“ALGUNS DIAS EM SETEMBRO”
Santiago Amigorena nasceu argentino, em Buenos Aires, a 15 de Fevereiro de 1962. Mas passou grande parte da sua vida em Paris. Antes de assinar “Quelques Jours en Septembre” como realizador, estreia na direcção, tem uma carreira vasta como argumentista (“Le Péril Jeune”, “Peut-être”, “Tokyo Eyes”, “Les Gens Normaux n'ont rien d'Exceptionnel”, “Le fils du requin” ou “Post Coïtum, Animal Triste”, entre muitos outros), produtor, dialoguista, até actor. Também como escritor (“Une Enfance Laconique”, “Une Jeunesse Aphone”, “Une Adolescence Taciturne”, “Le Premier Amour”: os títulos dizem um pouco do que serão as obras). Paulo Branco deu-lhe a oportunidade e o resultado aí está: “Alguns Dias em Setembro”, um filme que procura caminhar pelos trilhos do policial, do “thriller”, “uma tragédia de espionagem” (disse o próprio).
“Alguns Dias em Setembro” é um projecto curioso, mas apenas isso. Falhado em vários planos, é, todavia, um falhanço simpático, com algumas ideias curiosas e outras que nem por isso. A história não é muito interessante, apesar de jogar com os atentados de 11 de Setembro de 2001 como pano de fundo. Mas esse pano de fundo funciona mais como chamariz do que como referência política ou policial intencional. Oportunismo de bilheteira.
Tudo começa a 1 de Setembro, quando Elliot, um agente secreto norte-americano desaparece, sabendo demasiado sobre algo que vai acontecer nos EUA dentro de muito em breve. Desaparecido, consegue ainda assim informar um grupo financeiro para retirar todo o capital dos bancos norte-americanos, para desta forma fazerem fortuna imediata (e ele por tabela), e, por outro lado, reunir a filha Orlando, que já não vê há anos, um enteado, David, e uma ex-camarada de armas e amiga, Irene, primeiro e Paris, depois em Veneza, com a finalidade de esperarem por ele, para as partilhas. Mas nem tudo são rosas na vida de um gente secreto e atrás de Elliot anda o seu antigo colaborador William Pound, transformado em assassino poeta que vai comentando diariamente com o seu psiquiatra o estado da sua vida psicológica. Afinal ele “anda a matar o pai”, aquilo que o psiquiatra lhe tinha recomendado. Mas em vez de o fazer de uma forma simbólica, tenta fazê-lo fisicamente, de uma maneira absolutamente radical.
E pronto, temos as “deixas”, os cenários míticos, actores de renome, prestígio e competência (Juliette Binoche, John Turturro, Sara Forestier, Nick Nolte, entre outros), insinuações anti-americanas (os atentados foram preparados com conhecimento de alguns americanos, que certamente os incentivaram por motivos económicos e políticos) e pouco mais. Santiago Amigorena pretendeu um filme pouco espectacular, onde a acção exterior fosse vista do interior. Conseguiu-o por vezes, andou à deriva noutros casos. No final assinou uma obra que se vê sem enfado, mas se esquece sem tristeza. John Torturo assina a única personagem que apetece recordar. O que é grave surgindo Juliette Binoche no elenco.
ALGUNS DIAS EM SETEMBRO (Quelques Jours en Septembre), de Santiago Amigorena (França, Itália, Portugal, 2006), com Juliette Binoche, John Turturro, Sara Forestier, Nick Nolte, etc. 112 minutos; M/12 anos; Atalanta.
4 comentários:
Ainda não vi, mas ver Juliette Binoche num filme com esta temática desperta-me alguma curiosidade, embora prefira vê-la por outros trilhos.
Ainda nao vi, mas ja ouvi falar bem deste filme...espero ver...
www.batemanscritics.blogspot.com
Achei o drama familiar mais interessante do que a trama política, realmente um pouco oportunista, mas ainda assim não acho que seja um filme falhado, já que o elenco está em grande forma, o argumento é escorreito e a realização não compromete.
este sim....é pra ver...
beijos.
mts.
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