O que é, e para que serve a blogosfera?
Para tudo. O lado “pirata” desta coisa maravilhosa, encanta-me. Ir ali ou acolá, ler livremente o que cada um escreve, colher dali uma foto, dacolá um desenho, um texto assinado ou anónimo, uma música (que ouço só, não sei colocar, nem sequer me interessa muito, se calhar!), tudo isso é fascinante. Oscilar entre George Steiner ou a pornografia (se me apetecer, e claro que às vezes apetece!), ser anjo ou demónio, consoante a colocação da lua, ler merdas inenarráveis de quem não sabe mais do que aquilo que oferece (mas às vezes com que ternura as leio, porque representam a essência de quem as escreve, suspeitando que aspira à arte, como qualquer outro, ou apenas confessando-se, porque abrir-se aos outros é imperioso) ou poemas sublimes, criticas de cinema profundas ou voos esvoaçantes de aprendizes que, todavia, já tocam o sol, descobrir anotações íntimas, despudoramente intimas, ou reflexões sem mácula, que comparamos com outras de sinal contrário, igualmente sem mácula, recolher links para discursos, pensamentos, fotos de sofás, o meu bebé, tudo isso e muito mais é algo de profundamente excitante para o espírito, para a curiosidade de quem gosta de “conhecer” pessoas, personagens, para quem gosta de receber do outro e oferecer do próprio. Julgo que cada um oferece de si o melhor, e tenta receber o melhor. O “melhor” todavia é muito subjectivo. Essa subjectividade é, todavia, o melhor que o melhor tem. Porque ao oferecer o que é único em si, oferece o que faz a diferença. Como já li em muitos locais, já tudo foi escrito, já tudo foi dito. O que não foi feito ainda é ser dito por mim, por ti, por ela. É na diferença das vozes que está a novidade. É ela que interessa. Porque todos somos diferentes. Irrepetíveis. Por isso os blogs são um campo inesgotável de encantamento. Sobretudo quando são sinceros, ou fingem tão sinceramente que são mais verdadeiros que os directos. Por isso certos blogs são de uma chateza absurda: porque não procuram o único, mas o abrangente. Dizer o que todos dizem, mostrar o que todos mostram (e querem ver), tender para o unânismo. Porque trocam a voz única pela lentilha do sucesso fácil. Depois há outra maleita grave na blogosfera, tal como em qualquer outro domínio da comunicação, no cinema, na poesia, na literatura. São os eróticos envergonhados, que ficam a meio caminho entre o que querem e a vergonha de o mostrarem. Prefiro “A Garganta Funda” a “Emmanuelle”, a verdade ao fingimento. Prefiro um blog abertamente pornográfico e ordinário, a um envergonhado que se fica pelas meias tintas “civilizadas”. São iguais no que procuram transmitir, apenas um é coerente consigo, o outro é coerente apenas com a inverdadade. Tudo isto se passa na blogosfera, e esta é fascinante e perturbadora por isso. Mas há aspectos profundamente deprimentes, onde a blogosfera condensa o que de pior há na humanidade (ou desumanidade) de cada um: na trica, na inveja, na maledicência torpe, na vilania escondida sob pseudónimo, na falta de respeito… Aqui como na vida lá de fora (alguns fazem essa ressalva, porque preferem o anonimato ao nome próprio) há fracos e fortes, almas frágeis e durões, tímidos e extrovertidos. Tal como lá fora as aves de rapina tendem a devorar, ou apenas destruir, os mais pequenos e menos adaptados. É o espectáculo degradante, que, aqui como ali, se vê. É o homem na sua pior fotografia. Como todos somos humanos, nada a fazer, a não ser conviver com o horror, mas ir tentando afastá-lo de nós o mais possível. E, se possível, reduzi-lo, mesmo que seja muito lentamente. E não se pode exterminá-lo? Julgo que não. Faz parte do humano. Mas pode-se lentamente ir controlando. A blogosfera seria, se bem aproveitada, um campo de resultados surpreendentes. Basta cada um comunicar ao seu melhor. Falar e ouvir. Escrever e ler. Com conhecidos e desconhecidos. Estarmos abertos ao diálogo, ao confronto, ao que há de diferente no outro. Aqui há palhaços? Claro que há, como em qualquer circo da vida: há os palhaços ricos, que julgam que não são e chamam palhaços aos outros, na sua soberba, há os palhaços pobres que fazem rir e enternecem. Há os saltimbancos de “strada”, na sua fragilidade, há os “clowns” do Barnum, muito estilizados, há palhaços para todos os gostos e feitios. Neste enorme circo (que banalidade!) todos somos, fomos ou viremos a ser algum dia palhaços. Palhaços de nós próprios, palhaços dos outros. Amáveis. Detestáveis. Prestáveis. Divertidos. Humanos, no espectáculo da sua humanidade.
