sexta-feira, janeiro 30, 2015

OS FILMES PARA OS OSCARS (5)


EM PARTE INCERTA

De Gillian Flynn li dois romances magníficos, primeiramente “Lugares Escuros” (Dark Places), depois “Em Parte Incerta” (Gone Girl), e ainda se encontra traduzida para português uma terceira obra, “Objectos Cortantes” (Sharp Objects), que, apesar das buscas, não encontrei disponível. Gillian Flynn é efectivamente uma excelente romancista, cujos trabalhos se podem aproximar do policial ou do thriller, mas que são sobretudo muito “dark”, entrando de muito boa vontade no universo do “roman noir”. Outro aspecto curioso deste “Gone Girl”, tanto no romance como no filme que dele foi adaptado, diz respeito à personagem central feminina, o que leva muito boa gente a levantar a suspeita de se tratarem de obras misóginas, o que não deixa de ser divertido. Vêem-se milhares de filmes com homens perversos, criminosos sem escrúpulos, serial killers empedernidos, mas nada a opor. Quando uma mulher é apresentada sob aspectos menos consentâneos com os de boa esposa e boa mãe, vêm logo os epítetos de misogenia. “Gone Girl” não é nada disso, é apenas um fabuloso retrato de mulher, que no cinema tem o rosto (e o talento invulgar) da magnífica Rosamund Pike.


“Em Parte Incerta” foi adaptado a cinema pela própria Gillian Flynn, e diga-se que de forma extremamente inteligente. O romance intercala excertos de um diário que a desaparecida deixou para trás com as peripécias da busca da mulher, pelas autoridades e pelo marido. Aparentemente a adaptação julgar-se-ia difícil, mas Gillian Flynn tornou simples a árdua tarefa. A história parece banal: Nick Dunne (Ben Affleck) e Amy Dunne (Rosamund Pike) são casados há cinco anos, mas no dia em que celebram a efeméride, ela desaparece, deixando a casa de pernas para o ar. A polícia inicia as investigações, dado o aparato, mas lentamente vão-se instalando suspeitas de que Nick foi o autor do que já se julga ter sido um assassinato, com posterior ocultação de cadáver. Mas nem tudo o que parece é.
A realização de David Fincher é, como sempre, bastante eficaz e talentosa, num registo que lhe é particularmente caro. Sobretudo desde 1995, com o celebrado “Seven - 7 Pecados Mortais”, passando por “O Jogo” (1997), “Clube de Combate” (1999), “Sala de Pânico” (2002), “Zodiac” (2007), “O Estranho Caso de Benjamin Button” (20008), “A Rede Social” (2010), “Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres” (2011), até chegar a este “Em Parte Incerta” (e passando ainda por algumas incursões como realizador e produtor de trabalhos televisivos, como “House of Cards”), Fincher tem-se especializado em relatos de uma extrema violência física e psicológica que nos devolvem retratos inquietantes da sociedade contemporânea. Ele é, indiscutivelmente, um dos autores mais interessantes do actual cinema norte-americano, sendo seguramente um dos que melhor interpreta e corporiza os pesadelos mais íntimos de uma sociedade em crise de valores.


Utilizando uma linguagem muito realista, mas com propósitos eminentemente metafóricos, Fincher mostra-nos alguns dos pesadelos dantescos que o espírito humano pode conceber, expressos em crimes dos mais horríveis que a mente humana pode idealizar. “Seven” e “Clube de Combate” perfilam-se mesmo como fortes candidatos a constituírem dois dos mais poderosos retratos da América de final do século XX (mas não só!), jogando com alguns dos temas mais preocupantes deste nosso tempo – desde a violência desregrada e sem motivo aparente até ao puritanismo fanatizado. O caso de “Em Parte Incerta” inscreve-se bem nesta trajectória extremamente coerente, quer temática, quer estilística. Aqui temos igualmente um quotidiano realista que tende para uma metáfora óbvia. O casamento é o ponto de partida, desde a idílica preparação até ao desenlace mais cínico, atravessando zonas de uma violência extrema. Não será por acaso que se fala em “conquista” quando alguém assume uma paixão por outra pessoa, não é certamente por acaso que marido e mulher se apresentam como a “minha” mulher, o “meu” marido. Este sentimento de conquista e posse, que por vezes resulta bem e harmonizam-se os contrários, noutros casos resvala para uma violência doméstica insuportável. “O casamento não é coisa fácil”, diz-se mais ou menos no filme, por estas ou outras palavras, o que é uma verdade lapaliceana. O encerrar desta aventura que roça o cinismo e a ironia acaba por revelar as complexas e traumatizantes personalidades de Amy e Nick, dois retratos magníficos que o engenho e a arte de Gillian Flynn e David Fincher idealizaram e Rosamund Pike e Ben Affleck preenchem a rigor em magníficas composições. Rosamund Pike é, como já referimos, absolutamente admirável na sua interpretação, desdobrando-se em estados de espírito contrastantes, mas sempre fascinantes.
De resto, o filme invade outros territórios, como a própria comunicação social, oferecendo uma perspectiva igualmente preocupante da relação estabelecida com o espectador que por ela é condicionado. A forma como uma entrevista bem ensaiada pode mudar radicalmente a opinião de milhões é um dado a merecer reflexão.
Um belo filme negro à maneira do século XXI. Entretanto, David Fincher anuncia já uma nova adaptação que promete: “The Girl Who Played with Fire”.


