quarta-feira, dezembro 30, 2009

FELIZ "2010: ANO DO CONTACTO"

:
Em 1984, Peter Hyams realizou “2010: The Year We Make Contact” (que em Portugal se chamou “2010: O Ano do Contacto”), com argumento retirado de um romance de Arthur C. Clarke (o mesmo que havia escrito “2001:Uma Odisseia no Espaço”, de que “2010” pretendia ser uma sequela). Entre os actores estavam Roy Scheider, John Lithgow, Helen Mirren, Bob Balaban e Keir Dullea.
Nove anos depois da infausta missão da nave “Discovery”, “perdida” na proximidade de Júpiter, provocando a morte de toda a tripulação, “assassinada” pelo computador Hal 9000, os EUA e a URSS enviam uma equipa mista, numa nave de nome “Leonov”, com o intuito de descobrir o que teria acontecido à “Discovery” e deslindar os segredos do célebre monólito negro que aparecia no filme de Kubrick. O que ignoram é que estão também muito próximos de encontrar algumas das respostas para os mais profundos mistérios da Humanidade. Este o tema de “2010”, o “ano do contacto”. Não era uma obra-prima como “2001”, mas era um filme interessante.

Cá estamos, com 2010 à porta. Faltam algumas horas. O que se deseja é que ele seja realmente o “ano do contacto” entre os povos da Terra, um contacto solitário e fraterno, de mútuo respeito. Um contacto amigo e digno. Feito de amizade e de amor. Feito sobretudo de Humanidade.
É o que desejo para mim, para os meus familiares, para os amigos de longa ou curta data, para todos “os homens e mulheres de boa vontade”. Aqui ficam, portanto, com uma imagem de cinema, os melhores votos de Boas Entradas em 2010 e que este seja o melhor ano das nossas vidas e o primeiro de um longo futuro repleto de bons sonhos concretizados.

Nota singular: Stanley Kubrick, realizador de “2001”, faleceu em Março de 1999, dois anos antes da data referida no seu filme. Arthur C. Clarke, escritor de “2001” e “2010”, morreu em Março de 2008, dois anos antes da data mencionada no seu segundo romance desta saga. Nenhum deles chegou, portanto, a ver o ano das suas previsões. Apenas uma curiosidade.

terça-feira, dezembro 29, 2009

CINEMA: CAPITALISMO: UMA HISTÓRIA DE AMOR

:

