HOMEM IRRACIONAL
Abe
Lucas (Joaquin Phoenix) é um atormentado professor de filosofia que entra numa
universidade norte-americana em estado de depressão, desespero, futilidade,
frustração e impotência. O melhor amigo morreu há pouco vítima de uma bomba no
Médio Oriente e a mulher deixou-o. Nas aulas cita Heidegger e Kierkegaard, fala
de liberdade e mentira e afirma mesmo que a filosofia são tretas, apenas “palavras”.
Ele procura a acção directa. E vai encontrá-la, enquanto namorisca com Rita
(Posey), uma colega professora, e Jill (Emma Stone), uma jovem aluna. A sua terá
de ser uma escolha existencial que altere toda a sua persectiva de vida. A
ambição do crime perfeito? Possivelmente.
“Homem
Irracional” é Woody Allen a 100% o que não deixa de ser uma afirmação que é um
lugar comum. Todos os seus filmes o são. Uma comédia que lentamente se
transforma numa tragédia. Crime e castigo, com Dostoiévski de permeio, um pouco
na linha de “Match Point”, “Crimes e Escapadelas”, “O Sonho de Cassandra” ou “O
Misterioso Assassínio em Manhattan”, para só citar alguns dos seus títulos.
Todos iguais e todos diferentes. As obsessões e os fantasma de Woody Allen,
escritos com a leveza e a eficácia de quem domina a sua arte como poucos.
Não
será do melhor Woody Allen, mas é um Woody Allen estimulante. Sobretudo pela forma
nada convencional como combina a ligeireza da escrita, a superficialidade do
tema musical, a aparente banalidade do tom inicial com a gravidade do que se
vai avizinhando. O primarismo dos conceitos filosóficos que Abe Lucas vai enunciando
marcam o primarismo dos seus conceitos pessoais e conduzem-no à divagação
irracional, ao comportamento aberrante. “Heidegger e o fascismo” é o título do
novo ensaio que prepara e que o deixa suspenso sobre a escrita.
Compreensivelmente.
O
filme é muito interessante, mas extremamente valorizado pelas excelentes interpretações
de Joaquin Phoenix, Emma Stone e Parker Posey e ainda pela notável fotografia
de Darius Khondji, deliberadamente de um romantismo de tonalidades e de
cenários que envolve o espectador e contrasta como o percurso final e o desfecho.
HOMEM
IRRACIONAL
Título
original: Irrational Man
Realização: Woody
Allen (EUA, 2015); Argumento: Woody Allen; Produção: Letty Aronson, Ron Chez,
Helen Robin, Jack Rollins, Adam B. Stern, Allan The, Stephen Tenenbaum, Edward
Walson; Fotografia (cor): Darius Khondji; Montagem: Alisa Lepselter; Casting:
Patricia Kerrigan DiCerto, Juliet Taylor; Direcção artística: Carl Sprague;
Decoração: Jennifer Engel; Guarda-roupa: Suzy Benzinger; Maquilhagem: Judy
Chin, Jason Joseph Sica; Direcção de Produção: Helen Robin; Assistentes de
realização: Mike McGuirk, Danielle Rigby, Brad Robinson; Departamento de arte:
Lindsay Boffoli, David Rotondo, Carly Serodio, Shann Whynot-Young; Som: Ryan
Baker, Matthew Haasch, Robert Hein, Darrell R. Smith; Efeitos especiais: Adam
Bellao; Efeitos visuais: Alex Miller; Companhia de produção Gravier
Productions; Intérpretes: Joaquin
Phoenix (Abe), Emma Stone (Jill), Parker Posey (Rita), Joe Stapleton (Professora),
Nancy Carroll (Professora), Allison Gallerani (estudante), Brigette Lundy-Paine
(estudante), Katelyn Seme (estudante), Betsy Aidem (mãe de Jill), Ethan
Phillips (pai de Jill), Jamie Blackley (Roy), Leah Anderson, Paula Plum, Nancy
Giles, Henry Stram, Geoff Schuppert, Robert Petkoff, Alex Dunn, Ron Chez, Tamara
Hickey, Sophie von Haselberg, Susan Pourfar, Tom Kemp, etc. Duração: 95 minutos; Distribuição em
Portugal: Pris Audiovisuais;
Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 17 de Setembro
de 2015.
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