EM PARTE INCERTA
Título original: Gone Girl

Realização: David Fincher (EUA, 2014); Argumento: Gillian Flynn, segundo romance de sua autoria; Produção: Ceán Chaffin, Jim Davidson, Leslie Dixon, Joshua Donen, Arnon Milchan, Bruna Papandrea, Reese Witherspoo; Música: Trent Reznor, Atticus Ross; Fotografia (cor): Jeff Cronenweth; Montagem: Kirk Baxter; Casting: Laray Mayfield; Design de produção: Donald Graham Burt; Direcção artística: Sue Chan, Dawn Swiderski; Decoração: Douglas A. Mowat, Gena Vazquez; Guarda-roupa:  Trish Summerville; Maquilhagem: Kate Biscoe, Sheryl Blum, Kim Santantonio; Direcção de Produção: Peter Mavromates, David Witz; Assistentes de realização: Yarden Levo, Courtenay Miles, Derek Peterson, Paul Schneider, Mollie Stallman, Robert Teten, Katey Wheelhouse; Departamento de arte: Richard Brunton, Andrew Campbell, Robert J. Carlyle, Tim Croshaw, Monica Fedrick, Adam Khalid, Michael LaCorte, Barbara Mesney, Michael Mikita Jr., Brent Regan, Molly Reinhardt, Darlene Salinas, Jane Wuu; Som: Ren Klyce; Efeitos especiais: Jared Baker, Ron Bolanowski, Dean Hathaway; Efeitos visuais: Eric Barba, Gabriela Hickman, Brice Liesveld, Ken Locsmandi, James Pastorius, Steve Preeg, Kim Quiroz, Chris Yi, Wei Zheng; Companhias de produção: Twentieth Century Fox Film Corporation, Regency Enterprises, TSG Entertainment, Artemple – Hollywood, New Regency Pictures, Pacific Standard; Intérpretes: Ben Affleck (Nick Dunne), Rosamund Pike (Amy Dunne), Neil Patrick Harris (Desi), Tyler Perry (Tanner Bolt), Carrie Coon (Margo Dunne), Kim Dickens (detective Rhonda Boney), Patrick Fugit (detective James Gilpin), Emily Ratajkowski (Andie), Missi Pyle (Ellen), Casey Wilson (Noelle), David Clennon, Lisa Banes, Lola Kirke, Boyd Holbrook, Sela Ward, Lee Norris, Jamie McShane, Leonard Kelly-Young, Kathleen Rose Perkins, Pete Housman, Lynn Adrianna, Mark Atteberry, Darin Cooper, Kate Campbell, Brett Leigh, etc. Duração: 149 minutos; Distribuição em Portugal: Big Picture 2 Films; Classificação etária: M/ 16 anos; Data de estreia em Portugal: 2 de Outubro de 2014.

quinta-feira, janeiro 29, 2015

OS FILMES PARA OS OSCARS (4)


BIRDMAN 
OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA)


Riggan Thomson (Michael Keaton) é um actor a sair da meia-idade e que, nos anos 90 do século passado, tivera algum fulgor no cinema como intérprete sobretudo de filmes de super-heróis. Birdman era a sua personagem. Agora procura regressar à fama e sobretudo granjear algum reconhecimento como actor de obras de um outro fôlego. Num teatro de Nova Iorque, bem no centro da Broadway (precisamente o St. James Theatre, de muita tradição e prestígio, sobretudo no campo das produções musicais), Riggan prepara-se para a estreia de uma peça inspirada num conto de Raymond Carver, "What We Talk About When We Talk About Love". São dois casais em palco, diálogos fortes a relembrar “Quem tem Medo de Virginia Woolf”, e um dos actores a sair de cena, depois de um estranho acidente, o que Riggan aproveita para o substituir por Mike Shiner (Edward Norton), um nome que garante bilheteira e boas críticas, mas igualmente alguma instabilidade no elenco. Enquanto decorrem os ensaios, vamos conhecendo outras personagens e apercebendo-nos do clima de ansiedade, por vezes rondando a loucura, que envolve o projecto, extravasando numa ou noutra ocasião do interior do teatro para as ruas que o circundam. Entre as figuras que se movimentam nesta teia (teatral e emocional) surgem Lesley (Naomi Watts), uma das actrizes, Laura (Andrea Riseborough), outra das intérpretes e ainda namorada do protagonista, Jake (Zach Galifianakis),  além de amigo pessoal de Riggan, o produtor do espectáculo, Sam (Emma Stone), a filha e assistente pessoal, acabada de sair de uma clínica de reabilitação, além de Sylvia (Amy Ryan), ex-mulher, que vai aparecendo de vez em quando, e ainda uma crítica teatral, Tabitha Dickinson (Lindsay Duncan), que, na véspera da estreia, assegura ao actor que vai destruir o espectáculo, mesmo sem o ter visto ainda.


Alejandro González Iñárritu, o mexicano adoptado por Hollywood, que ganhou fama internacional com obras como “Amores perros” (2000), “21 Grams” (2003), “Babel” (2006) ou “Biutiful” (2010),tem caracterizado o seu cinema por um emaranhado de situações, um puzzle de personagens que normalmente confluem para um drama central. A sua narrativa sofre alguma simplificação de processos neste novo título, ainda que permaneça perfeitamente reconhecível. Mas deixa de haver a multiplicidade de acções em cenários variados, para se central tudo num mesmo décor, tendendo mesmo para uma unidade de teatro clássico, com local, tempo e personagens muito definidas. Mas o lado encadeante da sua narrativa troca agora a montagem por uma continuidade que, por vezes, parece querer dizer-nos que o filme foi todo rodado num plano sequência, de câmara à mão, acompanhando actores por longos corredores, espaços fechados e uma ou outra escapadela para o céu, nomeadamente quando Riggan Thomson recorda, é assombrado ou sonha com a figura de Birdman. 


A estrutura por vezes resulta hábil, outras denota um pouco de artificialismo pomposo, mas de um modo geral o produto final é interessante, conseguindo criar um torvelinho de percursos e emoções que se julga estar nas intenções do cineasta. Alejandro González Iñárritu é definitivamente um realizador a acompanhar, tendo chamado, juntamente com alguns outros, a atenção para a produção mexicana mais recente. A sua integração na indústria norte-americana foi rápida e brilhante, tanto no que diz respeito à crítica como a público. Claro que há quem fique com os cabelos em pé com este tipo de cinema, mas julgamos injusta esta reacção. “Birdman” é um curioso filme sobre pessoas, aflorando alguma crítica aos blockbusters de verão povoados por heróis da Marvel e quejandos, mas uma crítica nuanceada: afinal Riggan não deixa de ansiar voar e planar nos céus de Nova Iorque, com as suas proezas aéreas que o elevam do chão e das asperezas da complexa vida quotidiana.
Se “Birdman” tem pontos fortes, é quanto ao seu brilhante elenco, onde ninguém destoa e onde Michael Keaton se reinventa a si próprio, ele que foi Batman sob as ordens de Tim Burton. A sua interpretação é notável, e se o seu personagem não terá totalmente conseguido superar-se na sua incursão pelo teatro dramático, ele sim, ganha o estatuto de grande actor com este papel de uma vida. Mas Edward Norton, Naomi Watts, Andrea Riseborough, Zach Galifianakis,  Emma Stone, Amy Ryan, e mesmo Lindsay Duncan, dão replica à altura. Há sequências admiráveis, onde Alejandro González Iñárritu acerta a câmara com a justeza da interpretação dos seus actores. Lembro uma fabulosa conversa de Edward Norton e Emma Stone, na varanda do teatro, que é um momento de grande cinema, inesquecível.



BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA)
Título original: Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance) 
Realização: Alejandro González Iñárritu (EUA, Canadá, 2015); Argumento: Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo; Produção: Armando Bo, Molly Conners, Alexander Dinelaris, Nicolás Giacobone, Alejandro González Iñárritu, Drew P. Houpt, Sarah E. Johnson, John Lesher, Arnon Milchan, James W. Skotchdopole, Christina Won, Christopher Woodrow; Música: Antonio Sanchez; Fotografia (cor): Emmanuel Lubezki; Montagem: Douglas Crise, Stephen Mirrione; Casting: Francine Maisler; Design de produção: Kevin Thompson; Direcção artística: Stephen H. Carter; Decoração: George DeTitta Jr.; Guarda-roupa:  Albert Wolsky; Maquilhagem: Judy Chin, Kat Drazen, Jerry Popolis, Rondi Scott; Direcção de Produção:  Eric Bergman, Robert Graf, Erica Kay, Jim Kontos, Alex G. Scott, James W. Skotchdopole, Michael Tinger; Assistentes de realização: Catherine Feeny, Peter Kohn, Amy Lauritsen, Adam Somner; Departamento de arte: Michael Acevedo, Joseph A. Alfieri Jr., Gerald DeTitta, Eric Helmin, Gay Howard, Jane Wuu; Som: Aaron Glascock, Martín Hernández, Bradford Bell, Dave Bergstrom, Thierry J. Couturier; Efeitos especiais: Conrad V. Brink Jr., Louis Craig, Lewis Gluck, Johann Kunz; Efeitos visuais: Ivy Agregan, Ashley Bettini, Jake Braver, Edison Carter, Tyler Cordova; Companhias de produção:New Regency Pictures, M Productions, Le Grisbi Productions, TSG Entertainment, Worldview Entertainment; Intérpretes: Michael Keaton (Riggan Thomson / Birdman), Edward Norton (Mike Shiner), Emma Stone (Sam Thomson), Naomi Watts (Lesley), Zach Galifianakis (Jake), Andrea Riseborough (Laura), Amy Ryan (Sylvia Thomson), Lindsay Duncan (Tabitha Dickinson), Merritt Wever (Annie), Jeremy Shamos (Ralph), Katherine O'Sullivan, Damian Young, Keenan Shimizu, Akira Ito, Natalie Gold, Michael Siberry, Clark Middleton, Amy Ryan, William Youmans, Paula Pell, David Fierro, Hudson Flynn, Warren Kelly, Joel Marsh Garland, Brent Bateman, Donna Lynne Champlin, Valentino Musumeci, Taylor Schwencke, Craig muMs Grant, Kyle Knauf, Dave Neal, Kelly Southerland, Roberta Colindrez, Frank Ridley, etc. Duração: 119 minutos; Distribuição em Portugal: Big Picture 2 Films; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 8 de Janeiro de 2015.

terça-feira, janeiro 27, 2015

OS FILMES PARA OS OSCARS (3)


GRAND BUDAPEST HOTEL

“Grand Budapest Hotel” é um filme de Wes Anderson, que antes já nos habituara ao seu cinema, em deliciosas comédias como “Gostam Todos da Mesma” (1998), “Os Tenenbaums - Uma Comédia Genial” (2001), “Um Peixe Fora de Água” (2004), “The Darjeeling Limited” (2007), “O Fantástico Senhor Raposo” (2009) ou “Moonrise Kingdom” (2012). Um cinema com uma estrutura muito especial, um humor inesperado e diferente, eivado de uma ironia elegante e sofisticada, envolto numa estética algo delirante, por vezes surrealizante, quase sempre exótica, mas definitivamente cativante. Wes Anderson é um dos grandes autores cinematográficos revelados no final da década de 90 e que sabe bem ir reencontrando, uma vez por outra, em novos filmes, como neste magnífico “Grand Budapest Hotel”, que o cineasta escreveu, inspirando-se livremente em textos do austríaco Stefan Zweig, e realizou prolongando a sua muito pessoal filmografia. 


Um velho escritor, com o rosto talhado pelas rugas e os anos (Tom Wilkinson), recorda como foi a génese de um dos seus romances mais célebres. Foi assim que, muitos anos antes, era ele ainda um jovem autor (com o rosto de Jude Law), tendo-se hospedado no Grand Budapest Hotel, ali conhecera o dono do estabelecimento, Zero Moustafa (F. Murray Abraham), que tem uma longa história para contar. Desta feita, vamos ao encontro do verdadeiro protagonista da aventura, um certo Senhor Gustave (Ralph Fiennes), diligente e circunspecto porteiro de hotel, que não descura nenhuma das suas funções e leva mesmo ao limite os desejos dos seus hóspedes (como sejam certas senhoras idosas carentes de afecto e de algo mais…). Foi com Gustave que Zero Moustafa, então pouco mais que adolescente (Tony Revolori), vai adquirindo a sua educação, tanto profissional, como humana. E aventurosa. 
Um dia, Gustave herda um quadro famoso e valioso, depois da morte de mais uma saciada velhota agradecida, uma tal  Madame D. (Tilda Swinton). Mas este trespasse não é bem visto pelo natural herdeiro de Madame D. (Adrien Brody), que se insurge e lança no encalce de Gustave um killer de profissão (William Dafoe). A aventura é generosa em peripécias rocambolescas, o que permite a Wes Anderson a libertação da sua imaginação delirante e uma constante homenagem ao cinema mudo de aventuras trepidantes. Tudo parece terminar (será mesmo?) quando um movimento militar e político de tendências ditatoriais se lança à conquista do país. Qual país? Pois um imaginário estado da Europa Central, uma República de Zubrowka, num tempo que medeia entre as duas grandes guerras mundiais.


Wes Anderson descobriu na Alemanha uma cidadezinha ideal para cenário do seu belo filme. Foi em Görlitz, na Saxónia, que colocou a sua equipa, numa cidade que era meia alemã e meia polaca, com a República Checa mesmo ali ao lado. Nada melhor para o que se pretendia.
Com um elenco que faz corar de inveja qualquer superprodução (veja-se só: Ralph Fiennes, Tilda Swinton, Saoirse Ronan, F. Murray Abraham, Mathieu Amalric, Adrien Brody, Owen Wilson, Jude Law, Edward Norton, Jeff Goldblum, Lea Seydoux, Harvey Keitel, Tom Wilkinson, Willem Dafoe, entre outros), “Grand Budapest Hotel” joga com cenários magníficos, situações inesperadas, um sumptuoso colorido, de um raro bom gosto, um grafismo extraordinário, conjugando a imagem real com a digital, o que permite quadros de ressonância surrealista e de um exotismo transfigurador da realidade que tornam esta obra um modelo de aventura em jeito de comédia muito fora do vulgar. Momento de eleição na carreira de um cineasta já de si inusitado. Brilhante.


