segunda-feira, fevereiro 28, 2011

OSCARS 2011: OS PREMIADOS

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OSCARS 2011
Os Premiados

Melhor Filme do Ano:
O Discurso do Rei (The King's Speech):
Iain Canning, Emile Sherman, Gareth Unwin
Melhor actor
Colin Firth em O Discurso do Rei  
Melhor actriz
Natalie Portman em Cisne Negro  
Melhor actor num papel secundário
Christian Bale em The Fighter - Último Round  
Melhor actriz num papel secundário
Melissa Leo em The Fighter - Último Round  
Melhor realizador
Tom Hooper em O Discurso do Rei  
Melhor argumento original
O Discurso do Rei: David Seidler
Melhor argumento adaptado
A Rede Social: Aaron Sorkin
Melhor filme de animação
Toy Story 3: Lee Unkrich
Melhor filme em lingua não inglesa
Hævnen : Susanne Bier (Dinamarca)
Melhor fotografía
A Origem: Wally Pfister
Melhor montagem
A Rede Social: Kirk Baxter, Angus Wall
Melhor direcção artística
Alice no País das Maravilhas: Robert Stromberg, Karen O'Hara
Melhor guarda-roupa
Alice no País das Maravilhas: Colleen Atwood
Melhor maquilhagem
O Lobisomem: Rick Baker, Dave Elsey
Melhor música original
A Rede Social: Trent Reznor, Atticus Ross
Melhor cancão original
Toy Story 3: Randy Newman ("We Belong Together")
Melhor som
A Origem: Lora Hirschberg, Gary Rizzo, Ed Novick
Melhor montagem sonora
A Origem: Richard King
Melhores efeitos visuais
A Origem: Chris Corbould, Andrew Lockley, Pete Bebb
Melhor longa-metragem documental
Inside Job - A Verdade da Crise: Charles Ferguson
Melhor curta-metragem documental
Strangers No More: Karen Goodman, Kirk Simon
Melhor curta-metragem de animação
Let's Pollute: Geefwee Boedoe
Melhor curta-metragem de ficção
God of Love: Luke Matheny

A verde as minhas previsões acertadas, a vermelho as não previsões (por eu desconhecer os nomeados) e a dourado as minhas falhas (demasiadas, para o meu gosto!).

sábado, fevereiro 26, 2011

OSCARS 2011: PREVISÕES

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OSCARS 2011
NOMEADOS E PREVISÕES PESSOAIS

Melhor filme do ano /Nomeados
127 Horas (127 Hours): Christian Colson, Danny Boyle, John Smithson
Cisne Negro (Black Swan): Mike Medavoy, Brian Oliver, Scott Franklin
The Fighter - Último Round (The Fighter): David Hoberman, Todd Lieberman, Mark Wahlberg
A Origem (Inception): Christopher Nolan, Emma Thomas
Os Miúdos Estão Bem (The Kids Are all Right): Gary Gilbert, Jeffrey Levy-Hinte, Celine Rattray
O Discurso do Rei (The King's Speech): Iain Canning, Emile Sherman, Gareth Unwin
A Rede Social (The Social Network): Scott Rudin, Dana Brunetti, Michael De Luca, Ceán Chaffin
Toy Story 3 (Toy Story 3): Darla K. Anderson
Indomável (True Grit): Ethan Coen, Joel Coen, Scott Rudin
Despojos de Inverno (Winter's Bone): Anne Rosellini, Alix Madigan

Quem ganha? A Rede Social
Quem eu gostaria que ganhasse? A Rede Social, mas há três outros filmes muito bons, “Despejos de Inverno”, “Indomável”, “Os Miúdos estão Bem”, mesmo “A Origem”.