Por que se escreve um blog? Há muitas, milhares de razões, mas todas vão radicar numa única: comunicar, oferecer-se aos outros. Oferecer o que se pensa, o que se sente, o que se ama, o que se detesta, o que se cria, oferecer ao olhar do outro o nosso olhar sobre o mundo. Por mim, faço-o com a humildade de quem sabe que não possui “a” verdade, apenas a “sua” sincera verdade. Mas faço-o com convicção e com frontalidade, a mesma com que sempre o fiz, chamando os bois pelos nomes. Só assim me interessa escrever, bem ou mal. Li por ai algures que escrever bem não chega. É verdade. Uma sinceridade mal escrita vale mais que uma canalhice muito bem encadernada. Mas há na blogosfera portuguesa muitos exemplos dessa harmonia exemplar entre o que se diz e o como se diz.
Sei que não é um tema simples, sequer daqueles que apetece tratar levianamente. Mas há por ai tantos desafios que lanço hoje aqui um aos meus leitores, que se quiserem, e puderem, podem transmitir a outros e alargar a onda. Escrevam sobre “O que é, e para que serve a blogosfera? O que pretendem quando escrevem um post no seu blog?” Façam-me chegar as vossas respostas, por link ou por texto. Vamos reflectir um pouco sobre o que é este espaço atravessado por letras e desejos, fotos e caprichos, músicas e confissões, medos e alegrias, amores e ódios, virgulas e pontos de interrogação, silêncios e dúvidas, certezas e vícios. O vício de escrever, o vício de te amar, a ti que nem conheço, o vício de te dar a mão, o vício de te desafiar. O vício de viver. O vício de contradizer jacques brel: o amor nunca morre. É por ele que temos de lutar. Só morre se o deixarmos morrer. Só morre se desistirmos. Só morre se ns entregarmos à destruição, quer ela venha do Ocidente ou do Oriente, do nosso coração ou do coração do outro.
1º TEXTO RECEBIDO
(Ana Melo, em "Inhospitus Mundu da Ana")
Sábado, Setembro 16, 2006
A teu pedido, meu amigo blogonáutico...
O que é para mim a blogosfera?Li algures que a blogosfera existe como excesso de egocentrismo pessoal, como necessidade de nos afirmarmos aos outros ininterruptamente mesmo que não o mereçamos. Li que um blog é um acto extremamente fútil do ser humano, um pecado de quem o cria, um erro de quem o lê. Li que a blogosfera deveria ser erradicada para não mais impregnar a humanidade com cenas quotidianas desinteressantes, com sentimentos pessoais que a ninguém interessam, com assuntos esquecidos, com temas nada relevantes. Gostaria de conhecer quem escreveu aquilo que li.Tenho três blogues.Um, em construção, será o reflexo da minha futura profissão. Nele escreverei tudo o que entendo ser pertinente na procura de lugares, de saberes e sabores, de paraísos, de mundos e submundos, de ambiente e tudo o que seja ligado ao Turismo. Serei egocêntrica por informar leitores...? Adiante.Linhas Trocadas reflete o meu eu. Sou eu em palavras. Essas descrevem o que me ia na alma no exacto momento em que escrevi. E relato o que me apetece sem esperar algo em troca. Ecrevo porque gosto de escrever. Escrevo porque encontrei ali o meu Diário, que não é diário. Escrevo pois tenho em mim uma enorme vontade de o fazer para libertar ideias, sentimentos, marcos da minha vida. Para mais tarde recordar, talvez. E se está aí alguém ou não, não me interessa. O que realmente me interessa é que quem me quiser ler o pode fazer livremente.E resta-me este blogue que lêem agora. Um blogue em vias de extinção temporária, reaberto a pedido de um amigo. Amigo este que conheço muito bem, embora saiba que ele não me conhece a mim, ou conhece. Outrora trouxe a este espaço assuntos que me deixaram boquiaberta ou que simplesmente me atrairam. Histórias dum país, duma nação, aquela notícia que li no jornal, histórias insólitas, etc. Irá estar congelado, até que me volte a apetecer escrever-lo de novo.Essa é a essência dos blogues: escrevemos o que queremos, porque queremos e quando queremos. Ponto final. É um espaço maravilhoso onde se reúnem milhares de pessoas todas diferentes e todas iguais. Qual hi5, qual fotolog! Aqui existem palavras, sons, imagens. Existe um contacto próximo ainda que distante. Existe compreensão e carinho, existem amizades, existe confiança. Porque eu só leio o que gosto e se não gosto do que leio retiro-me. Lamentavelmente existe quem não o faça mas esses têm mesmo que existir porque é assim toda e qualquer sociedade. Conforme-se quem quiser algum dia acabar com essa espécie má, inoportuna e intolerante. Já dizia a avó da minha trisavó, o que não tem remédio remediado está.Em jeito de conclusão quero fazer um agradecimento a todos os escritores que enchem os meus olhos de boas leituras e que, tal como eu, encontraram aqui um lugar seu, onde tudo é permitido, onde as palavras são rainhas e o pensamento rei.E não me estendo mais, porque o tempo é curto. posted by A.M. at 2:58 PM
2º TEXTO RECEBIDO
(Diogo Ribeiro, em "Despojos do Dia")
Sábado, Setembro 16, 2006
O que é, e para que serve a blogosfera?
