Carlos Porto e a mulher, Teresa, numa foto retirada do site do Fitei.
Esta a notícia da Lusa, que passou, de noticiário em noticiário, no dia 29 de Outubro:
Morreu o crítico de teatro e dramaturgo Carlos Porto Lisboa, 29 Outubro (Lusa) - O crítico de teatro e dramaturgo Carlos Porto morreu hoje aos 78 anos, em Lisboa, vítima de pneumonia, disse à agência Lusa fonte próxima da família. Carlos Porto, pseudónimo de José Carlos da Silva Castro, nasceu no Porto em 1930 e notabilizou-se sobretudo na crítica de teatro durante quase cinquenta anos, sobretudo no Diário de Lisboa e no Jornal de Letras. Um dos fundadores da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, Carlos Porto deixou obra como poeta, dramaturgo e tradutor, estando publicados, entre outros, "10 Anos de Teatro e Cinema em Portugal 1974-1984", "O TEP e o teatro em Portugal", "Fábrica Sensível" e "Poesia Cega". Maria Helena Serôdio, directora da revista Sinais de Cena e amiga do crítico de teatro, recordou hoje à agência Lusa que Carlos Porto "foi um dos grandes fazedores de opinião pública em termos de teatro". "Era um crítico muito respeitado e por vezes muito temido, que provocou algumas polémicas, mas que respondeu sempre com coragem e frontalidade", disse Maria Helena Serôdio, reforçando o papel que Carlos Porto teve na década de 1970 na divulgação do trabalho de Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo.Foi, sobretudo, no Diário de Lisboa que Carlos Porto se destacou, disse Maria Helena Serôdio, "como combatente absolutamente decidido e corajoso sobre a liberdade do teatro, sobre a inovação e sobre o profissionalismo". O corpo de Carlos Porto estará em câmara ardente a partir das 17:00 na Igreja de Arroios, em Lisboa. O funeral sairá às 15:00 de quinta-feira para o cemitério dos Olivais, em Lisboa.
Morreu o crítico de teatro e dramaturgo Carlos Porto
Será que muitos sabem quem foi? Será que sabem que pertenceu a uma geração brilhante da crítica em Portugal? Será que se calcula a importância que teve ao longo de décadas?
Conheci-o no "Diário de Lisboa", numa época em que este jornal era a cartilha da crítica e da opinião em Portugal, entre finais da década de 60 e meados dos anos 70. Na televisão dominava Mário Castrim, no cinema tínhamos aparecido eu e o Eduardo Prado Coelho, na música, a voz era a do Mário Vieira de Carvalho, no bailado, escrevia Manuela de Azevedo, e havia ainda gente muito interessante nas artes plásticas, ma literatura, até na tauromaquia a crítica era afamada. Havia suplementos culturais e sentia-se que o papel da crítica tinha uma influência decisiva. Tudo muito distante do que acontece hoje em dia, em que a crítica em Portugal quase não tem significado. Carlos Porto foi um dos nomes importantes desse período e um homem que representou um papel particularmente importante no campo do teatro que se encenava e se escrevia entre nós.
Passadas as reuniões e tornadas públicas as deliberações dos diferentes júris do CineEco 2008, permito-me agora dar opinião sobre as minhas obras preferidas. Poderei dizer que todas as premidas se encontram entre as minhas eleitas, apesar de muitas das minhas eleitas não se encontrarem entre as premiadas. E mesmo entre estas, a ordem de preferência é, obviamente, diferente. Cada cabeça, sua sentença.
O meu Grande Prémio iria para "Um Sentimento Maravilhoso" (A Sense of Wonder), de Christopher Monger (E.U.A, 2008), que se ficou pelo prémio Camacho Costa. Julgo, porém, que por todas as razões e mais uma, esta era a minha obra preferida. Partindo de uma peça teatral, escrita e interpretada por Kaiulani Lee, que ao longo de dezasseis anos a fez viajar por todos os Estados Unidos e ainda passar por Inglaterra, Itália, Canadá, Japão, etc., “A Sense of Wonder” esboça os anos finais da vida de Rachel Carson, uma bióloga marinha e zoologista norte-americana, que seria rapidamente conhecida como “a patrona do movimento ambientalista”, depois de ter escrito, em 1962, um livro, “The Silent Spring”, onde alertava o mundo para os perigos dos pesticidas então em alarmante difusão. Mas se esta obra provocou as mais desencontradas reacções, algumas das quais levaram a autora a ter de se defender de várias graves acusações que provinham de políticos, industriais, cientistas ou jornalistas, e que depois se provaram falsas, obrigando os detractores a retratarem-se e vários pesticidas, como o DDT, a serem colocados fora do mercado, a veia poética de Rachel Carson assinalava igualmente um momento importante no deslumbramento da vida natural, com um sentimento maravilhoso para com a imensidão do mar e dos seres vivos que habitam o nosso planeta. Nos últimos anos de vida, Rachel Carson sofreu de um cancro que a viria a vitimar, sem no entanto a fazer perder o prazer da vida e o encanto pela natureza. Com base em textos da escritora, Kaiulani Lee baseou a sua peça em duas entrevistas que funcionam como um longo monólogo, onde aborda as peripécias mais marcantes da existência da escritora, e deixa a marca da sua visão poética da vida. A interpretação de Kaiulani Lee é notável, a sua dicção hipnótica, a fotografia de Haskell Wexler digna do mestre que sempre foi. Rodado na casa de campo de Rachel Carson do Maine, "Um Sentimento Maravilhoso" é uma obra magnifica, delicada e sensível por um lado, vibrante e teimosa na sua obstinação, apaixonante e poética no seu declarado amor pela natureza, dolorosa no seu confronto com a morte. Uma verdadeira lição da arte de viver de acordo com a natureza, sem demagogias nem tibiezas. "Em Construção" (Under Construction), do realizador chinês Zhenchen Liu (França, 2008), foi o grande vencedor do Cine'Eco 2008, pois ganhou o Grande Prémio do Júri Internacional e do Júri da Juventude. Unanimidade pois. Nascido em Xangai, em 1976, formado na Escola de Cinema de Xangai, agora freelancer em França e na China, Zhenchen Liu escreve, realiza, fotografa, sonoriza, monta “Under Construction”, dez minutos de prodigioso efeito técnico, um majestoso traveling (que atravessa ruas, edifícios, portas e janelas) sobre as ruínas de uma cidade em transformação: todos os anos, aqueles que planeiam o urbanismo das cidades chinesas decidem arrasar parte da antiga Xangai para renovar a metrópole. Anualmente também mais de cem mil famílias são forçadas a abandonar as suas casas e a mudarem-se para edifícios nos limites da cidade, com tudo o que essa transferência acarreta. O Júri da Lusofonia atribuiu o seu Grande Prémio a "Juruna, O Espírito da Floresta”, de Armando Sampaio Lacerda (Brasil, 2008). Mário Juruna foi, até hoje, o único índio indígena que conquistou o direito de representar seu povo no parlamento brasileiro. Através de uma aproximação desta personagem mítica que morreu não há muito, vítima de diabetes, Armando Lacerda investe, com emoção e sensibilidade, na acidentada história da própria comunidade dos índios Xavante no interior do Brasil, e bem assim de toda a população índia que ainda sobrevive, depois de tormentosos períodos de um quase genocídio anunciado. A longa-metragem, fotografada com a exuberância cromática que o tema requeria, trouxe de novo o cineasta a Seia, onde já havia exibido “Guerra do Contestado”, que fora prémio Campânula de Prata, no CineEco 2000, e “Janela para os Pirinéus”, Menção Honrosa, do Júri da Juventude. O Júri Internacional atribuiu ainda os seguintes prémios: Prémio Educação Ambiental: "Desertos