Melhor actor
Javier Bardem em Biutiful  
Jeff Bridges em Indomável  
Jesse Eisenberg em A Rede Social  
Colin Firth em O Discurso do Rei  
James Franco em 127 Horas  

Quem ganha? Colin Firth
Quem eu gostaria que ganhasse? Colin Firth

Melhor actriz
Annette Bening em Os Miúdos Estão Bem  
Nicole Kidman em Rabbit Hole  
Jennifer Lawrence em Despojos de Inverno
Natalie Portman em Cisne Negro  
Michelle Williams em Blue Valentine  

Quem ganha? Natalie Portman
Quem eu gostaria que ganhasse? Natalie Portman, mas lamento que Jennifer Lawrence fique sem uma estatueta.

Melhor actor num papel secundário
Christian Bale em The Fighter - Último Round  
John Hawkes em Despojos de Inverno
Jeremy Renner em A Cidade  
Mark Ruffalo em Os Miúdos Estão Bem  
Geoffrey Rush em O Discurso do Rei  

Quem ganha? Christian Bale
Quem eu gostaria que ganhasse? Geoffrey Rush

Melhor actriz num papel secundário
Amy Adams em The Fighter - Último Round  
Helena Bonham Carter em O Discurso do Rei  
Melissa Leo em The Fighter - Último Round  
Hailee Steinfeld em Indomável  
Jacki Weaver em Animal Kingdom  

Quem ganha? Hailee Steinfeld
Quem eu gostaria que ganhasse? Hailee Steinfeld, mas temo que seja Melissa Leo, o que acho uma injustiça.

Melhor realizador
Darren Aronofsky em Cisne Negro  
Ethan Coen, Joel Coen em Indomável  
David Fincher em A Rede Social  
Tom Hooper em O Discurso do Rei  
David O. Russell em The Fighter - Último Round  

Quem ganha? David Fincher
Quem eu gostaria que ganhasse? David Fincher

Melhor argumento original
Um Ano Mais: Mike Leigh
The Fighter: Último Round  : Scott Silver, Paul Tamasy, Eric Johnson
A Origem: Christopher Nolan
Os Miúdos Estão Bem: Lisa Cholodenko, Stuart Blumberg
O Discurso do Rei: David Seidler

Quem ganha? O Discurso do Rei
Quem eu gostaria que ganhasse? O Discurso do Rei ou Os Miúdos Estão Bem

Melhor argumento adaptado
127 Horas: Danny Boyle, Simon Beaufoy
A Rede Social: Aaron Sorkin
Toy Story 3: Michael Arndt, John Lasseter, Andrew Stanton, Lee Unkrich
Indomável  Joel Coen, Ethan Coen
Despojos de Inverno: Debra Granik, Anne Rosellini

Quem ganha? A Rede Social
Quem eu gostaria que ganhasse? A Rede Social

Melhor filme de animação
Como Treinares o Teu Dragão: Dean DeBlois, Chris Sanders
O Mágico: Sylvain Chomet
Toy Story 3: Lee Unkrich

Quem ganha? Toy Story 3
Quem eu gostaria que ganhasse? Toy Story 3

Melhor filme em lingua não inglesa
Biutiful : Alejandro González Iñárritu(Mexico)
Canino (2009): Giorgos Lanthimos(Grécia)
Hævnen : Susanne Bier (Dinamarca)
Incendies: Denis Villeneuve(Canadá)
Fora da Lei: Rachid Bouchareb (Algéria)

Quem ganha? Não vi quatro deles, não faço aposta

Melhor fotografía
Cisne Negro: Matthew Libatique
A Origem: Wally Pfister
O Discurso do Rei: Danny Cohen
A Rede Social: Jeff Cronenweth
Indomável: Roger Deakins

Quem ganha? Indomável
Quem eu gostaria que ganhasse? Indomável

Melhor montagem
127 Horas: Jon Harris
Cisne Negro: Andrew Weisblum
The Fighter - Último Round: Pamela Martin
O Discurso do Rei: Tariq Anwar
A Rede Social: Kirk Baxter, Angus Wall

