A NOITE DAS MIL
ESTRELAS
Devo dizer que gosto
muito da Costa do Sol, com particular destaque para Oeiras, Estoril e Cascais.
Recordei recentemente uma série de reportagens que publiquei no extinto jornal
“República”, corria o ano de 1966, e que percorria a rota “Do Cais do Sodré a
Cascais”, com subtítulo “Em Comboio eléctrico – primeira etapa de férias”,
reportagem que foi premiada com o primeiro prémio no concurso promovido pela
Junta de Turismo da Costa do Sol, “O Melhor Artigo sobre a Costa do Sol”
(reportagem republicada em “Cascais e
seus Lugares”, Cascais, 1968). Teria muitas histórias para contar do tanto que
por ali tenho vivido, desde as férias passadas com a família em Cascais, à
minha estreita relação com o TEC desde a sua fundação, não esquecendo,
infelizmente!, as últimas férias de meu pai, num hotel do Estoril, até às
masterclasses que agora mantenho em Oeiras. Depois, devo confessar que gosto
bastante de arriscar uns escudos ou uns euros nas máquinas do Casino, prazer
que tenho abandonado pois os tempos não estão para esses apetites, e fui
frequentador assíduo de concertos grandiosos, de espectáculos feéricos, com que
Assis Ferreira dinamizou o novo Casino, sobretudo a partir de umas Galas
orientadas pelo João Maria Tudela e que ajudaram a mudar a cara do velho para o
novo. O “velho” era aquele Casino onde uma vez fui impedido de entrar porque
não levava gravata e que justificou uma crónica no “Diário de Lisboa”, onde
então escrevia. O “novo” é aquele espaço multicolor, explodindo em néones e
jackpots (estes muito raros, infelizmente), com um salão preto e prata por onde
passaram algumas das maiores vozes do mundo e também do maior silêncio mímico.
Há dias estreou um
novo espectáculo neste espaço, “A Noite
das Mil Estrelas”, da autoria de Filipe La Féria, que o escreveu e encenou,
tendo por base uma viagem pelos momentos mais emblemáticos da história do
Casino Estoril, desde os anos trinta à actualidade, fazendo, ainda, o
enquadramento com a História de Portugal do séc. XX aos nossos dias. É um
espectáculo ligeiro, um daqueles espectáculos para Casino. É conveniente não
esquecer isto. Muita luz, cor, movimento, ritmo, mulheres bonitas, lantejoulas
e plumas, entremeados com números de actores e cantores. O que me pareceu mais
bem conseguido foram algumas evocações “históricas”, desde a fundação do
casino, à praia do Tamariz, passando pela presença de personalidades como os
reis de Espanha (Juan Carlos) e de Itália (Humberto), Grace Kelly, Ian Fleming,
Margaret de Inglaterra, Soraya do Irão, Jorge Amado ou Salvador Dali. Mais
desequilibradas são as recordações de algumas das muitas estrelas que deram luz
a esta noite: Amália, Carlos do Carmo, Gloria Swanson, Tony Bennett, Elis Regina, Charles
Aznavour, Júlio Iglésias, Liza Minnelli, The Platters, Stevie Wonder, Woody
Allen, Ray Charles, entre muitos outros. Sem esquecer aquele memorável "Só Nós Três".
Mas, globalmente,
esta “A Noite das Mil Estrelas” é um grande espectáculo de music-hall, com um belíssimo guarda-roupa de Costa Reis, bem
ritmado e animado, com o talento (e a loucura, pois então! de La Féria a dar boa conta de si. Não sei
como aparece “O Rei Leão” nesta fantasia, mas trata-se de um número imperdível.
Entre os intérpretes contam-se Alexandra, Rui Andrade, Gonçalo Salgueiro, Pedro
Bargado, Vanessa, David Ripado, Dora, Cláudia Soares, João Frizza e Catarina
Mouro. Obviamente que há um vistoso corpo de bailarinos, acrobatas e uma
orquestra ao vivo. Tudo boas razões para optar por uma noite relaxante e
fresca, a partir das 21h30, com o musical “A Noite das Mil Estrelas”, em
exibição de quinta-feira a domingo (às 17h00), no Salão Preto e Prata do Casino
do Estoril. M/12 anos.
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