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quarta-feira, fevereiro 12, 2020

TEATRO: A PEÇA QUE DÁ PARA O TORTO




A PEÇA QUE DÁ PARA O TORTO

Hoje é dia de estreia de “A Peça Que Dá Para o Torto”, no original “The Play That Goes Wrong”. É um texto dos ingleses Henry Lewis, Jonathan Sayer e Henry Shields, que se encontra em exibição em Londres, há mais de cinco anos, numa produção da Mischief Theatre Company, com encenação de Hannah Sharkey. Grande sucesso de público e de crítica, com emigração para os palcos de mais de trinta países, e muitos prémios arrecadados, quer em Inglaterra como por outras latitudes.
A versão que vamos ver em Lisboa é o que se chama uma "replica show". O que significa que a UAU, empresa produtora portuguesa, adquiriu "os direitos todos da peça, não só do texto, mas também do cenário, da luz, da música, de tudo". Uma encenadora britânica, Hannah Sharkey, tem estado em Lisboa, para assegurar que tudo corra como acontece em palcos ingleses, mas a tradução para português, com algumas indispensáveis adaptações, é de Nuno Markl, e, neste contexto,  surge igualmente a figura do encenador residente, Frederico Corado, que divide responsabilidades locais com os demais responsáveis (só para que conste, é meu filho, para assim ficar assegurado desde já algum possível conflito de interesses).
A obra é muito divertida, bem construída, sólida peça de carpintaria (não é um eufemismo, como veremos mais adiante), não pactua com a estupidez tatas vezes reinante neste tipo de produção, afirmando-se pelo contrário como obra inteligente e de humor crítico e sensível. É realmente um vendaval de gargalhadas, mas não vazio de sentido e inócuo.
Antes de mais, trata-se de uma peça no interior de uma peça. Uma peça inglesa, tipicamente british, encenada pelo núcleo de Teatro da Sociedade Recreativa e Cultural do Sobralinho. Logo de início o encenador coloca os pontos nos ii. A Sociedade tem tido muitas dificuldades para levar a cena algumas produções, sobretudo por falta de meios. A versão de Os Miseráveis passou a O Miserável, a Branca de Neve passou a ser acompanhada unicamente pelo Matulão, à falta de sete anões, de Tennesse Williams apresentaram O Triciclo Chamado Desejo (e depois tiveram ainda que actualizar: O Skate Chamado Desejo).
A peça que hoje levam a cena é uma produção de estilo policial, “Crime na Mansão Haversham”, que começa logo com o aparecimento de um cadáver estendido no meio de um cenário de um certo mau gosto britânico, uma velha mansão, como tantas outras que surgem no teatro e no cinema provindos daquela ilha que recentemente se afastou da EU. Não se trata tanto de uma paródia ao estilo de Agatha Christie, mas sim às medíocres réplicas desta escritora, que por aí proliferam.
Depois as investigações em relação àquela morte iniciam-se. Surgem sete pessoas naquela sala de estar com cheiro a velório: o irmão do morto, a noiva do morto, o irmão da noiva (por sinal brasileiro), o mordomo (não podia faltar), um inspector (está lá fora o inspector!) e ainda há mais alguns intervenientes como a contrarregra ou aderecista e ponto, e o técnico de som, irritadíssimo porque lhe roubaram um CD dos Duran Duran. Além disso, perdeu-se um cão, de que só sobrou a trela…
Primeiro aspecto a ressalvar neste contexto: a peça agarra nalguns estereótipos do policial e mesmo do romance negro e parodia-os com imensa graça. O morto, o mordomo, o inspector, a femme fatale que não resiste a nenhum macho, os suspeitos, tudo é posto em causa, assim como cada adereço, cada puxador de porta, cada vidro de janela, cada quadro, cada lareira (há só uma!), cada praticável. Nada está no sítio certo nem na hora exacta. O que potencia a hecatombe, de desgraça em desgraça até ao terramoto final.