Primeiro que tudo, é de salientar que o Lauro António tem um blogue. Convém avisar e não esquecer. Já o visitara antes aquando da sua selecção do blogue da Encandescente como um dos blogues a visitar, e da sua recomendação a uma obra de George Steiner - "A ideia de Europa" - que me escapou pelos dedos hoje (mas amanhã é outro dia).
Segundo, o texto seguinte é uma resposta ao seu desafio feito a todos os bloguistas que por aí andam, a explicar por suas palavras "O que é, e para que serve a blogosfera? O que pretendem quando escrevem um post no seu blog".
Caro Lauro, esta é a minha opinião.
Poderei estar errado mas penso que tentar julgar o fenómeno da blogosfera é pernicioso se nos cingirmos à sua manifestação mais recente. O fenómeno em si tem vindo a crescer e não é tão novo quanto isso. Desde que a interner ganhou algum momentum que tem sido possível criar páginas web com o mesmo tipo de conteúdo. A grande revolução veio por meio da facilidade com que agora qualquer um pode gerar e mostrar conteúdo. Toda a novidade resulta de tratar o conteúdo como se de um diário se tratasse: temos o conteúdo, introduzimo-lo numa página e publicamos. Em alguns segundos os fragmentos da nossa vida já estão em aberto, expostos.
A razão pela qual a blogosfera em si é um fenómeno galvanizador de massas – além da já referida facilidade que tem sido gradualmente introduzida nas tecnologias disponíveis - tem mais que ver com o culto da celebridade e de a linha que divide o homem comum da celebridade em si ser cada vez mais reduzida, do que necessariamente com um desejo natural de expressão. É um triunfo da aspiração a ser algo sobre a intenção de realmente ser algo. Um culto de afirmação. A necessidade humana de adaptação, de ser, mais que um animal social, um animal com um posição hierárquica numa meritocracia – neste caso, virtual. O número crescente de tecnologias e de formas de comunicação está a permitir ao cidadão comum abstrair-se da sua vida, da sua rotina – a elevar-se acima dela. Antigamente as estrelas de cinema faziam-se com contractos multimilionários, grandes orçamentos, majestosos cenários, luzes, câmaras, acção. Hoje, qualquer pessoa com uma câmara de filmar e uma simples (e cada vez mais barata) ligação à internet pode ser vista e avaliada por milhões em segundos – via algo como o YouTube. O progresso, a velocidade da vida, a formatação de um modo de viver que cada vez mais disponibiliza fantasmas de sonhos a todos. A fama, como um qualquer produto que outrora só estava nas mãos de uma elite social, é agora instantâneo, facilitado como um produto de supermercado. A luta de classes é agora uma luta de massas, o proletariado já não oferece apenas força de trabalho mas entretenimento; já não recebe apenas salários mas também audiências, hits, visitantes por dia. A condição humana a um download de distância.
Na contemplação e reflexão da nossa natureza isto traduz-se num panóptico no qual não nos reduzimos a uma inspecção mas sim também a uma avaliação. Um asilo que filma um lunático mas que lhe disponibiliza a visualização de todos os outros que estão presos com ele. E na natureza humana, há algo que nos atraia mais do que nós próprios? Já Pierre Boaistuau o dizia nas suas Histoires Prodigieuses (1560), que não havia mais nada que despertasse tanto o espírito humano, nada que impressionasse os sentidos, ou que provocasse tanto terror e admiração simultaneamente do que os monstros, prodígios e abominações através das quais víamos os trabalhos da natureza invertidos, mutilados e truncados. E é isso que a blogosfera representa na sua essência, a atracção que temos pelo circo de nós próprios, por todo o acto circense que vai desde as atrocidades até às banalidades mais humanas. As anotações, as inseguranças, as intimidades, as dúvidas, os pequenos crimes, a pornografia, a reflexão, toda aquela subjectividade, tudo aquilo que somos exposto e dissecado por pessoas que bebem as nossas palavras, respiram as nossas imagens, vivem momentaneamente o que somos num fascínio voyeurista que se espalha a cada novo blogue na constelação da enorme blogosfera. Tudo o que somos, tudo o que podemos ser, livre, sem barreiras, à espera de ser dito por nós e encontrado pelos outros. O eu como livro de regras, religião, dicionário, pronto a ser desfolhado e adoptado.
Sem me incluír ou excluír directamente nesse tipo de fascínio, julgo estar a ser honesto quando digo que a minha própria relação com o acto de blogar será talvez um olhar sobre um diamante de possibilidades, cada face uma maneira, uma hipótese diferente de encarar a situação. Não admito a hipótese de um qualquer egotismo, pelo menos no sentido de um exagero de personalidade; nunca fui adepto de exagerar aquilo não vale a pena ser exagerado. É antes um fechar de portas ao ruído, à análise e a à luta exterior; é uma força da natureza e ao mesmo tempo é um filtro, uma censura; é fechar as portas da consciência mas deixar as janelas abertas para que circule o ar da expresão; é simplesmente não estar lá e no entanto ser visto por todos; é uma salvação. É uma certeza num presente que duvida de tudo, de si próprio, mas que deve continuar a vir de mim vir até mim, para me assgurar de quem sou e como sou. Cada blogue é um ponto de fuga de uma perspectiva de realidade que as redes de comunicação global nos apresentam, é o mundo ersatz onde o homem se consegue definir melhor: o homem, o redentor, o profeta de si próprio. Onde a isolação do escriba já não é um obstáculo nem considerado uma fuga da realidade mas sim um portal para todo o lado, para um outro aspecto da mesma realidade, a omnipresença de um qualquer deus desafiada por meros mortais.
