BROADWAY
BABY
No
Teatro Mário Viegas, encontra-se em cena, por muito pouco dias, até 1 de
Setembro, e só às sextas e sábados, um bonito espectáculo de homenagem ao
musical. Ok, já sei que o musical parece não gozar da estima de muitos, mas eu adoro.
Inversamente, há uma legião de partidários que nunca abdicam de um bom musical,
mesmo que já o tenham visto muitas vezes. Alguns dos grandes momentos da minha
vida, passei-os a ver e ouvir musicais, em palcos de Londres, Nova Iorque, Madrid,
Paris, Toronto, Rio de Janeiro, e Lisboa. E em salas de cinema ou no recato da minha
poltrona frente ao ecrã de TV. Já fiz um programa de rádio, na Antena 2, sobre
o “Musical no Cinema”, e sou um devoto. Há lá coisa mais reconfortante do que “Singing
in the Rain” ou “Sunset Bouvelard”, ou “Os Miseráveis” ou… ou… e são às dezenas
os títulos que se impõem. De Fred Astaire a Gene Kelly, imortais, de Judy
Garland a Cid Charisse. Enfim, gosto muito e por isso é sempre um prazer ouvir
e relembrar temas eternos de talentos como George M. Cohan, Gerswing, Porter, Berlin, Rodgers e Hammerstein, Sondheim, Webber,
entre tantos outros.
Em
“Broadway Baby”, Nuno Feist e Henrique Feist, irmãos de sangue e irmãos no seu
gosto musical, encarregam-se de, durante um pouco mais de hora e meia, nos brindar
com uma curiosa e muito sentida viagem pela historia do musical na Broadway, oferecendo-nos
alguns dos momentos maiores deste género. É tarefa de arrojo total colocar-se
em confronto com génios insubstituíveis, mas Henrique Feist consegue não
destoar, procurando não mimar os inimitáveis, mas homenageando-os com a sua
bela voz, neste espectáculo particularmente bem trabalhada em vários registos.
A
encenação é simples, mas eficaz, apenas sugerindo cada número por um pequeno
adereço ou um elemento de guarda-roupa simbólico. Talvez até pudesse ser um
pouco mais despojada, mas globalmente funciona bem. Algumas referências iconográficas
passam pelo ecrã, ajudando a situar a resumida mas útil sugestão histórica. E
no piano temos o inspirado Nuno Feist que trabalha a duas mãos partituras de
sucesso garantido.
Sai-se
do Teatro Mário Viegas a trautear temas orelhudos que fizeram a felicidade de várias
gerações. Um bom espectáculo para todas as épocas do ano, mormente para
momentos de crise, ou não tivesse o musical, no cinema, sido um bálsamo para a
crise desencadeada pelo Crash de 1929. Agora que crashamos novamente, venha de
lá o musical, como nos ensinou Woody Allen no seu belíssimo “Rosa Púrpura do Cairo”.