GRAND BUDAPEST HOTEL
Título original: The Grand Budapest Hotel
Realização: Wes Anderson (EUA, Inglaterra, Alemanha, 2014); Argumento: Wes Anderson, Hugo Guinness, inspirado em escritos de Stefan Zweig; Produção: Wes Anderson,  Eli Bush, Molly Cooper, Jeremy Dawson, Christoph Fisser, Jane Frazer, Henning Molfenter, Octavia Peissel,  Steven M. Rales, Scott Rudin, Charlie Woebcken; Música: Alexandre Desplat; Fotografia (cor):  Robert D. Yeoman; Montagem: Barney Pilling; Design de produção: Adam Stockhausen; Direcção artística: Stephan O. Gessler, Gerald Sullivan, Steve Summersgill; Decoração: Anna Pinnock; Guarda-roupa:  Milena Canonero; Maquilhagem: Julie Dartnell, Frances Hannon, Emma Mash, Heike Merker, Daniela Skala, Norma Webb; Direcção de Produção: Miki Emmrich, Gisela Evert, Alan Pritt, Zuzana Mesticová; Assistentes de realização: Josh Robertson, Oliver Hazell, Katharina Hingst, Andreas Hoffmann, Ben Howard, Martin Scali; Departamento de arte: Annie Atkins, Josef Brandl, Jay Clarke, Jesse Jones, Goncaio Jordäo, Roxy Konrad, Carolin Langenbahn,  Stefan Speth, Carl Sprague; Som: Howard Bevan, Mahesh Depala, Wayne Lemmer, Christopher Scarabosio; Efeitos especiais: Alex Friedrich, Kathrin Krückeberg, Klaus Mielich, Gerd Nefzer, Uli Nefzer, Nico Nitsch, Franz Rodwalt, Ilona Vovchyk, Simon Weisse; Efeitos visuais: Henrik Fett, Jenny Foster, Jason Gandhi, Ray Lewis, Gabriel Sanchez, Frank Schlegel, Vico Sharabani; Companhias de produção: Scott Rudin Productions, Indian Paintbrush, Studio Babelsberg, American Empirical Pictures, TSG Entertainment; Intérpretes: Ralph Fiennes (M. Gustave), F. Murray Abraham (Mr. Moustafa), Mathieu Amalric (Serge X.), Adrien Brody (Dmitri), Willem Dafoe (Jopling), Jeff Goldblum (Kovacs), Harvey Keitel (Ludwig), Jude Law (jovem escritor), Bill Murray (M. Ivan), Edward Norton (Henckels), Saoirse Ronan (Agatha), Jason Schwartzman (M. Jean), Léa Seydoux (Clotilde), Tilda Swinton (Madame D.), Tom Wilkinson (Autor), Owen Wilson (M. Chuck), Tony Revolori (Zero), Larry Pine (Mr. Mosher), Giselda Volodi, Florian Lukas, Karl Markovics, Volker Michalowski, Neal Huff, Bob Balaban, Fisher Stevens, Wallace Wolodarsky, Waris Ahluwalia, Jella Niemann, Marcel Mazur, Robert Bienas, Manfred Lindner, Oliver Claridge, Bernhard Kremser, Kunichi Nomura, Sister Anna Rademacher, Heinz-Werner Jeschkowski, Steffen Scheumann, Sabine Euler, Renate Klein, Uwe Holoubek, etc. Duração: 100 minutos; Distribuição em Portugal: Big Picture 2 Films; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 10 de Abril de 2014. 

SAG AWARDS 2015


SINDICATO DOS ACTORES AMERICANOS PREMEIA

Na noite do passado domingo, 25 de Janeiro, foi tornado público o palmarés dos SAG Awards (prémios anuais do Sindicato dos Actores dos EUA). Os premiados foram: 

Melhor Elenco
Birdman

Melhor Actor
Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)

Melhor Actriz
Julianne Moore (Para Sempre Alice)

Melhor Actor Secundário
J.K. Simmons (Whiplash)

Melhor Actriz Secundária
Patricia Arquette (Boyhood)

Melhor Equipe de Duplos
Invencível

Melhor Elenco - Série Drama
Downton Abbey

Melhor Actor - Série Drama
Kevin Spacey (House of Cards)

Melhor Actriz - Série Drama
Viola Davis (How To Get Away With Murder)

Melhor Elenco - Série Comédia
Orange is The New Black

Melhor Actor - Série Comédia
William H. Macy (Shameless)

Melhor Actriz - Série Comédia
Uzo Aduba (Orange is The New Black)

Melhor Actor - Telefilme/Minissérie
Mark Ruffalo (The Normal Heart)

Melhor Actriz - Telefilme/Minissérie
Frances McDormand (Olive Kitteridge)

Melhor Equipe de duplos - Séries
Game of Thrones

Prémio Especial pelo Conjunto da Obra

Debbie Reynolds

sábado, janeiro 24, 2015

OS FILMES PARA OS OSCARS (2)


BOYHOOD: MOMENTOS DE UMA VIDA

O projecto é original, senão inédito: acompanhar durante doze anos a vida de uma pequena família. Mason (Ellar Coltrane), o miúdo, figura central, aparece com seis anos no início do filme e deixa-o com dezoito, depois da câmara de Richard Linklater o ter escoltado durante esse lapso de tempo. Não o segue sempre, há lapsos, elipses de anos, mas de tanto em tanto tempo (cremos que de dois em dois anos), Linklater volta ao seu pequeno herói que vai crescendo. Vive com a mãe (Patricia Arquette), e com uma irmã ligeiramente mais velha, Samanta  (Lorelei Linklater, filha do realizador, como parece óbvio pelo nome). O pai (Ethan Hawke) está separado da mãe, mas vai buscar os filhos para fins de semana e férias. “Boyhood” assemelha-se muito a um filme de registo de memórias familiares. Não há grandes cenas dramáticas, nada de muito especial, apenas o dia a dia, mais ou menos banal, de uma família de classe média norte-americana. Dir-se-ia que o argumento do próprio  Richard Linklater mostra como fazer um filme sem recorrer às receitas da “escrita criativa” ou de “como escrever um guião para cinema”. Linklater parece ter escolhido demonstrar o contrário. E sair por cima, vitorioso. O seu filme conhece um êxito de crítica e de público considerável.