A peça é bastante bem representada, por um elenco muito jovem, mas globalmente talentoso, mas esta não é uma representação vulgar. Todos têm de apresentar alguns resquícios de acrobatas, tal o empenhamento físico que a peça exige aos seus intervenientes. Se a construção do cenário e a colocação dos adereços pressupõe um trabalho minucioso, de relojoeiro, em que todos os elementos têm de estar no seu local determinado ao segundo exigido, o facto deste cenário já vir importado de Londres (via Espanha) ajudou em muito. Mas o elenco português teve de se adaptar a este cenário maquiavélico que impõe um ritmo endemoniado e uma certa destreza corporal. A Inês Castelo-Branco a ser retirada “desmaiada” por uma janela não é para qualquer uma, nem o Miguel Thiré a equilibrar-se com três móveis é para todos (e não digo mais, quem for ver avaliará). Mas todos os actores passam as passas do Algarve nesta comédia de slapstick, muito na linha de alguns grandes cómicos como Keaton, Chaplin ou Lloyd.
Segundo aspecto a sublinhar. Não sei se conscientemente se não, esta peça assume um papel pedagógico muito interessante. Pretende ser objectivamente uma representação realista ou naturalista e acaba por evoluir para um simbolismo, um non sense minimalista. Tal como Picasso que era um pintor realista notável ainda muito jovem, e depois foi evoluindo para o cubismo e até para a abstração, o mesmo acontece nesta peça. Um exemplo. Quando procuram retirar o cadáver da sala de estar, vão buscar uma padiola e colocam nela o corpo. Mas o pano cede, o corpo cai, os transportadores não se dão por vencidos e continuam a transportar a padiola, agora só as pegas de madeira. Mais tarde já mimam o transporte do corpo só com as mãos. A cena vai evoluindo do realismo para o simbolismo mais minimalista, um pouco uma das vias do teatro moderno.
Mais. Existe uma femme fatale (obviamente a Inês Castelo-Branco) que veste vermelho, como se esperaria. As tantas ela desaparece e a contrarregra surge a substituí-la apenas com o vestido vermelho sobre a jardineira. Buñuel realizou um filme com duas actrizes a interpretar o mesmo papel. O público na peça teatral compreende a substituição, assim como a entende mais tarde quando será um homem a aparecer neste papel.
“A Peça Que Dá Para o Torto” não só desconstrói os estereótipos do policial, como vai mais longe e deixa perceber o mecanismo da identificação num espectáculo teatral que não necessita do realismo para tornar evidente certas propostas. Por tudo isso um belo espectáculo que ainda bem que, neste caso, deu para o torto.
Prémio Olivier para Melhor Comédia Nova em Inglaterra, “The Play That Goes Wrong” tem um elenco globalmente muito eficaz, composto por Alexandre Carvalho, Cristóvão Campos, Igor Regalla, Telmo Mendes, Inês Castel-Branco, Joana Pais de Brito, Miguel Thiré e Telmo Ramalho. Sem querer menosprezar ninguém, devo sublinhar o trabalho destes quatro últimos.
Em cena a partir de hoje, no Auditório dos Oceanos, do Casino de Lisboa, tem estadia prevista até Junho.



quarta-feira, novembro 23, 2016

TEATRO: MAR

MAR, NO CARTAXOPELA ÁREA DE SERVIÇO


A “Área de Serviço”, companhia de teatro sediada no Cartaxo há cinco anos, tem tido uma muito meritória actividade ao encenar peças de teatro essenciais de autores dos mais importantes da dramaturgia mundial. Assim, já passaram pelo palco do Centro Cultural do Cartaxo obras de Oscar Wilde (Um Marido Ideal), Shakespeare (As Alegres Comadres de Windsor), Eduardo De Fillipo (Nápoles Milionária), Bernardo Santareno (O Crime de Aldeia Velha), George S. Kaufman e Moss Hart (Escândalo Nas Notícias da Noite), Nikolai Gógol (O Inspector Geral) Anthony Schaffe (Autópsia de Um Crime), Michael Fryan (Pouco Barulho!), Robert Thomas (8 Mulheres), entre alguns mais, num total de quinze espectáculos, com várias incursões em teatro infantil. No essencial é uma companhia de teatro comunitário, portanto não profissional, amadora na acessão mais nobre do termo. A verdade é que sendo uma companhia amadora pode ombrear galhardamente com algumas profissionais e batendo aos pontos, é uma opinião pessoal, obviamente, algumas dessas que se afirmam muito vanguardistas, mas mais não são do que aldrabices mais ou menos camufladas de intelectualices sem qualquer significado, a não ser épater le bourgeois. Os que se deixam épater, claro.
Pois a “Área de Serviço”, sempre sob a direcção de Frederico Corado, que tem selecionado o reportório e encenado o mesmo, leva agora a cena um texto de Miguel Torga, “Mar”. Um texto que diríamos essencialmente que fala da Nazaré e de pescadores e da lide do mar, nomeadamente da pesca do bacalhau, da vida aventureira e corajosa dos que partem rumo aos mares do Norte para trazerem no bojo das embarcações sustento para si e as famílias. Depois há as esperanças e os desesperos, os amores e as recordações de familiares desaparecidos, a vida de todos os dias e os dramas, as tragédias dos que não regressam.
O texto permite uma encenação cuidada, imaginativa, tensa, jogando habilmente com o espaço do palco e o espaço off, onde acontece muito do que se projecta no interior do palco, podendo mesmo afirmar-se, sem grande erro de julgamento, que este será, senão o melhor, pelo menos um dos melhores trabalhos desta companhia até ao presente, situando-se num plano de competência técnica e de esmero formal quase perfeito. Os progressos do grupo são mais do que evidentes de ano para ano. O cenário é simples e atrevo-me a dizer que brilhante nos efeitos que permite criar e sugerir.  O jogo de luzes é muito bom, a sonoplastia segura, sóbria, mas criando aqui e ali momentos de um dramatismo sólido. A direcção de actores é de rara eficácia, sendo de sublinhar não só a entrega de todo o elenco, mas a qualidade do trabalho da grande maioria destes actores não profissionais, muitos dos quais não destoariam já numa qualquer companhia profissional.
De parabéns, portanto, a “Área de Serviço”, o seu entusiasta mentor Frederico Corado, todos os seus artífices e inclusive a cidade do Cartaxo que descobriu no seu seio uma bela companhia de teatro que merece todo o apoio e aplauso.