O hábito de criar um jornal ou um registo não passa pela superficialidade da anotação do dia a dia. É uma viagem pela contradicção do meu próprio ser. Sim, há um dia a dia que surge na minha escrita mas não é necessariamente o dia a dia que vivo. Há registos confessionais sem serem verdadeiras confissões. É uma honestidade brutal que nunca chega a magoar a quem é dirigida. Ao escrever um post num blogue, ou a escrever um texto com a intenção de o publicar num blogue há um processo semelhante ao de uma abstração cubista, aplicada a mim mesmo – a quebra do eu, a análise do eu, e a reconstrução do eu. O resultado final é quase sempre um conjunto de interpretações diferentes do que sou originalmente, várias ideias divergentes que partem de um centro de verdade mas que não remetem o leitor directamente para lá. Não é o mesmo que uma escrita dadaísta ou futurista; é antes um exercício básico de interpretar a forma e recriá-la sem passar pela destruição da mesma. A vantagem deste processo é que permite a descoberta do íntimo e evitar um certo grau de corrupção na avaliação do próprio; penso que há maior discernimento quando nos analisamos sem influências, expectativas ou ideias feitas. Quer seja num poema ou num texto, tento sempre encarar um post como uma reflexão – semelhante a uma escrita automática – que me permite abrir as portas da barragem, de assumir todas as dicotomias do pensamento, do sentimento, da memória, e de navegar por elas até chegar aonde todas elas confluem.
A noção de que estou a fazer esta viagem e de que outros a podem acompanhar pode passar por um certo ideal romântico de fama, mas não tenho essa ambição. Entretenho a noção, mas não satisfaço a ambição. Gosto de escrever, como método de terapia, auto-análise, de fuga, de interpretação e entendimento de realidade. Se exponho o que escrevo não é por procurar aceitação mas por querer partilhar a viagem com outros. Não é uma busca pela fama – já queimei literalmente centenas de textos por não gostar deles, por achar que já não reflectiam a minha realidade. E nunca soube sequer aceitar elogios que professores me faziam em termos de escrita. A hipótese de publicação de trabalhos é algo surreal e que só me atrai porque, como o mais comum dos mortais, tenho contas a pagar. Não é uma qualquer ideia distorcida de que sou um génio – antes pelo contrário, em muitas coisas até me encaro como alguém medíocre que leu livros a mais e que agora tem que soltar todas as ideias que o assombram. O que me interessa é o mais puro e simples hedonismo que encontro na descoberta do ser e do sentir, e de afirmar sem pejo “isto é quem eu sou, isto é como eu sinto”. E espero conseguir continuar a fazê-lo. E que o blogue me ajude a fazer isso. Diogo Ribeiro at 19:48
3º TEXTO
(Matilda Penna - em "nanbiquara" - Bahia - Brasil)
"O que é, e para que serve a blogosfera? O que pretendem quando escrevem um post no seu blog?"
Bom, a blogosfera é um universo feito de muitas galáxias, cheio de estrelas, de satélites, meteoros que desabam sobre nossos blogs, cometas que passam, enfim, é uma mostra da sociedade, do mundo, dos humanos, do nosso jeito de ser humano, diverso, multiplo, facetado, igualzinho mesmo.
E serve para as galáxias juntarem planetas, para as estrelas brilharem, para os satélites refletirem luares esplendorosos ou não, muitas vezes os céus estão cobertos de nuvens, serve para os meteoros fazerem estragos, rombos nas nossas superfícies, para os cometas deixarem rastros brilhantes, enfim, serve para os diversos tipos de desabafos que a humanidade comporta dentro dela, para cada ser humano, único e diverso nessas constelações se mostrar, expor suas idéias, criar seus tipos, deixar seus alter-egos em forma de letras ou fotos ou sons.
E quando escrevo meu blog não pretendo nada, que nem pretenciosa sou, ora, :).
Um blog ou o formato de um blog sempre foi algo que desejei que existisse, desde que aprendi a lidar com computadores, algo fácil e simples de por no ar e onde eu pudesse, virtualmente, continuar meus cadernos com capas de flores onde eu escrevia crônicas, pensamentos, versos, pedaços da minha alma que estavam piscando na hora que pegava o lápis e tinha o papel branco na frente. Quando o formato blog surgiu, pronto, transferi meus cadernos para a internet, desde 2000 que tenho blog, vários, com nomes diversos, porque, ou o site de hospedagem acabava ou eu mudava ou o computador quebrava, enfim, ao voltar voltava com novo nome, novas cores, mesmo jeito, crónicas, versos, pedaços de meus livros, coisas que minha alma estava engasgada no momento exato de postar, nunca fiz diários, meu blog não é diário, o que escrevo pode ser uma lembrança vinda da infãncia ou ser algo que acabou de acontecer ou que nunca aconteceu mas desperta minha inspiração, enfim, um blog para mim é o meu caderno com capa de flores, em versão moderna, onde ponho meus escritos, minhas crónicas, meus poemas e meus encarrilhados, do meu dia a dia efetivamente tem muito pouco. Se lêem e gostam, fico admirada, satisfeita, toda prosa mesmo, aliás, prosa é o que mais tem no meu blog, imagens pequenas e poucas, assim como você como cineasta é amante das imagens eu sou amante das letras, gosto de escrever e vou escrevendo e o formato blog propícia isso, maravilhosamente.