O que há de extraordinário neste filme é que não há realmente nada de extraordinário, a não ser ver crescer uma criança até ela se tornar um adulto, e ir recordando com ela as pequenas (e grandes) transformações da sociedade e do mundo. A família passa por tudo aquilo que se tornou habitual numa família, os casamentos, os divórcios, uma ou outra cena entre os casais, as dificuldades da mãe para criar duas crianças, o pai que as leva no fim de semana a jogar bowling ou a comezainas de fast food, as viagens para férias em acampamentos, as festas de família, as idas para a escola, as mudanças de cidade, os primeiros namoros, tudo isto envolvido em apontamentos que revelam as mudanças tecnológicas, os telemóveis, os jogos de computador, as séries na televisão, as campanhas dos políticos, de Bush a Obama, o vestuário, as músicas, os gadgets. O realizador não precisa de sublinhar nada, tudo corre com a habituação do quotidiano. Na verdade, cada segmento foi filmado no ano a que diz respeito, portanto tudo o que aparece está inscrito na realidade desse momento. Não há reconstituição “histórica”. Há segmentos do quotidiano que se colam uns aos outros para dar a medida do tempo a deslizar.


Rodado no Texas, grande parte em Houston, terra natal de Richard Linklater, este é um filme com aparência de mais vivido do que interpretado. Por isso os actores (Ellar Coltrane, Lorelei Linklater, Patricia Arquette e Ethan Hawke, sobretudo estes) nos surgem numa desconcertante espontaneidade, donde resultam impressionantes retratos. Mas é de sublinhar a elegância, a serenidade expositiva, o rigor narrativo, a sensibilidade e o pudor de Richard Linklater que é um cineasta dos mais interessantes de entre os revelados nos anos 90 na América. O tempo e as relações pessoais parecem ser as suas grandes obsessões. Uma das suas experiências anteriores, foram três filmes, todos eles interpretados por Ethan Hawke e Julie Delpy, que vão acompanhando a evolução de um casal, desde o seu encontro, em “Antes do Amanhecer” (1995), o seu reencontro, em “Antes do Anoitecer” (2004), até ao seu casamento em “Antes da Meia-Noite” (2013). Esta viagem pelo tempo, durante quase duas décadas, passando por Viena de Áustria, Paris e os EUA, acompanhando o desenrolar das personalidades e das emoções parece ser o prato forte deste autor de indiscutível qualidade e originalidade que, seguramente em função desta proposta inicial, dá uma grande importância ao trabalho dos actores e à densidade das personagens, o que resulta particularmente bem-vindo numa altura em que grande parte do cinema norte-americano (e internacional) se preocupa mais com efeitos especiais e imagens virtuais, desdenhado quase por completo a espessura psicológica e a presença humana das pessoas.
Um excelente filme que irá seguramente provocar ondas de choque na noite da entrega dos Oscars. As nomeações são seis (Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor Secundário, Ethan Hawke, Melhor Actriz Secundária, Patricia Arquette, Melhor Argumento Original, e Melhor Montagem). Nos Globos de Ouro, já conquistou três dos prémios mais apetecíveis (Melhor Filme, Melhor Realizador, e Melhor Actriz Secundária, Patricia Arquette), e nesta altura ostenta um impressionante palmarés:  119 prémios nacionais e internacionais e 115 nomeações. Para um filme de estrutura independente é brilhante.


BOYHOOD: MOMENTOS DE UMA VIDA
Título original: Boyhood

Realização: Richard Linklater (EUA, 2014); Argumento: Richard Linklater; Produção: Sandra Adair, Caroline Kaplan, Richard Linklater, Kirsten McMurray, Vincent Palmo Jr., Jonathan Sehring, John Sloss, Cathleen Sutherland, Anne Walker-McBay; Fotografia (cor): Lee Daniel, Shane F. Kelly; Supervisão musical: Meghan Currier, Randall Poster; Montagem: Sandra Adair; Casting: Beth Sepko; Design de produção: Rodney Becker, Gay Studebaker; Decoração: Melanie Ferguson; Guarda-roupa: Kari Perkins; Maquilhagem: Darylin Nagy; Direcção de Produção: Cathleen Sutherland; Departamento de arte: Stanford Gilbert, Ellen Lampl, Aaron Statler; Som: Ethan Andrus, Wayne Bell, Thadd Day, Evan Dunivan, Tom Hammond, Justin Hennard; Efeitos visuais: Parke Gregg, Nick Smith; Companhias de produção: IFC Productions, Detour Filmproduction; Intérpretes: Ellar Coltrane (Mason), Patricia Arquette (mãe), Elijah Smith (Tommy), Lorelei Linklater (Samantha), Steven Chester Prince (Ted), Bonnie Cross (professor), Sydney Orta (rapariga da escola), Libby Villari (avó), Ethan Hawke (pai), Marco Perella (Professor Bill Welbrock), Jamie Howard (Mindy), Andrew Villarreal (Randy), Shane Graham, Tess Allen, Ryan Power, Sharee Fowler, Mark Finn, Charlie Sexton, Byron Jenkins, Holly Moore,David Blackwell, Barbara Chisholm, Matthew Martinez-Arndt, etc. Duração: 165 minutos; Distribuição em Portugal: NOS Audiovisuais; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 27 de Novembro de 2014. 

quinta-feira, janeiro 22, 2015

OS FILMES PARA OS OSCARS (1)


O JOGO DA IMITAÇÃO

Alan Turing é a personagem central de “O Jogo da Imitação”, alguém sobre quem não haverá muita gente que saiba quem foi e o papel que desempenhou, durante a II Guerra Mundial. Deverá dizer-se então que Alan Turing foi, desde estudante, um brilhante matemático, que integrou a equipa de criptógrafos dos serviços de Inteligência Britânicos e que, de uma forma sistemática e persistente, um pouco contra tudo e contra todos, resolveu um problema que parecia insolúvel, e que ficou conhecido como “Enigma”. As batalhas decorriam, em terra, no mar e no ar, morriam milhares de jovens (e de menos jovens) todos os dias e as forças aliadas não conseguiam penetrar no bem idealizado esquema de mensagens cifradas dos nazis. Sabia-se que os alemães tinham inventado uma máquina que encriptava diariamente as mensagens e que, a cada meia-noite, mudava de código. A maioria dos serviços de espionagem ingleses tinha como objectivo descobrir a cifra, com base numa tentativa sucessiva de acertar na chave, o que dava uma hipótese de êxito verdadeiramente ridícula, segundo a teoria das probabilidades.