No próximo fim de semana, 26 e 27, os dois últimos espectáculos. Sábado às 21 horas, domingo, às 16 horas. Vale a pena não perder. Já agora, senhores críticos de teatro deste país, se é que os há, saiam de Lisboa e visitem o Cartaxo. 

Ficha técnica 
Com Carolina Seia Viana, Mário Júlio, Vânia Calado, Rosário Narciso, Ana Ribeiro, Sara Xavier, Gabriel Silva, Tomás Formiga, Carlos Ramos, António Calado, Miguel Viegas, João Paulo, José Falagueira, Sara Inês, Marta Cabete, Luis Silva, João Vitor, Carolina Parente, Joana Pinheiro, Jeanine Steuve, Maria José Cerqueira.

Texto de Miguel Torga | Encenação: Frederico Corado | Concepção Cenográfica: Frederico Corado | Execução Cenográfica : Mário Júlio | Produção da Área de Serviço : Frederico Corado, Vânia Calado e Mário Júlio com a assistência de Florbela Silva e Carolina Viana | Assistente de Encenação: Vânia Calado | Direcção de Cena: Mário Júlio | Técnica: Miguel Sena | Desenho de Luz: Bruno Santos | Montagem: Mário Júlio | Uma Produção da Área de Serviço com o Centro Cultural do Cartaxo e Câmara Municipal do Cartaxo
Apoios: Câmara Municipal da Nazaré | Grupo Etnográfico Danças e Cantares da Nazaré| Casa das Peles | Sotinco | J.M.Fernandes - Vidreira e Alumínio | Negócio de Família | E.Nove | Tejo Rádio Jornal | Revista Dada | Jornal de Cá | Valor Local | Teatralmente Falando | Guia dos Teatros
Facebook: https://www.facebook.com/AreaDeServico
 
Centro Cultural do Cartaxo
Rua 5 de Outubro | 2070-059 Cartaxo, Portugal

Teatro . M/12
Bilhetes: 5€ 

Info e reservas:
CCC - 243 701 600 (quarta a domingo das 15.00 às 22.00)
Área de Serviço - 914 338 893 (segunda a segunda das 9.00 às 23.00) 
ou centroculturalcartaxo@gmail.com | areacartaxoreservas@gmail.com

segunda-feira, janeiro 11, 2016

TEATRO: POUCO BARULHO


POUCO BARULHO

“Pouco Barulho” é uma excelente comédia inglesa, da autoria de Michael Frayn, e que tem sido encenada um pouco por todo o lado com resultados brilhantes. Em Londres “Noises Off”, no seu título original, recebeu o prémio de melhor comédia do ano de 1982, o mesmo acontecendo em Nova Iorque, em 1984.
O que tem de tão especial esta comédia? Parte de uma ideia brilhante, que é muito bem estruturada. Não se trata de um texto de tese, não procura modificar o mundo, apenas divertir os espectadores de uma forma inteligente, ao mesmo tempo que põe a descoberto os cordelinhos de uma produção teatral. O primeiro acto é ocupado com o ensaio geral, ou ensaio técnico, vá-se lá saber qual é o ensaio, de uma peça de teatro que irá estrear no dia seguinte. Nem tudo corre bem. Ou quase tudo corre mal. O que num ensaio geral nem costuma ser mau sinal. Dizem por aí os vaticinadores do futuro que um mau ensaio geral prenuncia uma boa estreia. No segundo acto não vemos o que os espectadores do suposto teatro veem, mas sim o que acontece nos bastidores, a parte detrás do cenário. Se as coisas correm mal pela frente, por detrás são ainda mais calamitosas. Finalmente, no terceiro acto, a companhia já rodou por várias salas e cidades, e está a dar o seu último espectáculo. Pode dizer-se que é a bandalheira geral.

Em 1985, vi no Teatro Villaret, numa produção Vasco Morgado um “Pouco Barulho” de boa recordação, com um elenco de luxo, Nicolau Breyner, Manuela Maria, Henrique Santos, Morais e Castro, Guida Maria, Victor de Sousa, Rosa de Canto, Isabel Mota, Jorge Nery. A tradução era de César de Oliveira e Barry Scraig e a encenação de Varela Silva, com cenários de Octávio Clérigo. Gostei bastante, mas tive uma desilusão de peso. Por essa altura andava eu a escrever uma peça de teatro que tinha mais ou menos a mesma ideia inicial. Depois de ver esta, desisti.