E é isso, mas não é isso só... Matilda Penna (http://nanbiquara.blogspot.com/).
4º TEXTO
(Xilla, em "confidências")
Setembro 2006 {Desafio aceite}
Resolvi aceitar o desafio do Lauro Antonio aApresenta : "O que é, e para que serve a blogosfera?", por uma simples razão, desde que criei o meu primeiro blog (já lá vão uns aninhos) li inúmeros textos que tentaram definir "a blogosfera", até eu cai em tentação, há bem pouco tempo, mas nenhum conseguiu, a meu ver, dizer tudo e tão bem como o Lauro António no post de 16 de setembro de 2006. Desde já os meus parabéns.
A 18 de Abril de 2006 escrevi o seguinte post: "Sempre defendi que um blog é o que cada um quiser fazer dele, uns escrevem diariamente , outros nem por isso , uns usam-no para desabafar, outros para criticar, outros para nada e para tudo. Uns gostam de sentir que alguém os lê e têm caixa de comentários, outros estão-se literalmente nas tintas. Desde o início defendo que todos os blogs são válidos desde que preencham de alguma maneira o seu autor. Por esta razão nunca fiz nenhuma critica generalista ou concreta. Mas já há algum tempo que alguns blogs me fazem confusão porque a única coisa que os move são números, não se preocupam com conteúdos, mas com visitas e para o conseguirem usam de tudo numa tentativa desesperada de chegarem a Tops. É triste, mas é assim que vai a "blogosfera""
Passados 5 meses continuo a ter a mesma opinião, e cheguei a conclusão que desde o início que este problema existe, eu é que andava maravilhada (leia-se cega) e não dei conta :)
Hoje gasto um décimo do tempo que gastava nos meus blogs, sobraram 2 , o “confidências” que criei para partilhar com um grupo de amigos e o “diário de um logótipo”, uma espécie de diário de um trabalho que ficou de borla e que deu muita dor de cabeça, obstáculos na vida de uma designer gráfica. O saldo ainda continua positivo, ainda me da gozo criar o layout, escrever, postar os meus trabalhos e as minhas brincadeiras, mas já não me identifico minimamente com a chamada "blogosfera", cada vez mais parecida com o "mundo do futebol" :) Confidencia de Xilla 4:31 AM
5º TEXTO
(Hugo Alves - "Amacord")
disse...
Mas que belo desafio. Eis o adiantar de algumas ideias:
- estamos numa época em que a imprensa escrita está em crise e parece ter votado ao abandono certas áreas, designadamente o Jornalismo dito cultural. Alguma blogosfera acaba, pois, por tentar colmatar essa lacuna.
- esta é a época em que se publicam muitos livros ditos light, acabando por fechar a porta a muito potencial escritor de talento. Também há por aí blogs que mais não são do que o sítio onde cada um se pode, por assim dizer, auto-editar.
- e depois, claro, há os que se dedicam às suas paixões, os que mostram curiosidades, os que se dão, os que incentivam o diálogo.Talvez seja este o Admirável Mundo Novo da palavra e da imagem. Eu gosto. Muito. E, sinceramente, acho que tal como na literatura, não demorará muito a classificação de blogs: thrash, erudito, especialista...etc.O que importa é que, desde que fomente a discussão - mas com elevação!
- um blog será útil. Porque a troca de ideias é sempre o primeiro passo para tentar alcançar a Verdade. Mas isto digo eu, que sou um idealista por natureza.Abraço,
Domingo, Setembro 17, 2006 8:50:03 PM
6º TEXTO
(Teresa - sem blog)
Tereza said...
Caro Lauro,
Não tenho blog. Não sei se algum dia terei um. Contudo gosto de espreitá-los. Nunca foi tão fácil mergulhar no pensamento humano, seja lá o que for e o que pensa esse ser humano. E, particularmente, gosto deste universo que ora nomina-se "blogosfera":). É como um grande Big Brother virtual. É algo instigante, que atiça a nossa curiosidade. Isto, na verdade, também pode ser um grande confessionário virtual. E é uma delícia ler tantas confissões...Tornarmo-nos íntimos do pensamento de quem nunca vimos na vida. Porém não nos coloquemos de papel de padres austeros, juízes severos. É inútil e fora de hora. Temos mais é que aproveitar a abertura para tantos mundos, para tantas verdades ( e que bom que há tantos!). Que venham mais!!! Segunda-feira, Setembro 18, 2006 4:09:30 AM
7º TEXTO
(Tomás Vasques - "Hoje há Conquilhas")
Setembro 17, 2006
O que é, e para que serve a blogosfera?