Quem ganha? A Rede Social
Quem eu gostaria que ganhasse? A Rede Social

Melhor direcção artística
Alice no País das Maravilhas: Robert Stromberg, Karen O'Hara
Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 1: Stuart Craig, Stephenie McMillan
A Origem: Guy Hendrix Dyas, Larry Dias, Douglas A. Mowat
O Discurso do Rei: Eve Stewart, Judy Farr
Indomável: Jess Gonchor, Nancy Haigh

Quem ganha? O Discurso do Rei
Quem eu gostaria que ganhasse? O Discurso do Rei

Melhor guarda-roupa
Alice no País das Maravilhas: Colleen Atwood
Eu Sou o Amor: Antonella Cannarozzi
O Discurso do Rei: Jenny Beavan
A Tempestade: Sandy Powell
Indomável: Mary Zophres

Quem ganha? Alice no País das Maravilhas
Quem eu gostaria que ganhasse? Alice no País das Maravilhas

Melhor maquilhagem
Barney's Version: Adrien Morot
The Way Back: Edouard F. Henriques, Greg Funk, Yolanda Toussieng
O Lobisomem: Rick Baker, Dave Elsey

Quem ganha? Não vi dois deles, não faço aposta

Melhor música original
127 Horas: A.R. Rahman
Como Treinares o Teu Dragão: John Powell
A Origem: Hans Zimmer
O Discurso do Rei: Alexandre Desplat
A Rede Social: Trent Reznor, Atticus Ross

Quem ganha? O Discurso do Rei
Quem eu gostaria que ganhasse? O Discurso do Rei

Melhor cancão original
127 Horas: A.R. Rahman, Rollo Armstrong, Dido ("If I Rise")
Country Strong: Tom Douglas, Hillary Lindsey, Troy Verges ("Coming Home")
Entrelaçados: Alan Menken, Glenn Slater ("I See the Light")
Toy Story 3: Randy Newman ("We Belong Together")

Quem ganha? Toy Story 3
Quem eu gostaria que ganhasse? Toy Story 3

Melhor som
A Origem: Lora Hirschberg, Gary Rizzo, Ed Novick
O Discurso do Rei: Paul Hamblin, Martin Jensen, John Midgley
Salt: Jeffrey J. Haboush, William Sarokin, Scott Millan, Greg P. Russell
A Rede Social: Ren Klyce, David Parker, Michael Semanick, Mark Weingarten
Indomável: Skip Lievsay, Craig Berkey, Greg Orloff, Peter F. Kurland

Quem ganha? A Origem
Quem eu gostaria que ganhasse? A Origem

Melhor montagem sonora
A Origem: Richard King
Toy Story 3: Tom Myers, Michael Silvers
TRON: O Legado: Gwendolyn Yates Whittle, Addison Teague
Indomável: Skip Lievsay, Craig Berkey
Imparável: Mark P. Stoeckinger

Quem ganha? A Origem
Quem eu gostaria que ganhasse? A Origem

Melhores efeitos visuais
Alice no País das Maravilhas: Ken Ralston, David Schaub, Carey Villegas, Sean Phillips
Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 1: Tim Burke, John Richardson, Christian Manz, Nicolas Aithadi
Hereafter - Outra Vida: Michael Owens, Bryan Grill, Stephan Trojansky, Joe Farrell
A Origem: Chris Corbould, Andrew Lockley, Pete Bebb
Homem de Ferro 2: Janek Sirrs, Ben Snow, Ged Wright, Daniel Sudick

Quem ganha? Alice no País das Maravilhas
Quem eu gostaria que ganhasse? Alice no País das Maravilhas

Melhor longa-metragem documental
Exit Through the Gift Shop: Banksy, Jaimie D'Cruz
GasLand: Josh Fox
Inside Job - A Verdade da Crise: Charles Ferguson
Restrepo: Tim Hetherington, Sebastian Junger
Waste Land: Lucy Walker

Quem ganha? Inside Job - A Verdade da Crise
Quem eu gostaria que ganhasse? Inside Job - A Verdade da Crise  (mas não vi dois)

