sexta-feira, abril 30, 2010

Workshop para Professores: "Think 2010"

: THINK 2010
EM VILA NOVA DE PAIVA

Vila Nova de Paiva, que não conhecia. Intercidades até Mangualde, boleia da organização do “Think 2010” até ao auditório desta vila onde pelas 17 horas tinha encontro marcado para um workshop a que a organização deu o título de “Da magia do Cinema”.
“Think 2010” foi criado como um “ciclo de workshops para professores/educadores e todos os elementos da comunidade escolar e local, que será dinamizado durante uma semana e tem como objectivo a dinamização de momentos de formação assentes numa perspectiva não-formal e informal para partilha, colaboração e transferências de ideias, conversas e "saberes" integrado num projecto de excelência e inovação na Escola Pública em Portugal.” Durante uma semana, cada dia em cinco espaços diversos, “professores/educadores e elementos da comunidade escolar local” (mas não só: havia professores idos de muitas outras regiões de Portugal, até dos Açores), tomaram contacto com vários saberes e deram satisfação a algumas dúvidas (ou criaram outras, o que também é muito saudável). Desde a culinária às artes do circo, da escrita criativa ao cinema, houve um pouco de tudo. Muito público ávido de ouvir e discutir. Tanto público que eu esperava cerca de 40 pessoas, e fui colocado num auditório com mais de 100 pessoas, o que me obrigou a repensar toda a estratégia para a apresentação. A ideia foi lançar questões sobre a educação para o cinema e o audiovisual, e igualmente sobre a educação pelo cinema e o audiovisual. Duas horas e tal de amena cavaqueira, num belíssimo complexo, auditório, anfiteatro ao ar livre, diversas salas com outros workshops, salas para exposições, e muito mais, tudo isto numa vila com 3.000 habitantes, num concelho com 6.000. Nada mau como mobilização, sobretudo porque se sentia, quer da parte da organização e como dos participantes, um louvável espírito de comunhão.
Acção de formação em período pós laboral que demonstrou que os professores portugueses estão inquietos e motivados para outras jornadas que não sejam apenas seguir as orientações de sindicalistas em luta política com o governo.
Um tempo quente, uma paisagem luxuriante de uma Primavera que oscila entre o Inverno e o Verão sem se definir, campos de vinhas bem tratadas que são do melhor “Dão”, e, depois de uma noite bem dormida numa agradável estalagem, Mira Paiva, o regresso a Lisboa, Mangualde, Intercidades, para chegar a tempo de ir ver à Culturgeste, um magnífico filme de Joana Pontes e António Barreto, “As Horas do Douro”. De novo as vinhas, agora as do Douro, mas da obra falarei amanhã, com mais vagar e a certeza de que umas horas a fermentar ajudarão a cimentar o sabor de uma boa colheita.
As fotos são da MEC.
sobre o Think 2010, ver AQUI

domingo, abril 25, 2010

ESCREVO O TEU NOME

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LIBERDADE

É pela ironia que começa a liberdade
Victor Hugo

Tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade
Victor Hugo

Há muito poucas repúblicas no mundo, e mesmo assim elas devem a liberdade aos seus rochedos ou ao mar que as defende. Os homens só raramente são dignos de se governar a si mesmos
Voltaire

A verdadeira liberdade é podermos tudo por nós
Montaigne

A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis consentem
Montesquieu

A liberdade, esse bem que nos permite desfrutar dos outros bens
Montesquieu

A liberdade tem limites que a justiça lhes impõe
Jules Renard

Só é digno da liberdade, como da vida, aquele que se empenha em conquistá-la
Goethe

Não há sujeição tão perfeita como aquela que conserva a aparência da liberdade; dessa forma, cativa-se a própria vontade
Rousseau

Depois da liberdade desaparecer, resta um país, mas já não há pátria
Chateaubriand

Apenas é igual a outro quem prova sê-lo e apenas é digno da liberdade quem a sabe conquistar
Baudelaire

O homem que reclama a liberdade está a pensar na felicidade
Aveline , Claude Tema: Liberdade

