segunda-feira, maio 31, 2010

RECORDAÇÕES

:
RECORDAÇÕES
Não se pode abrir o baú da memória, é o que é.

Amor de mãe...
Amor de uma outra tia, a Migá

Encadeado pela beleza da mãe, em Aveiro, terra de meu pai

E não fiquem preocupadas/os com o meu estado de saúde, pois rapidamente parti para o emprego. O meu pai que se cuidasse!.. Quem é o anjo?


MAIS UM ADEUS

:
Tia Isabel
Tinha dois anos quando conheci a cama de um hospital. Apendicite aguda. Peritonite e tudo. Operação difícil. Disseram depois que uma hora a mais e teria sido fatal. Quando acordei, estava rodeado dos pais e das tias. Que me apaparicaram. Os pais infelizmente já partiram. Outros e outras foram partindo, pela socapa da noite. A tia Isabel, a daquele olhar gaiato e luminoso, partiu hoje. Um beijo, Cição. Cada vez há menos pessoas que nos amaram, atrás de nós. É a marcha inexorável do tempo. Cada vez há que dar mais amor aos que ficam, para que eles nos recordem como nós recordamos os que partem. Quem parte deixa a memória. Como estas fotografias que nos comovem pelo sorriso.

quarta-feira, maio 26, 2010

CINEMA: UM FUNERAL À CHUVA

:
UM FUNERAL À CHUVA


Surgiu no cinema português um meteoro a que vale a pena dedicar atenção. Trata-se de um filme de todo em todo invulgar. Quem iria imaginar ver surgir a produção de uma longa-metragem de ficção numa cidade como a Covilhã? A interioridade não costuma dar destas coisas, ainda que a Selecção Nacional lá esteja a estagiar com vista ao Mundial da África do Sul. Mas “Um Funeral à Chuva” é decididamente outra coisa. É claro que o facto de existir na Universidade da Covilhã, de há uns anos a esta parte, um curso de cinema deve ajudar a compreender o fenómeno, tanto mais que o realizador, Telmo Martins, é um ex-aluno dessa Universidade da Beira Interior. Mas, mesmo assim, o aparecimento deste filme é um fenómeno novo. Acrescente-se que surge igualmente à margem de todos os subsídios oficiais e resulta da conjugação de esforços individuais e de boas vontades. É uma produção de pequeno orçamento, mas consegue ultrapassar esses riscos pela honestidade e sinceridade de propósitos.
Estamos já fartos de filmes, ditos “comerciais”, que não passam de operações financeiras montadas à custa do cidadão e dos seus impostos e que se destinam apenas “realizar capital”. De modo fácil. Estilo casa de passe. Normalmente nem isso conseguem e nunca ultrapassam a vergonhosa situação de um oportunismo indigente, explorando sexo e violência, actores conhecidos e vedetas de televisão ou outras que aceitam despir-se ou voltearem para a multidão.
“Um Funeral à Chuva” quer ser um filme de apetência popular, quer ser visto, mas não abdica nem da dignidade, nem da honestidade, nem da sinceridade. É feito por jovens que querem falar das suas vidas, dos seus problemas, das suas dúvidas, das hesitações, das alegrias e das tristezas, das frustrações e dos sonhos não realizados, das reuniões pela noite dentro, dos copos e dos fuminhos que instilam uma boa disposição artificial e passageira que, todavia, lhes permite encarar o futuro com alguma certeza, ou sem certeza nenhuma, é mais o caso, mas com alegria de viver. È tudo muito complexo, já se sabe, os caminhos nem sempre serão os mais correctos, nem tudo se faz como aconselha o senso comum, mas é assim na vida e também no cinema.
“Um Funeral à Chuva” não é um filme perfeito, longe disso, tem asperezas e fragilidades, mas é uma obra a que vale a pena dedicar tempo e atenção. Funciona um pouco como um “Amigos de Alex” à portuguesa e 50 anos depois. A estrutura assemelha-se, mas as conclusões são diferentes. Sete amigos reúnem-se na Covilhã para enterrar um antigo colega de universidade que morreu precocemente. Alguns deles não se viam há dez anos. A reunião serve para relembrar o amigo, para relançar os afectos, para estreitar os laços entre a comunidade. Serve também para, perante a morte, assumir a vida e a sua verdade. Aceitando frustrações e recusando mentiras. O filme começa por apresentar as personagens, um escritor de viagens, uma cara da televisão, daquelas que ocupa as madrugadas a entreter os espectadores com aldrabices de concursos infindáveis, dois empregados de um videoclube, uma engenheira, um músico, um professor universitário. As apresentações são sincopadas, deliberadamente desligadas, seguem-se os percursos até à Covilhã, a noitada de convívio, um velório pouco ortodoxo (que julgo muito extenso e repetitivo, com cada um dos amigos a falar em privado com o morto, tornado quase totalmente redundante este episódio) e finalmente o enterro numa das faldas da serra.
Todo o filme assenta nas capacidades técnicas dos artífices (realização escorreita, boa fotografia, de Pedro Azevedo, densa e impressiva, boa montagem, som não muito brilhante, pelo menos na noite da ante-estreia, muito estridente e gritado) mas, sobretudo, na representação. E o elenco é bom, na sua globalidade, mesmo muito bom nalguns casos. Alexandre Silva, Pedro Gorgia, Luís Dias, Sandra Santos são boas apostas, mas também Hugo Tavares, Pedro Diogo, João Ventura, Sílvia Almeida, e as consagradas Adelaide João e Célia Silva.
De Telmo Martins, o realizador e antigo estudante da UBI, nada conhecíamos, apesar de algumas curtas-metragens suas anteriores terem sido bem recebidas nalguns festivais, nomeadamente “Crosswalk”, que sobressaiu no concurso mundial do portal canadiano “iStockphoto” e premiada igualmente no Festival de Tróia, em 2007. Esta é uma produção da Lobby Productions, sediada na Covilhã, que merece incondicionalmente a atenção do espectador português. Este é um retrato de uma boa parte da juventude portuguesa neste início do século XXI, retrato que será de todo o interesse questionar, discutir, polemizar, mas não ignorar. No mínimo, é uma lufada de ar fresco na panorama cinematográfico nacional que, a calcular pelas reacções da sala cheia do São Jorge, na noite da ante-estreia, pode vir a ser um caso muito sério de adesão de público. Assim tenha tempo para o “passa palavra”, depois do dia da estreia.

