

Comentário aparecido no meu blogue e que julgo merecedor de um post:
Há dias li a mui douta opinião do Lauro António sobre o filme "Austrália" e sinceramente apesar do que se diz por aí fiquei muito interessado em ver o filme. Ainda não o consegui. Mas chamou-me a atenção a crónica da senhora crítica da "Visão" de 31.12.08. Para a dita senhora o filme é execrável pelos vistos. E eu pergunto. O que poderá levar pessoas que percebem de cinema a dizerem muito bem enquanto outros dizem muito mal ? Afinal deveremos seguir a opinião dos críticos ou apenas guiarmo-nos pela nossa sensibilidade? Uma boa tarde - Palma –Louletania
Meu caro Palma, da Louletania: ora aqui está uma questão extremamente interessante. As críticas oficiais de ditos "especialistas", claro que podem ser importantes, mas não passam disso mesmo, opiniões, como tal discutíveis. Os “críticos” ou os “especialistas” têm uma visão “por vezes” estribada em conhecimentos técnicos e artísticos (por exemplo: se são profissionais da mesma arte), devem ter informações mais profundas que o espectador normal, mas não passam de opiniões. Respeitáveis, mas opiniões. Cada pessoa, especialista ou não, gosta ou não gosta de algo, julga uma obra, com base numa experiência pessoal que é só sua. Irrepetível. Por isso há quem ame e há quem deteste a mesma obra. Nada de surpreendente. O cidadão deve estar habituado à diferença, e julgar por si mesmo. Não nos devemos abespinhar por A dar uma bola preta e B cinco estrelas ao mesmo filme. Uma diferença estética, uma divergência ideológica impõem por vezes essa inversão total de valores. É assim mesmo e o cidadão tem apenas de aceitar a diferença, e depois, se possível escolher aquele que está mais de acordo com a sua própria sensibilidade e cultura, ciente de que não estará nunca a cem por cento de acordo com alguém.
Mas há ainda um outro problema relativo à crítica, por exemplo cinematográfica: Eu julgo (e escrevi, e escrevo tendo em conta este julgamento), que um crítico não deve impor a sua opinião aos filmes que vê. Um crítico deve estar aberto ao que cada filme propõe. Eu tenho, como realizador, por exemplo, um certo tipo de filmes que quero fazer, e só os faço da maneira que eu julgo a minha (por isso, faço pouco filmes, mas os que faço são inteiramente como quero, dentro das condicionantes da produção). Como crítico, porém não imponho esse modelo aos filmes que vejo e de que falo ou escrevo. Tento perceber o que cada filme pretende e verificar se o atinge, desde que os processos e as intenções me pareçam honestos e legítimos. Não desconsidero um filme por ser vanguardista, nem outro por ser comercial, não nego um por optar por uma estética nem valorizo outro por seguir uma outra. Cada um no seu campo pode ser bom. É obvio que deve sentir-se sempre no que escrevo um entusiasmo mais nítido por certa obra que me é mais familiar. É humano. Mas tento respeitar o que vejo ou leio ou ouço em função das intenções dos autores.
Quanto ao cidadão consumidor de arte, qualquer que seja a sua forma de expressão, só vejo uma atitude salutar: julgar por si próprio, e ler as críticas para contrapor ao seu julgamento, para com elas se debater, para colher um ou outro informe que não possui, para se situar por vezes num terreno que não domina completamente. Mas nunca para seguir como carneiro em rebanho a opinião dominante ou não.
A liberdade de julgamento é um dos nossos direitos mais inalienáveis. Mas sabe-se também que a liberdade é difícil, dá trabalho, obriga a tomar posição em tudo. Muitos escudam-se na opinião dos “leaders” ou dos “opions makers” e não questionam o que vêem ou lêem ou ouvem. Seguem o que lêe, sem questionar nada. O que se passa no domínio das artes, passa-se no domínio da política. Às vezes saem-se mal e vão atrás de manipuladores de opinião mal intencionados ou fascistas encapotados de democratas que vendem sonhos de paraísos terrestres. Infelizmente o que há mais são carneirinhos enlevados por lobos sedentos de sangue fresco. Sóo descobrem tarde demais. Por isso, cada um deve analisar bem, por si, antes de alinhar com as doces palavras que lhe vêem de fora.
No caso de “Austrália”, por exemplo, veja primeiro, e diga-me depois qual o veredicto. Se não estiver de acordo com o que escrevi, eu não me importo, continuo a lê-lo (não sei onde, mas pelo menos aqui, nos comentários) e a achar que “Austrália é um bom filme”.