em Movimento - Europa" (Wüsten im Yormarsch - Europa), de Ingo Herbst, (Alemanha, 2007), uma análise do impacto das alterações climatéricas na paisagem europeia, que ameaça transformar algumas zonas, nomeadamente a Península Ibérica, em desertos que prolongam a geografia africana. “Portugal, Espanha, Itália e Grécia são quatro países da UE tão afectados que aderiram já à Convenção das Nações Unidas para o combate à desertificação. Mas não são só estes países mediterrânicos a sentirem os efeitos. Bulgária, Hungria, Moldávia, Roménia e a Rússia também deram sinais de desertificação e, na Ucrânia, 41% das terras agrícolas estão em risco de erosão. Em 2000, as Nações Unidas publicaram um relatório em que se declarava “as primeiras fases de séria degradação da terra estão a ser assinaladas em várias partes da Europa e 150 milhões de hectares estão em alto risco de erosão. A deterioração atingiu um nível crítico nos países do Mediterrâneo”, afirmam os responsáveis pelo bem documentado filme, que se integra numa série televisiva, da qual se podia ver ainda, no “Panorama Informativo”, “Desertos em Movimento – A Ásia”. O Júri das Extensões atribuiu igualmente o prémio "Cine'Eco em Movimento" a "Desertos em Movimento - Europa". A "Os Olhos Fechados da América Latina" (Los Ojos Cerrados de América Latina), de Miguel Mirra (Argentina, 2007) foi atribuído o prémio “Antropologia Ambiental”. A obra deste argentino resulta num libelo latino-americano contra a pilhagem do continente pelas multinacionais e o capitalismo desenfreado. Trata-se da análise de um modelo económico que devasta as relações sociais e o meio ambiente em vários países da América Latina, juntado para o efeito um coro de vozes representativas de todo o continente, que abordam temas como a mineração a céu aberto, a monocultura da soja, a depredação dos solos e florestas, a construção de barragens, a exploração desordenada do peixe, a produção de pasta de celulose, etc., colocando em evidencia a estreita relação entre o roubo dos recursos naturais, a poluição e o modelo de exploração multinacional. Muito inquietante é igualmente "Cemitérios Digitais" (Digital Cimiteries), de Yorgos Avgeropoulos (Grécia, 2007), que ganhou o prémio “Resíduos”. A sociedade actual está cada vez mais dependente da informática. São milhões os computadores que diariamente se abandonam no lixo. Para onde vão estes desperdícios electrónicos perigosíssimos, que devem ser reciclados obedecendo a especificações rígidas? A maior parte vai parar às mãos desprotegidas de chineses ávidos de trabalho que, por um dólar por dia, desmontam com as mãos nuas estes objectos altamente tóxicos e cancerígenos. Os países desenvolvidos, em vez de gerirem os próprios desperdícios electrónicos, acham que é mais barato exportá-los para as nações mais pobres, levando assim biliões de pessoas a escolher entre o envenenamento e a pobreza, enquanto os mares do planeta, rios, terra e ar vão sendo irreparavelmente contaminados. Mais de 50.000.000 toneladas da nossa “civilização digital” terminam ilegalmente na China, em cidades cemitérios. De computadores e de seres humanos. Quem fala aqui em direitos humanos? “Os chineses são muitos, ganham uma miséria, e estão longe. É com eles!” O prémio "Alerta" do Júri da Juventude foi igualmente para "Cemitérios Digitais", “pela consciencialização de uma problemática desconhecida da maioria da população mundial”. O Prémio Polis, foi para "O Estádio Verde" (Der Prater – Ein Wilde Geschichte), de Manfred Corrine (Áustria, 2007), que coloca um curioso problema: como harmonizar o ambiente natural com as necessidades da sociedade actual. Um dos estádios onde decorreu o Europeu de 2008, na Áustria, foi o Prater, situado no interior dos 6.000.000 m2 do pulmão verde de Viena, uma zona onde outrora se reunia a aristocracia para caçar, e onde hoje se cruzam os motociclistas e os praticantes de jogging, e onde, pelos prados, passeiam texugos, raposas e gamos, enquanto nas águas, os patos (vindos há muito da China para abastecer as caçadas locais) agora acasalam livremente. A vida floresce nos campos do Prater, cheios de boas surpresas, num ecosistema bem defendido. "Desenvolvimento Hidrográfico – Tratamento de Áreas em Sulcos" (Jalagam Vikas – Mitti Ke Bandh) de Pinky Brahma Choudhury, Shobhit Jain (Índia, 2007) triunfou na categoria “Água”, onde havia muitos e ons concorrentes. O filme descreve métodos simples e económicos para resolver o problema da água, que podem facilmente ser usados pela população local, utilizando os recursos naturais para a construção de diques e barragens. Esta abordagem constitui um novo paradigma de desenvolvimento que, não procurando controlar a natureza, surge naturalmente do solo, promovendo a regeneração ambiental, a segurança dos seres vivos e a autonomia dos povos. Excelente, um dos meus preferidos igualmente, que fora este ano Grande Prémio do FICA de Goiás, onde o vi pela primeira vez e onde o convidei para o Cine Eco, é “Jaglavak, Príncipe dos Insectos” (Jaglavak, Prince of Insects), by Jerôme Raynaud (França, 2007), uma obra que viaja até ao norte dos Camarões, às montanhas Mandaras, onde os Mofu vivem uma relação única com os insectos, compartilhando com eles as suas casas e culturas. Ultimamente, uma terrível seca atingiu a região e as térmitas, normalmente preciosos aliados dos Mofu, saíram dos campos e invadiram as cabanas e celeiros. Para se defenderem, os Mofu não têm outra opção senão apelar para Jaglavak, uma feroz formiga combatente com corpo de dragão, protegido por uma carapaça e armado com pinças temíveis que cortam e despedaçam tudo. O mais interessante no filme é essa associação que discretamente se vai estabelecendo entre a organização da vida comunitária de homens e insectos, numa perfeita harmonia e sincretismo. Na categoria “vídeo não profissional”, o Júri Internacional salientou uma obra de escola (Escola de Belas Artes de Genebra), "Não Há Terra para os Pinguins" (No Pinguin's Land), de Barelli Marcel, (Suíça, 2008), uma divertida mescla de animação e imagem real. Vitimas do aquecimento global que “secou” as neves dos pólos os pinguins emigram para terras que o turismo mostra como potenciais cenários de apetecíveis neves, os Alpes suíços. Mas a realidade é desconsoladora. Humor e imaginação, num filme muito engraçado. O Júri Internacional atribuiu ainda Menções Honrosas a dois outros títulos: "Os Profetas do Clima" (Die Wetterpropheten) de Christoph Felder (Alemanha, 2007), e "Correntes – Por Amor à Água" (Flow, for Love of Water) de Irena Salina (EUA, 2008), ambos particularmente interessantes, o primeiro como recolha de testemunhos de alguns chamados “profetas do tempo” que vivem nas montanhas da Suiça e prevêem o tempo através da observação directa de pequenos indícios deixados por animais e plantas. O filme é ainda um trabalho notável de antropologia ambiental, e um rigoroso exercício cinematográfico. Quanto a "Correntes – Por Amor à Água", trata-se de um perturbante inquérito a uma realidade cada vez mais dramática: as fontes dos nossos recursos estão a desaparecer de forma trágica, sendo a avareza a principal causa desta delapidação sem controlo. Para o Júri da Lusofonia houve ainda três Menções Honrosas, todas portuguesas: "A Luz dos Meus Dias", de Anabela Saint-Maurice (Portugal, 2008), retrato intimista e pudico de uma jovem de Santo Aleijo, Alentejo, a Ana