SECOND LIFE
Antestreia no CCB – 21 de Janeiro
Antestreia no CCB – 21 de Janeiro
A meio do filme, Pedro Lima grita, num acto de suprema lucidez: - “Foda-se! Foda-se! Foda-se!”
Tem razão. Foram as mais penosas três horas a que assisti do mais recente cinema português! (O quê, o filme só tem 82 minutos? Estranho, julgava que tinha 3 horas”).
Alguém disse à abrir que era “O filme do Ano!” e que “iria transformar o cinema português!” Acredito, mas não pelas razões invocadas. Pelas inversas.
Um gajo faz anos e reúne meia dúzia de amigos numa casa com piscina. Ao princípio da noite, já quando duas meninas se lambuzam na cama uma à outra para animar a malta, ouve-se um baque, correm todos para a piscina e o gajo aniversariante bóia de barriga para baixo. Olham todos, numa rígida marcação, incluindo a mulher da vítima. Um deles faz o gesto de despir o casaco, mas outro atira-se, volta o corpo, e deixa-o ficar a boiar, agora de barriga para cima. É noite. Na manhã seguinte, estão todos mais ou menos nas rígidas marcações e aparece um guarda nacional republicano que pergunta: Está na piscina desde ontem à noite? Porque não o retiraram?” Respondem: “Estava morto!” Réplica do GNR: “Bem, se não estivesse, agora já está!” (esta é a melhor piada do filme).
"Second Life" conta igualmente com a participação de Piotr Adamczyk, Lúcia Moniz, José Wallenstein, Ruy de Carvalho, Nicolau Breyner, Tiago Rodrigues, Ricardo Pereira, Sofia Grilo, Cláudia Vieira, Pedro Lima, Paulo Pires, Pepê Rapazote, Paulo Rocha, Liliana Santos, Sandra Cóias, ainda dos apresentadores de televisão Fátima Lopes, José Carlos Malato, Luís Filipe Borges e Rita Andrade, e de Luís Figo. Ok. Muitos modelos, apresentadores de TV e um futebolista. Costuma dizer-se que os modelos não vão bem nos filmes portugueses. Aqui não vão mal, porque o filme é feito todo para eles: trata-se de uma passagem de modelos, que vai evoluindo ao sabor das atracções turísticas (o Algarve que financia a fita) e dos “product placements” (que entram com algum como publicidade mais ou menos encapotada), e das cenas mais ou menos eróticas (mais menos do que mais mais). Eles passeiam-se e param. O filme também, ao sabor de uma história que um dia alguém me há-de contar (se estiver sóbrio!).
Há dias, o produtor Alexandre Valente (o mesmo de “Corrupção” e de “O Crime do Padre Amaro”) disse à Lusa que "o filme é uma selecção de vida, é sobre como seria se tivéssemos hipótese de viver uma segunda vez." É possível. Não sei bem. Vi o polaco ter várias vidas, várias mulheres, e duas mortes, e ainda ser entrevistado por um psicanalista. Andar de balão, cair na piscina, cambalear de bêbado, ser entrevistado por uma jornalista acompanhado pelo movimento de câmara mais enjoativo da história do cinema, e repetir tudo. Há ainda uma menina que não resiste a uma mulher ou um homem, desde que tenham duas pernas. Por isso, oferece-se de 5 em 5 minutos a quem lhe passa por perto, o que num filme com três horas é obra de resistência! (O quê, o filme só tem 82 minutos? Estranho, julgava que tinha 3 horas”).
Curioso. Este é dos piores filmes que vi de há uns anos a esta parte, e consegue ter uma fotografia excelente (de Acácio de Almeida), uma música excelente (de Bernardo Sassetti), e aparições boas de quase todos os actores que, tal como os modelos e os apresentadores, à falta de personagens “passam” muito bem na passerelle. Já o argumento não existe, a organização dramática não existe, qualquer ligação entre personagens não existe (pois se não há personagens, como se podem ligar?).
Parece que o filme era para ser realizado por Nicolau Breyner e Miguel Gaudêncio, aparece assinado pelo último e pelo produtor e argumentista Alexandre Cebrian Valente. O que aconteceu, não sei. Mas o mesmo produtor já assinara o filme realizado por João Botelho, “Corrupção”.
José Carlos Malato aparece na pele de um polícia (julgo). Esperamos sempre que ele indique aos suspeitos que avancem e carreguem no botão. Helás. Não acontece. Permanecem nas suas rígidas posições, até que descobrem que o polaco sofria do coração (tem os comprimidos guardados numa velha lata de filme, vá-se lá saber porquê!) e nesse momento o GNR, num assomo de clarividência divina, larga o suspeito e afirma que tudo foi desvendado. Mau sintoma para a justiça portuguesa.