Em 2013, o Centro Cultural Malaposta, apresentou a mesma peça, agora sob a designação de "Tudo a Nu", com nova tradução de Paulo Oom, encenação de Fraga e música original de Adriano Filipe. O elenco era composto por Ângela Pinto, Gonçalo Ferreira, Hélder Gamboa, Inês Castel-Branco, Isabel Ribas, Mónica Garcez, Paulo Oom, Rui Raposo e Rui Sérgio. Não vi esta versão, mas tinha razões para ser interessante.
Agora surge no Cartaxo, no Centro Cultural, numa produção “Área de Serviço”, uma nova tradução da mesma peça, assinada por Frederico Corado, Vânia Calado e Maria Eduarda Colares, por sinal bastante boa, com encenação de Frederico Corado, que também assina a concepção cenográfica e ainda integra o elenco, ao lado de Hugo Rendas, Margarida Leonor, Vânia Parente, Mário Júlio, Carlos Ramos, Sara Inês, Mauro Cebolo e Mónica Coelho. A “Área de Serviço” é uma companhia comunitária, onde todos trabalham por amor à arte, e se veem e desejam para pagar os custos dos cenários e dos adereços. Nenhum apoio substancial, apenas algumas generosas dádivas, e uma vontade férrea de fazer teatro.  Ambiciosos. Já encenaram Oscar Wilde, Bernando Santareno, William Shakespeare, Eduardo De Filippo, Nikolai Gogol, Alice Vieira, Robert Thomas, George S. Kaufman e Moss Hart, entre outros.
Esta encenação de “Pouco Barulho” é extremamente divertida, inteligente e consegue manter um ritmo endiabrado. Trata-se de uma peça dentro de outra peça, de uma daquelas comédias com muitas portas, por onde entram e saem personagens que não se devem encontrar, com pratos de sardinhas, malas e caixas com fichas das finanças, arranjinhos amorosos, fugas ao fisco, ramos de flores trocados e tudo o mais que se possa imaginar. Reservam-se algumas surpresas. O cenário é bonito, sóbrio, mas bem imaginado, e o elenco, quase todo constituído por amadores sem grande experiência, porta-se à altura de algumas companhias profissionais (para não falar de outras, igualmente profissionais, que é melhor esquecer!). É um excelente divertimento, daqueles que não envergonham ninguém, e que devia, isso sim!, fazer corar de vergonha algumas peças e filmes, ditos cómicos, que abundam nas nossas salas nos últimos tempos.
Para os mal-intencionados tenho uma declaração de princípios a fazer. O Frederico Corado é meu filho. Mais uma razão para irem ver, no próximo fim de semana, sexta e sábado às 21,30, e domingo às 16 horas, para ficarem a saber se sou parcial. Eu julgo que não, mas vão lá e vejam. Depois digam.


Pouco Barulho (Noises Off). Texto de Michael Fryan | Encenação: Frederico Corado | Tradução: Frederico Corado, Vãnia Calado e Maria Eduarda Colares | Concepção Cenográfica: Frederico Corado | Intérpretes: Hugo Rendas, Margarida Leonor, Vânia Parente, Frederico Corado, Mário Júlio, Carlos Ramos, Sara Inês, Mauro Cebolo e Mónica Coelho | Execução Cenográfica: Mário Júlio | Produção da Área de Serviço: Frederico Corado, Vânia Calado e Mário Júlio com a assistência de Florbela Silva e Carolina Viana | Assistente de Encenação: Carolina Viana | Direcção de Cena: Mário Júlio | Técnica: Miguel Sena | Contra-Regra: Carolina Viana | Fotografia: Vitor Neno | Montagem: Mário Júlio | Construção de Adereços: Rosário Narciso | Uma Produção da Área de Serviço com o Centro Cultural do Cartaxo e Câmara Municipal do Cartaxo

terça-feira, abril 15, 2014

TEATRO: O INSPECTOR GERAL


“O INSPECTOR GERAL” NO CARTAXO

“O Inspector Geral”, de Nikolai Gogol, uma peça escrita em 1836, falando da Ucrânia natal do escritor, ou da Rússia em cuja língua Gogol sempre escreveu, ou de qualquer outro país onde se possa adaptar a crítica (infelizmente, a todos), é uma obra universal que parece ter desenvolvido polémica ao longo dos tempos, sem que se perceba porquê. “O Inspector Geral” é uma peça política, local e mundial, que nos fala não tanto de uns certos políticos (que os há, oh se há!, mas não são todos!), mas sobretudo da condição humana que, quer queiramos ou não, permanece imutável com o rolar do séculos. Na verdade há muita gente que se procura aproveitar das situações e dos postos que ocupa, há muito traste corrupto, muita inveja, muita snobeira, muita intriga, muito oportunista, muito arrivista, e a História da Humanidade tem sido um confronto constante entre Maus e Bons, com uma alta percentagem de Assim-Assins pelo meio, que lá vão fazendo progredir lentamente a roda da História. Gogol serve-se de uma anedota, desenvolvida com mestria, para apontar o dedo na direcção certa.
Curiosamente a peça tem milhares de representações pelo mundo fora e algumas adaptadas às realidades de outros países. Em Portugal, Raúl Solnado inaugurou o seu Teatro Villaret (1965) com uma encenação memorável; aqui não há muitos anos (2009) a Maria do Céu Guerra deu-nos outra excelente versão, na Barraca (ver aqui), e no cinema ficou célebre a adaptação, realizada por Henry Koster, em 1949, com Danny Kaye no protagonista.