Zé, que pesa 150 quilos, e venceu a timidez integrando um grupo de cantares alentejanos. Com o seu enorme físico, Ana Zé é uma pessoa “diferente” numa aldeia do sul de Portugal, marcada pela saudade de um tempo já extinto e pela desconfiança em relação ao futuro. Numa terra essencialmente machista, a mulher marca território e mostra-se afinal muito mais decisiva do que pode parecer inicialmente. Partindo de Ana Zé é uma panorâmica mais vasta a que Anabela Saint-Maurice nos oferece. "dot.com", de Luís Galvão Teles (Portugal, 2007), é uma comédia de cenário ambientalista, que procura, de certa forma, recuperar a tradição do popular humor português dos anos 30 e 40. Numa aldeia do Norte de Portugal, Santa Lúcia, Pedro, um jovem engenheiro de 27 anos, ali desterrado para construir uma estrada, cujo projecto é cancelado, vê-se envolvido numa estranha engrenagem, ao receber uma carta de uma multinacional, intimando-o a fechar o website da aldeia, por infracção à legislação de copyright, sob a ameaça de um pedido de indemnização de 500.00 euros. Mas o website foi criado em nome da Associação da Aldeia e só esta o pode fechar, o que não corresponde á vontade dos seus associados. “Se a multinacional quer o site, que o compre!”, eis a conclusão que vai movimentar os habotantes da aladeia e a comunicação social. Divertido e instrutivo. "A Grande Aventura", de Francisco Manso (Portugal, 2008), é mais um trabalho do autor na linha de outros que tiveram como centro os bacalhoeiros. A pesca do bacalhau é cada vez mais, nos dias de hoje, para os portugueses, uma referência cultural e memorial, tema forte de um certo imaginário português. Francisco Manso vai até á Gronelândia em busca de testemunhos e lembrança de um tempo passado. Um bom trabalho de recolha e inspiração. O Júri da Juventude atribuiu ainda o Prémio "Terra" a "Terras Feridas, Vidas de Dor" (Scarred Lands and Wounded Lives: The Envirommental Impact of War), de Alice T. Day e Lincoln H. Day (EUA, 2007), “pela sensibilização emergente da capacidade auto-destrutiva da natureza humana”. O filme é uma inquietante jornada por algumas das guerra em que ultimamente os norte-americanos se têm envolvido, desde o Vietname até ao Afeganistão ou o Iraque, mostrando a profunda dependência da vida natural e as importantes ameaças a que essa vida está sujeita devido a estas guerras e à sua preparação. Um documento impressionante que vale a pena ponderar devidamente. O Júri da Juventude concedeu igualmente uma Menção Honrosa a "The Women at Clayoquot"- "As Mulheres de Clayoquot" (Canadá, 2008) de Shelley Wine, magnifica reconstituição da luta das mulheres canadianas, nos anos 60, contra o abate da floresta tropical, naquela que ficou conhecida como a maior acção de desobediência civil na história do Canadá. Sem cair na deslocada toada feminista, o filme afirma-se sobretudo como história de um movimento cívico que teve repercussões até aos nossos dias. Finalmente, o Júri das Extensões, ainda concedeu uma Menção Honrosa a "O Fantasma”, de um colectivo de jovens dirigidos por Abi Feijó (Portugal, 2007), uma animação em plasticina que relata a história de um rio do Porto que se encontra entubado e em muito mau estado de conservação. Revistas as obras premiadas pelos quatro júris do Cine Eco 2008, com as quais me solidarizo incondicionalmente (apesar de as ter colocado, num caso ou noutro, numa ordem diferente), resta ainda referir algumas obras não premiadas, que me parecem muito interessantes e dignas de figurar num dos palmarés (compreende-se porém que os júris não pudessem premiar todas as obras merecedoras de destaque, dado que eram muitas as concorrentes e de altíssimo nível).
INTERNATIONAL JURY (The winners will also receive a certificate and a trophy - “Campânula”)
Environmental Great Award (Seia City Council Prize), Under the value of EUR 3,750, given to the best among all the works presented to all categories of the competition concerning Environment: "Em Construção" (Under Construction), by Zhenchen Liu (France, 2008)
“Environmental Education” Award, under the value of EUR 600, given to the best work concerning the general subject of the competition, under an educational point of view. "Desertos em Movimento - Europa" (Wüsten im Yormarsch - Europa Deserts on the Move – Europe), by Ingo Herbst, (Germany, 2007);
“Environmental Anthropology” Award, under the value of EUR 600, given to the best work promoting the subject of human insertion in its daily way of life. "Os Olhos Fechados da América Latina" (Los Ojos Cerrados de America Latina The Closed Eyes of Latin America), by Miguel Mirra (Argentina, 2007);
“The Value of Residues” Award, under the value of EUR 600, given to the best work concerning the subject of the utility of waste. "Cemitérios digitais" (Digital Cimiteries Digital Cimiteries), by Yorgos Avgeropoulos (Greece, 2007);
“Pólis” Award, under the value of EUR 600, given to the best work promoting the subject of urban qualifying and environmental value. “O Estádio Verde" (Der Prater – Ein Wilde Geschichte The Green Stadium), by Manfred Corrine (Austria, 2007);
“Water” Award, under the value of EUR 600, given to the best work concerning the subject of watery resources. "Desenvolvimento Hidrográfico – Tratamento de Áreas em Sulcos" (Jalagam Vikas – Mitti Ke Bandh Watershed Development – Earthen Dams) by Pinky Brahma Choudhury, Shobhit Jain (India, 2007);
“Natural Life” Award, under the value of EUR 600, given to the best work promoting the subject of Nature’s preservation and biodiversity. “Jaglavak, Príncipe dos Insectos” (Jaglavak, Prince of Insects), by Jerôme Raynaud (França, 2007)
“Non-professional Video” Award, under the value of EUR 600, given to the best non-professional work presented to the competition. "Não Há Terra para os Pinguins" (No Pinguin's Land No Pinguin's Land), by Barelli Marcel, (Switzerland, 2008);
“Camacho Costa” Award under the value of EUR 600, given to the film that best expresses the environmental issues, using the means of humour or poetry. "Um Sentimento Maravilhoso" (A Sense of Wonder A Sense of Wonder) by Christopher Monger (USA, 2008);
Honorary Certificates "Os Profetas do Clima" (Die Wetterpropheten The Weatherprophets) by Christoph Felder (Germany, 2007);
"Correntes – Por Amor à Água" (Flow, for Love of Water Flow, for Love of Water) by Irena Salina (USA, 2008);
LUSOFONIA JURY
Special Prize for Lusophony, under the value of EUR 2,500, given to the best work produced and directed in a Portuguese speaking Country. Juruna", (O Espírito da Floresta Juruna, The Spirit of the Forest) by Armando Sampaio Lacerda (Brazil, 2008);
Honorary Certificate "A Luz dos Meus Dias" (A Luz dos Meus Dias The Light of my Days) by Anabela Saint-Maurice (Portugal, 2008);
"dot.com" (dot.com dot.com) by Luís Galvão Teles (Portugal, 2007);
"A Grande Aventura" (A Grande Aventura The Great Adventure) by Francisco Manso (Portugal, 2008);
YOUTH JURY (only Certificate)
Youth Great Award "Under Construction" – "Em Construção" (France, 2008) by Zhenchen Liu.
"Earth" Award "Scarred Lands and Wounded Lives: The Envirommental Impact of War" – "Terras Feridas, Vidas de Dor" (USA, 2007) by Alice T. Day e Lincoln H. Day,
"Alert" Award "Digital Cemiteries" – "Cemitérios Digitais" (Grécia, 2007) by Yorgos Avgeropoulos
Honorary Certificate "The Women at Clayoquot"- "As Mulheres de Clayoquot" (Canada, 2008) by Shelley Wine.