CAPITALISMO: UMA HISTÓRIA DE AMOR

Michael Moore começa por ser um tipo curioso. Um verdadeiro self made man, um típico individualista americano, um justiceiro daqueles que investe contra a cidade em nome da justiça e dos princípios. Lembram-se de Gary Cooper, em “O Comboio Apitou Três Vezes”? é parecido, ainda que Gary Cooper fosse mais elegante e os seus olhos nunca oferecessem o menor vestígio de não estar a lutar por uma honrada causa. Mas a verdade é que Michael Moore é o puro herói americano, neste filme é mais o James Stewart de “Peço a Palavra”, com o elogio a Roosevelt e tudo o mais. Não há neste americano vestígios de “perigoso comunista” ou de suicida anarquista. O que Michael Moore quer é redimir a América onde vive e onde quer continuar a viver. Segundo os sólidos valores da fundação da nação. Não pode ser mais claro quando afirma: “I refuse to live in a country like this, and I'm not leaving” (recuso-me a viver num país como este e não me vou embora). Ou seja: eu fico, o país é que terá de mudar. Em quê?
Depois da sua longa metragem de estreia, “Roger and Me”, sobre a sua cidade natal, Flint, e a falência da GM local, depois de se ter atirado como gato a bofe contra a violência quotidiana e a venda de armas, em “Bowling for Columbine”, contra a politica Bush, em “Fahrenheit 9/11”, contra (a inexistência) do sistema de saúde norte americano, em “Sicko”, Michael Moore vai direito ao coração do problema: Wall Street, a banca, a economia norte americana de um capitalismo desenfreado e selvagem que, segundo Moore, campeia desde Reagan, quando a aliança entre capital e poder político se começou a tornar mais insidiosa, até culminar em plena era Bush.
O seu filme arranca de forma magnífica, com uma montagem que mescla imagens do império romano e do império americano. Fala–se de um, vêem-se imagem de um e do outro, indiferenciadamente, e o resultado é acutilante e divertido (ok, também é um pouco demagógico, mas não vem mal ao mundo por isso, é “obviamente” demagógico). Depois vem uma demonstração pedagógica sobre os perigos do capitalismo selvagem e da forma como este se afastou dos ideais da democracia. Muitos sobrepõem os significados de democracia e capitalismo e Michael Moore mostra como estão intrinsecamente errados. Nada a ver. Os ínvios caminhos do capitalismo que gerou a monstruosa crise económica e financeira de 2007 (como já havia criado a de 1927) nada têm a ver com a substância da democracia. Num lado temos a ganância do lucro que ronda o roubo descarado (por isso Michael Moore veda o terreno da Bolsa de Nova Iorque com a fita amarela que isola os locais dos crimes, e arroga-se no direito de ir prender os criminosos, de megafone em punho), do outro lado homens que lutam por princípios bem diferentes (de Franklin Roosevelt a Obama, nitidamente nomes de referência no ideário de Moore). No meio, milhões de cidadãos, mais ou menos indefesos, que tentam lutar por uma sobrevivência condigna, numa sociedade que continuamente os (e nos) surpreende. Vários são os casos indicados no filme de abusos legais e práticas irregulares que tornam incompreensível a “democracia” norte-americana (que curiosamente apresenta algumas vantagens como, por exemplo, a de ser dos únicos países a permitir que filmes como estes se produzam e realizem e estreiem no seu interior).
Bancos falidos por patifarias praticadas por gestores que são auxiliados pelo erário público, enquanto os cidadãos depositantes são ignorados, são alguns. Bancos falidos que levam ao desespero quem neles confiou, são às dezenas. Empresas que seguram em proveito próprio os empregados, e que lucram milhões com as suas mortes, eis uma prática altamente inventiva mas um pouco imoral, não acham? Mas a verdade é que tudo serve para que o lucro cresça de forma exponencial. O mais facilmente possível. Com rapidez. Para os gestores receberem “prémios” astronómicos e ordenados principescos e o comum dos mortais não passar de isso mesmo, um comum mortal.
A crise entre capital e trabalho agudiza-se então, mas a análise não vai no sentido das teorias de Marx e Lenine, mas mais da igreja católica que toma posição por diversas vezes ao longo do filme e dá a cara para se colocar ao lado dos pobres e dos trabalhadores, afirmando mesmo que Jesus não estaria certamente satisfeito com as práticas capitalistas actuais.
Michael Moore tem uma forma de actuar muito própria. Realmente existe alguma manipulação na estrutura narrativa dos seus documentários. Mas, como é sabido, toda a narração é manipulação. Resta analisar de que forma ela se processa. Acontece, porém, que a sua é uma manipulação não direi inocente, mas “naïf”. É uma manipulação com os cordelinhos à vista de todos. Há quem afirme que a montagem dos filmes de Michael Moore é excelente, acusando-os depois de demagógicos e manipuladores. Ora uma montagem só é “excelente” quando for excelente ao serviço de uma ideia. Não há montagens excelentes em abstracto. A montagem dos trabalhos de Michael Moore é realmente minuciosa, trabalhada, inventiva, dialéctica. Ao serviço de uma estratégia. É essa estratégia, com algo de demagógico sim, muito de manipulador, é verdade, que faz ou não o interesse dos filmes deste cineasta que consegue ter audiências mundiais para os seus documentários tão numerosas como muitos filmes de ficção. Michael Moore é, pois, um documentarista popular. Pelos processos que usa, que o aproximam do espectador tipo, e por ser realmente uma personalidade incómoda. O público sente que é necessário que existam obras como as suas para agitar as águas e provocar polémica. E, já agora, para tentar mudar o estado a que se chegou.
CAPITALISMO: UMA HISTÓRIA DE AMOR
Título original: Capitalism: A Love Story
Realização: Michael Moore (EUA, 2009); Argumento: Michael Moore; Produção: Anne Moore, Michael Moore, Tia Lessin, Carl Deal, Cory Fisher, Kathleen Glynn, Basel Hamdan, Jennifer Latham, Pearl Lieberman, Kristen Vaurio, Eric Weinrib, Bob Weinstein, Harvey Weinstein; Música: Jeff Gibbs; Fotografia (cor): Daniel Marracino, Jayme Roy; Montagem: Jessica Brunetto, Alex Meillier, Tanya Meillier, Conor O'Neill, Pablo Proenza, Todd Woody Richman, John W. Walter: Direcção de Produção: Riva Marker; Som: Francisco La Torre, Mark Roy, Hilary Stewart; Efeitos visuais: Stefano De Gennaro; Robert A. Morris; Agradecimentos a Joan Baez, Louis C.K., Jeff Garlin, Iggy Pop; Companhias de produção: Overture Films, Paramount Vantage, The Weinstein Company, Dog Eat Dog Films; Intérpretes: Michael Moore, Thora Birch, William Black, Baron Hill, Marcy Kaptur, Congressista Elijah Cummings, Wallace Shawn, Elizabeth Warren, e ainda em imagens de arquivo Jimmy Carter, John McCain, Sarah Palin, Ronald Reagan, Franklin Delano Roosevelt, Arnold Schwarzenegger, George W. Bush, Nancy Davis, Martin Luther King, Helmut Kohl, Bela Lugosi, Barack Obama, Robert Powell, Joseph Stalin, etc. Duração: 127 minutos; Distribuição em Portugal: EcoFilmes; Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 26 de Novembro de 2009.