A história é muito simples: as autoridades de uma pequena localidade descobrem, por vias travessas, que um inspector dos serviços centrais está para chegar à povoação para inspeccionar o funcionamento local. Com culpas no cartório e muitos segredos na manga, o edil e outros responsáveis procuram localizar o inspector antes de ele se anunciar e cortejá-lo de forma a domesticar a inspecção. Se necessário, com benesses várias, notas, muitas notas entregues por debaixo da mesa, ofertas diversificadas, que vão até à sedução da mulher e da filha do presidente. Desgraçadamente, enganam-se no figurão, e passam uns dias a cumular de prendas não o inspector geral, mas um aldrabão que se aproveita da situação.
Depois de terem encenado Oscar Wilde (“Um Marido Ideal”), Bernardo Santareno (“O Crime de Aldeia Velha”), William Shakespeare (“As Alegres Comadres de Windsor”), Eduardo De Filippo (“Nápoles Milionária”), um original (“Pânico”), e Alice Vieira (“Trisavó de Pistola à Cinta”), a Área de Serviço, uma companhia de teatro comunitário, criada no Cartaxo, e que tem em Frederico Corado o seu encenador e impulsionador desde a primeira hora, levou agora à cena, no Centro Cultural do Cartaxo, uma nova versão de “O Inspector Geral”, adaptada a Portugal e a este período de austeridade troiqueana.
Este espectáculo deve ser visto sob vários aspectos. Esteticamente é muito conseguido, com cenários económicos (a companhia não tem subsídios, vive de si própria e dos pequenos apoios locais), mas muito bonitos e eficazes, numa encenação inventiva, e um tratamento técnico que não fica nada a dever aos profissionais (sim, toda a companhia é amadora, trabalha pelo prazer de fazer teatro, bom teatro, veja-se a escolha intransigente dos autores). Quanto ao grupo de actores, que já chegou a ter em palco mais de 60 intervenientes, os progressos são evidentes. A rodagem vai trazendo experiência e há já muito boas surpresas e um nível global que não envergonha ninguém. O resultado final é muito divertido, contundente, não procura o riso fácil, nem o êxito a todo o custo. As salas do Centro Cultural do Cartaxo estão sempre cheias (esgotadas ou quase) e o trabalho da companhia é saudado por todos quantos ali se deslocam.
Mas há um outro aspecto particularmente relevante nesta companhia. Os mais de 40 elementos que a integram regularmente são trabalhadores, estudantes, reformados e encontram ali um refúgio para as suas frustrações pessoais, aspirações, solidão, crises emocionais, problemas profissionais, etc. Num momento tão dramático da nossa vida colectiva, a existência de grupos como este é não só um estímulo cultural notável, como uma benesse social de invulgar significado. É altura de os poderes locais e nacionais encararem esta iniciativa com outro olhar e sobretudo que a comunicação social lhe empreste a visibilidade que merece. Se “O Inspector Geral” nos fala dos trafulhas, esta companhia comunitária mostra-nos o outro lado da sociedade, aquele que deve ser acarinhado e aplaudido.
observação: para os devidos efeitos tenho a declarar que o Frederico Corado é meu filho. Pode dar-se o caso de haver alguma parcialidade, que tento sempre contrariar. Mas, ficam a saber.  


Fotos : Neno Photo e Germano Campos, que agradeço.
O INSPECTOR GERAL, de Nikolai Gogol; Encenação e Adaptação: Frederico Corado; Concepção e Execução Cenográfica: Frederico Corado, Carlos Ouro e Mário Júlio; Produção CCC: Marco Guerra e Carlos Ouro; Produção Área de Serviço: Frederico Corado, Florbela Silva e Vânia Calado com a assistência de Pedro Ouro, Carolina Viana, Rita Correia Alves; Grafismo: Cátia Garcia; Assistente de Encenação: Florbela Silva, Maria Ramalho e Rita Correia Alves; Desenho de Luz: Ricardo Campos; Direcção Musical: Maestro Nuno Mesquita com a Banda da Sociedade Cultural e Recreativa de Vale da Pinta; Direcção de Cena: Mário Júlio; Contra-Regra: Filipe Falua; Fotografia: Vitor Neno; Montagem: Mário Júlio e Vitor Lima; Intérpretes: André Diogo, João Nunes, Sara Xavier, Vânia Calado, Mauro Cebolo, Mário Júlio, Pedro Ouro, Pedro Lino, Júlio Cardoso, Norberto Sousa, Luís Rosa Mendes, Paulo Cabral, Daniel Mateus, Constança Lopes, Ana Rita Oliveira, Carolina Viana, José Manuel Rodrigues, Miguel Viegas, André Vieira, José Ribeiro, Rosário Narciso, Mena Caetano, Jeanine Steuve, Isabel Coelho, José Falagueira, Maria Cerqueira, Bruna Diogo Santos, Amélia Martins, César Cordeiro, Susana Pais, Carlos Ramos, Guilherme Vicente, Inês Perdigão, Andreia Lourenço e Inês Barbosa; Uma Produção do Área de Serviço com o Centro Cultural do Cartaxo e a Mosaico e Entrar Em Palco; Bilhetes: 4€ •• M12 anos; Próximo espectáculo: dia 25 de Abril. 

domingo, março 02, 2014

TEATRO: “PÂNICO”