JURY FOR EXPANSION (only Certificate) "Cine'Eco on the Move" Award "Desertos em Movimento - Europa" (Wüsten im Yormarsch - Europa Deserts on the Move – Europe), (Germany, 2007) by Ingo Herbst;
Honorary Certificate “The Phantom” - "O Fantasma” (Portugal, 2008), by Colectivo / Abi Feijó "Under Construction" – "Em Construção" (France, 2008) by Zhenchen Liu
Andando em maré de musicais: já aqui escrevi como saí desiludido da versão portuguesa de “Cabaret”, instalada no “Maria Matos”. Revi há dias o filme, que continua galvanizante, e fui descobrir uma crítica publicada por mim, por essa altura. Com uma ou outra correcção, e sem um bom excerto que a censura cortou (e eu não repesquei), aqui fica: "Cabaret" (EUA, 1972): Berlim, fins dos loucos anos 20, inícios da ameaçadora década de 30. A lição correcta de como foi possível a ascensão do nacional-socialismo. Uma época de crise, uma época de inconsciência, uma época de loucura. Com o fascínio que tal caos pressupõe, com a repulsa que a posterior reacção justificaria. No palco, Liza Minelli (filha de Vincent Mirmelli e de Judy Garland) tenta recortar a silhueta de Marlene em “O Anjo Azul”, enquanto Joel Grey cacareja a impotência e o total aviltamento do professor Unrat. Marlène e Emil Jennings estão constantemente presentes nos olhos de todos e esta referência, em jeito de homenagem, não é seguramente um dos menores trunfos do belo filme de Bob Fosse (que ultrapassa em muito os limites de um “género”). Soberbo, enquanto reconstituição de um período, “Cabaret” leva ainda mais longe que “Sweet Charitty” as potencialidades coreográficas de Bob Fosse. Na verdade, este é um “musical” não coreografado em palco (como muitos dos clássicos) ou em profundidade de campo (como quase todos os “musicais” após os anos 40), mas sim um “musical” cujos “números” são coreográficos na montagem. Ou seja: em vez de uma câmara a movimentar-se (ou fixa) frente a um cenário, onde evoluem os bailarinos, a técnica de Bob Fosse é um tanto diferente, apresentando pequenas zonas cénicas, filmadas de vários ângulos. É através do ritmo da montagem desses planos, de uma cadência segura e sincopada, que os “números” se vão organizando, preenchendo um espaço cinematográfico, criando um tempo diferente e um ritmo novo. Dois actores justificariam, igualmente, por si só a visão do filme: em primeiro lugar Joel Grey, uma revelação sensacional, um “entertainer” que interrompe a acção do filme, que a trunca por vezes, que a distancia. Ironicamente, este é o comentador “travesti” que a época justificava. Uma personagem andrógina, de uma ambiguidade sexual tremenda, uma ilha da noite e dos fantasmas que nela se geram, “clown” sombrio que a luz dos reflectores traz à ribalta para inquietação dos presentes. Nada é seguro nesta personagem, como nada era seguro nesses anos de maus presságios. Com Liza Minnelli estamos de novo perante uma grande actriz que se impõe um pouco contra a chamada “corrente do jogo”. Só o seu enorme talento e a comunicação espontânea que estabelece fazem esquecer outros aspectos menos atraentes da sua figura. Este é um “Cabaret” fascinante e medonho, mistura nocturna de luzes inebriantes e vielas lamacentas, cruzadas por “milícias” que distribuem a dor e instalam o pavor. Que se verá com redobrado prazer, é certo, mas com os olhos despertos para o perigo que encerra esta panorâmica decadentista que viaja por um cenário de "cabaret” onde se argamassa realidade e espectáculo, vida e representação. Bob Fosse dirige Liza Minnelli
A 26 de Setembro de 1957, no Winter Garden Theatre, de Nova Iorque, estreava-se um novo “musical”, da autoria de Jerome Robbins (ideia inicial, coreografia e encenação), Leonard Bernstein (música) e Stephen Sondheim (libreto), segundo argumento de Arthur Laurentz, que era, nem mais nem menos, do que a adaptação da tragédia de William Shakespeare, “Romeu e Julieta”, à actualidade das ruas nova-iorquinas (de final da década de 50). Inicialmente, pensou-se que o conflito entre os grupos rivais seria de índole religiosa, entre católicos de origem irlandesa, e judeus. Ela seria judia, ele católico, viveriam ambos em Nova Iorque, mas no East Side (seria mesmo uma “East Side Story”), mas a proximidade uma outra peça teatral com entrecho muito semelhante (“Abie’s Irish Rose”, de Anne Nichols), afastaria a ideia. A galopante imigração de porto-riquenhos daria o mote para a intriga dramática. A produção do espectáculo, que levantou enorme polémica na estreia, e sobretudo entre a crítica, era de Robert E. Griffith e Harold S. Prince. O elenco inicial reunia Carol Lawrence e Larry Kert, no par amoroso, e ainda Michael Calin, Ken Le Roy, Chita Rivera, Lee Becker, David Winters, Tony Mordente, entre outros. Foram quase dois anos de casas cheias (732 representações), mas o “Tony” do ano para melhor musical foi para “The Music Man”, ficando “West Side Story” com alguns troféus de consolação, como o da coreografia e o de designer de cena (Oliver Smith). “West Side Story” era, no entanto, não só profundamente inovador na época como se manteve, daí para a frente, como um dos grandes musicais de sempre. A novidade seria motivo de gratificante descoberta para quem assim a entendeu, mas igualmente de mortificante acusação. Muitos críticos, de olhos aturdidos, não aceitaram muito bem a “novidade” de um musical “dramático”, que terminava com um cadáver no centro do palco, depois de atravessar conflitos rácicos e sociais e de mostrar que nem tudo ia bem na América. Muitos se insurgiram contra esta forma de mostrar em cena aberta as mazelas dos EUA, não percebendo que é esse aspecto que faz daquele país um exemplo, mesmo quando tudo o mais corre pessimamente (como é caso presente). Mas a verdade é que os críticos passaram e o musical continua. Não envelhecendo, muito pelo contrário, remoçando, actualizando-se, criando novas interpretações, e sendo encenado um pouco por todo o lado, como acontece agora, pela primeira vez, num espectáculo de Filipe La Feria que promete muito como sempre. Em finais da década de 50 a adaptação de musicais de grande sucesso ao cinema era prática corrente. Assim fora com “Oklahoma!” (1955), com “Carrocel” (1956), com “South Pacific” (1958), assim continuaria a ser com “West Side Story”. O musical da Broadway passa a filme em 1961, pela mão de uma dupla de directores, o encenador Jerome Robbins (que iria filmar sobretudo os números musicais), e o realizador Robert Wise (que se encarregaria de rodar o restante filme e de lhe dar uma consistência unitária). Recorde-se que a obra acabaria por ser terminada unicamente por Robert Wise, dado que, por incompatibilidades várias (e sobretudo com a acusação de estar a duplicar o orçamento previsto), Jerome Robins foi afastado da direcção do projecto (mas ficaram quatro bailados por ele coreografados e que são do melhor da história do musical no cinema: "Prologue," "America," "Cool," e "Something's Comin'"). A rodagem inicia-se em 10 de Agosto de 1960. Robert Wise lança-se então na transposição para o cinema desta nova versão dos amores desesperados de um Montéquio e uma Capuleto tendo por cenários naturais as ruas de Manhattan: para tanto utilizaram um quarteirão e um terreno de jogos, então em demolição, e hoje em dia desaparecidos. Quem reescreveu o argumento, desta feita para o cinema, foi Ernest Lehman. Os Montéquios tornam-se um gang de brancos, enquanto os Capuletos se transformam nos emigrantes de Porto Rico. A interpretação de Maria seria entregue a Natalie Wood, que acabara de ter um brilhante