FORÇA
ANTI-CRIME
Los Angeles, 1949. Mickey Cohen (Sean Penn) um poderoso
gangster ameaça controlar o submundo do crime do Estado e prolongar o seu
poderio para outros Estados do Oeste norte-americano. A polícia parece estar
amarrada de mãos e pés, dada a influência que Cohen assume junto dos poderes
corruptos. Um chefe da polícia local, incorruptível, Bill Parker (Nick Nolte),
resolve chamar o sargento John O'Mara (Josh Brolin) para formar um grupo de
polícias escolhidos por este, para fazerem implodir o império de Cohen e levar
à captura do mesmo. John O'Mara reúne então meia dúzia de especialistas em
vários ramos, do tiro ao alvo às escutas, de investigadores a pesos pesados, e
avança para a tarefa de enfrentar a mafia instalada na sociedade de Los Angeles
e arredores. Tem como companheiro, um amigo de longa data, o sargento Jerry
Wooters (Ryan Gosling).
Não se trata de ficção. Isto aconteceu e foi relatado
pelo jornalista Paul Lieberman, primeiro em reportagens de jornais, depois numa
obra que as compilava, "Gangster Squad". Foi este trabalho que esteve
na base do argumento de Will Beall que permitiu a Reuben Fleischer realizar
“Força Anti-Crime”.
O filme acompanha-se com interesse, tem uma boa direcção
artística, recuperando interiores e exteriores de finais da década de 40, os
actores são convincentes, ainda que aqui e ali as personagens necessitassem de
alguma consistência mais, fotografia, montagem, banda sonora não surpreendem,
mas são eficazes, a realização não compromete, mas também não está à altura de
outras obras idênticas, relativamente recentes, como “LA Confidencial”, de
Curtis Hanson, com base num romance de James Elroy, “Cidade Sob Pressão”
(Heat), de Michael Mann, ou “Inimigos Públicos” (Public Enemies), do mesmo
Michael Mann.
Curiosamente, nos últimos dias andava a ler “White Jazz”,
de James Elroe (um policial escrito em 1992 e que é o quarto romance inscrito
no L.A. Quartet, deste escritor, depois de “The Black Dahlia”, “The Big
Nowhere”, e “L.A. Confidential”) e as semelhanças são muitas, no clima de
violência, na descrição da corrupção, no erotismo forte e evanescente, mas as
diferenças são igualmente de sublinhar. Enquanto em Elroe a sociedade está (quase)
completamente contaminada pela corrupção, as ligações entre polícias e
gangsters são por demais evidentes, neste filme de Ruben Fleischer a polícia
conserva redutos incorruptiveis que se organizam para combater o crime
organizado e também as ligações entre este e o poder instituído.
Há ainda um outro aspecto a sublinhar: o grupo comandado
pelo sargento John O'Mara vai operar fora de toda a hierarquia policial,
autonomamente, e aconselham-no mesmo, se for descoberto, a dizer que a sua
acção não é do conhecimento da hierarquia. Uma espécie de “esquadrão da morte”
que faz justiça pelas próprias mãos, prática que não deixa de ser altamente
reprovável. Mais a mais não se trata de ficção pura, mas sim de uma ficção que
decalca a realidade. Ora é sempre muito duvidosa a legitimidade da acção de
“incorruptiveis” a fazer justiça pela sua cabeça e instinto. O que torna “Força
Anti-Crime” uma obra não só não muito excitante de um ponto de vista
cinematográfico, como ainda, no mínimo, bastante ambígua nos seus propósitos.
Entretanto, e já que falámos de “White Jazz”, de James
Elroe, podemos adiantar que a adaptação deste romance se encontra em fase de
pré-produção, desde há alguns anos, e que Geoege Clooney chegou a ser dado como
o actor principal, mas que esta hipótese se encontra afastada. Já a estreia se
anuncia para esse ano ou no próximo.
FORÇA ANTI-CRIME
Título original: Gangster Squad
Realização: Ruben Fleischer
(EUA, 2013); Argumento: Will Beall, segundo obra de Paul Lieberman
("Gangster Squad"); Produção: Bruce Berman, Ruben Fleischer, Dan Lin,
Kevin McCormick, Jon Silk, Michael Tadross; Música: Steve Jablonsky; Fotografia
(cor): Dion Beebe; Montagem: Alan Baumgarten, James Herbert; Casting: John
Papsidera; Design de produção: Maher Ahmad; Direcção artística: Mark Hunstable,
Timothy David O'Brien, Dean Wolcott; Decoração: Gene Serdena; Guarda-roupa:
Mary Zophres; Maquilhagem: Roxane Griffin, Robin Myriah Hatcher, Rolf John
Keppler, Christien Tinsley; Direcção de produção: Ravi D. Mehta, Richard
Mirisch, Ray Quinlan; Assistentes de realização: Alexander H. Gayner, Vincent
Lascoumes, Christophe Le Chanu, Terry Leonard, Julian Wall; Departamento de
arte: Bryan Belair, Katie Childs, Carol Kiefer, Tammy S. Lee, Geoffrey Mandel,
Karl J. Martin; Som: Cameron Frankley, Jason W. Jennings, Chloe Patenaude;
Efeitos especiais: H. Barclay Aaris, Arran C. Dahlberg, Kayla Jo Holland;
Efeitos visuais: Jacob Eaton, Dan Levitan, Jack Mullins, Rocco Passionino, Ray
Scalice, Kraig Tytus; Companhias de produção: Langley Park Productions, Lin
Pictures, Village Roadshow Pictures, Warner Bros. Pictures; Intérpretes: Sean Penn (Mickey Cohen),
Josh Brolin (sargento John O'Mara), Ryan Gosling (sargentoas Jerry Wooters),
Emma Stone (Grace Faraday), Nick Nolte (chefe Bill Parker), Anthony Mackie
(detective Coleman Harris), Giovanni Ribisi (detective Conwell Keeler), Michael
Peña (detective Navidas Ramirez), Robert Patrick (detective Max Kennard),
Sullivan Stapleton (Jack Whalen), Holt McCallany (Karl Lennox), Josh Pence
(Daryl Gates), Austin Abrams (Pete), Jon Polito (Jack Dragna), James Hébert
(Mitch Racine), John Aylward (juiz Carter), Troy Garity (Wrevock), James
Carpinello (Johnny Stompanato), Wade Williams, Ambyr Childers, Mick Betancourt,
Brandon Molale, Michael Papajohn, Jeff Wolfe, Anthony Molinari, Austin
Highsmith, Neil Koppel, Jack McGee, Mireille Enos, Evan Jones, Austin Abrams,
Lucy Davenport, Dennis Cockrum, etc. Duração:
113 minutos; Distribuição em Portugal: Columbia TriStar Warner Filmes de
Portugal; Classificação etária: M/16 anos; Estreia em Portugal: 21 de Fevereiro
de 2013.
Gangster Squad: o vetrdadeiro
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