HOMENAGEM A MILÚ
A RTP transmitiu hoje a homenagem a Milú, realizada há dias no Teatro São Luiz. Foi uma festa bonita, com alguns excelentes momentos ("Xutos e Pontapés" a tocarem emocionados "Minha Casinha", o depoimento apaixonado de Raul Solnado, o entusiasta de António Pedro Vasconcelos, o bem humorado de Artur Agostinho ou o vivíssimo de Carmen Dolorers, e até Cavaco Silva esteve bem a entregar a comenda). Muitos tiraram-me palavras da boca, mas acho que tive mais sorte que muitos deles. A Milú foi também uma paixão minha de juventude (quem não estava apaixonado pela Milú por essa altura?). Ela nasceu a 24 de Abril de 1926, eu em 1942, leva-me alguns anos de vantagem, quando eu tinha para aí 10 anos, estava ela no esplendor da sua glória, nos seus 26 anos fulgurantes, era uma star, e os meus pais que se davam com alguns nomes das artes plásticas, do teatro e do cinema, eram visitas frequentes da casa da Milú, que então vivia, ao que me recordo, para os lados da Almirante Reis (se a memória não me falha). O que não me falha de certeza na memória é a recordação da excitação absolutamente anormal de estar na presença na vedeta, dela me afagar os cabelos, de me dar ternos beijinhos de boas vindas e despedidas (oh!, como eu gostarias que aquelas visitas fossem continuas entradas e saías de casa!). Quando os meus pais encontravam o Manuel Paião ou o Eduardo Damas, ou o Manuel de Lima, com quem invariavelmente visitávamos Milú, para mim era dia grande. Depois comecei a vê-la com muito maior atenção no cinema, e nunca um filme era mau por causa dela. Ela dava sempre um raio de luz, de elegância, de alegria, de modernidade em todos os filmes onde aparecia. Muitos anos depois, um dos meus amigos diários foi o Manuel Guimarães que tinha pela Milú uma admiração enorme. Trabalhara com ela num filme tragicamente transfigurado pela censura, mas que, mesmo assim (ou também por causa disso), me emocionou muito (“Vidas Sem Rumo”, 1956). Muito falámos da Milú então.
Maria de Lurdes de Almeida Lemos apareceu no final, em palco, com radiosos 80 anos e a pose de diva que nunca perdeu. Lembrou Gloria Swanson a descer a escadaria da glória passada. Em vez de chamar por Cecil B. De Mille chamou por António-Pedro Vasconcelos, agradecendo o que o cineasta por ela fizera. Foi bonito.
Milú foi cançonetista, actriz de cinema e de teatro de revista, tendo-se estreado aos doze anos em "Aldeia da Roupa Branca", ao lado de Beatriz Costa. Em 1942, quando eu nasci, e enquanto Orson Welles dirigia “Citizen Kane”, nos EUA, Milú é a "Luisinha" de "O Costa do Castelo", de Artur Duarte, e a sua voz imortalizou a música "Minha Casinha" mais tarde recriada pelos "Xutos e Pontapés". Outro sucesso seu foi "Cantiga da Rua". Casou pela primeira vez, em Dezembro de 1943, aos dezassete anos, e dizem que “Lisboa se despovoou para ir ver a noiva à igreja de São Sebastião da Pedreira.” Interrompeu então a carreira, mas foi obrigada a regressar, para novos sucessos, "Cantiga da Rua","O Leão da Estrela", em 1947, "O Grande Elias", em 1950, entre outros. As revistas de cinema e quase todas as outras escolhiam-na para capa, pois a sua beleza deslumbrava. Fez teatro de revista no Teatro Avenida, nomeadamente em "Ó Rosa Arredonda a Saia" e no Teatro Variedades com "A Vida é Bela" e entrou em alguns filmes em Espanha, nos anos de 1943 e 1946. Casou, pela 2ª vez em 1960, com Luís Nobre Guedes, e viveu no Brasil até 1968, tendo actuado na televisão brasileira, esporadicamente. A sua última aparição deu-se em cinema, em "Kilas o Mau da Fita", de José Fonseca e Costa, em 1980.