Meu caro Lauro António: respondendo ao seu desafio, de forma sintética, direi que a “blogosfera” é a mesa do café, o largo da aldeia, a sociedade recreativa, onde cada um bota opinião, diz bem, diz mal, despeja emoções, sentimentos, conhecimentos e sei lá quê mais: participa, comunica e convive. É, de um modo geral, a voz do povo (quase – é preciso ter computador) descalço que se pronuncia sem esperar por eleições. Caminha para a democracia participada a sério, sem aquelas encenações de Porto Alegre onde só participavam os militantes dos partidos políticos. É para ter em consideração e não se assustarem* com isso…
*(Hoje a blogosfera é território exclusivo de adolescente (os “queridos diários” de antigamente), feirantes de vaidades, autores frustrados que só ali conseguem publicar-se, almas solitárias à procura de um qualquer eco, e também – certamente – de espíritos generosos que fazem doação militante das suas ideias).
posted by tomasvasques at 11:49:00 PM
8º TEXTO
(Sony Hari - "Gola Alta")
Check-up blogosférico
Um desafio é sempre um desafio, e este do Lauro António pareceu-me tentador. O que é, e para que serve a blogosfera?
A blogosfera é um espaço "camaleónico", veste-se e pinta-se de acordo com a necessidade, conveniência, objectivo, tara e mania de cada um. Os autores de blogs podem mudar de estilo, de rumo, de tom sem pedir autorização. Não precisam dela, é verdade, mas acho que a maioria se alinha pela estabilidade do registo, até por uma questão de coerência e também de fidelização de leitores (parece conversa de Bancos e operadoras de telemóveis).
Se pudéssemos observá-la do céu, a blogosfera seria uma imensa manta de retalhos, quadradinhos de posts, uma rede de layouts, para todos os gostos.
Apesar de nada vender, e nada comprar, a blogosfera é também um mercado de palavras, algumas soltas, muito soltas, quase sem parentesco, outras que se transformam em textos de qualidade razoável, às vezes boa, e muito raramente excelente. Os que acho muito bons (falo dos posts), sinto até alguma vergonha por poder lê-los e não pagar nada. É que às vezes compram-se jornais e revistas com tanta porcaria, e editam-se livros sobre coisas que não lembram ao diabo, e pagamos por eles!? Também há o outro extremo, aqueles blogs (e seus posts amestrados) que nem que me pagassem eu lá voltava, porque são um espaço de depressão, de angústia e de pobreza de espírito. Chego a sentir tonturas e falta de ar.
O meu blog serve, sobretudo, para poupar papel e caneta. Já tenho pouca paciência para escrevinhar em papéis, agendas e bloquinhos, e confesso também que a minha caligrafia se degrada a cada dia que passa (tenho pena!). E como cheguei à conclusão que o que escrevia podia interessar a uma ou duas pessoas, quem sabe meia dúzia, achei que não havia mal em abrir uma porta e colocar o reclamo luminoso.
Acredito que a blogosfera está aí para ficar e que tomará formas cada vez mais complexas e diversas (se ainda é possível mais diversidade). No dia em que o encanto se quebrar, sairei como entrei, faça chuva ou faça sol, num recolhimento silencioso, e levarei o rasto cor-de-rosa comigo.
Obrigada. Sony Hari
TEXTO 9
(china blue – "Sociedade Anónima”)
Com a devida vénia (espero que a autora, e cúmplices de blog, não se importem; se importarem digam, eu retiro), transcrevo de um blog, “Sociedade Anónima”, um texto que, embora só aborde uma parcela, mas muito grande da blogosfera, me parece particularmente interessante e se enquadrar muito bem neste “desafio”. O texto já tem uns dias, mas continua de uma enorme actualidade (e continuará). O blog é muito bom, bem escrito, divertido, irónico, incomodativo, irreverent e etc., e tem aquilo que já defendi por aí, sobretudo na polémica sobre “Angel-A”: mais vale assumir que andar sub-repticiamente a sugerido, com coragem para se chamar os bois pelos nomes. Bom bogs, que entra na lista dos blogs a aconselhar. Aliás não podia ser de outra maneira, quando alguém nele escreve: ”Eu tenho fantasias demais para ser uma dona de casa. Acredito que eu sou uma fantasia” Belissimo.
10.7.06
Blogues de engate no feminino
Bom, então para desviar um bocadinho do tema horny sex (ou nem por isso) e porque o prometido é devido, vamos a isto. O tema é delicado, afinal, vou falar das minhas irmãs de sangue, de mim própria. Este é, portanto, um post longo (fica feito o aviso), algures entre o levantamento demográfico e a auto-ajuda, no qual abundarão as analogias com a lei da selva, por motivos óbvios.