sucesso em “Esplendor na Relva” e o de Tony seria destinado a Richard Beymer (o actor inicialmente previsto era Elvis Presley), vá lá saber-se porquê. Beymer é mesmo a única coisinha realmente má desta obra que, apesar dele, ganhou o prestígio de culto. Nem Natalie Wood nem Ricahrd Beymer cantaram o que quer que fosse, ambos foram dobrados, respectivamente, por Marni Nixon e Jimmy Bryant (já agora informe-se que Rita Moreno também foi dobrada por Betty Wand em "A Boy Like That", mas seria sua a voz em "America" e "Quintet". Curiosidade suplementar: no final de “Quintet” a voz é de Marni Nixon (que dobrava Natalie Wood, como já vimos), pois na altura da gravação desta sequência, tanto Rita Moreno, como Betty Wand estavam doentes da garganta. Marni Nixon, ainda que por segundos, dobra duas actrizes no mesmo filme, o que, sendo vulgar em filmes de animação, não é nada frequente em musicais de imagem real. Uma das originalidades de “West Slde Story” era precisamente o seu cunho realista, que difere fundamentalmente de quase lodos os “musicais” anteriormente vistos no cinema onde predominava a estilização e a utilização do estúdio como local privilegiado de rodagem. O filme de Robert Wise denuncia desde início esse recurso ao real, sobrevoando Manhattan, com magníficas filmagens aéreas, e definindo desde logo o cenário onde posteriormente tudo irá decorrer. Mas, se o “décor” é quase sempre realista, a acção por força da própria convenção do “musical”, não abdica de uma certa estilização, e este é outro dos pontos fortes de “West Side Stoty”: a conjugação, quase sempre perfeita, entre o cenário realista e a acção coreografada e cantada. É deste modo que nas imagens iniciais se infiltra um discreto assobio e um estalar de dedos premonitórios em relação ao que irá acontecer. Um corte súbito nas panorâmicas aéreas e eis-nos já numa situação estilizada: no campo de jogos, um grupo de jovens brancos, os “Jets”, ameaça alguns porto-riquenhos de um grupo rival, os “Sharks”. Essa ameaça expressa-se através desse já mítico e ritmado estalar de dedos, a que se junta a agressividade das palavras trocadas e o vigor dos gestos. Vigor: na tradição do “musical” americano, os bailados de “West Side Story” reflectem uma forma vigorosa, exaltante e nervosa de entender a dança. Os melhores momentos musicais desta obra, inesquecível a vários níveis, são precisamente aqueles onde, apesar de estar sempre presente a componente melodramática, esta consegue ser transcendida pela explosão dos gestos e dos sons (alguns exemplos: a canção dos “Jets”; o elogio e a crítica simultâneos do “American way of life”, expresso em “América”; a sequência durante a qual os “Jets” parodiam o polícia, cantando “Gee Officer Krupke”; os “Jets” reunindo-se para a luta com os “Sharks”, ao som de “Cool”...), Noutros pontos por força de várias circunstâncias (sobretudo pela total ineficácia de Richard Beymer, como actor; noutros casos mesmo um certo abrandamento de Natalle Wood?), o ritmo afrouxa, rondando o rodriguinho de um melodramatismo que se sente já concessão (casos de “Something is Coming”, “One Band, One Heart”, “A Boy Líke That” ou “I Have a Love”, para não falar já de “Tonight” ou “Maria”, onde a qualidade musical consegue, mesmo assim, salvar muito dessas sequências). Mas esta adaptação de “Romeu e Julieta” nas ruelas desertas e nocturnas dos bairros pobres de Manhattan tem muitos outros aspectos a justificar uma análise detalhada e uma entusiástica saudação. Para já, trata-se de um painel de invulgar profundidade crítica. A sociedade americana vê-se ali espelhada com grande lucidez de observação. Os conflitos rácicos que estão na base de toda a tragédia, e que aqui se colocam num confronto de grupos de jovens, reflectem algo de visceral nesta América da abundância que relega para bairros marginalizados os seus “ghetos” de emigrantes mal assimilados e integrados. Esta raiva que os brancos “Jets” lançam na cara dos tisnados porto-riquenhos é consequência directa de um racismo fundamentalmente económico, de raiz profunda, que coloca uns contra os outros, os pobres brancos (italianos, polacos, eslavos...), os negros e os mestiços (mexicanos, porto-riquenhos ou outros). É uma luta que tenta hierarquizar uma sociedade (os “pobres brancos” querem sentir-se menos pobres, sabendo abaixo de si os mestiços e os negros), e que as autoridades (veja-se o caso do inspector Krupke) parecem incentivar, Inclusive, sempre que a autoridade surge, os jovens parecem esquecer as quezílias que os separam para se unirem contra essa autoridade (note-se a cena do baile, na qual Maria encontra Tony, e onde se esboça um confronto violento entre ambos os grupos que, todavia, reúnem esforços para despistar a polícia, logo que esta aparece). Curioso ainda notar como Robert Wise e Jerome Robbins equacionaram o problema desta juventude delinquente, servindo-se para tanto de uma canção com o seu quê de satírico que, contudo, relembra aos distraídos as causas de grande parte do que se está a ver. Essa “doença de carácter social” que lança a juventude na violência das ruas tem obviamente a ver com uma deficiente formação, uma educação defeituosa (“somos meninos que ninguém ama”). Por detrás destes olhos manchados de raiva, estão gerações de alcoólicos, famílias miseráveis, dificuldades económicas insuperáveis, uma degenerescência moral que tudo contamina. São aspectos sociais e psicológicos que envenenam toda esta juventude, entregue a si própria (não é por acaso que são raríssimos os adultos que intervêm nesta história de jovens: apenas um polícia e o velho e impotente dono de um bar). Deste quadro esboçado com largueza desprende-se, no entanto, um profundo conhecimento de muitos dos problemas que a América enfrentava em inícios dos anos 60, e que as décadas seguintes apenas agudizaram (os bandos de “West Side Story” cederam lugar aos grupos de “Os Selvagens da Noite”, “The Warriors” ou “The Wanderes”). Situação que, numa época de globalização, como a actual, se alargou e disseminou por todo o mundo. Nas periferias urbanas de Paris ou nas margens sul de Lisboa. No musical da Broadway, a cronologia do espectáculo era a seguinte: 1º acto: “Prologue”, “Jet Song”, “Something's Coming”, “The Dance At The Gym”, “Maria”, “Tonight”, “America”, “Cool”, “One Hand, One Heart”, “Tonight” e “The Rumble”. 2º Acto: “I Feel Pretty”, “Somewhere”, “Gee, Officer Krupke”, “A Boy Like That”, “I Have A Love” e “Finale”. No filme, os números “Cool” e “Gee, Officer Krupke” foram trocados entre si por se julgar que teriam maior justificação nesta nova localização. No ano de 1962, “West Side Story” foi nomeado para onze Oscars e ganhou todos, com a excepção do de Melhor Argumento Adaptado para Cinema. Apenas três filmes o ultrapassaram nesta marca (todos com onze Oscars no activo): “Ben-Hur” (1959), “Titanic” (1997), e “The Lord of the Rings: Return of the King” (2003). Os dez Oscars para “West Side Story”, distinguiram o “Melhor Filme do Ano”, “Melhor Realizador” (única vez a ganharam dois realizadores, não irmãos, Robert Wise e Jerome Robbins – a outra vez que dois realizadores ganharam um Oscar foi em 2008, os irmãos Coen, com “Esta Terra Não é para Velhos”), Melhor Actor e Melhor Actriz Secundários (George Chakiris e Rita Moreno), Melhor Fotografia a Cores, Melhor Direcção Artística e Decoração em filme a cores, Melhor Som, Melhor Partitura Musical, Melhor Montagem, e ainda Melhor Guarda Roupa em filme a cores. Jerome Robbins ganharia ainda um Oscar especial pela sua carreira como coreógrafo.