Os filmes de Milú: Aldeia da Roupa Branca (1939), O Costa do Castelo (1943), Doce lunas de miel ou Doze Luas-de-Mel (1944), Barrio ou Viela (Rua Sem Sol) (1947), O Leão da Estrela (1947), A Volta de José do Telhado (1949), O Grande Elias (1950), Os Três da Vida Airada (1952), Agora É Que São Elas (1954), Vidas Sem Rumo (1956), Dois Dias no Paraíso (1958), O Diabo Era Outro (1969) e Kilas, o Mau da Fita (1981).
Maria de Lurdes de Almeida Lemos apareceu no final, em palco, com radiosos 80 anos e a pose de diva que nunca perdeu. Lembrou Gloria Swanson a descer a escadaria da glória passada. Em vez de chamar por Cecil B. De Mille chamou por António-Pedro Vasconcelos, agradecendo o que o cineasta por ela fizera. Foi bonito.
Milú foi cançonetista, actriz de cinema e de teatro de revista, tendo-se estreado aos doze anos em "Aldeia da Roupa Branca", ao lado de Beatriz Costa. Em 1942, quando eu nasci, e enquanto Orson Welles dirigia “Citizen Kane”, nos EUA, Milú é a "Luisinha" de "O Costa do Castelo", de Artur Duarte, e a sua voz imortalizou a música "Minha Casinha" mais tarde recriada pelos "Xutos e Pontapés". Outro sucesso seu foi "Cantiga da Rua". Casou pela primeira vez, em Dezembro de 1943, aos dezassete anos, e dizem que “Lisboa se despovoou para ir ver a noiva à igreja de São Sebastião da Pedreira.” Interrompeu então a carreira, mas foi obrigada a regressar, para novos sucessos, "Cantiga da Rua","O Leão da Estrela", em 1947, "O Grande Elias", em 1950, entre outros. As revistas de cinema e quase todas as outras escolhiam-na para capa, pois a sua beleza deslumbrava. Fez teatro de revista no Teatro Avenida, nomeadamente em "Ó Rosa Arredonda a Saia" e no Teatro Variedades com "A Vida é Bela" e entrou em alguns filmes em Espanha, nos anos de 1943 e 1946. Casou, pela 2ª vez em 1960, com Luís Nobre Guedes, e viveu no Brasil até 1968, tendo actuado na televisão brasileira, esporadicamente. A sua última aparição deu-se em cinema, em "Kilas o Mau da Fita", de José Fonseca e Costa, em 1980.
Os filmes de Milú: Aldeia da Roupa Branca (1939), O Costa do Castelo (1943), Doce lunas de miel ou Doze Luas-de-Mel (1944), Barrio ou Viela (Rua Sem Sol) (1947), O Leão da Estrela (1947), A Volta de José do Telhado (1949), O Grande Elias (1950), Os Três da Vida Airada (1952), Agora É Que São Elas (1954), Vidas Sem Rumo (1956), Dois Dias no Paraíso (1958), O Diabo Era Outro (1969) e Kilas, o Mau da Fita (1981).
5 comentários:
Também assisti a esta homenagem ontem à noite. Vi muitos filmes da Milú, mas desconhecia que ela tinha tido uma carreira também em Espanha. E bom podermos conhecer melhor os nossos actores e artistas. Que se façam mais homenagns destas poque não nos faltam artistas com valor. E é muito mais bonito faê-las em vida do que a títlo póstumo. :-)
O que se aprende e se (re)visita por aqui ...
Lauríssimas saudações
e um beijo*
de __boa noite
Viva! Não sabia como contactá-lo de outra forma... espero que não se importe em relação a isto (não podia deixar de contactá-lo): http://bungakuuu.blogspot.com
Se quiser tornar-se membro do nosso clube, coloco o seu nome na lista de membros. Parabéns pelo blog simplesmente fantástico!
Sibyl Vane: Muito obrigado pela dica e pela transcrição. Aproveitei para dar uma olhadela nos seus blogues, e gostei. Fiquei de curiosidade aguçada para o seu último livro. É muito bom ver aparecer pessoas como você. Vou acompanhar.
Sibyl Vane/ Sara: julgo que terá interesse ir visitar:
http://detesto-sopa.blogspot.com/2007/05/108-murakami-e-o-carneiro-desaparecido.html.
Um beijo.
Você tem 20 anos!?
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