A exigência de liberdade é uma exigência de poder
John Dewey

A liberdade é um dos dons mais preciosos que o céu deu aos homens. Nada a iguala, nem os tesouros que a terra encerra no seu seio, nem os que o mar guarda nos seus abismos. Pela liberdade, tanto quanto pela honra, pode e deve aventurar-se a nossa vida
Cervantes

Se o homem falhar em conciliar a justiça e a liberdade, então falha em tudo
Albert Camus

Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro
Albert Camus

Um homem não pode ser mais homem do que os outros, porque a liberdade é semelhantemente infinita em cada um
Jean-Paul Sartre

Quando é preciso escolher entre liberdade e erudição, quem não dirá que prefere mil vezes a primeira?
Gandhi

Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir
George Orwell

A liberdade é um bem comum, e se todos não desfrutam dela, não serão livres nem os que se julgam como tal
Miguel Unamuno

Quem se torna senhor de uma cidade habituada a viver em liberdade e não a destrói, espere para ser destruído por ela
Maquiavel

São a força e a liberdade que fazem os homens virtuosos. A fraqueza e a escravidão nunca fizeram nada além de pessoas más
Jean Jacques Rousseau ,

Sem a liberdade de criticar não existe elogio lisonjeiro
Beaumarchais

É um estranho desejo, desejar o poder e perder a liberdade
Francis Bacon

Quando o despotismo está nas leis, a liberdade encontra-se nos costumes, e vice-versa
Balzac

quinta-feira, abril 22, 2010

VAVADIANDO COM JÚLIO ISIDRO, DIA 30 DE ABRIL, 20 H

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UM BOM FILME

Um pouco violento, talvez, mas vale a pena ver.

A violência não está no filme, está na realidade.

domingo, abril 11, 2010

PRÉMIOS DE TELEVISÃO 2009



Prémios "TV7 Dias" de Televisão 2009

A revista “TV 7 Dias”, do grupo Impala, inaugurou os “Prémios TV7 Dias de Televisão”, para sublinhar a importância da televisão que se faz em Portugal e o trabalho dos seus melhores artífices. A cerimónia da entrega desses galardões realizou-se na passada quinta-feira, dia 8, no Teatro Politeama.
A ideia foi ensanduichar “A Gaiola das Loucas”, que ali se apresenta todas as noites, com três momentos de anúncio dos nomeados e proclamação dos vencedores, apresentados, um por Tânia Ribas de Oliveira e João Baião, a abrir, outro por Vanessa Oliveira e Daniel Oliveira, no intervalo, e, outro, a fechar, por Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha. A cerimónia correu bem, foi divertida e bem disposta, contou com a presença de muitos profissionais dos vários canais abertos a operar em Portugal, mas foi muito longa. Algo a rever no futuro, obviamente.

Os vencedores dos "I Prémios TV7 Dias de Televisão" foram:

Entretenimento:
Melhor programa: Ídolos (SIC)
Melhor talk-show: Você na TV! (TVI)
Melhor apresentadora: Júlia Pinheiro (TVI)
Melhor apresentador: José Carlos Malato (RTP)

Humor:
Melhor programa: Gato Fedorento- Esmiúça os Sufrágios (SIC)
Melhor actriz/ humorista: Maria Vieira (RTP)
Melhor actor/ humorista: Ricardo Araújo Pereira (SIC)

Informação:
Melhor programa: Grande Entrevista (RTP)
Melhor reportagem/ documentário: Infância Traficada (TVI)
Melhor jornalista/ apresentadora: Clara de Sousa (SIC)
Melhor jornalista/ apresentador: José Rodrigues dos Santos (RTP)
Melhor comentador: Marcelo Rebelo de Sousa (RTP)

Séries:
Melhor série: Conta-me Como Foi (RTP)
Melhor série infanto-juvenil: Morangos com Açúcar VII (TVI)
Melhor actriz: Benedita Pereira (TVI)
Melhor actor: Miguel Guilherme (RTP)

