TRÊS
MULHERES ALTAS
“Três Mulheres Altas”,
de Edward Albee, é considerada uma das peças mais pessoais, mesmo
autobiográficas em muito do seu traçado, do autor de “Quem Tem Medo de Virgínia
Woolf?” que a escreveu pouco tempo após a morte da sua mãe adoptiva. É também
dos seus trabalhos menos conhecidos e ainda bem que o Teatro Nacional de D.
Maria II a deu a conhecer agora, pois se trata de um trabalho extremamente
interessante, uma obra cénica de notável concepção, interligando em palco o
discurso de três mulheres, em três fases distintas da sua vida, juventude,
maturidade e velhice, que rapidamente se descobre serem a mesma pessoa, justapondo
momentos diferentes da sua existência que dialogam entre si.
Esta dolorosa, e por
vezes divertida, meditação sobre a vida (e a morte), sobre as relações humanas
(aqui uma especial referência às relações com o filho, quase sempre ausente,
seguramente uma das “culpas” a espiar por Albee), é um discurso intimista de
uma agudeza de análise e de um humanismo que raras vezes se vê em palcos, com
tal profundidade e clareza. Por entre um certo desespero, algum conformismo que
roça também a revolta, e uma esperança sempre presente, “Três Mulheres Altas”
ficará certamente como um dos bons espectáculos deste ano de 2014, servido por
uma inteligente e límpida encenação de Manuel Coelho, inscrita num bom cenário
de F. Ribeiro, plasticamente bonito e cenicamente eficaz. As três mulheres oferecem matéria para Catarina
Avelar brilhar num desempenho magnífico, Inês Castel-Branco demonstrar todas as
suas qualidades e potencialidades e Paula Mora marcar igualmente uma boa
presença. Um bom espectáculo, portanto, que se saúda
TRÊS
MULHERES ALTAS (Three Tall Women), de Edward Albee;
tradução Marta Mendonça; encenação Manuel Coelho; cenografia F. Ribeiro;
figurinos Dino Alves; música original José Salgueiro; desenho de luz José
Carlos Nascimento; cabelos e maquilhagem Carla Pinho; assistência de encenação
José Neves; Intérpretes: Catarina Avelar, Inês Castel-Branco, Paula Mora e José
Neves; produção TNDM II; M/16 anos.
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