"CINERAMA"
Existe um blog chamado “CINERAMA”, sobre “CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA”, que tem como colaboradores (Cinefools), a RITA, o MIGUEL, o SÉRGIO, o VASCO e o LUÍS. Acontece que quem abastece fortemente o blog é a Rita, que assina Rita Almeida, e que se mostra não só uma devoradora de filmes, como uma incansável comentadora. Informada, culta, sensivel, inteligente. Nada conheço de nenhum dos apoiantes deste blog, mas acho que merece ser lido. Já tem dois anos de existência, um importante espólio de textos em arquivo, muita informação e demonstra um inequívoco amor ao cinema. De se lhe tirar o chapéu. O que fazermos, transcrevendo duas das últimas crónicas de Rita Almeida.
Sexta-feira, 25 de Agosto de 2006
Angel-A ***
Realização: Luc Besson. Intérpretes: Jamel Debbouze, Rie Rasmussen, Gilbert Melki, Serge Riaboukine. Nacionalidade: França, 2005.
André (Jamel Debbouze) é baixo, nada agradável à vista e completamente neurótico. Além disso está endividado até à alma. Perseguido pelos seus credores (Gilbert Melki e Serge Riaboukine), André decide atirar-se de uma das muitas pontes de Paris. André repara que ao seu lado está uma loira de pernas intermináveis (Rie Rasmussen, de “Femme Fatale”, de Brian de Palma). Ela salta, ele salva-a. Ela é Angela, e está decidida a salvar André dele mesmo. Oferece-se para resolver todos os seus problemas, mas os seus métodos, recorrendo sobretudo ao seu físico, são mais que questionáveis.
“Angel-A” é, antes de mais uma fábula romântica e uma ode a Paris e à sua beleza nostálgica. Luc Besson faz uma viagem estética pelo cinema francês, entre discussões em cafés, cigarros acendidos, ruas vazias, e paisagens do Sena. O preto e branco e a luz natural são as opções de Thierry Arbogast, numa belísisma fotografia que lembra “As Asas do Desejo”, de Wim Wenders.
“Angel-A” tem uma história pouco original, consideravelmente fraca e com reduzida tensão. Apesar disso, vale a pena, não só pela fotografia, mas também pelas interpretações. O humor entre as duas personagens, começando pelo contraste físico, funciona muito bem, e a química entre esta “bela e o monstro” é surpreendentemente boa. Além disso, Jamel Debbouze, “Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain” e “She Hate Me”, é um cómico nato, com uma presença é magnética.
Angela mostra a André que a vida vale a pena, que deve ser aproveitada nas suas coisas simples e que ele é, no fundo, por baixo da maré cheia de desaires, uma boa pessoa que merece ser feliz. Tudo isto é demasiado cliché, mas é também uma verdade que, de tão essencial, é abafada por todas as mentiras que criamos para nos protegermos.
“Angel-A” é também uma metáfora sobre as pessoas que entram na nossa vida como que por magia, que a viram do avesso, e depois das quais sabemos que nada voltará a ser como antes. Mas se estiverem destinadas a partir, cortar-lhes as asas para prendê-las nunca deverá ser uma opção.
realizado por Rita Almeida às 01:45
Quarta-feira, 23 de Agosto de 2006
Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest ***
Realização: Gore Verbinski. Intérpretes: Johnny Depp, Orlando Bloom, Keira Knightley, Jack Davenport, Bill Nighy, Jonathan Pryce, Tom Hollander, Stellan Skarsgård, Lee Arenberg, Mackenzie Crook, Kevin McNally, Naomie Harris. Nacionalidade: EUA, 2006.
“Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest” começa onde “Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl” (2003) tinha ficado. Will Turner (Orlando Bloom) e Elizabeth Swann (Keira Knightley) são presos por terem ajudado Jack Sparrow (Johnny Depp) a escapar da sua execução. Cutler Beckett (Tom Hollander), um caçador de piratas ao serviço da Companhia Inglesa das Índias Orientais, propõe a Turner salvar a sua vida e a da sua amada, se conseguir encontrar Sparrow e trocar um persão oficial pela bússola mágica de Sparrow. Mas Sparrow tem problemas mais graves, nomeadamente, a sua longa dívida com o lendário Davy Jones (Bill Nighy), o capitão do navio fantasma The Flying Dutchman. Os três heróis são conseguirão salvar-se se encontrarem a chave do baú que contém o coração de Davy Jones.