Telenovelas:
Melhor telenovela: Deixa que te Leve (TVI)
Melhor actriz: Margarida Marinho (TVI)
Melhor actor: Nicolau Breyner (TVI)
Melhor actriz secundária: Maria João Luís (TVI)
Melhor actor secundário: André Nunes (TVI)
Melhor música de genérico: Mais um Dia,Meu Amor, TVI)

Outras categorias:
Melhor programa cultural: 35 MM (SIC Notícias)
Melhor programa desportivo: Liga dos Últimos (RTP)
Melhor programa social: Alta Definição (SIC)

Troféu Memória: Raul Solnado
Troféu Prestígio: Júlio Isidro
Troféu Carreira: Herman José

Vistos os premiados, pouco haverá a dizer ou desizer. Em cada categoria havia três nomeados por um júri de gente ligada à televisão e à Impala, e dentre os nomeados o público votou. Votou, está votado.
São estes os melhores em todas as categorias? Quem sou eu para me opor a uma votação, que tem todos os riscos inerentes ao sistema. Mas uma coisa vos posso garantir: ganhar a estatueta numa categoria qualquer não quer dizer que se seja bom, pode ser-se apenas o melhor ou, por outras palavras, o menos mau no grupo em questão.
A televisão em Portugal não está assim de tão boa saúde, mas há que reconhecer, por outro lado, que há muitos prémios merecidos, e que a organização de um evento como este se justifica inteiramente. Mas entregue nas mãos de alguém ou de uma entidade que não tenha nada a ver com nenhum dos canais em disputa. Como agora se verificou.
Por favor não voltem à velha fórmula que era uma estação atribuir a si a maioria dos prémios e querer passar por muito idónea e justa.
Mas já há ameaças no horizonte. Já houve quem dissesse, julgo que de boa fé, que “os canais se tinham de reunir e falarem entre si para voltarem a estarem na iniciativa”.
Acho muito bem: transmitindo em directo esta cerimónia da “TV 7 Dias”. Para não melindrar ninguém até ofereço um alvitre: cada canal transmite um ano, e sorteiam a ordem. Mas, por favor, não se voltem a intrometer numa atribuição que tem de ter o máximo de transparência e honestidade. Como em muitas outras organizações, aqui não basta sê-lo, é preciso sê-lo e parecê-lo também.
Veja Aqui imagens da festa

