESTRADA DA PONTINHA, 7

1680-583 – LISBOA PORTUGAL

T: +351 217 110 890

M: +351 912 342 334

geral@casadoartista.net

quarta-feira, março 10, 2021

 


O REGRESSO DE JULIA MANN A PARATY

de Teolinda Gersão

O livro é apresentado como sendo “três novelas que se entrecruzam de modo surpreendente”. Para mim é um romance dividido em três capítulos, três monólogos interligados, sendo que os dois primeiros se cruzam (Freud pensa sobre Thomas Mann, Thomas Mann pensa sobre Freud) e o terceiro (Júlia Mann, enquanto mãe dos diferentes Mann) mistura o monólogo com uma memória descritiva.

Júlia Mann nascera no Brasil, em Paraty, filha de um negociante alemão e de uma meia portuguesa, meia indígena. Foi para a Alemanha com seis anos de idade, onde foi considerada depois uma mulher muito bonita e hostilizada pela sua ascendência tropical e uma evidente sensualidade, ambas mal vistas pela sociedade germânica da altura (de meados do século XIX a inícios do seguinte). Todo o romance, aliás, funciona entre o desejo e o interdito, o que o torna uma peça de um erotismo refreado muito sugestivo.   

Teolinda Gersão interessou-se por estas personagens, estudou as suas vidas e obras, interrogou as ligações que poderiam existir entre elas, nomeadamente através das suas realizações literárias, preencheu os espaços invisíveis com a sua ficção e deu-nos um magnifico trabalho, admiravelmente escrito, num tecido narrativo que entrelaça o devaneio com a filosofia, a interpretação literária e a psicanálise, e devolve-nos retratos imaginados, com base em factos reais, que nos envolvem e magnetizam.

Parece que a descoberta das origens brasileiras de Júlia Mann tem causado nos últimos tempos furor no Brasil. Esta obra de Teolinda Gersão será seguramente muito bem recebida por terras de Santa Cruz, ainda por cima numa altura em que os direitos da mulher são tão escrutinados.

Sou amigo de Teolinda Gersão há longa data. Seu admirador constante. Já sonhei realizar filmes com bases em obras suas (um deles sobre “A Casa da Cabeça de Cavalo”). Mas acho que este foi o seu trabalho que mais me entusiasmou. Creio mesmo que é uma das mais empolgantes criações literárias dos últimos anos em Portugal. Obrigado Teolinda, pelo prazer da leitura, em dias e noites de confinamento.