
A GAIOLA DAS LOUCAS
no RIVOLI (Porto)

“A Gaiola das Loucas”, que agora estreou em Portugal, no Rivoli, do Porto, pela mão de Filipe La Féria, é um dos grandes musicais das últimas décadas, tendo um historial muito interessante, mas idêntico a quase todos os fenómenos deste tipo, que vão passando do teatro para o cinema, deste para o musical, ou vice versa.
Tudo começou na noite de 1 de Fevereiro de 1973, em Paris, no Théâtre du Palais-Royal, com a estreia da peça teatral de Jean Poiret, “La Cage aux Folles”, na sua versão original francesa, com um elenco composto por Jean Poiret, Michel Serrault e Pierre Mondy, nos principais papéis. O sucesso foi imediato, cinco anos no Palais-Royal, seguido de mais dois no Variétés. 1800 representações, para mais de um milhão de espectadores.
Tudo começou na noite de 1 de Fevereiro de 1973, em Paris, no Théâtre du Palais-Royal, com a estreia da peça teatral de Jean Poiret, “La Cage aux Folles”, na sua versão original francesa, com um elenco composto por Jean Poiret, Michel Serrault e Pierre Mondy, nos principais papéis. O sucesso foi imediato, cinco anos no Palais-Royal, seguido de mais dois no Variétés. 1800 representações, para mais de um milhão de espectadores.



Na peça original, tudo se passa em França, em St. Tropez, onde existe um night club gay, “La Cage aux Folles”, onde actua o travesti 'Zaza Napoli' (nome de guerra de Albin Mougeotte), que vive com o empresário da casa de espectáculos, Renato Baldi. Tudo corre bem, apesar de alguns periódicos ataques de vedetismo e de ciúmes da “diva”, até que o filho deste (de um casamento anterior com Simone), resolve regressar a casa dos “pais”, para lhes apresentar a noiva, e a ultraconservadora família desta. Óbvio que nem tudo vai correr bem, por muito que todos se esforcem para parecerem uma “família exemplar”. Mas a “normalidade” não é o mais aparenta esta família.

Por outro lado, Filipe La Féria adaptou o texto ao cenário português, entre a praia de Cascais e o Porto, donde desce a família tradicionalista, receoso do que os mouros do Sul lhe reservam. O que resulta bem, e traz um colorido muito especial aos diálogos, que relembram “O Leão da Estrela” e outras comédias desse tempo. No caso português, portanto, Armando del Carlo e Carlos Alberto são proprietários de uma discoteca em Cascais, “A Gaiola das Loucas”. Carlos Alberto é o mais prestigiado transformista português rivalizando com todas as “vedetas” marginais da cidade. Ricardo, filho de Armando Del Carlo, estudante universitário, está apaixonado por Barbara Alarcão, filha do deputado portuense Arnaldo Alarcão, vice-presidente do Futebol Clube do Porto. Bárbara convence o seu conservador pai que Ricardo é filho de um adido cultural na Grécia. Resolvem ir a Lisboa conhecer a família do futuro genro, o que obriga Armando del Carlo e o seu companheiro a passar por uma família tradicional e conservadora.

Considerações finais: sendo uma comédia sobre a homossexualidade e o transformismo, “A Gaiola das Loucas” poderia facilmente resvalar para terrenos perigosos, de grotesca caricatura. Nada disso acontece e, no final, o resultado é um estimulante espectáculo sobre a tolerância e a afirmação da liberdade de cada um viver a sua vida conforme os seus valores, desde que não interfira nos valores dos demais. É tudo quanto é preciso, quer se fale de gays ou heteros, de brancos ou negros, de direita ou esquerda, de tinto ou branco. A diversidade é que é a nossa maior grandeza que urge preservar.

Personagens e intérpretes: Carlos Alberto/Zazá Napoli - José Raposo; Armando Del Carlo - Carlos Quintas; Simone - Rita Ribeiro; Arnaldo Alarcão - Joel Branco; Maria do Céu Alarcão - Helena Rocha; Jacob - Filipe Albuquerque; Ricardo Del Carlo - Hugo Rendas; Bárbara Alarcão - Sara Lima; Francis - Alexandre Falcão; Mercedes Cristal - Rogério Costa; Maurício/Fedra/Belle Dominique - Pedro Xavier; Gaiolete/Jornalista/Guida Scarlatti - Ivo Dias; Gaiolete/ Lídia Barloff - Pedro Simões; Gaiolete/Ruth Briden - Aleksandr Aleksandrov; Gaiolete - Aleksandr Karpets; Gaiolete - Augusto Gonçalves; Gaiolete - Constantino Dias; Gaiolete - Daniel Santos; Gaiolete - Gilberto Neto; Gaiolete - Kleber Cândido; Gaiolete/Emp.Mesa/Jornalista - Luís David; Ass. Camarim/Cantora - Carla Oliveira; Dolly/Secretária/Jornalista - Mirró Pereira; Dolly/Jornalista/Ass.Camarim - Ana Isabel; Emp.Mesa/Jornalista/Ass. Palco - Pedro Pires. Teatro Rivoli (Porto).
1 comentário:
Obrigado por este tão simpático texto! É bom haver quem escreva sobre os palcos portugueses... Um grande bravo para sí!
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