domingo, abril 04, 2010

CINEMA: CRAZY HEART

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CRAZY HEART

“Crazy Heart” não é um grande, grande filme, mas é uma obra simpática, com bons desempenhos e dois Oscars (actor e canção), ambos inteiramente merecidos, sobretudo o de Jeff Bridges. Não se percebe, por isso, muito bem que o filme vá parar directamente ao lançamento de DVD, e não passe por uma sala de cinema em Portugal. Este lançamento envergonhado de um filme que esteve na corrida dos Oscars parece querer dizer que esta é uma obra produzida sem grandes ambições e que uma passagem num canal televisivo e um lançamento em DVD pagam a encomenda e justificam os encargos. Assim seja, mas Jeff Bridges mereceria mais.
Histórias de cantores “country” é o que não falta no cinema americano. Bons filmes sobre eles também não, basta recordar a obra-prima de Robert Altman, “Nashville”. É sabido que o “country” é o território do maior conservadorismo musical por terras americanas, o que tem dado bons temas para romances e filmes. A defesa dos valores tradicionais é o lema, e “Crazy Heart” não poderia ser mais paradigmático. Há uma certa nostalgia rebelde nas canções de “Bad Blake”, o “Cow boy do amor”, mas no final ele é o exemplo vivo dessa América de Reagan e Bush, chauvinista na defesa da Pátria e da Família, mas enfrascando-se em whisky para aguentar a melancolia e a amargura do falhanço. Curioso que os cantores de “country” não são muito olhados como consumidores de drogas, mas sim de álcool, coisa de machos. A alienação pode ser a mesma, mas a forma de a fazer esquecer é “viril”. “Bad Blake” é isso tudo, bebe desalmadamente, fuma, deita-se com mulheres, não as jovens “groupies” dos seus tempos de glória, mas frustradas fãs de peles flácidas que o procuram como se ele fosse o elixir da juventude. Vai consumindo com ligeireza quem se lhe atravessa no caminho, mas já conta com quatro casamentos e um filho de 28 anos que não vê desde os quatro. “Bad Blake” já foi muito bom naquilo que faz, escreveu canções que ninguém esquece, lançou jovens que se tornaram ídolos, como é o caso de Tommy Sweet (surpreendente Colin Farrell), de quem agora tem uns ciúmes incomensuráveis, mas a saúde é fraca e sobrevive esparramado em velhos sofás, emborcando garrafas de álcool e vomitando as tripas, adormecendo ao volante nas ressacas que o levam ao hospital, ou subindo a palcos de quinta categoria numa solitária tournée de velha e decadente glória. Um dia encontra a sobrinha (Maggie Gyllenhaal) de um bom pianista, que é jornalista em Santa Fé, apaixona-se por ela e pelo filho de quatro anos, de uma anterior relação fracassada, e resolve abrir o espectáculo do seu antigo protegido, que afinal é bom rapaz e não esquece quem lhe abriu as portas do sucesso. O “happy end” não é total, o que reverte a favor do filme, já de si bastante previsível e ligado por lugares comuns que fizeram escola neste tipo de filmes, mas anda por lá perto. Acontece que Jeff Bridges é brilhante na criação da personagem e na sua caracterização, instalando-se na figura como se sempre a tivesse habitado, com tiques e pequenas anotações de subtil sabedoria. De Colin Farrell já falámos, de Maggie Gyllenhaal não há muito mais a dizer, a nomeação já foi bastante, quanto a Robert Duvall, que também é produtor (tal como o próprio Jeff Bridges), faz uma perninha simpática.
A banda sonora é boa, a fotografia cria ambientes de certa densidade e capta paisagens de belo efeito, mas a construção do argumento e a realização não ultrapassam muito a banalidade bem comportada, com pinceladas de sugestivo bom gosto. Scott Cooper é conhecido como actor, estreia-se aqui na realização e na escrita do argumento, adaptando um romance de Thomas Cobb. Ao argumento, porém, falta alguma tensão e outra desenvoltura dramática, por vezes parece arrastar-se como o próprio “Bad Blake”, num sentimentalismo destemperado. Na realização, a pecha é a mesma, ainda que consiga, aqui e ali, bons planos e alguns enquadramentos que relembram pintores da noite e de interiores norte-americanos. É pouco, é muito? É o que há, mas para ver Bridges vale a pena.
CRAZY HEART
Título original: Crazy Heart
Realização: Scott Cooper (EUA, 2009); Argumento: Scott Cooper, segundo romance de Thomas Cobb; Produção: Eric Brenner, Jeff Bridges, T-Bone Burnett, Judy Cairo, Rob Carliner, Scott Cooper, Robert Duvall, Michael A. Simpson, Alton Walpole; Música: Stephen Bruton, T-Bone Burnett; Fotografia (cor): Barry Markowitz; Montagem: John Axelrad; Casting: Mary Vernieu; Design de produção: Waldemar Kalinowski; Direcção artística: Ben Zeller; Decoração: Carla Curry; Guarda-roupa: Doug Hall; Maquilhagem: Tarra D. Day, Geordie Sheffer; Direcção de Produção: Dawn Todd, Alton Walpole; Assistentes de realização: Sarah Lemon, Chemen Ochoa, Marcia Woske; Som: Paula Fairfield, Carla Murray; Efeitos especiais: Scott Hastings; Efeitos visuais: Paul Lavoie; Companhias de produção: Butcher's Run Films, Informant Media; Intérpretes: Jeff Bridges (Bad Blake), Maggie Gyllenhaal (Jean Craddock), Colin Farrell (Tommy Sweet), Robert Duvall (Wayne), James Keane (Manager), Anna Felix, Paul Herman, Tom Bower, Ryan Bingham, Beth Grant, Rick Dial, Debrianna Mansini, Jerry Handy, Jack Nation, Ryil Adamson, J. Michael Oliva, David Manzanares, Chad Brummett, José Marquez, LeAnne Lynch, William Marquez, Richard W. Gallegos, Brian Gleason, Harry Zinn, Josh Berry, William Sterchi, etc. Duração: 112 minutos; Sem distribuição em Portugal. Aguarda lançamento em DVD.

sábado, abril 03, 2010

FELIZ PÁSCOA!