No disco são excelentes, ao vivo superam-se. Ouvem-se no silêncio de uma capela, e embalam-nos com a sua envolvência cúmplice. Argamassam o tango de Piazzolla com o fado, a música cigana de Kusturica com a canção francesa, acrescentam Jacques Brel e Yves Montand, passam pelo Nino Rota de Fellini, atravessam Cuba, a Espanha de Almodovar, percorrem a América Latina e fazem-se ouvir em português,mesmo quando a solista canta em espanhol ou francês. Deste universo de "músicas do mundo" fazem uma melodia muito pessoal, muito íntima, coisa de embalar, de hipnotizar (como diz a Eduarda), sons que nos percorrem o corpo, deslizam pela pele, nos penetram pelos poros e nos levam numa valsa balançada lentamente. Dolente. Ao som de acordeon e violino, de piano ou bateria. Um som que evoca o calor da paixão e da boémia, da solidão de ruas nocturnas, de cabarets decrépitos, de estradas molhadas pela chuva, com neóns reflectidos nas poças de água que o rodado dos carros esvoaça. O lamento estende-se do palco à plateia, e as suspensões no ritmo, as rupturas, obrigam a sustentar a respiração, impedida de prosseguir pela delicadeza do momento. São o Cinema Ensemble que Rodrigo Leão inspira, em caminhada própria de quem ama o cinema e as suas canções, os seus sons,as suas músicas, de quem recorda Truffaut e les feuilles mortes,la paix et les amours, e a paixão que nos segreda o prazer de estar ali, naquele instante de magia pura.Foi a abertura do Cine Eco 2008.
(a fotografia que ilustra é uma fotografia "bandida")
Bom, fui ver “Mamma Mia” e sabia a que ia. Nunca me pretendi acima dos demais, não sofro de tonturas esquizofrénicas, não ando por aí vestido de andrajos a fazer a figura do intelectual sofredor pela sorte da Humanidade, não sou “alternativo de esquerda” com fato negros e cinzentos de Hugo Boss, não me caem os parentes na lama por gostar de Bergman e Godard, e de musicais e comédias sentimentais. Sou como sou, nunca voltei as costas ao que sou para dar ares do que não sou, como acontece a tanto merdoso que por ai anda a tentar fazer figura do que nunca foi. Não sou dos que dizem “ai não li, nem vou ler “O Código da Vinci”, que horror!” (li e gostei de ler!), nem sou dos que acham que a vida é uma chatice tão grande que só mesmo com dramas metafísicos e poesias de um hermetismo fechado à chave se suporta. Não preciso desses subterfúgios para ser quem sou, e quem sou basta-me muito bem. Se não bastar aos outros, passem muito bem, não vivo, nem quero viver a vida deles, mas a minha. Por isso, vou ver “Mamma Mia” porque me apetece, diverti-me, não achei tão mau como alguns o pintam, ainda que seja uma pirosada de todo o tamanho, dirigida deliberadamente como se fosse uma pirosada, com um grupo de excelentes actores, que se divertiram que nem uns loucos, durante as filmagens (e há lá melhor coisa do que a alegria no trabalho?), rodando um filmezinho que é uma homenagem à musica dos Abba, mas também uma recriação da estética do grupo e dos anos 80, que é coisa mesmo só para rir. “Mamma Mia!” parte de um musical teatral que estreou nos palcos londrinos em 1999, passando depois aos EUA, em Outubro de 2001, ano em que as Torres Gémeas foram atravessadas por dois aviões de carreira, e a população americana se afundou numa crise traumática sem precedentes. Na Broadway, “Mamma Mia” cumpriu a sua função de anestésico. Por umas horas que fosse. Como não penso que “o pior é o melhor”, como alguns pregadores da desgraça, ainda bem que apareceu “Mamma Mia”. Com encenação de Phyllida Lloyd (que agora realiza o filme), a peça chegou e venceu, com um argumento muito “faz de conta que anda mas anda pouco”, um conjunto de canções que todos com mais de dez anos trauteiam, uns bailados mais ou menos loucos, numa coreografia que nunca se importa muito com isso (apesar de haver no filme dois ou três “números” curiosos, mais pelo efeito “de tudo ao monte e fé nos Abba” do que por qualquer outra planificação) e uma estética de “feira dos 300”, com muita lantejoula e pluma, guarda-roupa garrido, muito “queery”, muito kitch, muito demodé. O resultado é divertidíssimo, ouve-se música de encher o ouvido e ri-se com a boa disposição (e o talento) de um grupo de actores magníficos: Meryl Streep, estupenda, em forma, Pierce Brosnan, sem uma pinta de voz, a cantar mal como o diabo, mas fantástico no à vontade com que assume a sua nulidade vocal, Colin Firth e Stellan Skarsgard, muito bem, integrando um trio de pais de uma menina - e pretendentes de uma mãe - que não sabe a quem deve chamar pai, depois dos devaneios tresloucados, mas muito saborosos, ao que consta, da insaciável Streep nos idos de 80. Mas há ainda a acrescentar Julie Walters (Rosie), quem se lembra dela no fabuloso “A Educação de Rita”?, ou Christine Baranski (Tanya), não falando na jovem Amanda Seyfried (Sophie). Um filme de mulheres, obviamente, onde um trio de canastrões assumidos, se auto-parodiam com um nítido prazer que é contagiante. O último “número” deste trio é prova provada do que afirmamos. Obviamente que “Mamma Mia” não é “Singing In the Rain”, mas ambos ficarão seguramente na história do cinema. Um por ser uma obra-prima do musical e do cinema. Outro porque, não sendo nada disso, e apresentando-se mesmo como uma medíocre realização fílmica, não deixa de assinalar um marco na história de um género.
MAMMA MIA! Título original: Mamma Mia! Realização: Phyllida Lloyd (EUA, Inglaterra, Alemanha, 2008); Argumento: Catherine Johnson, Catherine Johnson; Produção: Benny Andersson, Judy Craymer, Gary Goetzman, Tom Hanks, Björn Ulvaeus, Rita Wilson; Música: Benny Andersson; Fotografia (cor): Haris Zambarloukos; Montagem: Lesley Walker; Casting: Priscilla John; Design de produção: Maria Djurkovic; Direcção artística: Dean Clegg, Rebecca Holmes, Nick Palmer; Decoração: Barbara Herman-Skelding; Guarda-roupa: Ann Roth; Maquilhagem: Amy Byrne, Louise Coles, Nana Fischer, J.Roy Helland, Belinda Hodson, Sophie Slotover, Zoe Tahir; Direcção de produção : Bruno Cassoni, Jeanette Haley, Kathy Sykes; Assistentes de realização: Bruno Cassoni, James Chasey, Yann Mari Faget, Emmanuela Fragiadaki, Richard Goodwin, Christos Houliaras, Michael Michael, Christopher Newman, Carly Taverner; Som: Alastair Sirkett; Efeitos especiais: Paul Corbould; Efeitos visuais: Paulina Kuszta, Mark Nelmes; Companhias de produção: Universal Pictures, Littlestar Productions, Playtone, Internationale Filmproduktion Richter. Intérpretes: Meryl Streep (Donna Sheridan), Julie Walters (Rosie), Pierce Brosnan (Sam Carmichael), Colin Firth (Harry Bright), Christine Baranski (Tanya), Amanda Seyfried (Sophie Sheridan), Stellan Skarsgård (Bill Anderson), Nancy Baldwin, Heather Emmanuel, Colin Davis, Rachel McDowall, Ashley Lilley, Ricardo Montez, Mia Soteriou, Enzo Squillino Jr., Dominic Cooper, Philip Michael, Chris Jarvis, George Georgiou, Hemi Yeroham, Maria Lopiano, Juan Pablo Di Pace, Norma Atallah, Myra McFadyen, Leonie Hill, Jane Foufas, Niall Buggy, Benny Andersson, Celestina Banjo, Karl Bowe, Gareth Chart, Clare Louise Connolly, Emrhys Cooper, Nikki Davis-Jones, Gareth Derrick, Maria Despina, Kage Douglas, Phillip Dzwonkiewicz, Claire Fishenden, Tommy Franzen, Tom Goodall, Charlotte Habib, etc. Duração: 108 minutos; Distribuição em Portugal: Lusomundo; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia: 4 de Setembro de 2008 (Portugal).
-Calma, rapazes, que ainda conseguimos jogar pior!