o verdadeiro Alan Turing

Alan Turing tinha outra ideia: se era uma máquina que produzia e alterava os códigos, só uma outra máquina poderia solucionar o problema. Perante o descrédito geral, de tentativa em tentativa, inventou a que ficou conhecida como "Máquina de Turing", e que futuramente se designaria por computador. Ao desvendar os segredos do inimigo, terá alterado o curso da História e acelerado o fim da guerra, calcula-se que, pelo menos em dois anos, salvando assim a vida de muitos milhares de seres humanos.
Já existia um filme interessante sobre este tema, “Enigma”, de 2001, realizado por Michael Apted, escrito por Tom Stoppard, segundo obra de Robert Harris, e interpretado por Jeremy Northam, Dougray Scott, Kate Winslet, Saffron Burrows, Tom Hollander, entre outros. Filme curioso, é certo, mas mais voltado para a espionagem e a guerra, do que sobre a personagem do inventor, que nem sequer era citado pelo seu nome. “O Jogo da Imitação”, do norueguês Morten Tyldum (o mesmo que adaptara sofrivelmente um conhecido romance de Jo Nesbo, “Headhunters - Caçadores de Cabeças”) tem intenções e um percurso diferentes, centrando-se sobretudo na figura de Alan Turing, segundo um argumento de Graham Moore, que parte de "Alan Turing: The Enigma", uma obra de Andrew Hodges. A estrutura é a de um filme biográfico, que acompanha essencialmente três momentos chaves da vida de Turing, centrando a sua narrativa na época em que se encontrava à frente do projecto, e alternando sequências da sua juventude e do período em que foi estudante universitário, com outras do seu tormentoso final de carreira e de vida. 
 

Na verdade, sendo esta uma obra que dá particular relevância à descoberta da solução para o Enigma, não se confina a este aspecto, mas procura dar um retrato mais complexo e integral da figura de Alan Turing que, desde seus tempos de escola, manifestara tendências homossexuais, depois assumidas frontalmente. Como, por essa altura, a homossexualidade era considerada um crime da Grã-Bretanha, Alan Turing, finda a guerra, em 1952, foi julgado e condenado, dando-lhe o tribunal a escolher entre duas penas: ser preso ou aceitar integrar um programa de castração química, o que ele preferiu. Mas os sofrimentos foram tais que acabou por se suicidar, a 7 de Junho de 1954, com apenas (quase) 42 anos. Entretanto, muita água correu, os costumes evoluíram e, em 10 de Setembro de 2009, o primeiro-ministro Gordon Brown apresentou oficialmente desculpas públicas, em nome do governo britânico, devido à maneira como Turing tinha sido tratado após a guerra. Em 24 de Dezembro de 2013, o matemático recebeu o perdão real da rainha Elisabeth II, pela sua condenação por homossexualidade.


Há, portanto, pelo menos dois temas importantes abordados neste filme, o que o torna desde logo interessante, apesar da realização de Morten Tyldum não ser de molde a entusiasmar particularmente. É sóbria, eficaz, mesmo na forma de puzzle cronológico por que se apresenta (de certa maneira associando-se ao gosto por puzzles do próprio Turing), e conta com excelentes colaboradores que valorizam em muito o projecto. A reconstituição de época é boa, credível, os ambientes bem conseguidos, as raras cenas de guerra que por vezes surgem (num preto e branco trabalhado) para situar a intriga, são muito boas, os bombardeamentos aéreos são impressionantes, e a fotografia de Oscar Faura notável, bem como a partitura musical de Alexandre Desplat. Finalmente, o elenco é brilhante, na melhor tradição inglesa, onde se destaca Benedict Cumberbatch na figura de Turing, confirmando, se necessário fosse ainda, que nos encontramos perante um dos melhores actores ingleses da actualidade. Persistente, arrogante, senhor de si, como matemático, inseguro, tímido ou ostensivo, dramático ou irónico, na sua intimidade, o seu Alan Turing é inesquecível. Keira Knightley, na composição de Joan Clarke, a mulher que chegou a estar determinada a casar com Turing, é igualmente excepcional. Mas todo o elenco é de uma segurança, rigor e mestria notáveis. Por tudo isto, "The Imitation Game" é definitivamente a não perder, apesar de uma escrita muito “normal”, para quem pretende defender que “sem homens “anormais” o mundo seria bastante pior”. Ou, como Joan Clarke proclama: "Now, if you wish you could have been normal. I can promise you I do not. The world is an infinitely better place precisely because you weren't”.


O JOGO DA IMITAÇÃO
Título original: The Imitation Game

Realização: Morten Tyldum (Inglaterra, EUA, 2014); Argumento: Graham Moore, segundo obra de Andrew Hodges ("Alan Turing: The Enigma"); Produção: Nora Grossman, Peter Heslop, Graham Moore, Ido Ostrowsky, Teddy Schwarzman; Música: Alexandre Desplat; Fotografia (cor): Oscar Faura; Montagem: William Goldenberg; Casting: Nina Gold; Design de produção: Maria Djurkovic; Direcção artística: Nick Dent, Rebecca Milton, Marco Anton Restivo; Decoração: Tatiana Macdonald; Guarda-roupa: Sammy Sheldon; Maquilhagem: Mary Cooke, Jennifer Harty, Denise Kum, Roo Maurice, Ivana Primorac, Amy Riley; Direcção de Produção: Chris Hankey, Mark Harris, Tim Pedegana, Suzie Shearer, Verity Wislocki; Assistentes de realização: Phil Booth, James Evered, Alexander Holt, James Manning, Crispin Reece, Rickie-Lee Roberts, Lance Roehrig; Dominic Ackland-Snow, Nicky Ackland-Snow, Eduardo Lima, Charis Theobald, Nick Thomas; Som: Andy Kennedy, Lee Walpole; Efeitos especiais: Howard Moore, Jason Troughton; Efeitos visuais: Lucy Ainsworth-Taylor, Eran Barnea, Angela Barson, Stuart Bullen, Jan Guilfoyle; Companhias de produção: Black Bear Pictures, Bristol Automotive; Intérpretes: Benedict Cumberbatch (Alan Turing), Keira Knightley (Joan Clarke), Matthew Goode (Hugh Alexander), Rory Kinnear (Detective Robert Nock), Allen Leech (John Cairncross), Matthew Beard (Peter Hilton), Charles Dance (Comandante Denniston), Mark Strong (Stewart Menzies), James Northcote (Jack Good), Tom Goodman-Hill (Sargento Staehl), Steven Waddington, Ilan Goodman, Jack Tarlton, Alex Lawther, Jack Bannon, Tuppence Middleton, Dominic Charman, James G. Nunn, Charlie Manton, David Charkham, Victoria Wicks, Andrew Havill, Laurence Kennedy, Tim Van Eyken, etc. Duração: 114 minutos; Distribuição em Portugal: Nos, Lusomundo; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 15 de Janeiro de 2015.