Melhor curta-metragem documental
Killing in the Name: Nominees TBD
Poster Girl: Nominees TBD
Strangers No More: Karen Goodman, Kirk Simon
Sun Come Up: Jennifer Redfearn, Tim Metzger
The Warriors of Qiugang: Ruby Yang, Thomas Lennon

Quem ganha? Não vi nenhum, não faço aposta

Melhor curta-metragem de animação
Dia & Noite: Teddy Newton
The Gruffalo: Jakob Schuh, Max Lang
Let's Pollute: Geefwee Boedoe
The Lost Thing: Shaun Tan, Andrew Ruhemann
Madagascar, carnet de voyage: Bastien Dubois

Quem ganha? Não vi nenhum, não faço aposta

Melhor curta-metragem de ficção
The Confession: Tanel Toom
The Crush: Michael Creagh
God of Love: Luke Matheny
Na Wewe: Ivan Goldschmidt
Wish 143: Ian Barnes, Samantha Waite

Quem ganha? Não vi nenhum, não faço aposta

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

ENTREVISTA A SAPO CINEMA

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O SAPO Cinema
Quarta-feira, 23 de Fevereiro de 2011

Na passada quarta-feira fui o convidado do “Sapo.Cinema” para falar essencialmente da atribuição dos Oscars que se adivinha. Como as perguntas e as respostas podem ser de interesse para os leitores deste blogue, aqui se faz uma transcrição total da entrevista colectiva.


O SAPO Cinema dedica esta semana a uma ronda de debates sobre os Óscares. O convidado desta tarde é o realizador e divulgador Lauro António, que responde a partir do incontornável Café Vá-Vá. Participe, deixando a sua pergunta.
Da história da cerimónia, passando pelas apostas dos convidados, até às tradições da noite dos Óscares e ao percurso pessoal do próprio convidado, tudo estará em cima da mesa nestas conversas com quem sabe muito de cinema e tem uma relação próxima com os prémios da Academia.
Hoje o convidado é Lauro António, personalidade marcante do meio do cinema em Portugal, realizador («Manhã Submersa», «O Vestido Cor de Fogo»), crítico e ensaísta nas mais diversas publicações ao longo dos últimos 40 anos, e ainda o comentador da primeira cerimónia de entrega dos Óscares exibida em directo pela TVI, no ano de 1993.
Deixe as suas perguntas a partir das 15h e as respostas serão dadas em directo.

2:56
SAPO Cinema: Boa tarde. Temos hoje um connosco Lauro António, para responder às questões dos nossos utilizadores. Queremos, antes de mais, agradecer a sua participação neste debate.

2:57
Lauro António: Também agradeço o vosso convite e ponho-me à disposição dos utilizadores.

2:58
SAPO Cinema: Começamos com uma pergunta do nosso lado. O Lauro António comentou a primeira emissão em directo dos Óscares na TVI em 1993. Como foi essa experiência?

3:03
L.A.: Foi uma experiência muito excitante. Era hábito eu ver as transmissões dos Óscares em compacto, normalmente no dia seguinte. Naquele ano não fui a Hollywood, estava no estúdio, mas tive nas mãos algo que era espantoso naquela altura, o guião da cerimónia. Eu e o João Paulo Diniz eramos as únicas pessoas que tínhamos nas mãos aquele guião.
Era uma sensação de que estávamos na posse do segredo dos deuses. Foi muito emocionante e foi um confronto até violento porque o facto de estarmos em directo, a comentar, termos a necessidade de traduzir algumas coisas e, ao mesmo tempo, tentarmos não nos sobrepormos à cerimónia, era um esforço muito grande. Julgo que é impossível conciliar isso.
Todas as cerimónias que vi depois nunca foram boas porque é impossível, é humanamente impossível. Há sempre uma parte de improviso que não se controla. Acho excitante ver em directo a cerimónia mas o compacto do dia seguinte dá-nos a possibilidade de saborear de outra maneira a cerimónia.