PORTUGAL = ALBÂNIA
Em “futebulês”, os treinadores dizem muitas vezes que o futebol “é um jogo de paciência” e é verdade: os espectadores têm mesmo de ter muita paciência para assistirem a certos jogos, como este Portugal-Albânia que poderia ser uma excepção, se não fosse vir depois de um Suécia-Portugal e de um Portugal-Dinamarca, que alguns sábios dizem que foi muito bem jogado pela selecção portuguesa (terá sido por só ter perdido por 2-3?). O certo é que esta selecção, que até tem bons jogadores (que jogam nos seus clubes e são craques), não joga “nada” enquanto selecção. Anda por ali a passear confrangedoramente uma bola, para o lado, para trás, para a frente com vergonha, e a rematar para as nuvens, e quanto a eficácia, ZERO. Não tenho dúvidas nenhumas (oxalá que me engane!) que com este resultado Portugal está definitivamente fora do Mundial da África do Sul. Com os jogos que vi até agora está eliminada e com inteira justiça. Com jogos destes não merece sair daqui. Volta Scolari, estás perdoado de teres confirmado a ida para o Chelsea antes do Europeu ter terminado.
Eu sei. Foi escrita em 2006. Compro e leio sempre a Visão, revista onde apareceu a referida crónica de Ricardo Araujo Pereira. Na altura terei lido, certamente. mas os novos tempos têm destas coisas: voltou a chegar-me via email, por mão amiga, que acha que a crise tem de ser compensada com alguns "tesourinhos deprimentos". Li, reli, chorei a rir, e fui a correr tomar banho numa banheira vazia. Eis a crónica: "Photoshop" Jardim". As fotografias que ilustram esta transcrição (com a devia vénia ao autor e à Visão) são da revista citada no texto.
"Estou indignado com a revista GQ deste mês, e gostaria que as autoridades competentes fizessem alguma coisa. Mesmo as autoridades incompetentes não deviam ficar quietas. O que se passa é o seguinte: a revista publica fotografias de Cinha e Pimpinha Jardim em lingerie. Sucede que Cinha aparece nessas fotografias com menos rugas do que uma criança de 3 anos. As mensagens subliminares são proibidas por lei, pelo que não se aceita esta publicidade encoberta ao Photoshop. Para quem não sabe, o Photoshop é um programa informático que permite retocar fotografias. Com algum trabalho, é possível pegar na Margaret Tatcher e pô-la igual à Miss Praia Grande 2003 (que era bem jeitosa). Com bastante mais trabalho é possível fazer o que fizeram com Cinha Jardim. Numa das fotografias, Cinha Jardim foi tão retocada que ficou sem joelhos. Juro. Ao pé daquilo, as pernas da Barbie são uma ameixa seca. Tirando isso, as fotografias estão óptimas. Portugal é um país conservador e precisava de uma iniciativa destas. A maior parte das mães portuguesas procura evitar que as filhas se dispam para as revistas. Cinha Jardim não só não se opôs como disse: “Espera que a mamã vai contigo. Desaperta-me aqui na blusa”. Julgo que, a partir de agora, tudo será diferente. Todos nós, pais portugueses, aprendemos com este gesto da Cinha. Eu também tenho filhas e garanto-vos que não enjeitarei a oportunidade de aparecer em cuecas junto delas, numa revista de grande tiragem. Fica a sugestão para as publicações deste País. Estou à espera que o telefone toque. Dentro da revista, as fotos recriam várias cenas vulgares do quotidiano de todos nós, plenas de naturalidade. Creio que em qualquer família saudável, mãe e filha andam pela casa em lingerie, fazendo poses provocantes. Numa das fotos, Pimpinha e Cinha estão em lingerie na casa de banho. Cinha está de pé contemplando uma espécie de camisa de dormir, e Pimpinha está deitada numa banheira vazia, contemplando o tecto. Quem não se lembra de passar momentos semelhantes com a sua própria mãe? Para mim, houve sempre duas grandes reuniões familiares: o jantar do Natal e o momento em que a minha mãe escolhia camisas de dormir comigo enfiado na banheira, a olhar para o tecto. Ah, o conforto de uma banheira vazia!… A ternura de uma mãe envergando apenas uma combinação de renda!…Não me interpretem mal: quando digo que as fotografias são fascinantes, não quero insinuar que a entrevista que as acompanha é menos boa. Por exemplo, em certo passo, a GQ confronta as entrevistadas com uma questão que só muito raras vezes é colocada neste tipo de conversas. A pergunta é: “Quais são as suas férias de sonho?” Pimpinha Jardim responde, textualmente: “Adorava fazer a América do Sul toda.” E eu, que como já disse, vi as fotografias com atenção, acho que a América do Sul não se importava nada. Até era capaz de agradecer."
O quadro de meu pai, Lauro Corado, "A Chegada de Fernão de Magalhães às Filipinas". A paródia baseada no quadro, criticando o "Magalhães". Obviamente que não me associo ao coro dos "velhos do Restelo" que dizem mal de tudo o que é novo. Também não sou dos que acha que tudo o que é novo, é excelente. Mas a paródia tem graça e o trabalho de manipulação é habilidoso.
ARCO – História e Estética do Cinema Mundial – 2 Programa do Semestre 2008-2009 As minhas aulas iniciam-se a 6 de Outubro, pelas 18 horas. O programa abrange:
O Cinema nas décadas de 30 a 50 Entre o início do Sonoro e a revolução da “Nouvelle Vague” O cinema na revolução do sonoro, num mundo em crise (depressão de 1929); Da reconstrução do New Deal à II Guerra Mundial; Do neo-realismo ao “macarthismo”; a revelação de grandes cineastas em todo o mundo: Os “Cahiers” e o cinema de autor.
II. Do Cinema Sonoro ao aparecimento da "Nouvelle vague" (referências cronológicas) 23. O Cantor de Jazz 24. A Grande Crise económica de 1929. A Grande Depressão que se prolonga pelos anos 30. John Ford (Cavalgada Heroica), Howard Hawks (O Homem da Cicatriz), Lubitsch (Ladrão de Alcova, A Viúva Alegre, Ser ou não Ser), Os Irmãos Marx, King Vidor (Aleluia!, O Pão Nosso de Cada Dia), Joseph Von Sternberg (Marrocos, Venus Loira, A Imperatriz Vermelha, O Expresso de Xangai). 25. O New Deal: Frank Capra e a comédia (Doido com Juízo, Não o Levarás Contigo, Peço a Palavra, O Mundo é um Manicómio), John Ford e o drama social (As Vinhas da Ira). 26. França: os primeiros filmes sonoros: O Sangue de Um Poeta, Cocteau; A Idade de Ouro, de Buñuel. Vigo (Atalante, Zero em Comportamento), René Clair (Sob os Telhados de Paris, O Milhão, Viva a Liberdade), Renoir (Boubu Querido, La Chienne, Toni, A Grande Ilusão, A Regra do Jogo) 27. Realismo poético em França: Marcel Carné e Prevert (O Cais das Brumas, Hotel do Norte, Trovadores Malditos, Les Enfants du Paradis). 28. Marcel Pagnol (Marius, Fanny, Topaze, César, La Femme du Boulanger, Manon des Sources) e Sacha Guitry (O Romance de um Aventureiro, Os Nove Solteirões). 29. O Realismo Socialista na URSS - Alexandre Nevski, Ivan, o Terrível 30. Inglaterra. Documentarismo: John Grieson (Drifters), Basil Wright. Alexandre Korda e o filme histórico. O império Rank. Hitchcock. Carol Reed, Noel Coward, Michael Powell, David Lean (Breve Encontro). 31. A América durante a guerra: Why We Fight. Michael Curtis (Casablanca). William Wyler (Os Melhores Anos da Nossa Vida).
32. Orson Welles (O Mundo a Seus Pés, O Quarto Mandamento, A Sede do Mal, A Dama de Xangai). 33. O Neo-realismo italiano. Rosselini (Roma, Cidade Aberta, Libertação, Viagem em Itália), Vittorio De Sica (Ladrões de Bicicletas, Milagre de Milão, Umberto D), Alberto Lattuada (O Bandido, Sem Piedade, O Moinho do Rio Pó), Giuseppe De Santis (Caccia Tragica, Arroz Amargo, Não há Paz entre as Oliveiras), Fellini (Sheik Branco, A Estrada), Visconti (Obsessão, A Terra Treme, Sentimento).
