sábado, setembro 02, 2006

EXPOSIÇÕES (cont.)

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN
– 50 ANOS
CENTRO DE ARTE MODERNA

CRAIGIE HORSFIELD RELATION
até 24 de Setembro, 2006. (10h00 às 18h00)
Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. Entrada Paga.

Exposição organizada pelo “Jeu de Paume”, Paris, em colaboração com o “Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão” e o “Museum of Contemporary Art”, Sidnei, Austrália.

Esta exposição de Craigie Horsfield é uma autêntica revelação para mim, certamente por deficiência minha. Desconhecer um fotógrafo da importância deste, só pode ser ignorância minha ou então uma enorme injustiça a nível mundial. Mas parece que esta mostra que iniciou o seu percurso no “Jeu de Paume” de paris, passa pela Gunbenkian e vai acabar para já no “Museum of Contemporary Art”, de Sidney, na Austrália, procura precisamente “criar bases para o entendimento das ligações profundas que unem uma obra complexa e significativa, abarcando um período de 35 anos. Juntamente com o respectivo catálogo, constitui a primeira descrição da coerência crítica de uma obra de grande diversidade. Será uma oportunidade de familiarização com um conjunto de ideias e de obras já vistas e apreciadas em separado, divididas em categorias como fotografia, projectos sociais ou filmes e trabalho de som, mas raramente consideradas em conjunto.”
Leia-se o que diz a informação do CAM: “Figura única e voz habitualmente isolada que descreve uma mudança na concepção da arte recorrendo aos meios mais convencionais e modestos, Horsfield tem, desde os anos 60, vindo a fazer uma série de propostas radicais no sentido de uma comunidade futura. Depois de ter trabalhado como disc-jockey na Europa de Leste durante a década de 70, regressou a Londres na década seguinte, tendo desempenhado um papel importante no processo de transformação da fotografia do final dos anos 80. Durante a década de 90, esteve na vanguarda do desenvolvimento da arte social, projectos colectivos e da centralidade da conversação. Além disso, passou igualmente mais de 30 anos a defender a introdução de trabalhos de som no espaço do museu, o potencial da projecção em ecrãs múltiplos enquanto espaço social, e o papel central do público no entendimento do museu.”
Acontece que percorrer esta exposição é uma experiência única. Não sei se se poderá falar de simples “fotografia”, se de pintura, se de vídeo-arte. As obras de Craigie Horsfield participam um pouco de tudo isso, não são fotografia “pura”, demonstram uma realidade presente em quase toda a arte moderna, uma contaminação de processos e narrativas, de suportes e de tratamentos, mas o resultado final é simplesmente deslumbrante, de densidade de registo, mas também de densidade emocional, de plasticidade, mas igualmente de força expressiva. Meus caros, a não perder, sob pretexto nenhum. Algo que não se repetirá tão depressa em Portugal. E algo que ficará na retina e no coração de quem viu.
Existe ainda um muito importante catálogo, impresso expressamente para esta exposição por MER, Gent, Bélgica, em inglês, com tradução para português, com textos de Carol Armstrong, Craigie Horsfield, David Ebony, Slavoj Zizek, incluindo uma entrevista de Carol Armstrong.

A PARTIR DA COLECÇÃO
até 24 de Setembro, 2006. (10h00 às 18h00)
Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. Entrada Paga.

Ainda no CAM, uma exposição de algumas obras da colecção do CAMJAP, consideradas importantes na História de Arte dos séculos XX e XXI. Uma perspectiva sumária e muito aberta sobre o espólio deste Centro.
“A questão fortemente espacial introduzida pela predominância da escultura, as sinalizações históricas, cuja mais-valia é recuperada em cruzamentos e aproximações conduzidas também por outros critérios, a formulação breve de um percurso que se estende ao período de um século traduzem-se numa proposta ágil e inventiva de aproximação à colecção.” Resumindo: tem para ver exemplos de Amadeo de Souza-Cardoso, Almada Negreiros, Sarah Afonso, e tantos outros, modernistas, surrealistas, post-modernistas e mais istas. Claro que vale a pena, por muito flutuante que sejam os registos,

HUMOR E ILUSTRAÇÃO

NA COLECÇÃO DO CAMJAP
até 24 de Setembro, 2006. (10h00 às 18h00)
Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. Entrada Paga.