O fabuloso Luís Figo, que nos encanta nos campos de futebol, aparece aqui na pele de uma realizador de cinema a fazer um teste à ninfomaníaca de serviço, que se roça por ele de alto a baixo. Figo, volta para o Inter! Ou vem fazer uma perninha no SCP.
"Second Life" viaja pelo Algarve, a Herdade da Malhadinhas, em Beja, Caldas da Rainha, Óbidos, Lisboa e Itália (Roma, a famosa Fonte de Trevi, onde Fellini rodou “A Doce Vida”), segundo informação do produtor. Parece uma excursão de finalistas, é verdade. Mas podia ser um “turístico” mais rápido. Três horas é muito tempo. (O quê, o filme só tem 82 minutos? Estranho, julgava que tinha 3 horas”). Bem e antes da acabar, a ninfomaníaca passa pelo GNR e quer levá-lo a “almoçar” (mas “com a farda”). Que coisa: “Ó rapariga, põe-te calma!”.
Tem razão. Foram as mais penosas três horas a que assisti do mais recente cinema português! (O quê, o filme só tem 82 minutos? Estranho, julgava que tinha 3 horas”).
Alguém disse à abrir que era “O filme do Ano!” e que “iria transformar o cinema português!” Acredito, mas não pelas razões invocadas. Pelas inversas.
Um gajo faz anos e reúne meia dúzia de amigos numa casa com piscina. Ao princípio da noite, já quando duas meninas se lambuzam na cama uma à outra para animar a malta, ouve-se um baque, correm todos para a piscina e o gajo aniversariante bóia de barriga para baixo. Olham todos, numa rígida marcação, incluindo a mulher da vítima. Um deles faz o gesto de despir o casaco, mas outro atira-se, volta o corpo, e deixa-o ficar a boiar, agora de barriga para cima. É noite. Na manhã seguinte, estão todos mais ou menos nas rígidas marcações e aparece um guarda nacional republicano que pergunta: Está na piscina desde ontem à noite? Porque não o retiraram?” Respondem: “Estava morto!” Réplica do GNR: “Bem, se não estivesse, agora já está!” (esta é a melhor piada do filme).
"Second Life" conta igualmente com a participação de Piotr Adamczyk, Lúcia Moniz, José Wallenstein, Ruy de Carvalho, Nicolau Breyner, Tiago Rodrigues, Ricardo Pereira, Sofia Grilo, Cláudia Vieira, Pedro Lima, Paulo Pires, Pepê Rapazote, Paulo Rocha, Liliana Santos, Sandra Cóias, ainda dos apresentadores de televisão Fátima Lopes, José Carlos Malato, Luís Filipe Borges e Rita Andrade, e de Luís Figo. Ok. Muitos modelos, apresentadores de TV e um futebolista. Costuma dizer-se que os modelos não vão bem nos filmes portugueses. Aqui não vão mal, porque o filme é feito todo para eles: trata-se de uma passagem de modelos, que vai evoluindo ao sabor das atracções turísticas (o Algarve que financia a fita) e dos “product placements” (que entram com algum como publicidade mais ou menos encapotada), e das cenas mais ou menos eróticas (mais menos do que mais mais). Eles passeiam-se e param. O filme também, ao sabor de uma história que um dia alguém me há-de contar (se estiver sóbrio!).
Há dias, o produtor Alexandre Valente (o mesmo de “Corrupção” e de “O Crime do Padre Amaro”) disse à Lusa que "o filme é uma selecção de vida, é sobre como seria se tivéssemos hipótese de viver uma segunda vez." É possível. Não sei bem. Vi o polaco ter várias vidas, várias mulheres, e duas mortes, e ainda ser entrevistado por um psicanalista. Andar de balão, cair na piscina, cambalear de bêbado, ser entrevistado por uma jornalista acompanhado pelo movimento de câmara mais enjoativo da história do cinema, e repetir tudo. Há ainda uma menina que não resiste a uma mulher ou um homem, desde que tenham duas pernas. Por isso, oferece-se de 5 em 5 minutos a quem lhe passa por perto, o que num filme com três horas é obra de resistência! (O quê, o filme só tem 82 minutos? Estranho, julgava que tinha 3 horas”).
Curioso. Este é dos piores filmes que vi de há uns anos a esta parte, e consegue ter uma fotografia excelente (de Acácio de Almeida), uma música excelente (de Bernardo Sassetti), e aparições boas de quase todos os actores que, tal como os modelos e os apresentadores, à falta de personagens “passam” muito bem na passerelle. Já o argumento não existe, a organização dramática não existe, qualquer ligação entre personagens não existe (pois se não há personagens, como se podem ligar?).