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Com Bing Crosby

Com Judy Garland e Fred Astaire

sexta-feira, abril 02, 2010

CURSO DE HISTÓRIA DO CINEMA - O MUDO

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Entre 19 de Abril a 29 de Junho de 2010

Curso HISTÓRIA DO CINEMA I
o cinema mudo


Formador:
Lauro António
Promoção e Organização:
Europa Viva
Parceria:
Reitoria da Universidade de Lisboa

PROGRAMA:

Sessão 1 (19 de Abril) – O nascimento do cinema
Filmes dos Lumiére e Méliès.

Sessões 2 (20 de Abril) e 3 (26 de Abril) – O nascimento da narrativa clássica
Filmes: “O Nascimento de uma Nação” e “O Lírio Quebrado” de David W. Griffith.

Sessões 4 (27 de Abril), 5 (3 de Maio) e 6 (17 de Maio) – O Expressionismo
Filmes: “O Gabinete do Dr. Caligari” de Robert Wiene, “Metropolis” de Fritz Lang, “Nosferatu” de F.W. Murnau

Sessões 7 (24 de Maio) e 8 (31 de Maio) - Surrealismo e Vanguardas
Filmes “Un Chien Andalou” e “L’ Age d’Or”, ambos de Luís Buñuel e “Berlim, Sinfonia de uma Cidade” de Walther Ruttmann.

Sessões 9 (7 de Junho) e 10 (21 de Junho) – O construtivismo soviético
Filme “O Couraçado Potemkin” de Sergei Eisenstein, e “O Homem da Máquina de Filmar” de Dziga Vertov

Sessões 11 (28 de Junho) e 12 (29 de Junho) – O burlesco americano
Filmes “A Quimera do Ouro”, de Charles Chaplin, e “Pamplinas, Maquinista”

Horário: 18:30 – 20:30 (aproximadamente)
Local: Reitoria da Universidade de Lisboa
Dias 20 e 26 de Abril - Espaço Europa Viva – Edifício C 7 – Faculdade de Ciências – - Cidade Universitária

FILMES A EXIBIR EXTRA SESSÕES
“Fantomas” de Louis Feuillade (dia 21 de Abril)
“Cabíria” de G. Patrone (dia 28 de Abril)
“O Tesouro de Arne” de Mauritz Stiller (dia 4 de Maio)
“Aurora” de F. W. Murnau (dia 18 de Maio)
“Outubro” de Sergei Eisenstein.(dia 8 de Junho)
“A Mãe” de Pudovkin (dia 15 de Junho)
“O Anjo Azul” de Sternberg (dia 22 de Junho)
“Matou” de Fritz Lang (dia 30 de Junho).

Calendário:
A indicar.
Horário: 18:30 – 20:30 (aproximadamente)
Local: Espaço Europa Viva – Edifício C 7 – Faculdade de Ciências - Cidade Universitária

Preços para Sócios da Europa Viva e Estudantes UL
Curso História do Cinema I - 90€
Condições de pagamento: 40€ no acto de inscrição + 50€ até ao dia 31 de Maio
Curso História do Cinema I + Ciclo Cinemas da Europa - 190€
Condições de pagamento: 40€ no acto de inscrição + 50€ até ao dia 31 de Maio + 50€ até ao dia 31 de Agosto + 50€ até ao dia 30 de Novembro
Preços para o restante público
Curso História do Cinema I - 120€
Curso História do Cinema I + Ciclo Cinemas da Europa - 220€
Condições de pagamento: 50% no acto da inscrição + 50% até a um mês antes do fim da iniciativa

