GRAND BUDAPEST HOTEL
“Grand
Budapest Hotel” é um filme de Wes Anderson, que antes já nos habituara ao seu
cinema, em deliciosas comédias como “Gostam Todos da Mesma” (1998), “Os
Tenenbaums - Uma Comédia Genial” (2001), “Um Peixe Fora de Água” (2004), “The
Darjeeling Limited” (2007), “O Fantástico Senhor Raposo” (2009) ou “Moonrise
Kingdom” (2012). Um cinema com uma estrutura muito especial, um humor
inesperado e diferente, eivado de uma ironia elegante e sofisticada, envolto
numa estética algo delirante, por vezes surrealizante, quase sempre exótica,
mas definitivamente cativante. Wes Anderson é um dos grandes autores
cinematográficos revelados no final da década de 90 e que sabe bem ir reencontrando,
uma vez por outra, em novos filmes, como neste magnífico “Grand Budapest
Hotel”, que o cineasta escreveu, inspirando-se livremente em textos do
austríaco Stefan Zweig, e realizou prolongando a sua muito pessoal filmografia.
Um
velho escritor, com o rosto talhado pelas rugas e os anos (Tom Wilkinson),
recorda como foi a génese de um dos seus romances mais célebres. Foi assim que,
muitos anos antes, era ele ainda um jovem autor (com o rosto de Jude Law),
tendo-se hospedado no Grand Budapest Hotel, ali conhecera o dono do
estabelecimento, Zero Moustafa (F. Murray Abraham), que tem uma longa história
para contar. Desta feita, vamos ao encontro do verdadeiro protagonista da aventura, um certo Senhor Gustave (Ralph Fiennes), diligente e circunspecto porteiro
de hotel, que não descura nenhuma das suas funções e leva mesmo ao limite os
desejos dos seus hóspedes (como sejam certas senhoras idosas carentes de afecto
e de algo mais…). Foi com Gustave que Zero Moustafa, então pouco mais que
adolescente (Tony Revolori), vai adquirindo a sua educação, tanto profissional,
como humana. E aventurosa.
Um dia, Gustave herda um quadro famoso e valioso,
depois da morte de mais uma saciada velhota agradecida, uma tal Madame D. (Tilda Swinton). Mas este trespasse
não é bem visto pelo natural herdeiro de Madame D. (Adrien Brody), que se
insurge e lança no encalce de Gustave um killer de profissão (William Dafoe). A
aventura é generosa em peripécias rocambolescas, o que permite a Wes Anderson a
libertação da sua imaginação delirante e uma constante homenagem ao cinema mudo
de aventuras trepidantes. Tudo parece terminar (será mesmo?) quando um
movimento militar e político de tendências ditatoriais se lança à conquista do
país. Qual país? Pois um imaginário estado da Europa Central, uma República de
Zubrowka, num tempo que medeia entre as duas grandes guerras mundiais.
Wes
Anderson descobriu na Alemanha uma cidadezinha ideal para cenário do seu belo
filme. Foi em Görlitz,
na Saxónia, que colocou a sua equipa, numa cidade que era meia alemã e meia
polaca, com a República Checa mesmo ali ao lado. Nada melhor para o que se
pretendia.
Com um elenco que faz corar de inveja qualquer superprodução
(veja-se só: Ralph Fiennes, Tilda Swinton, Saoirse Ronan, F. Murray Abraham,
Mathieu Amalric, Adrien Brody, Owen Wilson, Jude Law, Edward Norton, Jeff
Goldblum, Lea Seydoux, Harvey Keitel, Tom Wilkinson, Willem Dafoe, entre
outros), “Grand Budapest Hotel” joga com cenários magníficos, situações
inesperadas, um sumptuoso colorido, de um raro bom gosto, um grafismo
extraordinário, conjugando a imagem real com a digital, o que permite quadros
de ressonância surrealista e de um exotismo transfigurador da realidade que
tornam esta obra um modelo de aventura em jeito de comédia muito fora do vulgar.
Momento de eleição na carreira de um cineasta já de si inusitado. Brilhante.
GRAND BUDAPEST HOTEL
Título original: The Grand
Budapest Hotel
Realização: Wes Anderson (EUA, Inglaterra,
Alemanha, 2014); Argumento: Wes Anderson, Hugo Guinness, inspirado em escritos
de Stefan Zweig; Produção: Wes Anderson,
Eli Bush, Molly Cooper, Jeremy Dawson, Christoph Fisser, Jane Frazer,
Henning Molfenter, Octavia Peissel,
Steven M. Rales, Scott Rudin, Charlie Woebcken; Música: Alexandre
Desplat; Fotografia (cor): Robert D.
Yeoman; Montagem: Barney Pilling; Design de produção: Adam Stockhausen;
Direcção artística: Stephan O. Gessler, Gerald Sullivan, Steve Summersgill;
Decoração: Anna Pinnock; Guarda-roupa:
Milena Canonero; Maquilhagem: Julie Dartnell, Frances Hannon, Emma Mash,
Heike Merker, Daniela Skala, Norma Webb; Direcção de Produção: Miki Emmrich,
Gisela Evert, Alan Pritt, Zuzana Mesticová; Assistentes de realização: Josh
Robertson, Oliver Hazell, Katharina Hingst, Andreas Hoffmann, Ben Howard,
Martin Scali; Departamento de arte: Annie Atkins, Josef Brandl, Jay Clarke,
Jesse Jones, Goncaio Jordäo, Roxy Konrad, Carolin Langenbahn, Stefan Speth, Carl Sprague; Som: Howard
Bevan, Mahesh Depala, Wayne Lemmer, Christopher Scarabosio; Efeitos especiais:
Alex Friedrich, Kathrin Krückeberg, Klaus Mielich, Gerd Nefzer, Uli Nefzer,
Nico Nitsch, Franz Rodwalt, Ilona Vovchyk, Simon Weisse; Efeitos visuais:
Henrik Fett, Jenny Foster, Jason Gandhi, Ray Lewis, Gabriel Sanchez, Frank
Schlegel, Vico Sharabani; Companhias de produção: Scott Rudin Productions,
Indian Paintbrush, Studio Babelsberg, American Empirical Pictures, TSG
Entertainment; Intérpretes: Ralph Fiennes (M. Gustave), F. Murray Abraham (Mr.
Moustafa), Mathieu Amalric (Serge X.), Adrien Brody (Dmitri), Willem Dafoe (Jopling), Jeff Goldblum (Kovacs),
Harvey Keitel (Ludwig), Jude Law (jovem escritor), Bill Murray (M. Ivan),
Edward Norton (Henckels), Saoirse Ronan (Agatha), Jason Schwartzman (M. Jean),
Léa Seydoux (Clotilde), Tilda Swinton (Madame D.), Tom Wilkinson (Autor), Owen
Wilson (M. Chuck), Tony Revolori (Zero), Larry Pine (Mr. Mosher), Giselda
Volodi, Florian Lukas, Karl Markovics, Volker Michalowski, Neal Huff, Bob
Balaban, Fisher Stevens, Wallace Wolodarsky, Waris Ahluwalia, Jella Niemann, Marcel Mazur, Robert Bienas,
Manfred Lindner, Oliver Claridge, Bernhard Kremser, Kunichi Nomura, Sister Anna
Rademacher, Heinz-Werner Jeschkowski, Steffen Scheumann, Sabine Euler, Renate
Klein, Uwe Holoubek, etc. Duração: 100 minutos; Distribuição em Portugal: Big
Picture 2 Films; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal:
10 de Abril de 2014.
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