“PÂNICO” NO CARTAXO

Os ingleses têm uma palavra que quer dizer muita coisa. Play. Pode ser, por exemplo, brincar, jogar ou interpretar. Estes três conceitos andam por vezes ligados, e quando se assiste a uma peça de teatro, os actores interpretam, jogam e brincam, quando o significado de brincar é o desenvolver uma actividade que lhes dá prazer.
No Cartaxo, no edifício de uma escola há pouco tempo desactivada, o colectivo teatral “Área de Serviço” procura isso mesmo, surpreendendo todos os que ousarem desafiar o desconhecido. Eles apresentam a ideia assim: “Há quem tenha medo de tudo. E quem não tenha medo de nada. Mas ninguém resiste a ver até onde vai o seu limite. E no limite está o PÂNICO”.
Numa escola fora de serviço do Cartaxo, uma equipa de televisão de um programa dedicado a casos paranormais, procura saber por que  circula o boato (será boato?) que aquele edifício está assombrado, possuído por seres do outro mundo, espíritos maléficos. Será herança de um padre que executou mais de duzentos exorcismos? De sala em sala vão procurando a solução para o mistério, mas só vão encontrando mais certezas trágicas.
Medo, muito medo? Enfim, há muitos momentos de frison, mas o que há sobretudo é um divertimento cheio de graça, de invenção, parodiando vários estereótipos de filmes de terror, com os actores a gozarem as situações imaginadas, juntamente com os espectadores que os acompanham neste “trágico” percurso. O elenco é de amadores, daqueles que “amam” o que fazem nas horas vagas, uma companhia de teatro comunitário que já nos deu Oscar Wilde, William Shakespeare, Bernardo Santareno e Eduardo de Fillipo e que agora resolveu divertir-se e divertir-nos. São eles João Nunes, Vânia Calado, Pedro Lino, Pedro Ouro, Constança Lopes, Mauro Cebolo, Ana Rita Oliveira, Carolina Viana, Jeanine Steuve, José Falagueira, Maria Cerqueira e Alexandre Amendoeira. A ideia, texto e encenação é do Frederico Corado, com colaboração no texto de Vânia Calado, sendo a concepção e execução cenográfica de Frederico Corado e Mário Júlio, a produção da Área de Serviço (Frederico Corado, Florbela Silva e Vânia Calado), o design de Cátia Garcia, o desenho de luz de Ricardo Campos, tendo como assistente de encenação Florbela Silva, Rita Correia Alves, Pedro Ouro e Maria Ramalho. Desenho de som e ambientes sonoros é de Pedro Bona, a fotografia de Vitor Neno, a montagem de Mário Júlio e o contra-regra chama-se Henrique Carvalho. Esta é uma produção da “Área de Serviço” com a colaboração do Centro Cultural do Cartaxo e “Entrar em Palco”. A estreia aconteceu a 28 de Fevereiro, com duas sessões, e continua a 1, 2, 3 e 4 de Março às 21h30 e 23h00.

Posto isto, eu diverti-me imenso no ensaio geral. Mas é conveniente acrescentar que o brincalhão mor deste “Pânico” é o meu filho Frederico Corado. Fica a ressalva. Eu estou muito orgulhoso das suas façanhas cénicas, mas, já se sabe, pai é pai. Mas, com a maior imparcialidade, creio que vale mesmo a pena.


terça-feira, novembro 20, 2012

BERNARDO SANTARENO NO CARTAXO


Última exibição de “O Crime da Aldeia Velha”, no Centro Cultural do Cartaxo. Última exibição que teve o propósito de homenagear o escritor no dia do seu aniversário. Para o efeito escrevi algumas palavras, relembrando o dramaturgo, que li no final do espectáculo, no palco perante todo o elenco:
 

SOBRE BERNARDO SANTARENO

 

Se fosse vivo, Bernardo Santareno, o autor desta peça que acabaram de ver, completaria hoje 92 anos. Ribatejano por nascimento (foi em Santarém que nasceu no dia 19 de Novembro de 1920), Bernardo Santareno era o pseudónimo literário do cidadão António Martinho do Rosário, que fez estudos no Liceu Nacional de Sá da Bandeira, na sua terra natal, onde permaneceu até 1939, após o que viajou até à capital do reino para frequentar os cursos preparatórios para a Faculdade de Medicina, na Universidade de Lisboa. Em 1945, transferiu-se para a Universidade de Coimbra, e aí se licenciou em medicina psiquiátrica, em 1950.

Iniciou a sua carreira profissional como médico, entre 1957 e 1958, a bordo dos navios “David Melgueiro”, “Senhora do Mar” e também do navio-hospital “Gil Eanes”, acompanhando as campanhas de pesca do bacalhau. Ao mesmo tempo, foi desenvolvendo a sua capacidade literária, inicialmente na poesia, publicando em edições de autor três volumes (1954, “Morte na Raiz”, 1955, “Romances do Mar”, e 1957, “Os Olhos da Víbora”), onde se esboçam já alguns dos seus temas e obsessões, nomeadamente a presença do mar como elemento dramático e a opressão do homem, vítima dos mais diversos condicionalismos sociais, morais ou políticos. O mar estaria igualmente presente no seu volume de narrativas “Nos Mares do Fim do Mundo”.

