quinta-feira, novembro 29, 2007

TEATRO: A NOITE DA IGUANA

"A NOITE DE IGUANA",
NO TEATRO E NO CINEMA

No Teatro Maria Matos, unicamente durante cinco dias, a encenação de João Paulo Costa, de "A Noite da Iguana", peça de Tennessee Williams, numa produção conjunta daquele teatro e do ACE/Teatro do Bolhão. O Porto desceu a Lisboa, o que deveria acontecer por mais vezes.
Não me parece que “The Night of Iguana” seja uma das melhores peças de Tennessee Williams, mas sei que deu um belíssimo e intenso filme com a assinatura de John Huston e desempenhos memoráveis de Richard Burton, Ava Gadner, Sue Lyon e, sobretudo, dessa espantosa Deborah Kerr. Era um elenco explosivo. Conta-se que o velho e divertido cineasta (um dos meus preferidos!), antes de iniciar as filmagens com tão “poderoso” elenco (e ainda com a presença de Elisabeth Taylor, a “controlar” o seu então marido) resolveu presentear os protagonistas, e também Elisabeth Taylor, com uma pistola e quatro balas douradas onde haviam sido previamente gravados os nomes dos demais actores. Felizmente, ninguém chegou a precisar de usá-las. Mas isto dizia bem, ainda que de forma irónica, do grau de tensão que existia entre o elenco. O mesmo se verificou entre as personagens, no resultado final.
A intriga não tem muito que contar. Lawrence Shannon (Richard Burton), ex-pastor protestante e admirador de uma boa bebida, trabalha agora como guia turístico, e dirige uma excursão formada por professoras bem entradotas na idade, que se fazem acompanhar por uma jovem, Charlotte Goodall (Sue Lyon, a “Lolita” de Kubrick), obcecada em seduzir o ex-sacerdote.
Tudo se irá concentrar numa perdida aldeia da costa mexicana, num motel a cair de podre, com uma vista soberba, dirigido por uma viúva que se faz acompanhar nos seus banhos nocturnos por dois efebos a tocar marimbar (é o mínimo que se pode antever). Aí se juntam em refúgio Lawrence Shannon, mais o grupo de excursionistas enraivecidas, dirigidas por uma recalcada e puritana Miss Fellowes (Grayson Hall), que não perdoa a Lawrence ter seduzido, ou ter sido seduzido, pela jovem Charlotte. Para culminar surge uma outra dupla extravagante e falida, composta por Hannah Jelkes (Deborah Kerr) uma pintora empreendedora, e o seu avô, poeta, que arrasta os seus muitos anos numa cadeira de rodas.
O ex-padre ressente-se da fé abalada, esforça-se para juntar os pedaços de uma vida despedaçada, e vê-se encurralado por três mulheres que o cortejam cada uma à sua maneira. Neste jogo de vida ou de morte, de salvação ou perdição, Huston conseguia alguns bons momentos de quente sensualidade na tumultuosa paisagem mexicana. Os actores ajudavam bastante a retirar tensão dramática neste embate de destroços, mas o talento de Huston apadrinhava muito na direcção de actores, e no aproveitamento das suas potencialidades, enquadrando-os em excelentes cenários, fabulosamente fotografados a preto e branco. Nos Óscares do ano ganharia um para o melhor guarda-roupa, Dorothy Jeakins, e foi nomeado para outros três que não venceu, melhor actriz secundária, Grayson Hall, melhor direcção artística, Stephen B. Grimes, e melhor fotografia, para mestre Gabriel Figueroa.
Ora voltando à peça teatral agora vista em palcos de Lisboa, deve dizer-se que a cenografia de Paulo Oliveira é bonita e funcional, os figurinos de Ana Teresa Castelo interessantes, a iluminação eficaz, mas tudo o resto deixa algo a desejar. Nunca se sente qualquer tensão entre as personagens, o drama arrasta-se em lugar de ir criando um crescendo dramático, o elenco (de que fazem parte António Capelo, Carlos Peixoto, Estrela Novais, Hélio Sequeira, José Pinto, Nídia Cardoso, Pedro Damião, Romi Soares, Sandra Salomé e Silvano Magalhães), raras vezes causa um sobressalto. Duas excepções: José Pinto, com uma figura brilhante, uma presença com uma força interior que ofusca tudo o mais e sobressai de forma estrondosa da mediania reinante (o seu avô poeta é de longe muito superior ao do filme!), e uma Romi Soares que se irá acompanhar com redobrado interesse. Estrela Novais tenta aproximar-se da figura criada por Ava Gadner, mas nunca o consegue, o mesmo acontecendo com António Capelo em relação a Richard Burton.
Creio que o erro maior não será tanto dos actores, mas sobretudo da encenação que não consegue nunca criar tensão entre as figuras, nem logra uma direcção de actores à altura da proposta. Óbvio que o desafio era imenso: esta é uma peça difícil, onde só grandes desempenhos conseguem tornar plausíveis personagens e situações. Não aconteceu. Foi pena.

segunda-feira, novembro 26, 2007

VAVA.DIANDO COM OTELO

FOTOS VER AQUI
VÁ.VÁ.DIANDO
14 º J A N T A R DA TE R T Ú L I A

26.11’07: 20H
R E S T A U R A N T E - C A F É V Á V Á

CONVIDADO ESPECIAL:
OTELO SARAIVA DE CARVALHO


DEPOIS DE RAÚL SOLNADO, FERNANDO DACOSTA, NUNO JÚDICE, TEOLINDA GERSÃO, IVA DELGADO, LÍDIA JORGE, MARIA DO CÉU GUERRA, EURICO GONÇALVES, PAULO PORTAS, LAURO ANTÓNIO, ROGÉRIO SAMORA, CARLOS DO CARMO e CELINA PEREIRA, CONTINUAM OS JANTARES-ENCONTROS NA MELHOR TRADIÇÃO DAS TERTÚLIAS DO CAFÉ-RESTAURANTE VÁVÁ.