segunda-feira, dezembro 28, 2009

CINEMA: TETRO

:

TETRO

Ao que parece, Francis Ford Coppola terá dito que “Tetro” é “o seu filme mais pessoal.”
- Autobiográfico?, terão perguntado depois.
Coppola: "Nada é verdade, mas tudo aconteceu realmente".
Não custa a acreditar que assim tenha sido, ainda que se esta foi uma obra assim tão especialmente pessoal, toda a filmografia de Coppola a terá sido igualmente, mesmo que umas vezes em maior, outras em menor grau. Mas o cinema de Coppola foi sempre um cinema de autor e um cinema nitidamente “pessoal”.
Coppola tem sido o cineasta da família. Aliás, conclusão curiosa, quase todos os cineastas ítalo-americanos se mostram particularmente sensíveis a este tema, quer sejam Martin Scorsese, Abel Ferrara ou tantos outros, mas F.F. Coppola é notoriamente o patrono desta temática (basta reparar nos seus títulos mais emblemáticos, a começar pela trilogia “O Padrinho”, que não é senão uma vigorosa análise do conceito de família e de patriarca, nos seus significados mais amplos).
A família como célula social essencial a uma determinada ordem apresenta aspectos positivos e outros negativos. “O Padrinho” é bem sintomático dos dois aspectos, sublinhando não só o lado mafioso, quando a família se defende colectivamente pelo crime, perante o crime, como o lado fraterno e solidário. A família está muitas vezes inquinada pela prepotência de um chefe. Normalmente, o patriarca, mas também pode ser a matriarca. Ou outro qualquer elemento da família. Nos casos de “O Padrinho” e de “Tetro”, é o pai essa figura tutelar que paira mais ou menos impune sobre os restantes membros do clã.
Em “Tetro”, um dos filhos de um compositor célebre revolta-se contra a presença obsessiva do pai que comanda com mão de ferro os destinos da família e se mostra profundamente egocêntrico. Não será pura retórica relembrar-se aqui Carmine Coppola, pai de Francis Ford Coppola. Compositor. Não será igualmente despiciente recordar que Carmine Coppola (o autor das bandas sonoras de “O Padrinho”, I, II e III e de “Apocalipse Now”), nascido em Nova Iorque de família ítalo-americana, tinha um irmão, igualmente músico, o maestro Anton Coppola. Foi pai de August Coppola, Francis Ford Coppola e Talia Shire e avô de Nicolas Cage, Roman Coppola, Sofia Coppola, Jason Schwartzman e Robert Schwartzman. Repare-se ainda como Francis Ford Coppola tem colaborado e amparado, e sustentado, vários membros deste enorme clã, que vai do pai à filha, da irmã ao sobrinho. Ele é, possivelmente, o novo “godfather”, aquele que poderá ter razões de queixa da família, mas não a desampara.
O drama de Tetro (Vincent Gallo), o protagonista, que assim se chama para se afastar do seu nome de família, Angie Tetrocini, mas de que, sintomaticamente, conserva uma raiz, é precisamente essa ambiguidade frente à sua família, família de que se afastou mas que continua a amar e onde gostaria de estar integrado e feliz. Mas a figura do pai Carlo Tetrosini (Klaus Maria Brandauer), omnipresente e possessivo, leva-o a afastar-se e a tornar-se num ser quase associal, pelo menos no plano familiar.
Cria o seu próprio círculo, vive com Miranda (Maribel Verdú), no bairro boémio de La Boca, em Buenos Aires (o filme é todo rodado na Argentina e nos estúdios “Ciudad de la Luz”, em Alicante, Espanha), voluntariamente afastado da família. Queria ser escritor e afirmar a sua voz pessoal, mas o pai já o tinha avisado de que na família só havia lugar para um génio, e ele já tinha ocupado esse trono. Por isso, exila-se. Da família. De si próprio.
