Vila Nova de Paiva, que não conhecia. Intercidades até Mangualde, boleia da organização do “Think 2010” até ao auditório desta vila onde pelas 17 horas tinha encontro marcado para um workshop a que a organização deu o título de “Da magia do Cinema”.
“Think 2010” foi criado como um “ciclo de workshops para professores/educadores e todos os elementos da comunidade escolar e local, que será dinamizado durante uma semana e tem como objectivo a dinamização de momentos de formação assentes numa perspectiva não-formal e informal para partilha, colaboração e transferências de ideias, conversas e "saberes" integrado num projecto de excelência e inovação na Escola Pública em Portugal.” Durante uma semana, cada dia em cinco espaços diversos, “professores/educadores e elementos da comunidade escolar local” (mas não só: havia professores idos de muitas outras regiões de Portugal, até dos Açores), tomaram contacto com vários saberes e deram satisfação a algumas dúvidas (ou criaram outras, o que também é muito saudável). Desde a culinária às artes do circo, da escrita criativa ao cinema, houve um pouco de tudo. Muito público ávido de ouvir e discutir. Tanto público que eu esperava cerca de 40 pessoas, e fui colocado num auditório com mais de 100 pessoas, o que me obrigou a repensar toda a estratégia para a apresentação. A ideia foi lançar questões sobre a educação para o cinema e o audiovisual, e igualmente sobre a educação pelo cinema e o audiovisual. Duas horas e tal de amena cavaqueira, num belíssimo complexo, auditório, anfiteatro ao ar livre, diversas salas com outros workshops, salas para exposições, e muito mais, tudo isto numa vila com 3.000 habitantes, num concelho com 6.000. Nada mau como mobilização, sobretudo porque se sentia, quer da parte da organização e como dos participantes, um louvável espírito de comunhão.
Acção de formação em período pós laboral que demonstrou que os professores portugueses estão inquietos e motivados para outras jornadas que não sejam apenas seguir as orientações de sindicalistas em luta política com o governo.
Um tempo quente, uma paisagem luxuriante de uma Primavera que oscila entre o Inverno e o Verão sem se definir, campos de vinhas bem tratadas que são do melhor “Dão”, e, depois de uma noite bem dormida numa agradável estalagem, Mira Paiva, o regresso a Lisboa, Mangualde, Intercidades, para chegar a tempo de ir ver à Culturgeste, um magnífico filme de Joana Pontes e António Barreto, “As Horas do Douro”. De novo as vinhas, agora as do Douro, mas da obra falarei amanhã, com mais vagar e a certeza de que umas horas a fermentar ajudarão a cimentar o sabor de uma boa colheita.