“PÂNICO” NO CARTAXO
Os ingleses têm uma palavra
que quer dizer muita coisa. Play. Pode ser, por exemplo, brincar, jogar ou
interpretar. Estes três conceitos andam por vezes ligados, e quando se assiste
a uma peça de teatro, os actores interpretam, jogam e brincam, quando o significado
de brincar é o desenvolver uma actividade que lhes dá prazer.
No Cartaxo, no edifício de uma
escola há pouco tempo desactivada, o colectivo teatral “Área de Serviço” procura
isso mesmo, surpreendendo todos os que ousarem desafiar o desconhecido. Eles
apresentam a ideia assim: “Há quem tenha medo de tudo. E quem não tenha medo de
nada. Mas ninguém resiste a ver até onde vai o seu limite. E no limite está o
PÂNICO”.
Numa escola fora de serviço do
Cartaxo, uma equipa de televisão de um programa dedicado a casos paranormais,
procura saber por que circula o boato
(será boato?) que aquele edifício está assombrado, possuído por seres do outro
mundo, espíritos maléficos. Será herança de um padre que executou mais de duzentos
exorcismos? De sala em sala vão procurando a solução para o mistério, mas só
vão encontrando mais certezas trágicas.
Medo, muito medo? Enfim, há
muitos momentos de frison, mas o que há sobretudo é um divertimento cheio de
graça, de invenção, parodiando vários estereótipos de filmes de terror, com os
actores a gozarem as situações imaginadas, juntamente com os espectadores que
os acompanham neste “trágico” percurso. O elenco é de amadores, daqueles que “amam”
o que fazem nas horas vagas, uma companhia de teatro comunitário que já nos deu
Oscar Wilde, William Shakespeare, Bernardo Santareno e Eduardo de Fillipo e que
agora resolveu divertir-se e divertir-nos. São eles João Nunes, Vânia Calado,
Pedro Lino, Pedro Ouro, Constança Lopes, Mauro Cebolo, Ana Rita Oliveira,
Carolina Viana, Jeanine Steuve, José Falagueira, Maria Cerqueira e Alexandre
Amendoeira. A ideia, texto e encenação é do Frederico Corado, com colaboração
no texto de Vânia Calado, sendo a concepção e execução cenográfica de Frederico
Corado e Mário Júlio, a produção da Área de Serviço (Frederico Corado, Florbela
Silva e Vânia Calado), o design de Cátia Garcia, o desenho de luz de Ricardo
Campos, tendo como assistente de encenação Florbela Silva, Rita Correia Alves,
Pedro Ouro e Maria Ramalho. Desenho de som e ambientes sonoros é de Pedro Bona,
a fotografia de Vitor Neno, a montagem de Mário Júlio e o contra-regra chama-se
Henrique Carvalho. Esta é uma produção da “Área de Serviço” com a colaboração
do Centro Cultural do Cartaxo e “Entrar em Palco”. A estreia aconteceu a 28 de
Fevereiro, com duas sessões, e continua a 1, 2, 3 e 4 de Março às 21h30 e 23h00.
Posto isto, eu diverti-me
imenso no ensaio geral. Mas é conveniente acrescentar que o brincalhão mor
deste “Pânico” é o meu filho Frederico Corado. Fica a ressalva. Eu estou muito
orgulhoso das suas façanhas cénicas, mas, já se sabe, pai é pai. Mas, com a
maior imparcialidade, creio que vale mesmo a pena.
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