O filme começa com o regresso do irmão mais novo, que ele ama, mas de quem se quer afastar (apesar de lhe escrever repetidas vezes a convidá-lo a aparecer na sua nova casa). Por isso Bennie (Alden Ehrenreich), o marinheiro em licença com o navio a ser reparado, não é bem recebido. Com ele regressam os fantasmas da família, de que ele se quer afastar. Já mudou de nome, abandonou a casa materna, vive suspenso de um acidente que vitimou a mãe e de que se sente culpado, quer esquecer o passado e mesmo as ambições de ser escritor jazem enterradas numa mala abandonada a um canto escuso da casa. Ele está ferido (fisicamente ferido, arrastando-se numas canadianas, mas também psicologicamente ferido). A sua companheira ampara-o, compreende-o e tem o tacto necessário para não se imiscuir demasiado nas sombras do passado. Esse passado ficará reservado a Bennie, que vem reavivar as feridas e impor a sua presença e retirar dos armários os segredos que qualquer família encerra ou esconde. Tetro, por exemplo, vive igualmente obcecado com o caso da namorada que perdeu no dia em que a apresentou ao pai, passando rapidamente de namorada a madrasta. Caso que encobre ainda outros segredos que guardará até final, até à noite em que oferece a Bennie o machado com que ele imaginou “matar o pai”, e que estende ao irmão com igual intenção. “Matar o pai” é um conceito psicanalítico essencial para compreender Tetro e para este se entender a si próprio. Só depois de “matar o pai”, de presenciar a sua morte física na majestosa vigília que a sociedade lhe reserva, é que Tetro assume a completa independência e se inicia a catarse, a relação de igual para igual com Bennie: “Agora somos uma família!”
Tendo por cenário natural a Argentina, Francis Ford Coppola joga com o ambiente deste país e os sons do tango para criar um clima operático e de tragédia iminente que, desde sempre foi o seu. Estes aspectos e a fotografia (sobretudo a a preto e branco) de Mihai Malaimare Jr que os sublinha admiravelmente, transformam “Tetro” numa obra absolutamente fascinante, com sequências que atingem o sublime, como quase todas as passadas no bairro de La Boca ou a viagem até à Patagónia. Estamos em presença do melhor cinema, perpassado por uma emoção intensa e uma dolorosa exposição do que de mais íntimo um artista possui. Em compensação, e para afastar infelizmente “Tetro” da perfeição da obra-prima, há uma ou outra incursão por um fantasioso e artificial universo de teatro e de transexualidade, de festivais e de ajustes de contas pessoais de Coppola com o universo do espectáculo, que desequilibra a obra e a faz fraquejar. Relembra, em certos aspectos, o infeliz “Stardust Memories”, de Woody Allen, passando pelas mesmas influências mal digeridas (de Bergman a Fellini). Mas há referências directas a outros realizadores que se impõem de imediato, como as que remetem para a dupla inglesa, Michael Powell e Emeric Pressburger, de quem se cita directamente "Os Contos de Hoffmann" (1951), e "Os Sapatos Vermelhos" (1948), e que permitem a Coppola recuperações de tom e estilo (nalgumas sequências a cor) que são avassaladoras (que dizer desse bailado em que o palco é banhado pelas ondas do oceano?).
Apesar de algumas ressalvas, “Tetro” é, pois, um filme magnífico que nos restitui um Coppola ao seu melhor nível, com um sopro melodramático que lhe advém obviamente do seu gosto pela ópera italiana e que é trabalhado no cinema de forma impar. Este segundo argumento original escrito por Coppola (o outro anterior tinha sido “The Conversation”, em 1972) recupera algo do ambiente plástico de “Rumble Fish”, muito do tom dramático e trágico da trilogia “The Godfather”, um pouco do onirismo de “One From The Heart”, e é cem por cento Coppola. Mas quando é que Coppola não é cem por cento Coppola?
Os actores são quase todos excelentes. Vicente Gallo é brilhante na forma discreta e contida como representa. Maribel Verdú é um vulcão auto-dominado. Klaus Maria Brandauer é a presença que se impunha. Alden Ehrenreich é o rosto de uma candura misteriosa que promete uma boa carreira. Carmen Maura destoa, numa personagem de diva e protectora literária e teatral, com quem Coppola ajusta contas ("a tua opinião já não me interessa", diz-lhe no final). Brilhantes são a música de Osvaldo Golijov e a fotografia de Mihai Malaimare (a preto e branco e a cor, esta sobretudo nas sequências de memórias e de filmes citados ou recriados).