O excêntrico pirata Jack Sparrow é uma das mais deliciosas personagens provenientes da Disney (“Pirates of the Caribbean” é inspirado numa atracção do seu parque temático). O seu charme, a sua ambiguidade sexual, a sua moral volátil, o seu egoísmo congénito e o talento transbordante e entrega sem reservas de Johnny Depp continuam a fazer valer a pena esta aventura.
Neste caso, adicione-se ainda o belíssimo design de produção de Rick Heinrichs, o maior tempo de antena da deliciosa dupla de Pintel (Lee Arenberg) e Ragetti (Mackenzie Crook), e Bill Nighy como o vilão Davy Jones, e um rol de inúmeras superstições.
Apesar de tudo isso, a história desta sequela é consideravelmente mais fraca que a do primeiro filme e, intermitentemente divertido, acaba por tornar-se demasiado longo (150 min.), sobretudo nas sequências do barco fantasma com a assustadora tripulação de zombies de feições e corpos fundidos com seres marinhos como polvos e corais e que, longe de essencial para o enredo, se parece mais a um mostruário técnico.
À semelhança do coração instável de Jack Sparrow, “Pirates of the Caribbean: Dead Man’s Chest” não consegue decidir-se para onde quer ir, para prejuízo das diversas linhas de narrativa, como é o caso da relação de Will Turner com o seu pai, 'Bootstrap' Bill Turner (Stellan Skarsgård).
“Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest” termina exactamente onde começará “Pirates of the Caribbean: At World's End” (2007). Mas, nem que seja apenas para ver uma vez mais Johnny Depp a divertir-se desta maneira, contem comigo.
CITAÇÕES:
“Loyalty is no longer the currency of the realm. Currency is the new currency.”
TOM HOLLANDER (Cutler Beckett)
“LEE ARENBERG (Pintel) - You know you can't read.
MACKENZIE CROOK (Ragetti) - It's the Bible, you get credit for trying.”
[para Elizabeth] “You know, these clothes do not flatter you at all. It should be a dress or nothing. I happen to have no dress in my cabin.”
JOHNNY DEPP (Jack Sparrow)
[para Elizabeth] “One word love; curiosity. You long for freedom. You long to do what you want to do because you want it. To act on selfish impulse. You want to see what it's like. One day you wont be able to resist.”
JOHNNY DEPP (Jack Sparrow)
“KEIRA KNIGHTLY (Elizabeth Swann) - There will come a time when you'll have the chance to do the right thing.
JOHNNY DEPP (Jack Sparrow) - I love those moments. I love to wave at them as they pass by.”
realizado por Rita Almeida às 01:02 link do post comentar
e ainda uma nota sobre uma leitura que sub escrevo:
“Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest” começa onde “Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl” (2003) tinha ficado. Will Turner (Orlando Bloom) e Elizabeth Swann (Keira Knightley) são presos por terem ajudado Jack Sparrow (Johnny Depp) a escapar da sua execução. Cutler Beckett (Tom Hollander), um caçador de piratas ao serviço da Companhia Inglesa das Índias Orientais, propõe a Turner salvar a sua vida e a da sua amada, se conseguir encontrar Sparrow e trocar um persão oficial pela bússola mágica de Sparrow. Mas Sparrow tem problemas mais graves, nomeadamente, a sua longa dívida com o lendário Davy Jones (Bill Nighy), o capitão do navio fantasma The Flying Dutchman. Os três heróis são conseguirão salvar-se se encontrarem a chave do baú que contém o coração de Davy Jones.