segunda-feira, maio 24, 2010

REFLEXÃO A TEMPO (?), POR CAUSA DOS TEMPOS

:


À DERIVA, DE CIMA A BAIXO
Nestes últimos tempos, tenho alguma dificuldade em acompanhar a vida política e social portuguesa (se estivesse noutro país, a dificuldade era a mesma, se não maior). A vida democrática portuguesa tem-se aviltado ultimamente de forma muito perigosa. As ameaças surgem de todo o lado e em grande parte causadas por uma partidarite asfixiante. Não há nem razão nem consciência, e sobretudo parece ter deixado de haver ética pública. Dos mais ignorantes aos aparentemente mais sábios, quase todos parecem ter perdido as estribeiras e a vergonha. A comunicação social, na sua maioria, é vergonhosa, armada não em informação e opinião, mas em justiceiros na praça pública (deviam ver “A Calúnia”, de Sydney Pollack, para perceberem alguma coisa do trabalho do jornalista). A perseguição pessoal a certas pessoas, que só deviam ser condenadas publicamente depois de julgadas e sentenciadas, é obscena. As liberdades individuais que qualquer cidadão devia defender, em nome da causa pública e da sua própria defesa pessoal, são diariamente enxovalhadas na comunicação social, na justiça, no parlamento, onde quer que seja. O governo e oposição (curioso poder falar-se de “uma” oposição que junta direita, esquerda e extrema esquerda na mesma bagunça) dizem-se e desdizem-se conforme sopram os ventos. Eu que me considero de esquerda tenho de saudar os exemplos de Mota Amaral, pela integridade, e de Pedro Passos Coelho por (quase) ter terminado com o clima de ódio histérico de caça as bruxas que se vivia até há bem pouco tempo no PSD, e transformá-lo em oposição política consciente. Mas francamente que dizer de um homem como Pacheco Pereira, cuja prática política o levou a um pântano lamentável?
Os bancos e os operadores financeiros que criaram a maior crise económica e política dos últimos oitenta anos, depois de um susto passageiro, aí estão, regressados “a mandar vir” e a impor regras e alguns mesmo a falar em moral (para os outros). Eles que deviam nalguns casos estar a cumprir pesadas penas decretam afinal penas, estas económicas, para quem apenas vive do seu trabalho e do seu salário, e nunca enriqueceu com dinheiro vadio de agiotagem encoberta e de economias à maneira da “injustiçada” Dona Branca (sim, “injustiçada”, fez o mesmo e foi condenada!).
Curiosidade escandalosa: numa sociedade em que toda a gente diz o que quer, em que se insulta a qualquer hora em qualquer local, o PR, o PM e demais políticos, andam alguns em algazarra a proclamar que não há liberdade. Enfim. Do PC ao CDS todos sabem o que é não haver liberdade. Sabem até muito bem como cercear liberdades. Mas esta não lhes convém. Benza-os Deus, se é que tem liberdade para isso.
Agora aparece uma jovem, dita professora de música (nos tempos livres dos alunos do básico), a despir-se para ganhar 700 euros e cumprir o seu sonho de ser vedeta nuns minutos de glória. Que ela o tenha feito, em fotos de um erotismo saloio, admira um pouco. Que se mostre surpreendida pelas suaves consequências do seu acto, espanta mais. Que uma vasta quantidade de insensatos venha defender o acto em nome da liberdade individual, não passa pela cabeça de ninguém. Que uma grande maioria de blogues se dividam entre textos e comentários de saudosistas de uma qualquer ditadura que atacam em nome de um puritanismo pusilânime (e metem no mesmo saco gays e fotos de “Playboys”) e desregrados para quem a liberdade individual é sagrada, mesmo que ponha em causa outras liberdades, eis o que muito me espanta.
Estamos afinal numa aldeia global em que tudo é permitido, sem que quase ninguém pense um pouco antes de actuar? Ou então com muita gente a pensar muito bem como há-de agir tendo em vista apenas os seus proveitos.
Gostava de estar enganado, mas este clima não prenuncia nada de bom. Mais ano, menos ano, com CE ou sem CE, hão-de aparecer por aí uns “salvadores da Pátria”. Para quem nunca conheceu o que isso era, vai ser uma surpresa. Mas vai custar-lhes cara a descoberta.