Inscreva-se pelos e-mails:
paulalemos@europaviva.eu
europaviva@europaviva.eu
Ou pelos telefones:
91 901 48 72 / 96 565 38 34

quinta-feira, abril 01, 2010

CINEMA: SHUTTER ISLAND

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SHUTTER ISLAND
Uma corveta ou um navio-patrulha de uma instituição militar ou policial atravessa as águas dirigindo-se para uma ilha. No interior do barco, dois “marshals” da polícia federal. O clima é, desde as primeiras imagens, ameaçador. As nuvens no céu, as cores densas, saturadas, que vão do castanho-escuro ao azul intenso, passando por várias gamas de cinzento. O ruído da corveta rasgando a água. A indisposição física de um dos polícias, que vomita, e se descobre visivelmente alterado, no rosto, no corpo. Roupas de um castanho sem vida e uma gravata verde, a contrastar, recordação de um casamento passado e de uma mulher morta num incêndio provocado por um lunático. Este é Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) que se aproxima de uma ilha, acompanhado por Chuck Aule (Mark Ruffalo). O filme chama-se “Shutter Island”, não se sabe nada sobre o que vai acontecer depois, mas o clima dirá que coisa boa não é. O espectador está completamente “apanhado”, agarrado de mãos e pés ao que se irá passar a seguir, e deve dizer-se que a ameaça de pesadelo se cumpre integralmente. Trata-se de mais um filme de Martin Scorsese, um realizador que nunca erra, e que voltará às suas geniais obsessões patológicas, com protagonistas perfeitamente enredados numa loucura contagiante. Quem não se lembra de “Taxi Driver”, “Touro Enraivecido”, “O Rei da Comédia”, “Nova Iorque Fora de Horas”, “A Cor do Dinheiro”, “O Cabo do Medo”, “A Última Tentação de Cristo”, “Por Um Fio”, “O Aviador” ou “Entre Inimigos”? Há por aqui obsessões para todos os gostos e um rasto de loucura que não se esquece facilmente. “Shutter Island” apenas prolonga este trajecto, mas agora num clima de “hui clos” que a situação geográfica de uma ilha e o isolamento da loucura acentuam.
Na verdade, Teddy Daniels e Chuck Aule dirigem-se para uma ilha, mas uma ilha muito especial, toda ela ocupada por uma fortaleza inexpugnável, um castelo muralhado por fios eléctricos de alta tensão, um hospício-prisão destinado a criminosos dados como “mentalmente inimputáveis”. Era para esta “Shutter Island” que, nos anos 50, se enviavam criminosos julgados, nos tribunais dos EUA, por diversas acusações e que eram dados como loucos. Nessa ilha desapareceu da sua cela, fechada a sete chaves, e sem deixar rasto, uma prisioneira (ou melhor, “uma paciente”, rectifica o director da clínica). Teddy e Chuck viajam para decifrar o enigma. Para tentar descobrir como essa criminosa que havia morto os filhos se conseguira esgueirar de um quarto fechado. Uma fuga sem levar sapatos. Uma fuga que parece ter deixado todo o pessoal da ilha, “pacientes” e guardas, enfermeiros e médicos, inquietos e apreensivos. “Parece”, digo bem, pois o que parece tem muita importância neste filme onde nada é o que parece, nem nada do que é, parece. O que vemos e ouvimos , o que nos mostram e nos contam, o que se confessa ou o que se investiga “parece” participar desse clima de loucura generalizada que esta ilha encerra. Mas será esta ilha uma ilha ou será esta ilha o interior de um homem, ou uma representação miniaturista deste nosso mundo? Pois esse será um dos percursos do filme, deste brilhante exercício de estilo (e não só de “estilo”, pois este “estilo” não sobrevive no vazio, mas entronca no mais íntimo de todos nós e na psicose colectiva de uma sociedade violenta e culpabilizada).
Martin Scorsese regressa, portanto, em grande forma, depois desse notável “Entre Inimigos”, e volta a revisitar a sua cinefília, os filmes que lhe marcaram a juventude, os policias brutais e os “thrillers” obsessivos, as intrigas asfixiantes, os hospitais psiquiátricos de Samuel Fuller, os Mabuses de Fritz Lang, as enredadas teias em que caíam Robert Mitchum ou Kirk Douglas, James Cagney ou Robert Ryan, Ray Milland ou Stephan Boyd.
O belíssimo argumento, desenvolvido com uma mestria ofegante, é da responsabilidade de Laeta Kalogridis, adaptando um “best seller” de Dennis Lehane (autor de “Mystic River” e “Vista pela Última Vez...”). Raras vezes um filme nos retira o tapete de debaixo dos pés com tal sapiência e habilidade. Sem sentirmos a sensação de artifício laboriosamente construído, mas com a perturbante certeza de que nada é certo e seguro no que vemos e envolve essas personagens “doentes” que vagueiam dentro e fora das celas, e sofrem lobotomias para neutralizar a “diferença” e as tornar vegetais sem vontade.
A passagem Teddy Daniels pelo hospício parece desenvolver uma certa animosidade ou, pelo menos, desconfiança. Teddy não aceita bem a forma como o hospício é gerido, vive abalado pela morte da mulher, que recorda amiúde, bem assim como por episódios traumáticos da sua vida militar, quando, durante a II Guerra Mundial, libertou um dos campos de concentração nazis, e descobriu o horror em Dachau nos olhos dos prisioneiros, nos cadáveres empilhados, nas fossas esventradas que gritavam por justiça, na impunidade dos guardas alemães, que imagina igualmente massacrados. Teddy acredita que um antigo general nazi (Max von Sydow) se encontra escondido no hospício. Acredita que o prestável e discreto Dr. Cawley, director da clínica (Ben Kingsley), tem algo a esconder. Intriga-o o farol que pode encobrir experiências inaceitáveis. Invoca a “caça às bruxas” para comprometer a direcção numa teoria de conspiração que tentaria calar vozes incómodas. Um apagão serve-lhe de pretexto para investigar suspeitas, viajar pela ilha, invadir zonas interditas. Da Ilha, da fortaleza ou do seu próprio cérebro? Ou do seu próprio passado?
O que está certo ou o que está errado? Viver a realidade de um pesadelo ou aceitar a liquidação da vontade, e sujeitar-se à lobotomia? Que se passa em “Shutter Island”? Que se passa no mundo? Que se passa em nós próprios?
Uma certeza: nada parece o que é, nada é o que parece.
Excelentes interpretações, uma fotografia invulgarmente soturna e angustiante (Robert Richardson), uma narrativa envolvente com os seus tentáculos de loucura, movimentos de câmara inquietantes (um “travelling” a entrar pela ilha e pelos corredores do hospício), enquadramentos de cortar a respiração (um “contre plongée” captando personagens no cima de uma ravina, olhando as falésias e o mar), uma banda sonora particularmente inspirada, uma montagem que não dá tréguas, mas quase se não nota (como sempre, da responsabilidade da velha cúmplice de Scorsese, Thelma Schoonmaker) transformam “Shutter Island” numa pequena pérola de absorvente angústia e perturbação. Martin Scorsese continua um mestre.
Sobre lobotomia