sexta-feira, janeiro 16, 2015

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE CRÍTICOS DE CINEMA: OS MELHORES DE 2015



OS MELHORES DE 2015

PARA A ASSOCIAÇÃO AMERICANA 

DE CRÍTICOS DE CINEMA

A Broadcast Film Critics Association (BFCA) acaba de anunciar os Melhores de 2015, na 20th Annual Critics’ Choice Movie Awards, proclamados no interior do Hollywood Palladium. Aqui fica a lista, tal como a recolhemos no site:

WINNERS OF THE 20th ANNUAL CRITICS’ CHOICE MOVIE AWARDS
Best Picture – “Boyhood”
Best Actor – Michael Keaton, “Birdman”
Best Actress – Julianne Moore, “Still Alice”
Best Supporting Actor – J.K. Simmons, “Whiplash”
Best Supporting Actress – Patricia Arquette, “Boyhood”
Best Young Actor/Actress – Ellar Coltrane, “Boyhood”
Best Acting Ensemble – “Birdman”
Best Director – Richard Linklater, “Boyhood”
Best Original Screenplay – Alejandro G. Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris Jr., Armando Bo, “Birdman”
Best Adapted Screenplay – Gillian Flynn, “Gone Girl”
Best Cinematography – Emmanuel Lubezki, “Birdman”
Best Art Direction – Adam Stockhausen (Production Designer), Anna Pinnock (Set Decorator), “The Grand Budapest Hotel”
Best Editing – Douglas Crise, Stephen Mirrione, “Birdman”
Best Costume Design – Milena Canonero, “The Grand Budapest Hotel”
Best Hair & Makeup – “Guardians of the Galaxy”
Best Visual Effects – “Dawn of the Planet of the Apes”
Best Animated Feature – “The Lego Movie”
Best Action Movie – “Guardians of the Galaxy”
Best Actor in an Action Movie – Bradley Cooper, “American Sniper”
Best Actress in an Action Movie – Emily Blunt, “Edge of Tomorrow”
Best Comedy – “The Grand Budapest Hotel”
Best Actor in a Comedy – Michael Keaton, “Birdman”
Best Actress in a Comedy – Jenny Slate, “Obvious Child”
Best Sci-Fi/Horror Movie – “Interstellar”
Best Foreign Language Film – “Force Majeure”
Best Documentary Feature – “Life Itself”
Best Song – “Glory”, Common and John Legend, “Selma”
Best Score – Antonio Sanchez, “Birdman”

WINNERS BY PICTURE

BIRDMAN (7 Awards)
Best Actor
Best Acting Ensemble
Best Original Screenplay
Best Cinematography
Best Editing
Best Actor in a Comedy
Best Score
BOYHOOD (4 Awards)
Best Picture
Best Supporting Actress
Best Young Actor/Actress
Best Director
THE GRAND BUDAPEST HOTEL (3 Awards)
Best Art Direction
Best Costume Design
Best Comedy
GUARDIANS OF THE GALAXY (2 Awards)
Best Hair & Makeup
Best Action Movie
AMERICAN SNIPER (1 Award)
Best Actor in an Action Movie
DAWN OF THE PLANET OF THE APES (1 Award)
Best Visual Effects
EDGE OF TOMORROW (1 Award)
Best Actress in an Action Movie
FORCE MAJEURE (1 Award)
Best Foreign Language Film
GONE GIRL (1 Award)
Best Adapted Screenplay
INTERSTELLAR (1 Award)
Best Sci-Fi/Horror Movie
LIFE ITSELF (1 Award)
Best Documentary Feature
OBVIOUS CHILD (1 Award)
Best Actress in a Comedy
SELMA (1 Award)
Best Song
STILL ALICE (1 Award)
Best Actress
THE LEGO MOVIE (1 Award)
Best Animated Feature

WHIPLASH (1 Award)
Best Supporting Actor

quinta-feira, janeiro 15, 2015

OSCARS 2015 - OS NOMEADOS



E aí estão os nomeados para os Oscars de 2015, referentes a filmes estreados durante o ano de 2014.

LISTA DE NOMEADOS

Melhor Filme
American Sniper (Clint Eastwood, Robert Lorenz, Andrew Lazar, Bradley Cooper e Peter Morgan)
Birdman ou (The Unexpected Virtue of Ignorance) (Alejandro G. Iñárritu, John Lesher e James W. Skotchdopole)
Boyhood (Richard Linklater e Cathleen Sutherland)
The Grand Budapest Hotel (Wes Anderson, Scott Rudin, Steven Rales e Jeremy Dawson)
The Imitation Game (Nora Grossman, Ido Ostrowsky e Teddy Schwarzman)
Selma (Christian Colson, Oprah Winfrey, Dede Gardner e Jeremy Kleiner)
The Theory of Everything (Tim Bevan, Eric Fellner, Lisa Bruce e Anthony McCarten)
Whiplash (Jason Blum, Helen Estabrook e David Lancaster)

Melhor Realizador
Richard Linklater (Boyhood)
Morten Tyldum (The Imitation Game)
Alejandro G Inárritu (Birdman)
Bennet Miller (Foxcatcher)
Wes Anderson (The Grand Budapest Hotel)

Melhor Actor
Steve Carell (Foxcatcher)
Bradley Cooper (American Sniper)
Benedict Cumberbatch (The Imitation Game)
Michael Keaton (Birdman)
Eddie Redmayne (The Theory of Everything)

Melhor Actriz
Marion Cotillard (Two Days one Night)
Felicity Jones (The Theory Of Everything)
Julianne Moore (Still Alice)
Rosamund Pike (Gone Girl)
Reese Witherspoon (Wild)

Melhor Actor Secundário
Robert Duvall (The Judge)
Ethan Hawke (Boyhood)
Edward Norton (Birdman)
Mark Ruffalo (Foxcatcher)
JK Simmons (Whiplash)

Melhor Actriz Secundária
Patricia Arquette (Boyhood)
Keira Knightley (The Imitation Game)
Emma Stone (Birdman)
Meryl Streep (Into The Woods)
Laura Dern (Wild)