Na foto, retirada com a devida vénia, da revista "Playboy" (que leio, sem falsos pudores), "toda a nudez será castigada" ou "sobre a nudez crua da verdade, o manto diáfano da fantasia".

terça-feira, maio 18, 2010

O CASTELO EM IMAGENS, 2010

:
Com o júri
dois "alentejanos"
Para ver acta do Júri e informações sobre o Festival AQUI

terça-feira, maio 11, 2010

O CASTELO EM IMAGENS, 2010

:
ABERTURA COM A CASA CHEIA
PARA OUVIR OS UHF

Imagens de um excelente concerto
Presidente da Câmara de Portel abre o Festival
Casa cheia, a transbordar de entusiasmo

domingo, maio 09, 2010

CINEMA: AS ERVAS DANINHAS

:

ERVAS DANINHAS


“Ervas Daninhas” em português pressupõe quase unicamente um significado pejorativo que tanto “Herbes Folles” (em francês) ou “Wild Grass” (em inglês) não comportam. Tanto em francês, no original do filme, como na sua tradução inglesa, as palavras “folle” e “wild” arrastam-nos para outros territórios mais de acordo com a intenção desta belíssima obra de Alain Resnais, que, aos 87 anos, ostenta uma clarividência de olhar, uma modernidade de escrita, uma vivacidade de espírito, uma alegria de viver e um humor contagiantes.
O filme parte de um romance de Christian Gailly, “L’Incident”, que foi saudado entusiasticamente aquando da sua saída em França. Um incidente, um acaso é o ponto de partida para uma história de amor no mínimo muito pouco habitual. Mas o que são histórias de amor habituais? Esta é “louca” sim, “selvagem” também, mas muito pouco daninha. Ou então as ervas daninhas têm de ser observadas sob um prisma muito diferente.
Por partes: Marguerite Muir (Sabine Azéma, mulher de Alain Resnais e uma das suas actrizes fetiches, nas últimas décadas), dentista de profissão e aviadora nos tempos livres (repare-se: tempos “livres”), vai a uma sapataria, comprar um par de sapatos. À saída roubam-lhe a mala. Georges Palet (André Dussollier, outro actor habitual em Resnais), de passado misterioso ou mesmo suspeito, ou então senhor de uma fértil imaginação, encontra a carteira, sem dinheiro mas com todos os documentos, junto ao seu carro, no parque de estacionamento de um centro comercial. Ele analisa os cartões, descobre que ela tem brevet de piloto de aviação e ele adora aviões. Mas não se encontram à primeira, nem à segunda, como este início de história pode fazer prever. Não. Ele põe a hipótese de telefonar a Marguerite, mas suspende o gesto e vai entregar a carteira no posto de polícia mais perto. É então Marguerite a telefonar-lhe para lhe agradecer o gesto, a atenção. Ele, entretanto, exige mais, quer um encontro, tomar um café, quem sabe?, iniciar uma história de amor, ou simplesmente uma relação. De sexo. Ela nega-se, obviamente, ou não tão obviamente assim. Ele insiste, telefona, escreve, aparece, espia-a, fura-lhe os pneus do carro, impõe-se obsessivamente. Ela sente-se constrangida, resiste, ignora-o, revolta-se, vai à polícia não para apresentar queixa mas para pedir ajuda, uma palavra intimidatória. Depois aproxima-se, vai espera-lo à saída de uma sala de cinema, onde se projectam “As Pontes de Toko-Ri” (The Bridges at Toko-Ri), filme de 1954. Sentam-se numa mesa de um bistrot, falam, olham-se, caminham lado a lado pelo passeio. Na noite parisiense. Ele é casado. Ela não. Encontram-se e beijam-se apaixonadamente, sofregamente, mas este é o único contacto visível. Eles são mesmo ervas loucas ou selvagens que, tal como as ervas daninhas, irrompem nos locais mais invulgares. São essas ervas, como se vê logo nas imagens iniciais do filme, que rebentam com o alcatrão das avenidas e estradas e dão cor e vida ao cinzento dos pavimentos uniformizados. São elas que estalam com as estruturas estabelecidas, com os preconceitos, com o verniz das conveniências.