Assim (e ao contrário dos masculinos), nos blogues femininos impera a biodiversidade de estratégias, temperada por mais subtileza e uma maior determinação férrea, pelo que não é fácil reduzi-los a meia dúzia de estereótipos para efeitos de dramatização. É que, se os homens não têm vergonha em mostrar que andam à caça, já as mulheres fazem questão de assumir o papel de presas distraídas (e nunca de predadoras - que é o que, na verdade, são).
Em primeiro lugar, uma blogger disponível tem que mostrar que o está, porque a maior parte dos homens (solidários com a sua própria espécie) não estão por aí além interessados na invasão do território alheio. No entanto, também não convém aparentar demasiada inexperiência, que o tempo da desfloração de virgens já lá vai e hoje em dia ninguém está para ensinar nada a ninguém (nos tempos actuais não se perde tempo na cozinha: é enfiar refeições prontas no micro-ondas e comer). Ora, como se conjugam estas duas vertentes? Simples, escrevendo sobre uma relação mais ou menos acabada e que não tenha dado certo: à disponibilidade do presente junta-se a experiência amorosa do passado, ao mesmo tempo que se aproveita para alardear a sensibilidade estética e artística através de poemas, quadros, fotos e prosa poética, de preferência da própria lavra (nisto, fazem o mesmo que os gajos).
Como forma de acautelar a chegada da mensagem ao receptor, a blogger à procura tem o cuidado de fazer constar da sua lista de linques quase só blogues de homens, de preferência listados pelo nome verdadeiro dos seus autores. Pelo meio, põe uma ou outra gaja para disfarçar. É um facto comprovado: este tipo de mulher detesta todas as outras bloggers e mulheres em geral, olhando-as como fêmeas que lhe disputam os machos alfa; no entanto, e para não dar muita bandeira, escolhe sempre uma ou duas daquelas bloggers mais totós (as nerds que vivem para socializar através dos comentários, tadinhas), de quem se finge amiga e que acalenta em respostas, nos mails, etc. Numa vertente mais extrema, a blogger é machista e misógena: despreza as outras mulheres, achando-se a única digna representante da espécie e acredita que a raça masculina é a única por que vale a pena esforçar-se (problemas com a mãe e assim). Escusado será dizer que o arremesso público da sua disponibilidade aparente é independente da disponibilidade de facto: uma blogger pode andar à procura, e ser casada, namorada, amancebada, whatever (a solidão encontra sempre buracos por onde entrar e se instalar). O que interessa é dar a imagem de que não o é, para não espantar a freguesia.
De seguida, há que ter o cuidado de colocar no perfil uma foto verdadeira meio disfarçada no photoshop (se a gaja for efectivamente boa), onde realça um ombro, um olho, um joelho, ou então uma imagem de uma outra gaja boa (no caso de ela própria, blogger, ser um estafermo e ter consciência disso). Depois, é arranjar um nome evocativo de heroína trágico-boazona com laivos de sedução místico-erótica, assim tipo lady godiva, mata-hari ou china blue, e não indicar o autor das fotos com partes do corpo eventualmente a descoberto, deixando no ar a dúvida se aquela maminha que se antevê será, ou não, da que se assina lady godiva, ou se aquele cavalo branco da foto do post de sábado, foi, ou não, efectivamente montado por ela em pêlo.
É claro que uma blogger destas, por mais desesperada que esteja, não pode entrar a matar, pois sabe que espanta mesmo a homenzarrada mais afoita, pelo que, nos primeiros tempos de blogue, convém mostrar-se self-centered q.b. no seu desgosto amoroso (imaginário ou não). Há que cuidar de não cair na lamechiche excessiva e de não abusar das reticências (o que é quase impossível: o mulherio adora as possibilidades em aberto que advêm de umas boas reticências). Se opta por seduzir pela vertente estritamente intelectual em vez da romântico-lamechas e resolve ter opinião, não pode ser demasiado assertiva, pois tal também espanta os homens que, fascinados embora com as suas eventuais inteligência, argúcia e capacidade argumentativa, fogem a sete pés com medo do confronto: nenhum gajo gosta de uma blogger de calças. Eles até acham graça à converseta do morra o macho pim! (atrai-os a perspectiva de domarem a fera e de lhe dobrarem os ossos), mas convém não exagerar.
Uma coisa que estas bloggers têm especialmente em atenção é o fazerem coincidir a música, em especial a letra, com os seus estados de espírito, pois é assim que enviam mensagens subliminares aos potenciais pretendentes. Tipo, e hoje rola aqui no gira-discos do engate, you had a bad day, de james blunt, porque também eu, coitadinha de mim, tive um dia para esquecer, merda, ai a minha vida iadaiada, não me queres vir consolar. Também gostam de mostrar que são um bocadinho malucas, pá! e que até dizem algumas asneiras quando é preciso, especialmente quando estão chateadas, vão no trânsito, apanham bebedeiras, gritam com as empregadas nas lojas ou desafiam o patrão que lhes olha para o rabo ou para as mamas (sempre fantásticos). Para contrabalançar, volta não volta deixam cair informações soltas sobre teses de mestrado ou cursos de especialização extraordinariamente difíceis por acabar, para que se perceba que, apesar de estarem sozinhas e serem boas como o milho, não são estúpidas.