TETRO
Título original: Tetro
Realização: Francis Ford Coppola (EUA, Itália, Espanha, Argentina 2009); Argumento: Francis Ford Coppola; Produção: Francis Ford Coppola, Anahid Nazarian, Fred Roos, Masa Tsuyuki; Música: Osvaldo Golijov; Fotografia (p/b e cor): Mihai Malaimare Jr.; Montagem: Walter Murch; Design de produção: Sebastián Orgambide; Decoração: Paulina López Meyer; Guarda-roupa: Cecilia Monti, Gabriela Minzi, Mariela Rossi; Maquilhagem: Osvaldo Esperón, Norberto Poli, Beata Wojtowicz; Direcção de Produção: Yousaf Bokhari, Helen Marti Donoghue, Adriana Rotaru; Assistentes de realização: Sol Aramburu, Roman Coppola, Juan Pablo Laplace, Óscar Manero, Mariana Wainstein; Departamento de arte: Charly Carnota, Javier Gonzalez Duato, Martín Libert, Luciana Quartaruolo; Som: Leandro de Loredo, Federico Esquerro, Juan Ferro; Efeitos visuais: Ezequiel Borovinsky, Vít Komrzy, Juan Pablo Menchon, Viktor Muller, Katerina Pokorova; Casting: Walter Rippell; Companhias de produção: American Zoetrope, BIM Distribuzione, Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales (INCAA), Tornasol Films, Zoetropa; Intérpretes: Vincent Gallo (Tetro), Maribel Verdú (Miranda), Alden Ehrenreich (Bennie), Klaus Maria Brandauer (Carlo), Carmen Maura (Alone), Rodrigo De la Serna (Jose), Leticia Brédice (Josefina), Mike Amigorena (Abelardo), Sofía Castiglione (Maria Luisa), Francesca De Sapio (Amalia), Adriana Mastrángelo (Angela), Silvia Pérez (Silvana), Erica Rivas (Ana), etc. Duração: 127 minutos; Distribuição em Portugal: Clap - Produção de Filmes; Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 19 de Novembro de 2009.

quinta-feira, dezembro 24, 2009

AS MINHAS MELHORES CANÇÕES DE NATAL

:
White Christmas - Bing Crosby

Have Yourself A Merry Little Christmas - Judy Garland

Silent Night - Pavarotti Domingo Carreras

O, Holy Night - Kiri te Kanawa

The Christmas Song - Nat King Cole

All I want for Christmas is you - Mariah Carey

Santa Claus Is Comin' To Town - Bruce Springsteen

Jingle Bells - Looney Tunes

Blue Christmas - Elvis Presley

Silver Bells - Doris Day

Merry Christmas, War Is Over - Boy George e Anthony Heggerty

quarta-feira, dezembro 23, 2009

20 CANÇÕES DE NATAL

:



Para Amigos e Conhecidos que por bem vierem, aqui fica uma selecção (discutível) das 20 mais célebres canções de Natal, segundo uma proposta recolhida no You Tube.
Com votos de FELIZ NATAL.

UM NATAL FELIZ E UM ÓPTIMO ANO NOVO




PARA OS AMIGOS
COM VOTOS DE UM FELIZ NATAL
E DE UM ANO NOVO CHEIO DE TUDO
O QUE MAIS DESEJAREM.

