
CADERNO DE UM REGRESSO AO PAÍS NATAL
(CAHIER D’UN RETOUR AU PAYS NATAL)
Texto de Aimé Césaire, com encenação de Jacques Martial
Compagnie de la Comédie Noire – Paris, França
Texto de Aimé Césaire, com encenação de Jacques Martial
Compagnie de la Comédie Noire – Paris, França

Aimé Fernand David Césaire nasceu em 26 de Junho de 1913, em Basse-Pointe, na Martinica, e viria a falecer a 17 de Abril de 2008, em Fort-de-France, na Martinica. Foi presidente da câmara ("prefeito") de Fort-de-France, durante 56 anos, entre 1945 e 2001.
Francês de nacionalidade e de língua, foi um político hábil que defendeu a cultura negra, as raízes africanas, que promoveu a raça negra no mundo, impondo valores e conceitos ligados à sua terra e às suas origens. Defendeu a dignidade e o orgulho de ser negro, mas procurou sempre a dignidade de homem, qualquer que seja a raça ou o credo, afirmando-se como um humanista fraterno. Nas suas obras há um pouco de tudo, da poesia (Cahier d'un retour au pays natal, Paris, 1939 ; Les Armes miraculeuses, 1946 ; Soleil cou coupé, 1947; Corps perdu (com desenhos de Picasso), Paris, 1950; Ferrements, Paris, 1960 ; Cadastre, Paris, 1961 ; Moi, laminaire, Paris, 1982 ; La Poésie, Paris, 1994), ao teatro (Et les chiens se taisaient, Paris, 1958 ; La Tragédie du roi Christophe, Paris, 1963 ; Une saison au Congo, Paris, 1966 ; Une tempête, d'après 'La Tempête de William Shakespeare: adaptation pour un théâtre nègre), Paris, 1969) do ensaio filosófico e social (Esclavage et colonisation, Paris, 1948 ; Discours sur le colonialisme, Paris, 1955 ; Discours sur la négritude, 1950), ao ensaio histórico (Toussaint Louverture, La révolution Française et le problème colonial, Paris, 1962).


Hora e meia em cena, sem uma bengala de qualquer espécie, sem causar o mínimo cansaço no espectador, é obra. Jacques Martial, nascido em Maio de 1955, em Saint-Mandé (Val-de-Marne), de pais originários da Guadalupe, é brilhante. Ostenta uma carreira notável, no teatro, no cinema, na televisão (muito conhecido pelo papel de Bain-Marie na série policial “Navarro”, ao lado de Roger Hanin) e é, desde 2006, presidente do parque e da sala de espectáculos de La Villette, uma das mais apetecíveis e importantes estruturas culturais de França (e do mundo). Professor de teatro, fundador da Compagnie de la Comédie Noire, criador da associação Rond Point des Cultures, que trabalha, em prole das minorias e da cultura ultramarina francesa, de colaboração com o Théâtre du Rond Point, Jacques Martial é um artista multifacetado, que rapidamente vemos ora em “Moonraker”, de Lewis Gilbert, ora num policial de televisão, ora numa tournée mundial com este “Cahier d'un retour au pays natal”, estreado em 2003, e que já passou por Guadalupe, Singapura, Austrália, Fidji, Nova Caledónia, Nova Iorque, Martinica, Paris, e agora Almada.
Belíssima noite de teatro, num ameno espaço, que convidava a olhar as estrelas. Num dia em que o Festival de Teatro de Almada, que já consideram tão importante como Avignon, soube que o subsídio anual da Junta de Turismo da região, passou de 32.000 euros, para 5.000. Mas sobre este episódio falaremos a seguir.
CADERNO DE UM REGRESSO AO PAÍS NATAL (CAHIER D’UN RETOUR AU PAYS NATAL) - Texto de Aimé Césaire, com encenação de Jacques Martial / Compagnie de la Comédie Noire – Paris, França; Intérprete : Jacques Martial; Cenografia: Pierre Attrait; Pintura: Jérôme Boutterin; Adereços: Martine Feraud; Desenho de luz: Jean-Claude Myrtil; Assistente de encenação: Tim Greacen; Assistente de cenografia: Elisabeth Dallier; Duração: 1h20; Classificação: M12.
4 comentários:
Beeeeeeemmmmmm.... isso é que tem sido ir ao teatro.
E.U.A. - Almada, Almada - E.U.A., E.U.A. - Almada, Almada - E.U.A., E.U.A. - Almada, Almada - E.U.A., E.U.A. - Almada, Almada - E.U.A.....
muita cóóóóltura!
Beijo
S.
Sublime, de facto!
Suspeito que para a edição do ano que vem poderemos de novo ver esta peça como espectáculo de honra...
S. na verdade só de jacto, mas tem valido a pena. beijo.
Falamos do grande teatro que se vê nos grandes festivais e queixamo-nos de que nós tão longe. Afinal, Almada aqui tão perto e definitivamente no roteiro dos grandes palcos! Parabéns pela cobertura incansável e lúcida. O que merece, merece!
Enviar um comentário