Há dias li a mui douta opinião do Lauro António sobre o filme "Austrália" e sinceramente apesar do que se diz por aí fiquei muito interessado em ver o filme. Ainda não o consegui. Mas chamou-me a atenção a crónica da senhora crítica da "Visão" de 31.12.08. Para a dita senhora o filme é execrável pelos vistos. E eu pergunto. O que poderá levar pessoas que percebem de cinema a dizerem muito bem enquanto outros dizem muito mal ? Afinal deveremos seguir a opinião dos críticos ou apenas guiarmo-nos pela nossa sensibilidade? Uma boa tarde - Palma –Louletania
Meu caro Palma, da Louletania: ora aqui está uma questão extremamente interessante. As críticas oficiais de ditos "especialistas", claro que podem ser importantes, mas não passam disso mesmo, opiniões, como tal discutíveis. Os “críticos” ou os “especialistas” têm uma visão “por vezes” estribada em conhecimentos técnicos e artísticos (por exemplo: se são profissionais da mesma arte), devem ter informações mais profundas que o espectador normal, mas não passam de opiniões. Respeitáveis, mas opiniões. Cada pessoa, especialista ou não, gosta ou não gosta de algo, julga uma obra, com base numa experiência pessoal que é só sua. Irrepetível. Por isso há quem ame e há quem deteste a mesma obra. Nada de surpreendente. O cidadão deve estar habituado à diferença, e julgar por si mesmo. Não nos devemos abespinhar por A dar uma bola preta e B cinco estrelas ao mesmo filme. Uma diferença estética, uma divergência ideológica impõem por vezes essa inversão total de valores. É assim mesmo e o cidadão tem apenas de aceitar a diferença, e depois, se possível escolher aquele que está mais de acordo com a sua própria sensibilidade e cultura, ciente de que não estará nunca a cem por cento de acordo com alguém.
Mas há ainda um outro problema relativo à crítica, por exemplo cinematográfica: Eu julgo (e escrevi, e escrevo tendo em conta este julgamento), que um crítico não deve impor a sua opinião aos filmes que vê. Um crítico deve estar aberto ao que cada filme propõe. Eu tenho, como realizador, por exemplo, um certo tipo de filmes que quero fazer, e só os faço da maneira que eu julgo a minha (por isso, faço pouco filmes, mas os que faço são inteiramente como quero, dentro das condicionantes da produção). Como crítico, porém não imponho esse modelo aos filmes que vejo e de que falo ou escrevo. Tento perceber o que cada filme pretende e verificar se o atinge, desde que os processos e as intenções me pareçam honestos e legítimos. Não desconsidero um filme por ser vanguardista, nem outro por ser comercial, não nego um por optar por uma estética nem valorizo outro por seguir uma outra. Cada um no seu campo pode ser bom. É obvio que deve sentir-se sempre no que escrevo um entusiasmo mais nítido por certa obra que me é mais familiar. É humano. Mas tento respeitar o que vejo ou leio ou ouço em função das intenções dos autores.
Quanto ao cidadão consumidor de arte, qualquer que seja a sua forma de expressão, só vejo uma atitude salutar: julgar por si próprio, e ler as críticas para contrapor ao seu julgamento, para com elas se debater, para colher um ou outro informe que não possui, para se situar por vezes num terreno que não domina completamente. Mas nunca para seguir como carneiro em rebanho a opinião dominante ou não.
A liberdade de julgamento é um dos nossos direitos mais inalienáveis. Mas sabe-se também que a liberdade é difícil, dá trabalho, obriga a tomar posição em tudo. Muitos escudam-se na opinião dos “leaders” ou dos “opions makers” e não questionam o que vêem ou lêem ou ouvem. Seguem o que lêe, sem questionar nada. O que se passa no domínio das artes, passa-se no domínio da política. Às vezes saem-se mal e vão atrás de manipuladores de opinião mal intencionados ou fascistas encapotados de democratas que vendem sonhos de paraísos terrestres. Infelizmente o que há mais são carneirinhos enlevados por lobos sedentos de sangue fresco. Sóo descobrem tarde demais. Por isso, cada um deve analisar bem, por si, antes de alinhar com as doces palavras que lhe vêem de fora.
No caso de “Austrália”, por exemplo, veja primeiro, e diga-me depois qual o veredicto. Se não estiver de acordo com o que escrevi, eu não me importo, continuo a lê-lo (não sei onde, mas pelo menos aqui, nos comentários) e a achar que “Austrália é um bom filme”.