A lobotomia de que fala o filme foi uma invenção do médico português Egas Moniz, que fazia equipa com o cirurgião Almeida Lima, na Universidade de Lisboa. Corria o ano de 1935. Egas Moniz recebeu o Prémio Nobel da medicina por esta descoberta. A lobotomia, ou a leucotomia, é uma intervenção cirúrgica no cérebro, “onde são seccionadas as vias que ligam os lobos frontais ao tálamo e outras vias frontais associadas”, foi utilizada no passado em casos graves de esquizofrenia. A lobotomia foi a técnica pioneira e com maior sucesso da psicocirurgia, mas conduzia a um estado letárgico que hoje em dia é muito contestado. Foi usada para tratar depressões severas e esquizofrenias, tendo Egas Moniz sempre defendido o seu uso apenas em casos graves em que houvesse risco de violência ou suicídio. Muitos pacientes não sobreviviam, mas mesmo assim foi prática muito utilizada nos EUA nos anos 40 e 50, popularizada pelo cirurgião Walter Freeman, que percorreu o país no seu “Lobotomobile”, e criando técnicas exclusivas de uma violência invulgar, como espetar, com a ajuda de um martelo, “um picador de gelo directamente no crânio do doente, localizado num ponto acima do canal lacrimal, para destruir as vias aí localizadas. Técnica muito em conta e que permitia ainda calar vozes incómodas que eram enviadas para hospícios para assim deixarem de perturbar a “paz social”. Nos EUA foram “tratados” mais de 50.000 pacientes e na Europa cerca de 10.000. Esta prática quase caiu em desuso, logo que surgiram os primeiros fármacos antipsicóticos.