Claro que andam por aqui muitas referências ao “Petit Prince”, de Saint-Exupery (Marguerite aparece com um fato que relembra a personagem, entre algumas outras alusões) e este é mais um facto a pesar na leitura final desta obra irónica e nostálgica, que mescla pessimismo e optimismo nas relações humanas, e que dá um retrato complexo e de uma singular elegância e despojamento, da condição humana, onde nada é perfeito, é certo, mas onde por vezes são as imperfeições que conferem graça e dão sentido à vida.
Profundamente literário na sua construção, com recurso frequente à voz de um narrador, ao pensamento ou aos diálogos em “voz off”, “Les Herbes Folles” é, todavia, um delicado e frágil objecto de arte cinematográfica que relembra a criatividade intensa de um autor que desde as curtas metragens do início de carreira nunca se acomodou a um modelo, mas investigou sempre nos terrenos da memória e do tempo, que nunca deixou de cruzar o tempo histórico e as paixões individuais, e que, apesar de ter surgido conjuntamente com a “nouvelle vague” nunca se identificou completamente com ela. Resnais é definitivamente de uma outra raça, dos criadores com um universo pessoal inconfundível. Ele cultiva desde há muito um jogo intenso que cruza contrários, a vanguarda e a cultura de massas, o drama dito “sério” e a loucura da “comédia de boulevard”, o musical e o puzzle de personagens e sentimentos. Do homem e da mulher, da História e da história.
Christian Gailly, descobrimo-lo na sua biografia, antes de escritor foi saxofonista. O seu romance evolui ao ritmo desses encontros e desencontros em que o jazz é fértil, nessa inspiração de momento, nesses improvisos que se estruturam e desestruturam de forma natural. Terá sido essa liberdade musical do texto literário que agradou a Resnais para dele extrair mais uma labiríntica aventura cujo significado mantém aberto para os espectadores o completarem a seu contento. Como é bonito e sugestivo um filme assim. Sofisticado e leve na aparência, denso e complexo na essência.
Uma viagem no cockpit de um aeroplano ao sabor do vento da liberdade. Como o amor. Como a vida.

Alain Resnais em rodagem:

AS ERVAS DANINHAS
Título original: Les Herbes Folles
Realização: Alain Resnais (França, Itália, 2009); Argumento: Alex Reval, Laurent Herbiet, segundo romance de Christian Gailly (L’Incident); Produção: Jean-Louis Livi, Julie Salvador; Música: Mark Snow; Fotografia (cor): Eric Gautier ; Montagem: Hervé de Luze ; Design de produção: Jacques Saulnier; Guarda-roupa: Jackie Budin; Maquilhagem: Flore Masson; Direcção de Produção: Jérémie Chevret, Guy Courtecuisse, Philippe Roux; Assistentes de realização: Matthieu Blanchard, Nathalie Depose, Christophe Jeauffroy; Departamento de arte: Pierre-Emmanuel Chatiliez, Jacky Hardouin, Yvan Hart ; Som: Nicolas Becker, Jean-Marie Blondel, Katia Boutin, Gérard Hardy; Efeitos visuais: Frederic Moreau, Sarah Moreau; Companhias de produção: F Comme Film, Studio Canal, France 2 Cinéma, BIM Distribuzione, Canal+ , TPS Star, Eurimages, Cinémage 3, Centre National de la Cinématographie (CNC), Région Ile-de-France; Intérpretes: André Dussollier (Georges Palet), Sabine Azéma (Marguerite Muir), Emmanuelle Devos (Josepha), Mathieu Amalric (Bernard de Bordeaux), Anne Consigny (Suzanne Palet), Michel Vuillermoz (Lucien d'Orange), Edouard Baer (voz do narrador), Annie Cordy (a vizinha), Sara Forestier, Nicolas Duvauchelle, Vladimir Consigny, Dominique Rozan, Jean-Noël Brouté, Elric Covarel, Valéry Schatz, Stefan Godin, Grégory Perrin, Roger Pierre, Paul Crauchet, Jean-Michel Ribes, Nathalie Kanoui, Adeline Ishiomin, Lisbeth Mornet-Arazi, Françoise Gillard, Magaly Godenaire, Rosine Cadoret, Vincent Rivard, Dorothée Blank, Antonin Minéo, Emilie Jeauffroy, Isabelle Des Courtils, Candice Charles, Patrick Mimoun, Cédéric Deruytère, Olivier Martinaud, etc. Duração: 104 minutos; Distribuição em Portugal: Atalanta Filmes; Classificação etária: M/ 12 anos (Qualidade); Estreia em Portugal: 1 de Abril de 2010.