3:03
[Comentário de Paulo Correia : ]
Quais as suas apostas para vencer os principais prémios este ano? Melhor actor/actriz? Melhor actor/actriz secundário/a? Melhor filme? Melhor realizador? Melhor argumento original e melhor argumento adaptado?

3:06
L.A.: Eu vou dizer aquilo que penso que são os vencedores e não necessariamente aqueles que eu gostaria que ganhassem.
Melhor filme: «A Rede Social»
Melhor Realizador: «David Fincher»
Melhor Actor: Colin Firth
Melhor Actriz: Natalie Portman
Melhor Actor Secundário: Christian Bale
Melhor Actriz Secundária: Hailee Steinfeld
Melhor argumento adaptado: «A Rede Social»
Melhor Argumento Original: «O Discurso do Rei»

3:10
L.A.: Em relação a gostos pessoais, há dois filmes de que eu gosto muito. O «Indomável» e «Despojos de Inverno» são dois excelentes filmes. Como melhor actriz fiquei verdadeiramente apaixonado por Jennifer Lawrence em «Despojos de Inverno». «A Origem» e «Os miúdos estão bem» são excelentes argumentos originais. O «Indomável» e o «Despojos de Inverno» são dois óptimos argumentos adaptados. O «Toy Story 3» é, obviamente, o melhor filme de animação mas eu não sou um apaixonado embora seja um filme magnífico.

3:11
[Comentário de Luis : ]
Não acha estranho que algumas vezes os filmes que estão nomeados para os oscares nem se quer estrearam em Portugal ou noutras partes do mundo?

3:14
L.A.: Este ano no dia dos Óscares estarão praticamente todos estreados. O que eu acho estranho é que a grande maioria dos filmes que concorrem aos Óscares são filmes que se estreiam na América entre Novembro e Dezembro e vão estreando nos outros países até ao dia da cerimónia. É uma estratégia dos grandes e dos pequenos estúdios, interessante como estratégia comercial. O que é curioso é que isso pressupõe que haja filmes de diversos tipos. Há os filmes de Verão e depois há os filmes mais intelectuais cujas estreias são concentradas no final do ano precisamente para serem atirados para os Óscares.

3:17
[Comentário de andré luís : ]
Falou aí da Hailee... acha que ela estaria na mesma posição não fosse o filme dos Coen? E se não, isso não desvirtua um pouco o mérito dos óscares individuais?

3:18
A.L.: Eu acho que não até porque há pelo menos mais duas actrizes em filmes independentes sem o peso dos realizadores atrás, a Jennifer Lawrence e a Michelle Williams, que estão nomeadas.

3:20
[Comentário de Jorge Silva : ]
O que pensa da ausência de "Shutter Island" da lista de filmes nomeados?

3:21
L.A.: É outra injustiça. Era outro que devia estar colocado na lista dos que não foram lembrados e que deviam ter sido.

3:21
[Comentário de Nuno : ]
Que opinião tem de «O Discurso do Rei»?

3:26
L.A.: Gosto de tudo excepto da realização. Acho que é um bom argumento, acho que tem excelentes interpretações, excepto Timothy Spall a fazer de Churchill.
Acho que a direcção artística, a música, a fotografia, tudo isso é muito bom e depois acho que o realizador quando optou pela grande angular para tornar o filme "estranho" tomou uma má opção. Acho que a realização é desastrosa em relação ao tema.
Depois acho que o filme a nível do argumento tem uma coisa muito interessante. Enquanto um rei gago é "obrigado" a fazer o discurso em que declara que a Inglaterra entra no conflito, do outro lado, nas forças do eixo, há dois dos mais demagógicos e manipuladores oradores, Hitler e Mussolini. Eu julgo muito interessante esta relação entre um rei gago, que para nós tem razão, e dois oradores "brilhantes" que conseguem fazer da não razão uma força que mobiliza multidões.

3:26
 [Comentário de Ana : ]
Que filme português (actual ou antigo) devia ter ganho um Óscar?