Parece que o filme era para ser realizado por Nicolau Breyner e Miguel Gaudêncio, aparece assinado pelo último e pelo produtor e argumentista Alexandre Cebrian Valente. O que aconteceu, não sei. Mas o mesmo produtor já assinara o filme realizado por João Botelho, “Corrupção”.
José Carlos Malato aparece na pele de um polícia (julgo). Esperamos sempre que ele indique aos suspeitos que avancem e carreguem no botão. Helás. Não acontece. Permanecem nas suas rígidas posições, até que descobrem que o polaco sofria do coração (tem os comprimidos guardados numa velha lata de filme, vá-se lá saber porquê!) e nesse momento o GNR, num assomo de clarividência divina, larga o suspeito e afirma que tudo foi desvendado. Mau sintoma para a justiça portuguesa.
O fabuloso Luís Figo, que nos encanta nos campos de futebol, aparece aqui na pele de uma realizador de cinema a fazer um teste à ninfomaníaca de serviço, que se roça por ele de alto a baixo. Figo, volta para o Inter! Ou vem fazer uma perninha no SCP.
"Second Life" viaja pelo Algarve, a Herdade da Malhadinhas, em Beja, Caldas da Rainha, Óbidos, Lisboa e Itália (Roma, a famosa Fonte de Trevi, onde Fellini rodou “A Doce Vida”), segundo informação do produtor. Parece uma excursão de finalistas, é verdade. Mas podia ser um “turístico” mais rápido. Três horas é muito tempo. (O quê, o filme só tem 82 minutos? Estranho, julgava que tinha 3 horas”). Bem e antes da acabar, a ninfomaníaca passa pelo GNR e quer levá-lo a “almoçar” (mas “com a farda”). Que coisa: “Ó rapariga, põe-te calma!”.
Ah, falta ainda uma observação: o filme é falado indistintamente em inglês e português. Por quê? Mas por que razão haveria uma lógica para este aspecto, se não há para tudo o mais? Ok. Tá certo!
12 comentários:
Caro Lauro António
Ainda não vi o filme como deve calcular, mas a sua crónica é bastante elucidativa sobre o filme em questão.
Abraço cinéfilo
Rui Luís Lima
Julgo que foi o pior filme português alguma vez feito. Pode parecer exagero do rescaldo da antestreia, mas é realmente o que sinto. Foi de facto penoso assistir a "isto"!
Bem se é assim tão mau já não estou interessado. A ser assim é a 1ª vez que a Sic erra no apoio a um filme(todos os apoiados por ela não eram assim tão maus). Vou então esperar para que passe por aqui o Contrato e deixar este de lado se assim o diz. Neste caso não fez frete, disse a sua opinião e pronto.
Hoje já fiquei a ganhar a dois carrinhos.
Conheci um blogue onde se fala de cinema (e logo por quem sabe da poda...) e evitei gastar um dinheirão num bilhete.
Contas feitas, a primeira razão é mais compensadora.
Ainda bem que tal actor que trabalhou com a Lucia Moniz em Love Actually Colin Firth segundo li já não sei onde, não pode fazer o filme pois tentaram que ele participa-se.
Após o seu comentário
fiquei curioso
em ver o coiso
Só não prometo chegar ao fim
o teu comentário de ontem sobre o filme foi esclarecedor. :))
não vou ver.
mas, já agora, faço a pergunta publicamente : quando te dignas a fazer um filme, Lauro António? é dos teus que precisamos e se há dinheiro para estas fantochadas tem que haver dinheiro para o teu!!!
ó senhores dos euros, então???!!!
um grande abraço meu amigo
Talvez valha a pena...
... para rir à brava de tanta estupidez que aparenta ter!
E sublinho o comentário da Bandida.
um abraço, grande, como sempre, do
Helder
A mesma treta de sempre... É engraçado como quase todos os anos se faz o ressurgimento do cinema português... Não passam de palavras, pois a qualidade é sempre muito duvidosa...
o filme pode ser péssimo. não sei, não vi, não vou ver. mas teve um enorme mérito: deu azo a esta crítica magistral. missão cumprida...
Eu acabei de ver esta noite (benesse de trabalhar num cinema de Faro) e não recomendo. Pela 1ª vez não recomendo um filme.
vim da ante.estreia em Faro. no discurso de abertura/acto masturbatório, alexandre valente pedia para que os portugueses apoiassem o cinema português.. pensei eu "dá-me um bom filme e apoiá-lo-ei" mas [fodaz! fodaz!].. amigos, estamos a falar de um dos piores filmes de que a tela de cinema reflectiu..
Desculpem-me mas com este tipo de produtores o nosso cinema padece de um vírus perigosíssimo.
este tipo, o valente, não merecia ter tido o sassetti(o único sinal mais)
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