sábado, maio 08, 2010

RUFUS WAINWRIGHT

:

RUFUS WAINWRIGHT NA AULA MAGNA


Canadiano de nascimento, membro ilustre de uma família de cantores e músicos, Rufus Wainwright esteve na Aula Magna a dar mais uma lição. Entrou em silêncio (o mesmo silêncio que pediu ao público para acatar durante a primeira parte do concerto), num palco fundido em negro, apenas atravessado pela luz que jorrava por detrás de si, envergava longa capa de quilométrica cauda, o passo compassado, o piano ao fundo, como alvo, onde tocou ininterruptamente, durante cerca de uma hora, as canções do seu novo álbum, “All Days Are Nights: Songs For Lulu”, dedicado a sua mãe, a cantora Kate McGarrigle, desaparecida em 2009. Foi uma hora de luto convertida numa dolente balada de palavras e sons, em várias áreas, prolongada por uma projecção de Douglas Gordon no ecrã, igualmente dorida e negra. Um lamento absolutamente sublime, que Rufus (nem o seu público) não podia admitir entrecortado por aplausos ou manifestações alheias. Uma homenagem que cruza a balada, a toada do musical americano e o requiem operático, que muitos não esperavam ou não compreenderam. Para mim foi o melhor do concerto, a surpresa, a revelação de um génio múltiplo.
Na segunda parte, esteve o Rufus Wainwright que todos esperavam, aquele de quem se queriam ouvir as canções já conhecidas e consagradas. Que se fizeram ouvir com o requinte e a intensidade a que este cantautor nos habituou. Nostalgia e humor, vibração e "Cigarettes and Chocolate Milk", as canções sobre sonetos de Shakespeare, ou "Beauty Mark", "Matinee Idol", "Nobody's Off The Hook", "Memphis Skyline", "Art Teacher", "Cigarettes and Chocolate Milk", "Poses", "Leaving For Paris", entre muitas outras, deliciaram o público que queria aquilo mesmo e teve o “performer” exuberante e por vezes excêntrico. Mas o “performer” contido e rigoroso do luto carregado com que abriu o espectáculo foi o sobressalto desta noite que nos faz aguardar com muita expectativa a sua estreia como autor da ópera “Prima Dona”, estreada em finais de 2009 nos EUA.

Segundo indicações do site da revista “Blitz”,
o espectáculo teve o seguinte alinhamento:

I ACTO
1. Who Are You New York
2. Sad With What I Have
3. Martha
4. Give Me What I Want and Give It To Me Now!
5. True Loves
6. Sonnet 43
7. Sonnet 20
8. Sonnet 10
9. The Dream
10. What Would I Ever Do With A Rose?
11. Les Feux d'artifice t'appellent
12. Zebulon

II ACTO

1. Beauty Mark
2. Grey Gardens
3. Nobody's Off The Hook
4. Matinee Idol
5. Memphis Skyline
6. Art Teacher
7. Leaving For Paris
8. Vibrate
9. Little Sister
10. Dinner at Eight
11. Cigarettes and Chocolate Milk
12. Poses
13. Going To A Town
14. The Walking Song

Foto do concerto de Lisboa, de Rita Carmo/Blitz

sábado, maio 01, 2010

VAVADIANDO COM JÚLIO ISIDRO

:
Uma boa tertúlia à volta de Júlio Isidro