3:33
L.A.: O meu filme «Manhã Submersa» chegou a estar (quase) nomeada à nomeação ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. O filme concorreu ao Melhor Filme Estrangeiro em 1981, acabou por não ser nomeado mas foi convidado para estar no Festival de Los Angeles e eu fui convidado a lá ir. Quando cheguei ao hotel tinha um bilhete assinado pelo Warren Beatty e pelo Buck Henry a dizer para os procurar no secretariado do festival. O que eu fiz no dia seguinte, logo de manhã. Eles contaram-me que faziam parte da direcção do festival e do comité de selecção do melhor filme de língua não-inglesa. Contaram-me que a «Manhã Submersa» tinha sido vítima de uma questão política. Na primeira votação tinham ficado em primeiro lugar, destacados, três filmes. Um Kurosawa, um Truffaut e o Elio Petri e em quarto tinham ficado empatados três filmes, um português, um espanhol e um russo. Fizeram-se tantas votações até que o português saísse. Quem ganhou a votação para o quarto lugar foi «Moscovo não acredito em lágrimas», o quinto foi um espanhol e a «Manhã Submersa» saiu.

3:34
L.A.: Este ano fiquei surpreendido por «Mistérios de Lisboa» não estar nomeado mas julgo que estará para o ano e terá boas hipóteses.

3:35
[Comentário de Pedro : ]
Lauro, acha que "Up" tem realisticamente hipóteses de ganhar o óscar para melhor filme?

3:36
L.A.: «Up - Altamente» já foi nomeado no ano passado e venceu o Óscar de Melhor Filme de Animação. Este ano, o «Toy Story 3» não tem hipóteses para o Melhor Filme mas ganhará certamente o Melhor Filme de Animação.

3:37
[Comentário de Vanessa Pelerigo : ]
Não considera que "Social Network" está a ser sobrevalorizado em comparação com outras obras maiores do realizador, nomeadamente "Seven" ou "Fight Club"?

3:38
.A.: Acho que não. Não só é a realização mais madura como julgo que é o filme que aborda um tema de grande actualidade. O tema não é tanto o Facebook mas a realidade virtual, que nos lançou na maior crise económica e financeira dos últimos oitenta anos e o filme também fala disso.

3:38
[Comentário de Maria : ]
Em todos estes anos qual foi o Óscar que o marcou mais por achar que não era merecido?

3:39
L.A.: Foi de tal forma imerecido que já me esqueci...

3:40
[Comentário de Madalena Freitas : ]
Tendo em conta a sua vasta experiência no meio do cinema em Portugal, incluindo a da realização, o que é, na sua opinião, que faz falta ao cinema português para termos (um dia) um filme candidato em alguma categoria?

3:41
L.A.: Eu acho que fazem falta duas coisas. Por um lado, fazem falta filmes que sejam de autor e simultaneamente de grande público. Por outro lado, faz falta um lobby de influência junto dos membros da Academia.

3:42
[Comentário de Filipe Vaz : ]
Na sua opinião,qual foi o melhor filme a ganhar os óscares?

3:46
L.A.: Há perguntas muito difíceis. Tão difíceis que agora não sei responder... Posso dar alguns exemplos: «Casablanca», «E Tudo o Vento Levou», «O Vale Era Verde», «Rebecca».

3:47
[Comentário de Jorge Silva : ]
Há algum filme que considere que não deveria estar nos nomeados?

3:48
L.A.: Entre as dez nomeações para Melhor Filme, acho que há duas ou três que não se justificam estar nesta categoria. Apesar de serem filmes interessantes, acho que «127 Horas», «The Fighter - Último Round» ou mesmo, o que para muitos é um sacrilégio, «O Cisne Negro, não estão entre os melhores filmes do ano.

3:50
[Comentário de Ana : ]
Na sua opinião, a que se deve o sucesso de 'A Rede Social'? Será mérito do filme/realização ou do Facebook propriamente dito?