(David Fonseca canta "Last Christmas", em especial deferência do You Tube)

sábado, dezembro 19, 2009

LISBON FILM ORQUESTRA

:


CONCERTO NA AULA MAGNA
Concerto na Aula Magna: a Lisbon Film Orchestra toca temas de filmes. Estreada em 2007, é a primeira orquestra sinfónica portuguesa a dedicar-se, em exclusivo, ao repertório das bandas sonoras cinematográficas. São 80 jovens músicos, quase todos na casa de entre 20 e 30 anos, que, sem apoios oficiais, de moto próprio, resolveram criar uma orquestra sinfónica que, para quem não percebe nada de música, a não ser gostar ou não do que ouve, parece tocar afinadinha e com alguma alma, um evidente profissionalismo e uma igualmente extrema entrega emotiva nas suas actuações. Os responsáveis deste projecto são Nuno de Sá, na direcção da orquestra, e Francisco Santiago, na produção musical. A iniciativa é da responsabilidade da MusinAction, entidade que visa inovar o panorama cultural português nos domínios musicais.
Na noite de 18 de Dezembro, a Aula Magna estava quase repleta de um público maioritariamente jovem, o que é outra verificação a sublinhar. Este tipo de concerto pode atrair público que vem no engodo que o cinema sempre desperta e aprende a entender música sinfónica e a ouvir grandes bandas sonoras.
O concerto de Dezembro teve de tudo um pouco: “O Fantasma da Ópera”, de Andrew Lloyd Webber; “Mission: Impossible”, de Lalo Schifrin; “Forrest Gump”, de Alan Silvestri; “Spider Man”, de Danny Elfman; “Titanic”, de James Horner; “Gladiator”, de Hans Zimmer; “Home Alone”, de John Williams; “Polar Express”, de Alan Silvestri; “The Lord of the Rings”, de Howard Shore; “Música no Coração”, de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein; “West Side Story”, de Leonard Bernstein; “Schindler´s List”, de John Williams; “Harry Potter”, de John Williams; “Chicago”, de John Kander; “Star Wars”, de John Williams; “Pirates of the Caribbean”, de Klaus Badlet e “Indiana Jones –Os Salteadores da Arca Perdida”, de John Williams.
Conclusões a tirar do reportório: quase tudo música norte-americana, quase tudo composições de “blockbusters”, quase tudo temas espectaculares, quase tudo filmes das últimas duas ou três décadas, quase tudo originais de compositores de qualidade reconhecida, é certo, mas… Faltam clássicos dos anos 30, 40, 50, 60, 70, faltam franceses, ingleses, italianos, espanhóis, alemães, portugueses… para ficarmos por aqui, por agora.
De resto, o que há já é muito bom, mas melhor ficará se se diversificarem origens e épocas. Esperemos que a orquestra tenha uma vida longa e que vá multiplicando público e espectáculos.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

VAVADIANDO DE NATAL: AMANHÃ, 20 H

:

PORTALEGRE, 1958

:

PORTALEGRE, LICEU MOUZINHO DA SILVEIRA, 1958


De romagem a Portalegre para integrar o Encontro dedicado a José Régio.
Dia em cheio, com regresso a Lisboa em comboio regional, com transbordo no Entroncamento (quase 40 minutos de atraso, mas uma simpatia de pessoal da CP). Quando cheguei a casa, a surpresa de uma fotografia, enviada por mail, pelo amigo Prof. Martinó, reunindo alunos e professores da minha última turma, corria o ano de 1958. Bom rever tanta cara amiga e conhecida. Obrigado Prof. Martinó.
(Há caras reconheciveis na foto. Um doce a quem descobrir "onde está a Wally").

sábado, dezembro 12, 2009

CINEMA: JULIE E JULIA

:

JULIE & JULIA
Nora Ephron é uma realizadora interessante que se tornou conhecida inicialmente como argumentista, sobretudo depois de ter assinado, em 1989, o brilhante guião de "Um Amor Inevitável". Depois passou à realização, e foi adicionando obras que não deslustram, e mesmo uma ou outra que sabem muito bem, como é o caso de “Sleepless in Seattle” (Sintonia de Amor, 1993) ou deste “Julie & Júlia” (Julie e Júlia, 2009). Nos intervalos assinou “This Is My Life” (1992), “Mixed Nuts” (1994), “Michael” (1996), “Lucky Numbers” (2000) “You've Got Mail” (Você Tem uma Mensagem, 1998), ou “Bewitched” (Casei com uma Feiticeira, 2005).
Não é genial, é correcta, eficaz, sensível, e por vezes deixa-se possuir por uma rasgo de talento. “Julie e Júlia” está neste caso, e será seguramente dos títulos mais conseguidos da autora, mercê de diversos aspectos que se reúnem para que o efeito seja o requerido.
Antes de mais há que sublinhar um excelente argumento, extremamente bem estruturado, partindo de material de base que era difícil de entrelaçar. A história, com a assinatura da própria Nora Ephron, parte de uma obra de Julie Powell ("Julie & Julia") e de uma autobiografia de Julia Child e Alex Prud'homme ("My Life in France"). É, portanto, um guião que junta duas histórias verídicas, cada uma delas relato mais ou menos autobiográfico de uma mulher, e que conta a relação que se estabelece entre ambas, sem que no entanto se cheguem a conhecer pessoalmente. Há inclusive uma distância temporal a afastá-las (ou será a uni-las?).
Julia Child é mulher de um diplomata americano a viver em Paris, depois da II Guerra Mundial, em pleno período quente da Guerra-fria. Gosta de comer e de conhecer a gastronomia francesa, por que se apaixona. Com duas amigas resolve escrever um livro para “as americanas começarem a apreciar devidamente” a comida que ela admira em restaurantes parisienses. O livro acaba por encontrar editor e sobe em flecha na estima das leitoras. É um fenómeno de vendas, um best seller. Muitos anos depois, Julie Powell, uma jovem cujo emprego é tentar resolver problemas pessoais decorrentes do 11 de Setembro de 2001, descobre a sua paixão pela gastronomia e pelo livro de Julia Child, resolvendo escrever um blogue onde diariamente vai registando as suas impressões pessoais sobre as receitas de Julia Child que vai ensaiando, uma a uma, dia após dia. O blogue é um sucesso. Nora Ephron enlaça as duas experiências e o gosto comum pela boa comida, entrega a representação de cada mulher a uma actriz admirável, que dá livre curso à sua inspiração, e o resultado não é uma obra prima da comédia moderna, mas não anda assim tão longe disso. Não lhe falta inteligência, sensibilidade, humor, ternura, voluptuosidade e indescritíveis descrições de pratos a fumegar de apetitosa gulodice.
Mas se tudo isto é verdade, o espanto, esse fica mesmo reservado para os actores. Meryl Streep é simplesmente fabulosa. Está uma actriz admirável que saboreia com especial prazer os últimos papéis que aceita criar. Depois da sua incursa pelos Abba, constrói aqui outra personagem de antologia que relembra um Jacques Tati de saias numa Paris dos anos 50. A sua figura, desengonçada e invariavelmente risonha, não compreende sequer o porquê de certas perseguições, não percebe muito bem o “maccarthismo” na América, que o pai admira e de que o marido é vítima. Para ela a vida não tem preocupações que ultrapassem o espaço da sua cozinha (agora recuperado num museu norte americano). Meryl Streep ergue um trabalho de composição invulgar. Merecedor de uma nova nomeação para os Oscars (mas o filme vai por lá andar noutras categorias também, acredito). Amy Adams, uma actriz não muito conhecida e muito jovem ainda, é outra presença de peso, numa doce Julie que vive o seu sonho de afirmação construindo um blogue pessoal. Stanley Tucci, no diplomata, marido de Julia, é igualmente excelente.
Diga-se ainda que a cidade de Paris dos anos 50 é recuperada com uma atmosfera de encanto e bonomia que ajuda à festa dos sentidos, e dos sabores adivinhados.
Se é um hedonista, não perca. Até a receita cinematográfica é muito saborosa. Um filme para ter estrela no Michelin.
JULIE & JULIA
Título original: Julie & Julia
Realização: Nora Ephron (EUA, 2009); Argumento: Nora Ephron, segundo obras de Julie Powell ("Julie & Julia") e Julia Child e Alex Prud'homme ("My Life in France"); Produção: Laurence Mark, Amy Robinson, Nora Ephron, Eric Steel, John Bernard, Dianne Dreyer, Donald J. Lee Jr., Scott Rudin, J.J. Sacha, Dana Stevens; Música: Alexandre Desplat; Fotografia (cor): Stephen Goldblatt; Montagem: Richard Marks; Casting: Kathy Driscoll, Francine Maisler; Design de produção: Mark Ricker; Direcção artística: Ben Barraud; Decoração: Susan Bode; Guarda-roupa: Ann Roth; Maquilhagem: Jerry DeCarlo, J. Roy Helland, Kyra Panchenko; Direcção de Produção: Jerome Albertini, Gilles Castera, Ann Gray, Erica Kay, Donald J. Lee Jr., Paul A. Levin; Assistentes de realização: Jeffrey T. Bernstein, Ali Cherkaoui, Estelle Gérard, Alfonso Gomez-Rejon, Nancy Herrmann, Guilhem Malgoire; Departamento de arte: Hélène Dubreuil, Claire Kirk, Joan Winters; Som: Ron Bochar, Sean Garnhart, Debby VanPoucke; Efeitos especiais: Fred Buchholz, Doug Coleman; Efeitos visuais: Glenn Allen; Companhias de produção: Columbia Pictures, Easy There Tiger Productions, Scott Rudin Productions; Intérpretes: Meryl Streep (Julia Child), Amy Adams (Julie Powell), Stanley Tucci (Paul Child), Chris Messina (Eric Powell), Linda Emond (Simone Beck), Helen Carey (Louisette Bertholle), Mary Lynn Rajskub (Sarah), Jane Lynch (Dorothy McWilliams), Joan Juliet Buck (Madame Brassart), Crystal Noelle, George Bartenieff, Vanessa Ferlito, Casey Wilson, Jillian Bach, Andrew Garman, Michael Brian Dunn, Remak Ramsay, Diane Kagan, Pamela Stewart, Jeff Brooks, Frances Sternhagen, Brooks Ashmanskas, Eric Sheffer Stevens, Brian Avers, Kacie Sheik, Megan Byrne, Deborah Rush, Helen Coxe, Amanda Hesser, Maryann Urbano, Simon Jutras, Felicity Jones, Meg Kettell, Stephen Bogardus, Byron Jennings, Kelly AuCoin, Richard Bekins, Luc Palun, Rémy Roubakha, Marceline Hugot, Erin Dilly, Robert Emmet Lunney, Guiesseppe Jones, Jeff Talbott, Johnny Sparks, etc. Duração: 123 minutos; Distribuição em Portugal: Columbia TriStar Warner Filmes de Portugal; Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 19 de Novembro de 2009.