Melhor Argumento Adaptado
American Sniper (Jason Hall)
The Imitation Game (Graham Moore)
Inherent Vice (Paul Thomas Anderson)
The Theory of Everything (Anthony McCarten)
Whiplash (Damien Chazelle)

Melhor Argumento Original
Birdman (Alejandro Gonzalez Inarritu, Nicolas Giacobone, Alexander Dinelaris Jr, Armando Bo)
Boyhood (Richard Linklater)
Foxcatcher (E. Max Frye e Dan Futterman e Bennett Miller)
The Grand Budapest Hotel (Wes Anderson e Hugo Guinness)
Nightcrawler (Dan Gilroy)

Melhor Fotografia
Birdman (Emmanuel Lubezki)
Grand Budapest Hotel (Robert D Yeoman)
Ida Ryszard Lenczewski e Łukasz Żal)
Mr Turner (Dick Pope)
Unbroken (Roger Deakins)

Melhor Montagem       
American Sniper – Joel Cox e Gary D. Roach
Boyhood – Sandra Adair
The Grand Budapest Hotel – Barney Pilling
The Imitation Game – William Goldenberg
Whiplash – Tom Cross

Melhor Música Original
Alexandre Desplat – The Grand Budapest Hotel
Alexandre Desplat – The Imitation Game
Hans Zimmer – Interstellar
Gary Yershon – Mr. Turner
Jóhann Jóhannsson – The Theory of Everything

Melhor Canção
"Everything Is Awesome" from The Lego Movie – Shawn Patterson
"Glory" from Selma – John Stephens e Lonnie Lynn
"Grateful" from Beyond the Lights – Diane Warren
"I'm Not Gonna Miss You" from Glen Campbell: I'll Be Me – Glen Campbelland Julian Raymond
"Lost Stars" from Begin Again – Gregg Alexander e Danielle Brisebois

Melhor Guarda-roupa
Milena Canonero (The Grand Budapest Hotel)
Mark Bridges (Inherent Vice)
Into the Woods (Colleen Atwood)
Maleficent (Anna B. Sheppard e Jane Clive)
Mr. Turner (Jacqueline Durran)

Melhor Design de Produção
The Grand Budapest Hotel – Adam Stockhausen (Design de produção); Anna Pinnock (Decoração)
The Imitation Game – Maria Djurkovic (Design de produção); Tatiana Macdonald (Decoração)
Interstellar – Nathan Crowley (Design de produção); Gary Fettis (Decoração)
Into the Woods – Dennis Gassner (Design de produção); Anna Pinnock (Decoração)
Mr. Turner – Suzie Davies (Design de produção); Charlotte Watts (Decoração)

Melhor Maquilhagem e Cabeleireiro
Foxcatcher – Bill Corso e Dennis Liddiard
The Grand Budapest Hotel – Frances Hannon e Mark Coulier
Guardians of the Galaxy – Elizabeth Yianni-Georgiou e David White

Melhores Efeitos Visuais
Interstellar – Dan DeLeeuw, Russell Earl, Bryan Grill e Dan Sudick
Dawn of the Planet of the Apes – Joe Letteri, Dan Lemmon, Daniel Barrett e Erik Winquist
Guardians of the Galaxy – Stephane Ceretti, Nicolas Aithadi, Jonathan Fawkner e Paul Corbould
Captain America: Winter Soldier – Paul Franklin, Andrew Lockley, Ian Hunter e Scott Fisher
X-Men: Days of Future Past – Richard Stammers, Lou Pecora, Tim Crosbie e Cameron Waldbauer

Melhor Montagem Sonora
American Sniper (Alan Robert Murray e Bub Asman)
Birdman ou (The Unexpected Virtue of Ignorance) (Martin Hernández e Aaron Glascock)
The Hobbit: The Battle of the Five Armies (Brent Burge e Jason Canovas)
Interstellar (Richard King)
Unbroken (Becky Sullivan e Andrew DeCristofaro)

Melhor Mistura Sonora
American Sniper (John Reitz, Gregg Rudloff e Walt Martin)
Birdman ou (The Unexpected Virtue of Ignorance) (Jon Taylor, Frank A. Montaño e Thomas Varga)
Interstellar (Gary A. Rizzo, Gregg Landaker e Mark Weingarten)
Unbroken (Jon Taylor, Frank A. Montaño e David Lee)
Whiplash (Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley)

Melhor Filme Estrangeiro
Ida (Pawel Pawlikowski, Polónia)
Leviathan (Andrey Zvyagintsev, Rússia)
Tangerines (Zaza Urushadze, Mauritânia)
Timbuktu (Abderrahmane Sissako, Argentina)
Wild Tales (Damián Szifron, Estónia)

Melhor Filme de Animação
Big Hero 6 (Don Hall, Chris Williams e Roy Conli)
The Boxtrolls (Anthony Stacchi, Graham Annable e Travis Knight)
How to Train Your Dragon 2 (Dean DeBlois e Bonnie Arnold)
Song of the Sea (Tomm Moore e Paul Young)
The Tale of the Princess Kaguya (Isao Takahata e Yoshiaki Nishimura)

Melhor Curta-Metragem  de Animação
The Bigger Picture (Daisy Jacobs e Christopher Hees)
The Dam Keeper (Robert Kondo e Dice Tsutsumi)
Feast (Patrick Osborne e Kristina Reed)
Me e My Moulton (Torill Kove)
A Single Life (Joris Oprins)

Melhor Documentário – Longa-Metragem
CitizenFour (Laura Poitras, Mathilde Bonnefoy e Dirk Wilutzky)
Finding Vivian Maier (John Maloof e Charlie Siskel)
Last Days in Vietnam (Rory Kennedy e Keven McAlester)
The Salt of the Earth (Wim Wenders, Juliano Ribeiro Salgado e David Rosier)=
Virunga (Orlando von Einsiedel e Joanna Natasegara)

Melhor Documentário - Curta-Metragem
Crisis Hotline: Veterans Press 1 (Ellen Goosenberg Kent e Dana Perry)
Joanna (Aneta Kopacz)
Our Curse (Tomasz Śliwiński e Maciej Ślesicki)
The Reaper (La Parka) (Gabriel Serra Arguello)
White Earth (J. Christian Jensen)

Melhor Curta-Metragem – Ficção Imagem Real
Aya (Oded Binnun e Mihal Brezis)
Boogaloo e Graham (Michael Lennox e Ronan Blaney)
Butter Lamp (La Lampe au Beurre de Yak) (Hu Wei e Julien Féret)
Parvaneh (Talkhon Hamzavi e Stefan Eichenberger)

The Phone Call (Mat Kirkby e James Lucas)