3:53
L.A.: Eu acho que é mérito do filme, da realização, do Facebook e do que fica por detrás de tudo isso, que para mim é o mais importante, a discussão sobre a realidade virtual, uma coisa que nos atinge a todos e que está na base de negociatas incontroláveis como aquelas que provocaram a crise de 2008.
O filme basicamente serve-se do Facebook para, através dele e do que o rodeia em relação ao seu suposto criador, falar das relações humanas numa época onde a ambição se sobrepõe a tudo mais e onde a realidade virtual permite jogos de economia de casino.

3:54
 [Comentário de Joaquim : ]
Imagino que tem noção que é uma opinião muito polémica, essa de que o Cisne Negro não é dos melhores filmes do ano. :). Já agora quer elaborar um pouco mais e explicar porque não?

3:57
L.A.: As opiniões são sempre opiniões e valem o que valem. Realmente, para mim, o «Cisne Negro» não é um filme que suscite reacções de amor e ódio. Acho que é apenas um interessante filme sobre um caso de dupla personalidade e sobre a criacção artística mas onde eu julgo que o filme falha mais é na própria realização. Acho que tem demasiados efeitos para criar tensão psicológica e julgo que esta poderia ter sido alcançada por processos mais simples.

3:58
[Comentário de Frederico : ]
Qual o poder que um filme como True Grit tem na psique dos norte-americanos, para poder vir a ser uma surpresa (ou não) nestes Oscars? E ainda a afirmação dos Cohen, ao dizerem que não lhes interessa o Oscar?

4:00
L.A.: O filme dos Coen parece-me muito bem conseguido e muito significativo em relação ao actual estado de espírito da América, aliás, julgo que todos os filmes que estão nomeados para Melhor Filme batem numa tecla muito interessante e que, de certa forma, reavivam o espírito do New Deal do Roosevel, nos anos 30: a necessidade de ultrapassar dificuldades e adversidades através da perseverança, da vontade, da abnegação.
Por outro lado, é um filme que também toca num tema que me parece muito actual e que tem a ver com a falência das instituições judiciais. As pessoas não acreditam na justiça e tentam fazer justiça pelas próprias mãos. O que para mim é gravíssimo como sintoma da crise da democracia.

4:01
L.A.: Quanto aos Coen dizerem que não lhes interessa o Óscar, esqueça!

4:02
SAPO Cinema: Uma última pergunta para encerrarmos a sessão. Porque é que todos os anos continuamos sempre tão agarrados à cerimónia dos Óscares e ao que nela se passa?

4:04
L.A.: Eu acho que a condição humana adora competição. Todos queremos "sangue". A cerimónia dos Óscares situa-se entre o conto de fadas e o filme de terror. Todos adoramos passar uma noite a discordar da Academia, a comer pipocas e a beber Coca-Cola. De marketing, os americanos sabem-na toda.

4:05
SAPO Cinema: Terminamos aqui mais um debate sobre os Óscares. Agradecemos a Lauro António a presença nesta discusssão.

4:06
L.A.: Agradeço o vosso convite e a bonomia dos utilizadores. Se quiserem saber as minhas opiniões sobre quase todos os filmes nomeados podem lê-las no meu blogue “Lauro António Apresenta”.