Num país onde a dramaturgia é rara e medíocre, salvo raras excepções, poucas mais para além de Gil Vicente, de António José da Silva, dito “o Judeu”, de António Ferreira, António Patrício ou de Almeida Garrett, Bernardo Santareno ocupou rapidamente o lugar de dramaturgo por excelência do século XX português. As suas primeiras obras teatrais surgiram em 1957, num volume editado pelo autor e que agrupava “A Promessa”, “O Bailarino” e “A Excomungada”. Depois surgem “O Lugre” e “O Crime de Aldeia Velha”, ambas de 1959; “António Marinheiro ou o Édipo de Alfama”, de 1960; “Os Anjos e o Sangue”, “O Duelo” e “O Pecado de João Agonia”, de 1961; e “Anunciação”, de 1962, todas elas integrando uma estética muito pessoal, que aliava um realismo de características sociais a uma imagética poética, escolhendo temas onde a natureza humana era escalpelizada nos seus contrastes mais gritantes, com a paisagem natural por cenário privilegiado, condicionando o drama e mesmo a tragédia a que a acção quase sempre conduz. 

Foi em meados dos anos 60, tinha eu pouco mais de vinte anos, quando conheci pessoalmente Bernardo Santareno. Em 1964, acompanhara a estreia de “O Crime de Aldeia Velha” no cinema, numa adaptação de Manuel Guimarães, meu amigo e vizinho da Avenida de Roma, e companheiro de boas conversas no Café Vavá. Cheguei mesmo a escrever uma crítica para a revista “O Tempo e o Modo”, onde sublinhava algumas das virtudes e certas limitações do filme que, globalmente, representava uma boa aposta do cinema nacional, numa altura em que o Novo Cinema Português começa a movimentar-se, permitindo que Manuel Guimarães deixasse de ser o quase solitário e quixotesco cineasta da oposição ao regime.

Por essa altura, Santareno era já um autor consagrado e eu um jovem universitário que escrevia sobre cinema e teatro, paixões de sempre, com pretensões a dramaturgo e cineasta. Eu escrevera três peças em um acto, que um editor da altura achou por bem publicar, graça que para sempre fiquei a dever a Fernando Luso Soares. No meu arrojo juvenil, decidi entregar o original a Bernardo Santareno para lhe pedir umas palavras de apresentação do livro, se ele achasse que as pecinhas as mereciam. Por esses tempos, os cafés eram pontos, certos e seguros, de encontro e de tertúlia. Bernardo Santareno era acessível de encontrar em Lisboa, numa pastelaria, confeitaria ou café da Rua Alexandre Herculano, mesmo ao lado de uma editora prestigiada da época, a Ática, que tinha no seu catálogo nada mais do que Fernando Pessoa, Sebastião da Gama, Mário Sá Carneiro e outros tais. Era igualmente a editora de Santareno, e talvez para estar próximo dela, ele frequentava a confeitaria “Paraíso”. Era fácil vê-lo sentado, quase sempre à entrada, numa mesa do lado direito, jornal ou livro na mão, sozinho ou acompanhado por amigos, a bica à frente, sobre o mármore do tampo da mesa. Foi aí que o fui encontrar, foi aí que me apresentei e lhe passei para as mãos o original que ele teve a gentileza de ler e de prefaciar com palavras estimulantes para o que ele considerava ser “um homem de teatro”.

Depois dessa atrevida e insólita apresentação, Santareno revelou-se sempre um homem afável e atento, disponível e encorajador para com os jovens que procurava estimular e alentar. Foram para mim preciosas as suas palavras que me ajudaram a persistir num caminho, apesar dele não ter sido maioritariamente teatral, mas mais ligado ao cinema. Mas nunca abandonei o teatro, quanto mais não seja como espectador apaixonado, e não me espantaria muito que parte desta paixão a tenha passado a outros, como se pode ver pela presença aqui ao lado do meu filho Frederico Corado.

Voltando a Bernardo Santareno e a meados dos anos 60, devo dizer que o meu contacto com o dramaturgo se foi mantendo, em várias ocasiões, por diversas razões. Tenho comigo uma entrevista que lhe fiz para uma revista de espectáculos que então existia, e onde eu colaborava regularmente, a “Plateia”, e onde o autor falava da feliz experiência de ter tido nesse ano de 1967 dois textos seus em cena, “A Promessa” e “António, Marinheiro”, e de ansiar pela estreia em palcos dos seus novos trabalhos que iniciavam, segundo o próprio reconhecia, um novo ciclo no interior da sua obra. “O Judeu” e “O Inferno”, as peças referidas, davam mostras de uma maior intervenção política e social, muito próximas de uma estética brechetiana, o que seria continuado com “A Traição do Padre Martinho” (1969), “Português, Escritor, 45 Anos de Idade” (1974), “Os Marginais e a Revolução” (um volume agrupando quatro originais, “Restos”, “A Confissão”, “Monsanto”, “Vida Breve em Três Fotografias”, 1979) e “O Punho” (que só viria a ser publicado postumamente, em 1987).

