sábado, junho 30, 2007

TEATRO: O CASO RIVOLI

O CASO RIVOLI: 1500 CONTOS POR DIA?
O Teatro Rivoli no Porto continua a dar muito que falar e, sobretudo, a desenvolver uma histeria a todos os níveis que ninguém percebe muito bem ao que vêm. Mão amiga fez-me chegar uma revista da Câmara Municipal do Porto, “Porto Reformar, para Servir Melhor”, “Informação aos Munícipes”, de Novembro de 2006, onde se levantam algumas curiosas questões que era bom ver elucidadas. Mas a histeria das manifestações tudo encobre e o jornalismo de investigação nada investiga. Por exemplo, saber-se se é verdade, ou não, o que aqui se transcreve, seria algo muito interessante. Saber se o Rivoli gastava 1500 contos por dia do erário público para acolher peças de companhias que não eram produzidas sequer com essas verbas seria um bom princípio para uma próxima discussão sobre o futuro do Rivoli.
Já agora uma contribuição pessoal para o debate. Durante dezenas de anos fui professor no Porto, deslocava-me semanalmente a esta cidade que eu amo, vi magníficos espectáculos em muitos dos seus palcos. Raros os bons que vi no Rivoli, onde o Fantasporto, esse sim, marcou lugar destacado, nos últimos anos. Para ser sincero, para lá de ciclos de cinema, concertos, um ou outro espectáculo curioso, pouco me recordo mais. Mas não esqueço algumas memoráveis chatices de um pretensiosismo intelectual de bradar aos céus. Com muitos votos de pobreza franciscana que a “burguesa” sala do Rivoli acolhia.
***
Vejamos então o texto da tal revista. Agradeço informação detalhada de quem de direito. Se houver “quem de direito” nesta questão toda. O pior será se tudo isto não passar de uma defesa de interesses económicos rasteiros.

Tentar promover a cultura de forma racional e sem demagogia

Com a responsabilidade da animação da cidade e a gestão do Teatro Rivoli, a Culturporto era a estrutura mais criticada de toda a Câmara do Porto. Acusada de não promover a animação, de ter muitos funcionários e de não conseguir chamar a cidade ao Rivoli, a Culturporto estava numa situação realmente insustentável.
Nos últimos 4 anos, a Câmara transferiu 11 milhões de Euros para o Rivoli ou seja, cerca de 1.500 contos por dia. O dobro do que gastou na requalificação de escolas e quase o dobro do que gastou com a acção social ou com a manutenção e utilização de todos os seus equipamentos desportivos. Enquanto isso, as receitas de bilheteira apenas cobriram 6% da despes. O resto, 94%, foram pagos pelo erário público.
Por isso transferimos a animação da cidade para a "PortoLazer", e vamos passar a gestão do Rivoli para uma entidade privada com contratos de 4 anos, por forma a que os próximos executivos tenham a liberdade de fazer uma opção diferente se assim o entenderem.
Com esta reforma a Câmara vai poupar maias de 2 milhões de Euros por ano que poderá investir em sectores decisivos para aquele que é o nosso principal objectivo: a política de integração e equilíbrio social.

Li nalguns blogues que este texto é mera manipulação camarária mas nenhum me explicava porquê. Já agora um pouco de esforço: os 1500 contos eram gastos em quê, por dia, se não serviam sequer para montar espectáculos e eram consumidos unicamente na manutenção da sala?

1 comentário:

Jorge Palinhos disse...

Aconselhava que lesse este excerto de uma notícia do Público:

http://quartaparede.wordpress.com/2007/02/14/uma-noticia-que-eu-ja-devia-ter-divulgado/

Ou, se não quiser ter o trabalho, o excerto que responde à sua pergunta:

"Quando, em Julho do ano passado, anunciou a privatização do Rivoli, o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, argumentou que a autarquia pouparia, com esta medida, 10,9 milhões de euros em quatro anos. Essa quantia corresponde, porém, ao total da verba que a câmara transferiu, entre 2002 e 2005, para a Culturporto, entidade já extinta e que geria não só o Rivoli, mas assegurava também as actividades de animação da cidade (as quais vão continuar a ser pagas pela edilidade, através da empresa municipal PortoLazer, entretanto criada)."