terça-feira, fevereiro 22, 2011

CINEMA: BUDAPESTE

:
BUDAPESTE

Walter Carvalho é, sem sombra de dúvida, um dos mais prestigiados directores de fotografia do Brasil, sendo sua a imagem de mais de setenta obras como “Central do Brasil”, “Santiago”, “Lavoura Arcaica”, “Carandiru”, “Filme de Amor” e tantas outras, numa longa filmografia que se estende desde início dos anos 70 do século passado. Como realizador, a sua experiência é muito menor e, tendo em conta “Budapeste”, muito menos lograda igualmente.
A adaptação do romance de Chico Buarque da Holanda, já de si difícil empreendimento, não foi conseguida, desde o trabalho de transposição, a cargo de Rita Buzzar, passando pela própria realização, culminando na deficiente direcção de actores. O resultado é a todos os níveis decepcionante, ressalvando-se, no entanto, a fotografia de Lula Carvalho, filho de Walter, e que segue as pisadas do pai, aproveitando bastante bem sobretudo a fotogenia de Budapeste. Há bons momentos, como a cena da estátua de Lenine, Danúbio abaixo, uma passagem num restaurante, com néones reflectidos nos vidros, alguns interiores vistos do exterior, mas tudo reunido é pouco para fazer um filme.
Este centra-se na personagem de um escritor fantasma, José Costa, depois Kósta Zsoze, um homem que se encontra dividido sempre entre dois mundos, o que ao longo da obra se vai expressando por diversas vias: ele oscila entre o escritor que é e o escritor que assume; entre duas línguas, o português e o húngaro; entre dois países, o Brasil e a Hungria; entre duas cidades, o Rio e Budapeste; no interior da mesma cidade entre duas margens de um rio, Buda e Peste, separadas pelo Danúbio; entre duas mulheres, Vanda e Krista, e duas crianças; entre dois nomes, Costa e Kósta…
Num bom jargão marxista dos anos 60, Costa é uma personagem alienada, que procura a sua definição. O filme acompanha uma aventura interior, que o actor Leonardo Medeiros nunca consegue exprimir, e enreda-se em sequências mais ou menos eróticas, de exploração de corpos femininos, que nunca resultam. Os actores nunca convencem, e nem a saborosa participação de Paulo José salva o empreendimento.
Questão que nos interessa de sobremaneira: co-produção portuguesa porquê? Eis o caso mais curioso. O ICAM e a RTP entram neste projecto a que jeito? Por Nicolau Breyner interpretar (bem) uma cena de 2 minutos, onde se faz passar por francês a discursar frente à estátua do escritor desconhecido, em Budapeste? Por Ivo Canelas interpretar (bem) 2 cenas em que é um editor brasileiro, no Rio de Janeiro? Por Leonel Vieira controlar a contribuição portuguesa?
Não há uma política portuguesa para a co-produção? Ou seja: não há regras a respeitar para que os capitais portugueses integrem uma co-produção? Basta contratarem-se 2 actores para se meterem capitais portugueses numa co-produção internacional? Não interessa nada que o filme em questão não tenha mesmo nada a ver com Portugal?
Questão que fica levantada…

BUDAPESTE
Título original: Budapest
Realização: Walter Carvalho (Brasil, Hungria, Portugal, 2009); Argumento: Rita Buzzar, segundo romance de Chico Buarque de Hollanda; Produção: Rita Buzzar, Péter Miskolczi, Gábor Váradi, Leonel Vieira; Fotografia (cor): Lula Carvalho; Montagem: Pablo Ribeiro; Design de produção: Marcos Flaksman; Decoração: Zoltán Horváth; Guarda-roupa: Kika Lopes; Maquilhagem: Hildegard Haide; Direcção de Produção: Imre Bodo, István Király, Joana Synek, Marcelo Torres; Assistentes de realização: Leonardo Gudel, Rafael Salgado; Departamento de arte: Péter Koronghy; Som: Vasco Pedroso; Efeitos visuais: Nills Bonetti, Rogério Marinho; Casting: Tamás Kertész; Companhias de produção: Nexus Cinema e Vídeo, Eurofilm Stúdió, Stopline Films; Intérpretes: Leonardo Medeiros (José Costa), Gabriella Hámori (Kriszta), Giovanna Antonelli (Vanda), András Bálint), Andrea Balogh, Nicolau Breyner (escritor fantasma francês), Ivo Canelas (Álvaro), Péter Kálloy (Molnár), Antonie Kamerling (Kaspar), Karina Kecskés, Débora Nascimento, Paola Oliveira, Tamás Puskás, Ádám Rajhona, Sandor Istvan Nagy, Oliver Simor, Paulo José, Chico Buarque de Hollanda, etc. Duração: 113 minutos; Distribuição em Portugal: Castello Lopes Multimédia; Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 17 de Fevereiro de 2011.
Classificação: *