“Desde sempre, grandes artistas gostaram de estender o seu traço à interpretação mordaz do quotidiano urbano. Em torno da passagem do séc. XIX para o XX esta afirmação encontra exemplos abundantes. Portugal não constituiu uma excepção e alguns dos artistas que viriam a constituir o centro do nosso primeiro modernismo deram provas de virtuosismo e inspiração nas áreas da caricatura, do humor, do apontamento ilustrativo. É o caso de figuras como Cristiano Cruz, António Soares, Jorge Barradas e até o próprio Amadeo de Souza-Cardoso.” Caricatura, cartoon, ilustração irónica e mordaz, um regalo para a vista e para a imaginação. O traço certo de ilustradores exímios. A veia irónica de verrinosos comentadores do quotidiano. Uma excelente mostra.

BOOK CELL - INSTALAÇÃO
MATEJ KRÉN
(1958, Trenèín, Eslováquia)
Até 31/12/2006 (10h00 às 18h00)
Hall de entrada do CAMJAP. Entrada Livre.

Finalmente, o “Projecto BooK Cell” que está instalado no Hall do CAMJAP e que aí permanecerá durante seis meses, repetindo o procedimento recorrente no trabalho deste artista: empilhar milhares de livros que formam uma estrutura arquitectónica que os visitantes são convidados a penetrar (apesar das vertigens, neste caso!). A ideia seria certamente de muita utilidade em minha casa, mas Matej Kren não resolve um problema: como retirar um livro quando dele se precisa. Por isso fica a beleza da forma, a ironia do seu significado, a imaginação da proposta… Uma bela instalação, que reúne edições da Fundação Calouste Gulbenkian ao longo dos seus 50 anos, reforçando a natureza de “site specific” do trabalho com a incorporação de um dos mais preciosos filões da história da intervenção cultural desta instituição. “A memória e o saber acumulados nos livros reunidos, fechados e inacessíveis, diversos e preciosos serão potencialmente recuperados no final, quando todos puderem regressar à sua função de ser lidos, mas terão sido entretanto trabalhados como matéria escultórica e como espírito do lugar em que o artista se propõe reter-nos: um recinto hexagonal com uma passagem definida por espelhos que asseguram a vertigem da queda, a desmultiplicação “ad infinitum”, o pânico da desorientação espacial próprios de um infinito virtual.”
Designer de formação e projectado publicamente junto do público francês em 1990, na área da arte contemporânea, Matej Krén desenvolveu a partir dessa data uma carreira artística internacional ampla e reconhecida. Depois de estudar Belas Artes em Bratislava e Praga entre 1977 e 1985, fixou residência em Bratislava até 1997, ano em que irá viver para Praga, onde reside actualmente.
Trabalhos seus como Gravity Mixer, Omfalos e Idiom foram já distinguidos com prémios importantes. Refiram-se por exemplo nomeações como o Prémio Especial UNESCO 1995 para a Promoção das Artes e o Prémio TatraBanka Prize em 2004, na Eslováquia.

OBRA DE CABRITA REIS
até 24 de Setembro, 2006. (10h00 às 18h00)
Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. Entrada Paga.

Pedro Cabrita Reis realiza um trabalho de grandes dimensões no piso 0 do CAMJAP este verão. Esta é uma proposta cujo “work in progress”, princípio importante no seu modo de fazer arte, terá início no próximo dia 25 de Julho. As metáforas da construção, da casa, do ofício e labor visíveis, frequentes na sua obra, conduziram a um entendimento do trabalho que permite prever a normal circulação do público no acesso aos pisos 01 e 1 no interior do Museu, enquanto ele decorre, numa espécie de perspectiva apenas semi-vedada sobre ele. As questões da arquitectura e as ideias de circulação, abrigo, memória, estrutura, (in)acessibilidade dos espaços serão naturalmente convocadas. Em Outubro próximo esta instalação será acrescentada por “The White Room”, uma ocupação do Hall de entrada no Museu com um conjunto de pinturas do artista.

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