segunda-feira, fevereiro 26, 2007

CINEMA - As Bandeiras de Nossos Pais e Cartas de Iwo Jima

AS BANDEIRAS DE NOSSOS PAIS

CARTAS DE IWO JIMA

(...) Em cinema, quando se filma uma conversa, focando primeiro um dos intervenientes, depois, do ângulo inverso, o outro interveniente, chama-se a este processo “Campo/Contra-campo.” É esse o princípio de Clint Eastwood. Estabelecer um campo / contra-campo histórico. Num filme vê-se a perspectiva norte-americana, no outro, a perspectiva nipónica. Filmados ambos ao mesmo tempo, montados em separado, nada de um existe no outro, embora o cenário seja o mesmo. Mas os actores são diferentes, os cenários quase sempre diferentes. Por vezes o campo / contra-campo é absoluto. Num filme vê-se um soldado a direccionar o lança-chamas para o interior de uma gruta, no outro assiste-se à entrada da labareda que chacina os soldados. Num filme vê-se um soldado americano a ser torturado por soldados japoneses, e não se percebe como ele é apanhado no interior de uma gruta, no outro descobre-se a maneira como os nipónicos o capturam. Em “As Bandeiras” os americanos entram num dos canais cavados na rocha e descobrem corpos esfrangalhados de militares, em “Cartas” assiste-se ao suicídio colectivo com granadas. E poderíamos continuar a enumerar cenas e planos que se integram plenamente nesta dinâmica de montagem de campo / contra-campo. (...)
excerto do artigo "Iwo Jima: Campo / Contra-Campo" a aparecer na revista "História", de Março de 2007.

3 comentários:

Claudia disse...

A parte da crítica deixo para ti! (Também tens que fazer alguma coisinha!)

As Bandeiras de Nossos Pais já tinha visto, e gostei imenso como te disse. Mas hoje vi as Cartas de Iwo Jima. E sinceramente, na minha modesta opinião, ainda consegue ser muito melhor...
Nunca pensei gostar tanto de ambos os filmes. Acho mesmo que são daqueles que deviam de ser imperdíveis!

Beijo

Laranjinha disse...

As Bandeiras dos Nossos Pais já vi e adorei.Estou com uma grande expectativa em relação a Cartas de Iwo Jima, espero ver brevemente.

Anónimo disse...

Apenas tive a oportunidade de desfrutar de "Cartas de Iwo Jima". Na minha opinião trata-se de uma obra de acuidade social marcada e de uma sensibilidade extrema...

Na minha opinião deveria ter sido merecedor do reconhecimento da Academia; mas se tiver o do público e servir para promover a reflexão e abalar consciências acomodadas, já não será mau!

Bom fim-de-semana!