34. A França do Pós Guerra: Bresson (Les Dames du Bois de Boulogne, Diário de Um Pároco, Fugiu um Condenado à Morte), Max Ophuls (Carta a Uma Desconhecida, La Ronde, O Prazer, Lola Montes), Jacques Tati (Há Festa na Aldeia, As Férias do Senhor Hulot, O Meu Tio), Jean Cocteau (A Bela e o Monstro), Jacques Becquer (Tonio e Toninhas, Aquela Loira, O Último Golpe, O Vagabundo de Montparnasse). 35. EUA. O Maccarthismo - Elia Kazan (Há Lodo no Cais), Fred Zinnemann (O Comboio Apitou Três Vezes), Nicholas Ray (Johnny Guitar). Os Grandes de Hollywood: Ford, Hawks, Walsh, Chaplin, William Wyler, George Cukor, Fritz Lang, Hitchcock, Welles, e uma nova geração que chega ao cinema: John Huston, Joseph Losey, Nicholas Ray, Vincente Minneli, Billy Wilder, Anthony Mann, Joseph Mankiewicz, Otto Peminger, Samuel Fuller, Robert Aldrich, Stanley Kubrick, 36. Japão: Mizoghuchi (Os Contos da Lua Vaga), Kurosawa (As Portas do Inferno, Os Sete Samurais), Ozu (Primareva Tardia) 37. A Suécia de Ingmar Bergman (Sorrisos de Uma Noite de Verão, Morangos Silvestres, O Sétimo Selo, A Fonte da Virgem). 38. Dinamarca. Carl Theodore Dreyer (Dia de Cólera, A Paixão de Joana d'Arc, Vampyr, A Palavra, Gertrud). 39. Buñuel no México (Ensaio de Um Crime, Los Olvidados, O Anjo Exterminador, Nazarin, Viridiana). México de Emilio Fernandez (Maria Candelária, Rio Selvagem). 40. India: Satyajit Ray (Os Lamentos da Vereda, O Mundo de Apu, A Grande Cidade). 41. Cinema em Portugal: da “época de ouro da comédia” ao grau zero. A Resistência à Ditadura. (A Canção de Lisboa, Saltimbancos).
Corria o ano de 1982, não recordo o mês, mas estava frio. No Vává, filmava "Paisagem sem Barcos", mas com muitos amigos. Os actores estavam numa mesa, os amigos compunham os figurantes que ocupavam as mesas restantes. Figuravam de borla, por amor à camisola e à amizade que nos unia. Era trabalho, claro, e uma festa, pela noite fora. Com muitos sorrisos. Visíveis. Alguns já apagados. Ontem partiu o Dinis Machado, que aqui recordo como ele gostava, entre amigos, na conversa, copos e fumo, e o cinema ao fundo. Ao lado, o Pedro Bandeira Freire, o Sam, o Manuel Costa e Silva, o Carlos César, todos eles hoje só sorrisos de saudades.
Curiosidade extra: a iluminação diferente entre cada grupo de fotografias, mercê das luzes utilizadas (e não da luza do Vává), a concentração (durante as filmagens) e a descontracção (nos intervalos), os sorrisos e a felicidade estampada no rosto de todos (viver é bom, quando se sabe gostar da vida, quando se tem prazer com o que se faz, quando se gosta verdadeiramente da companhia dos outros, dos amigos de sempre). Depois, a uma iluminação totalmente diferente, para o plano rodado (Isabel Ruth e Carlos César). Outros rostos amigos: Maria Helena Corado, Acácia Tiéle, Mário Damas Nunes, Fernando Silva, Vítor Serra, Jorge Paixão da Costa, e uma equipa de filmagem magnífica.
O milagre do cinema e da amizade. Uma geração que vai desaparecendo. Amigos e sorrisos que vão caindo, mas que não desaparecem. A prova aqui fica. A saudade também.
"América, América, Para onde vais?" Ciclo de filmes comentados sobre a América. Todas as quartas-feiras pelas 17, 30 horas. Reitoria da Universidade de Lisboa. Entrada Livre
O ACTOR, Masterclass de História do Cinema
Oeiras, durante 2017, Galerias Alto da Barra, Auditório Municipal Maestra César Batalha, Terças-feiras, 16, 30 horas, Entrada Livre.
GRANDES CÓMICOS, GRANDES COMÉDIAS
Masterclass a decorrer no Forum Luísa Todi, em Setúbal, durante 2017, às segundas-feiras, .pelas 21 horas.
FILME NEGRO E DIREITO PENAL
Pós Graduação na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
NEORREALISMO
Masterclass no Museu do Neorrealismo em Vila Franca de Xira
Nos blogues por mim assinados, todos os comentários serão publicados, desde que devidamente assinados. Comentários anónimos que não firam susceptibilidades, podem ser publicados. Comentários insultuosos, para o autor ou para quem quer que seja, a sua publicação só será ponderada (dependendo dos termos), desde que assinados e com origem num blogue devidamente credenciado há tempo suficiente. Ou seja: só toca viola quem tiver unhas, só se publicam comentários de quem tiver um rosto e a coragem para o assumir. Tal como o autor deste blogue o faz. Sem mais…
ÉPOCA DE OURO DO CINEMA AMERICANO
Novo livro saído em 2015. Ed. Câmara de Oeiras.
A IDADE DE OURO DO CINEMA ITALIANO
Novo livro saído em 2015. Ed. Câmara de Oeiras.
O CASTELO EM IMAGENS 2015
Portel, 17-23 DE MAIO 2015
MASTERCLASS: A ACTRIZ, ARTE E SEDUÇÃO
OEIRAS, 2015
O MELHOR DO CINEMA INGLÊS (1935-2000)
Masterclass, Oeiras, 2014
CINEMA AMERICANO (1930-1960)
Masterclass, Forum Luísa Todi, Setúbal, 2014
DUAS CRISES EM CONFRONTO
Na Reitoria da Universidade de Lisboa, 2013
Masterclass: CINEMA ITALIANO
Galerias Alto da Barra Oeiras
Masterclass: OS MISERÁVEIS NO CINEMA
Biblioteca Museu República e Resistência
O CASTELO EM IMAGENS
Portel, de 20 a 26 de Maio 2012
OS CINEMAS DA EUROPA
Um novo livro. Lançamento a 12 de Junho em Oeiras. No Auditório César Batallha, Galerias Alto da Barra, pelas 19 horas.
Portel, de 11 a 16 de Maio 2009 Clikar na imagem para ver programação
PORTEL: O CASTELO EM IMAGENS
Entre 5 e 10 de Maio
FAMAFEST 2011
Anulada a edição de 2011
FAMAFEST 2010
Famalicão de 13 a 20 de Março de 2010
FAMAFEST 2010
OBRAS A CONCURSO DA PALAVRA À IMAGEM DRÁCULA E DEMAIS VAMPIROS SHERLOCK HOLMES NO CINEMA HOMENAGENS A: J.D. SALINGER ALBERT CAMUS RAUL SOLNADO ROSA LOBATO FARIA
CONCERTO COM CARMINHO ABRE TEATRO: AS VAMPIRAS LÉSBICAS DE SODOMA, ENCERRA
FAMAFEST 2010
As novidades do novo Famafest
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Cinema e Literatura
CENTENÁRIO EDGAR ALLAN POE
trabalhando para celebração no Famafest 2009
FAMAFEST 2009
HOMENAGEM A ALEXANDER SOLJENÍTSIN CENTENÁRIO DE EDGAR ALLAN POE
CICLO YUKIO MISHIMA MACHADO DE ASSIS NO CINEMA BOB WILSON / PETER BROOK (FICAP) OBRAS A CONCURSO e muito mais