Um outro aspecto engraçado: como todos os homens são tendencialmente voyeurs (os bloggers, então, nem se fala - se não, não seriam bloggers mas outra coisa qualquer), a blogger vai deixando cair poemas ou opiniões que demonstram inequivocamente a sua forte e encantadora personalidade, bem como bocadinhos da sua intimidade. Como quem não quer a coisa, lá vem a copa de soutien que usa, quanto mede, a cor dos olhos, do cabelo, o peso (pesam sempre menos de cinquenta e cinco quilos e a maioria tem olhos verdes, o que é extraordinário, pois ficamos com a sensação de que a blogoesfera é uma afiliada da Central Models), a curva do pescoço, a frescura do ombrinho... É claro que algumas, mais desesperadas, perdem completamente a noção do decoro e acabam a elogiar-se desmedidamente nas suas características físicas e intelectuais, como se fossem espelhos mágicos de si mesmas, o que se torna patético - mas com as malucas super-hiper-extra não vou perder, nem o meu, nem o vosso tempo. Adiante.
Também costumam dar a entender que até sabem cozinhar (embora odeiem o corropio doméstico, brrrr!, pois são muito independentes), mas sempre na onda da nouvelle cuisine, onde usam ingredientes difíceis tipo cardamomo, acelgas e gengibre (são poucas as que assumem que não sabem estrelar a porcaria de um ovo ou, então, que admitem que o que gostam mesmo é de se alambazarem com um cozido à portuguesa cozinhado por elas... o que seria manifestamente grosseiro). Por princípio, têm gatos (mais raramente, cães) aos quais devotam enorme carinho, como se dissessem a quem as lê, vêem?, em vez do félix podias ser tu, aqui enroscado no meu colo e eu a coçar-te as virilhas, pois tenho muito amor para dar, não sei se já percebeste.
Depois, os métodos de aproximação. As mais espertas elogiam sem parcimónia, pois sabem como os homens se pelam por amostras de admiração vindas do sexo fraco, como se vendem por uma fracção da admiração feminina: quanto mais bajulação, melhor. Um breve comentário a mostrar como perceberam o sentido do post do gajo (apesar de este parecer ter sido escrito em sânscrito) e o dito fica logo de anteninhas levantadas. Segue o link, dá com a imagem de um mamilo alçado e com um desabafo de amor em três linhas (os posts têm de ser curtos, se não o gajo maça-se e baza), um comentário por troca e trucas! , está estabelecida a comunicação. Elas também gostam de usar um outro método mais subtil, que é o de se fingirem de lorpas quanto a templates, códigos html e quejandos: opáaa!, apaguei o blogue sem querer, buáaaa, alguém me ajuda? Alguém me põe uma musiquinha que eu não sei como?, e por aí fora. Na verdade, existe sempre maneira de despertarmos o cavaleiro andante que existe em cada blogger-gajo, designadamente fazendo-nos de tontinhas que precisam de ser salvas das garras da ignorância informática. Nunca falha.
Entabulada a conversa vem a parte das fotografias via mail, olha lá como é que sou, e aqui elas tendem a aldrabar e a enviar fotos de quando eram muito mais novas, mais magras e relativamente mais favorecidas pela mãe-natureza (fotos com, digamos, para aí uns dez ou vinte anos de atraso). Algumas chegam ao cúmulo de enviar fotos de fim de curso (quiçá por ter sido essa uma das poucas alturas em que alguém se terá dado ao trabalho de as fixar com alguma atenção, nem que fosse apenas o fotógrafo de serviço: estamos a falar de muita tesão mas também de muita solidão, é preciso não esquecer).
É claro que, a seguir, se vêem metidas num pau de sete varas e prolongam a relação virtual até ao limite do impossível, ou seja, até o gajo se fartar de apalpar o ar e se babar para o ecrã e partir para outra. Ficam a arder, claro está, mas no fundo já estão habituadas: a vida destas mulheres que remexem nos fundos virtuais da blogoesfera a ver se encontram algo que lhes sirva é, fundamentalmente, cerzida a suspiros em frente a um ecrã, seja de PC seja de televisão. Aliás, o ponto universal de partida para se ter um blogue, seja ou não de engate, é sempre o mesmo: darmos vazão a uma espécie de loucura contida e arremetermos contra a solidão que nos infecta, mesmo que vivamos rodeados de pessoas e tenhamos que nos fazer ouvir aos gritos.
E sabem que mais? Eu até acho muito bem que através dos blogues e dos expedientes que atrás referi (e de muitos outros), homens e mulheres, e homens e homens, e mulheres e mulheres, se engatem, se apaixonem, se desenganem, se comam, se adorem, se embirrem, se detestem, se precisem, se dispensem... whatever, e driblem assim as suas intrínsecas solidões. O que me irrita um tinnytinnylittlebit é andar tudo a fingir que não se está cá para isso. Olecas. posted by china blue at 6:09 PM
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http://soc-anonima.blogspot.com/2006/07/blogues-de-engate-no-feminino-bom-ent.htmlInfelizmente não descobri nenhum texto sobre blogs de engate no masculino. Será por serem tão infelizes quase todos?