Bernardo Santareno pode dizer-se que foi um dos raros portugueses que escreveu tendo em vista o palco, o espectáculo, o contacto com o público, tendo em conta duas vertentes essenciais: por um lado, criar textos de qualidade literária invulgar, que não se satisfazem apenas com a sua existência em livro, mas que aspiram a uma natural respiração no palco. Só aí se completam e se dão por concluídos. Por outro lado, todas as suas obras permitem uma leitura pessoal, de autor, definida por um conjunto de temas constantes e quase direi obsessivos: a luta pela dignificação do ser humano, pelos seus direitos essenciais, em confronto com preconceitos de todo o tipo, quer sejam sexuais, religiosos, económicos, raciais, políticos, sociais.

O que se compreende inclusive pela sua própria postura perante a vida, como declarado defensor da liberdade perante a opressão e, mais ainda, como assumido "homossexual discreto", que via na diferença uma discriminação de que ele mesmo se sentia vítima. Quase toda a sua obra se sente possuída por essa mácula de um “pecado” pessoal que se assume perante o ostracismo geral, tema aliás dominante em “O Crime de Aldeia Velha”, onde uma mulher, só porque é “diferente”, é queimada viva, mercê da intolerância e do fanatismo obscurantista de uma populaça em histeria. Curioso é verificar o papel dos dois elementos da Igreja que surgem nesta obra, desempenhando papéis racionais e contemporizadores, o que demonstra igualmente a abertura do dramaturgo para leituras não demagógicas, ele que noutras obras também criticou a atitude da Igreja em contextos diversos. 

Voltei a cruzar-me com Santareno, por altura da estreia de “A Promessa”, versão cinematográfica de António Macedo da sua peça homónima. Estávamos em 1973, o filme foi um quase escândalo, mas anunciavam-se já tempos novos, que pouco depois iriam desembocar num Abril de cravos. O convívio da obra de Santareno com o cinema ficou por essas duas adaptações, mas, na televisão, iria continuar, com a adaptação de “Português, Escritor, 45 Anos de Idade”, numa realização de Artur Ramos, em 1975, numa recriação de “O Crime de Aldeia Velha”, partindo de uma encenação de Carlos Avilez, em 1997, e, finalmente, em 1999, com a versão televisiva de “Vida Breve em Três Fotografias”, dirigida por Fátima Ribeiro.

Bernardo Santareno morreu cedo, aos 59 anos, em Carnaxide, Oeiras, no dia 30 de Agosto de 1980. Num dos livros que dele possuo, com estimada dedicatória, ele enviava “um grande abraço e a esperança artística no dramaturgo”. Lamento ter-lhe defraudado as esperanças no dramaturgo, mas o amor ao teatro, esse mantém-se. Aqui estou para responder presente às suas esperanças, acompanhado pelo meu filho que vai certamente cumprir novas e renovadas esperanças artísticas e teatrais.  

Lauro António
Cartaxo, 19 de Novembro de 2012

sábado, abril 21, 2012

"UM MARIDO IDEAL" NO CARTAXO

UM MARIDO IDEAL
Acabado de chegar do Cartaxo  onde assisti no no Centro Cultural do Cartaxo à estreia de "Um Marido Ideal", de Oscar Wilde, numa encenação de Frederico Corado, com um excelente grupo de amadores (os que amam o teatro) numa experiência de teatro comunitário invulgar. Casa cheio e um verdadeiro sucesso. Há novo espectáculo, hoje sábado à noite, e domingo às 17 horas. Vale a pena ver. Cerca de quarenta pessoas em palco com orquestra incluída, uma encenação inventiva, um ritmo muito bom, um elenco quase todo ele virgem de teatro que dá o melhor de si, tudo a servir uma peça excelente e de grande actualidade. Parabéns a todos. 
fotos de ensaios
Ver mais AQUI.
"Um Marido Ideal", de Oscar Wilde, encenado por Frederico Corado no Centro Cultural do Cartaxo. Ensaios valsa com coreografia de João Santos. Com Ana Raquel Hermínio, Francisco Girardin, Ana Lúcia Marcelino, Constança Lopes, Pedro Cavaca, Paulo Cabral, Mauro Cebolo, José Falagueira, Pedro Lino, Nuno Crespo, Jeanine Steuve, João Pinheiro, André Pita Groz, João Morgado, Mário Pataco, Daniel dos Santos, Mário Júlio, Bruna Seabra, José Monteiro, Lara Pita Groz, Vera Eloi da Fonseca, Ana Vieira, Mafalda Carvalho, Maria Machado, Rosário Narciso, Sara Rey, Ana Machado, Beatriz Costa e Francisca Galhardo. Realização Video de Hélder Magalhães.

domingo, maio 18, 2008

HUMBERTO DELGADO, MAKING OFF

O Frederico acompanhou-me durante a realização do documentário
"Humberto Delgado: "Obviamente, Demito-o!"
(emitido pela RTP-1, a 10 de Maio de 2008)
Nesses dias foi recolhendo imagens de bastidores,
que reuniu num making off, que aqui fica.
Agradecido.