Existe realmente “Shutter Island”?
Não. Martin Scorsese serviu-se de diversos cenários para criar a “sua” “Shutter Island”
Massachusetts foi o local central, mas as escolhas de cenários incidiram ainda em Connecticut e Nova Scotia. Acabaria por ser Boston Harbour (o porto de Boston e as ilhas circundantes) o local previligeado. As cenas de Dachau foram rodadas em instalações industriais, em Taunton, Massachusetts. Scorsese rodou cenas de hospital no abandonado Medfield State Hospital. Peddocks Island foi também muito utilizada, e a cena do Farol foi rodada em East Point, em Nahant. Houve ainda sequências e planos rodados no Acadia National Park, Bar Harbor, Maine; Boston Harbor; Hull, Massachusetts e Hyde Park, em Boston.

SHUTTER ISLAND
Título original: Shutter Island
Realização: Martin Scorsese (EUA, 2010); Argumento: Laeta Kalogridis, segundo romance de Dennis Lehane; Produção: Brad Fischer, Amy Herman, Mike Medavoy, Arnold Messer, Joseph P. Reidy, Martin Scorsese, Emma Tillinger; Fotiografia (cor): Robert Richardson; Montagem: Thelma Schoonmaker; Casting: Ellen Lewis, Meghan Rafferty; Design de produção: Dante Ferretti; Direcção artística: Max Biscoe, Robert Guerra, Christina Ann Wilson; Decoração: Francesca Lo Schiavo; Guarda-roupa: Sandy Powell; Maquilhagem: Alan D'Angerio, Christine Fennell, Aimee Macabeo, Michael Ornelaz, Manlio Rocchetti; Direcção de produção: Ron Ames, Amy Herman; Assistentes de realização: Ron Ames, Amy Lauritsen, Robert Legato, Joseph P. Reidy, John Silvestri; Departamento de arte: Frédéric Amblard; Som: Eugene Gearty, Philip Stockton; Efeitos especiais: R. Bruce Steinheimer, Amanda Treat, Stan Winston; Efeitos visuais: Steve Dellerson, Robert Legato, Ariane Rosier, Robert Stromberg; Companhias de produção: Paramount Pictures, Phoenix Pictures, Sikelia Productions, Appian Way; Intérpretes: Leonardo DiCaprio (Teddy Daniels), Mark Ruffalo (Chuck Aule), Ben Kingsley (Dr. Cawley), Max von Sydow (Dr. Naehring), Michelle Williams (Dolores Chanal), Emily Mortimer (Rachel 1), Patricia Clarkson (Rachel 2), Jackie Earle Haley (George Noyce), Ted Levine (Warden), John Carroll Lynch (Warden McPherson), Elias Koteas (Laeddis), Robin Bartlett (Bridget Kearns), Christopher Denham, Nellie Sciutto, Joseph Sikora, Curtiss Cook, Raymond Anthony Thomas, Joseph McKenna, Ruby Jerins, Tom Kemp, Bates Wilder, Lars Gerhard, Matthew Cowles, Jill Larson, Ziad Akl, Dennis Lynch, John Porell, Drew Beasley, Joseph P. Reidy, etc. Duração: 138 minutos; Distribuição em Portugal: Zon Lusomundo Audiovisuais; Classificação etária: M/16 anos (Qualidade); Estreia em Portugal: 25 de Fevereiro de 2010.