domingo, dezembro 06, 2009

PORTALEGRE: JOSÉ RÉGIO EM "ENCONTRO" RENOVADO

:

Comemorações dos 80 anos da chegada de José Régio a Portalegre

Encontro
José Régio, a Literatura e o Cinema:
diálogos e encruzilhadas
Escola Superior de Educação de Portalegre
17 de Dezembro de 2009
Programa

10.00 – Sessão de Abertura
10.15 – José Régio: a letra e a Literatura
“O jogo modernista de José Régio: o esquecimento e a importância”
Eunice Cabral (Universidade de Évora)
“José Régio em Portalegre: uma solidão propícia?”
Fernando J. B. Martinho (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
Moderador – Sérgio Silva (ESEP)

11.30 – Pausa para café
11.45 – José Régio e o Cinema: um caso cor de fogo
Lauro António (realizador do filme “O vestido cor de fogo”)
“Régio e o Cinema”
Sérgio Guimarães Sousa (Universidade do Minho)
Moderador – Luís Miguel Cardoso (ESEP)

13.00 – Sessão de Encerramento

As comemorações são promovidas pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Portalegre, pela Escola Secundária Mouzinho da Silveira – Portalegre,
e pela Escola Básica 2.3 José Régio – Portalegre.

No âmbito das Comemorações dos 80 anos da chegada de José Régio a Portalegre, a Escola Superior de Educação de Portalegre promove um encontro destinado a revisitar os diálogos e as encruzilhadas que o escritor teceu na sua vida e na sua obra literária.
José Régio assume-se, enquanto criador literário, como um individualista, marcado pelo imaginário cristão e pelo tormento da angústia. A sua escrita procura encontrar um espaço de diálogo com outras expressões artísticas como a pintura e a música. Como crítico e historiador literário, José Régio fornece à crítica sistemas de abordagem e critérios de avaliação teoricamente bem sustentados, acompanhando, de perto, as linhas de leitura mais avançadas do seu tempo.
As relações de Régio com o universo cinematográfico são variadas e revelam-se muito ricas em percursos e intersecções, criando, em distintos níveis, laços e simbioses que perpassam os seus itinerários pessoais e criacionais. O “caso” (de) Régio com o Cinema distingue-se, com evidência e prova empírica, nos textos que produziu, na relação que estabeleceu com realizadores (destacamos, naturalmente, Manoel de Oliveira e Lauro António), e nos filmes e documentários que inspirou.
Com este encontro, a ESEP presta homenagem ao homem e ao escritor que incorporou Portalegre na sua alma e que viveu (n)a palavra e (n)a imagem em diálogo e em encruzilhada.
A Comissão Organizadora,
Luís Miguel Cardoso / Sérgio Silva