O excêntrico pirata Jack Sparrow é uma das mais deliciosas personagens provenientes da Disney (“Pirates of the Caribbean” é inspirado numa atracção do seu parque temático). O seu charme, a sua ambiguidade sexual, a sua moral volátil, o seu egoísmo congénito e o talento transbordante e entrega sem reservas de Johnny Depp continuam a fazer valer a pena esta aventura.
Neste caso, adicione-se ainda o belíssimo design de produção de Rick Heinrichs, o maior tempo de antena da deliciosa dupla de Pintel (Lee Arenberg) e Ragetti (Mackenzie Crook), e Bill Nighy como o vilão Davy Jones, e um rol de inúmeras superstições.
Apesar de tudo isso, a história desta sequela é consideravelmente mais fraca que a do primeiro filme e, intermitentemente divertido, acaba por tornar-se demasiado longo (150 min.), sobretudo nas sequências do barco fantasma com a assustadora tripulação de zombies de feições e corpos fundidos com seres marinhos como polvos e corais e que, longe de essencial para o enredo, se parece mais a um mostruário técnico.
À semelhança do coração instável de Jack Sparrow, “Pirates of the Caribbean: Dead Man’s Chest” não consegue decidir-se para onde quer ir, para prejuízo das diversas linhas de narrativa, como é o caso da relação de Will Turner com o seu pai, 'Bootstrap' Bill Turner (Stellan Skarsgård).
“Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest” termina exactamente onde começará “Pirates of the Caribbean: At World's End” (2007). Mas, nem que seja apenas para ver uma vez mais Johnny Depp a divertir-se desta maneira, contem comigo.
CITAÇÕES:
“Loyalty is no longer the currency of the realm. Currency is the new currency.”
TOM HOLLANDER (Cutler Beckett)
“LEE ARENBERG (Pintel) - You know you can't read.
MACKENZIE CROOK (Ragetti) - It's the Bible, you get credit for trying.”
[para Elizabeth] “You know, these clothes do not flatter you at all. It should be a dress or nothing. I happen to have no dress in my cabin.”
JOHNNY DEPP (Jack Sparrow)
[para Elizabeth] “One word love; curiosity. You long for freedom. You long to do what you want to do because you want it. To act on selfish impulse. You want to see what it's like. One day you wont be able to resist.”
JOHNNY DEPP (Jack Sparrow)
“KEIRA KNIGHTLY (Elizabeth Swann) - There will come a time when you'll have the chance to do the right thing.
JOHNNY DEPP (Jack Sparrow) - I love those moments. I love to wave at them as they pass by.”
realizado por Rita Almeida às 01:02 link do post comentar
e ainda uma nota sobre uma leitura que sub escrevo:
A SOMBRA DO VENTO, de Carlos Ruiz Zafón
Numa manhã de 1945, um rapaz de dez anos é conduzido pelo seu pai a um misterioso lugar no coração da cidade velha: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, Daniel Sempere encontra A Sombra do Vento, um livro maldito que mudará o rumo da sua vida e o arrastará por um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma escura da cidade. A Sombra do Vento é um mistério literário ambientado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os últimos esplendores do modernismo até às trevas do pós-guerra. Misturando técnicas de thriller, de novela histórica e de comédia de costumes, Carlos Ruiz Zafón conta uma trágica história de amor, com ecos através do tempo. Mas A Sombra do Vento é, acima de tudo, um livro sobre o amor pelos livros. Virei hoje a última página deste livro apaixonante. Ainda não consegui descobrir nada, nem faço ideia se os direitos estão a ser negociados, mas, por favor, alguém pegue nesta história lindíssima e, com consciência e sensibilidade, faça daqui um bom filme.
2 comentários:
Bom dia!
Ouso aqui deixar um comentário, cometendo a indiscrição de o fazer tão-só quanto à nota literária.
Assim, dado que modestamente me revi no S/ entusiasmo, via bem um Sir Ian McKellen como a personagem aristocrática, entre outras escolhas menos acertadas para outros papéis mais jovens.
Saudações
Também fiquei apaixonada por esse belíssimo livro. Não deve tardar a aparecer no cinema!
:-)
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