PEQUIM, 2008, III
Estes jornalistas não param de me espantar. Agora descobriram três novos “escândalos” na cerimónia de Abertura dos J.O. Primeiro: As crianças que apareceram vestidas com fatos de várias etnias (56 para ser mais exacto) afinal eram todas de uma só etnia. No DN, explica-se: “O programa oficial do evento indicava que todas as crianças eram originárias de cada uma das etnias em causa.” E depois cita-se o programa: “56 crianças em representação das 56 etnias chinesas desfilam agrupadas sob a bandeira nacional.” Ora o jornalista começa por parecer não ler bem. “56 crianças “em representação” das 56 etnias”.
Claro que colocaram a questão à organização que se limitou a explicar que as crianças pertenciam a uma grupo teatral “Galaxy Children” que foi contratado para o efeito. Mas ninguém quis ouvir as explicações: “O que é absolutamente normal é serem actores chineses a envergarem roupas dos diferentes grupos étnicos. Não há nada de especial no que aconteceu.” Essa agora? Então não há nada de anormal em contratar um grupo de actores para um representação? Claro que não há em qualquer parte do mundo. Mas estamos na China. Aqui isto não passa de uma “nova fraude”. Meu Deus, endoideceram todos?
Mas os espertos dos atentos jornalistas explicaram logicamente o acontecido: “A decisão dos organizadores dos Jogos prende-se com a necessidade de evitar qualquer risco de incidente naquela cerimónia, um cenário que não seria de evitar de todo, já que a presença no mesmo local de pessoas de diferentes etnias, algumas delas com um historial de incidentes e animosidades entres si. São frequentes as denúncias de grupos de direitos humanos ao tratamento das minorias na China, em especial aos tibetanos e aos uigures, população muçulmana da província do Xinjiang.”
Obviamente que esta explicação tem toda a lógica, para lá de não ser muito bem escrita. Mas já viram 56 crianças de várias etnias desfilarem no estádio, cada uma delas com um lança foguetões à cintura, e meia dúzias de bombas debaixo dos bonitos vestidos? Verdadeiramente perigoso.
De resto, passa-se o mesmo em qualquer parte do universo, no mundo do espectáculo. São, pois, fraudes a seguirem-se a fraudes. Nos shows do Casino do Estoril, propriedade do perigoso chinês Stanley Ho, fazem-se por vezes apoteoses com vestidos dos quatro cantos do mundo, envergados por louras (e muito descascadas) inglesas (agora se calhar é mais bailarinas do Leste, mas tanto faz). Calcula-se os protestos que cada representação provoca na sala “prata e cinza”, com o público a levantar-se aos berros e a exigir, “Abaixo a fraude! Queremos uma mulher das ilhas Faroe a erguer a bandeira respectiva!”
Mas há mais: “as cercas de 200 jovens chinesas que conduziam as delegações do atletas na cerimónia de abertura foram obrigadas a despirem-se no processo de selecção. Por motivos de segurança. Segundo o “Beijing News”, as duas centenas de seleccionadas entre as cerca de cinco mil concorrentes, provenientes da universidades e escolas de dança, tiveram de se despir para que os responsáveis pela selecção pudessem observar e medir os seus corpos, em especial a zona dos ombros, a cintura e a altura. Segundo uma das concorrentes, para serem aprovadas deviam medir, pelo menos, 1,88 metros, apresentar um rosto bonito e uma expressão jovial.”
Ao que se chegou na China, neste aspecto!!! Seleccionam-se 200 entre 5.000 candidatas, segundo critérios que não foram os legitimamente democráticos de “quem chegar primeiro que se vista.” Não repararam ainda nesse outro verdadeiro escândalo que foi a fraude de cada jovem que conduzia a delegação de um país não ser do respectivo país, mas sim “chinesa”! Vá se lá perceber estes bárbaros. Eu já calculava que “chinês” Di Ogo In Fan Ti andava por aqui com modernices fazendo castings muito suspeitos para aquela obra passada sob o regime nazi, ”Cabaret”. Fazer castings para quê?
De resto, já reparam na insinuação torpe: “as duas centenas de seleccionadas (…) tiveram de se despir para que “os” responsáveis pela selecção pudessem observar e medir os seus corpos”? Os responsáveis a medirem os corpos!? Hum taradices de certeza.
Voltando ao DN: “Outro detalhe da cerimónia ontem tornado público revelou que um grupo de 900 soldados chineses foi forçado a estar imóvel durante sete horas. Os militares permaneceram agachados sob um rolo de caracteres de grandes dimensões à espera do momento de tornar visíveis diferentes frases formadas por aqueles caracteres.”
Ninguém se lembra dos guardas da tirânica Rainha de Inglaterra? E das horas que eu e milhares de portugueses estivemos ao sol no Estádio Nacional para compor uma bandeira nacional antes do Euro 1004? Serão aos milhares os exemplos de acontecimentos como este, executados em nome de um projecto em que se acredita, ou em que somos obrigados a acreditar. Não será prerrogativa da China.
Não se trata de defender a China, que continua a permitir verdadeiras atrocidades e a justificar as maiores criticas noutros planos. Trata-se de combater a asneira e a xenofobia (neste caso, a chinofobia).