PRÓXIMOS CONVIDADOS
5 DE DEZEMBRO: RUY DE CARVALHO (a confirmar)
22 DE DEZEMBRO: JANTAR DE NATAL DO VAVA.DIANDO


TODOS ESTÃO CONVIDADOS MEDIANTE O PAGAMENTO DE UMA SIMBÓLICA QUANTIA: 12,5 EUROS POR PESSOA. COM DIREITO A SOPA, UM PRATO DO DIA, PEIXE OU CARNE, SOBREMESA, BEBIDA (VINHO É O DA CASA!) E CAFÉ. EXTRAS POR CONTA DO FREGUÊS.

RECUPEREM O BOM GOSTO DE UM SABOROSO JANTAR E DE UMA RECONFORTANTE CONVERSA À RODA DA MESA.
[ LOTAÇÃO LIMITADA A 50 CADEIRAS. ACEITAM-SE INSCRIÇÕES NO BALCÃO DO VÁVÁ. ]

Para informações e marcações de lugares:
LAURO ANTÓNIO / [Blogue Va.Va.diando (
http://vava-diando.blogspot.com/ ] [ mail: laproducine@gmail.com ]

RESTAURANTE - CAFÉ VÁVÁ AV. EUA, Nº 100 - 1700-179 – LISBOA (TELF 21.7966761)

domingo, novembro 25, 2007

HOJE É O

DIA MUNDIAL
DA NÃO VIOLÊNCIA
CONTRA AS MULHERES
(todos os dias deviam ser "dias mundiais contra a violência", qualquer que ela seja)

segunda-feira, novembro 19, 2007

LIVROS. A MULHER CERTA, de Sándor Márai

O que ando a ler: “A Mulher Certa”, de Sándor Márai
Um dia destes vou-vos falar de “A Mulher Certa”, de Sándor Márai. Hoje é apenas para vos dizer que o ando a ler e que é uma leitura magnífica. Depois de dele ter lido (e gostado) “As Velas Ardem até ao fim” e “A Herança de Eszter”, “A Mulher Certa” impõe Sándor Márai como um dos grandes escritores do século passado. Um crime o silêncio a que foi votado durante todos estes anos. Deixo-vos com notas de imprensa de Publicações Dom Quixote. E recomendo-o vivamente, apesar de ir apenas no primeiro terço da sua leitura. Ainda bem: este é daqueles livros que não apetece deixar de ler, de que se saboreia cada palavra,

O que diz a editora:
Uma tarde, numa elegante cafetaria de Budapeste, uma mulher relata a uma amiga como certo dia, por causa de um vulgar acidente, descobriu que o seu marido estava entregue de corpo e alma a uma paixão secreta que o consumia e como desde esse momento tentara, em vão, reconquistá-lo. Na mesma cidade, uma noite, o homem que foi seu marido confessa a um amigo como deixou a sua esposa pela mulher que desejava há anos, para, depois de se casar com ela, a perder para sempre. De madrugada, numa pequena pensão romana, uma mulher conta ao seu amante como ela, de origem humilde, casou com um homem rico, e como o casamento sucumbiu ao ressentimento e à vingança.
Como marionetas sem direito a exercerem a sua vontade, Marika, Péter e Judit narram a falência das suas relações com o realismo cruel de quem considera a felicidade uma ilusão inalcansável.Neste romance encontramos as páginas mais íntimas e arrojadas, as mais sábias, de Márai. A sua descrição do amor, da amizade, do ciúme, da solidão, do desejo e da morte apontam directamente ao centro da alma humana.
Em 1941 Márai publicou Az Igazi [A Mulher Certa], um romance composto por dois longos monólogos; para a edição alemã de 1949 (Wandlungen der Ehe), o autor adicionou uma terceira parte, escrita durante o seu exílio em Itália; em 1980 rescreveu esta terceira parte, à qual adicionou um epílogo, dando-a à estampa com o título Judit... és az utóhang [Judit... e um epílogo]. A presente edição reúne as quatro partes que constituem o romance.
Sobre Sándor Márai
Sándor Márai nasceu em 1900, em Kassa, uma pequena cidade húngara que hoje pertence à Eslováquia. Passou um período de exílio voluntário na Alemanha e na França durante o regime de Horthy nos anos 20, até que abandonou definitivamente o seu país em 1948 com a chegada do regime comunista, tendo emigrado para os Estados Unidos.
A subsequente proibição da sua obra na Hungria fez cair no esquecimento quem nesse momento era considerado um dos escritores mais importantes da literatura centro-europeia. Foi preciso esperar várias décadas, até à queda do regime comunista, para que este extraordinário escritor fosse redescoberto no seu país e no mundo inteiro.
Sándor Márai suicidou-se em 1989, em San Diego, na C

Dom Quixote, colecção Ficção Universal, páginas: 424
ISBN: 978-972-20-3104-2

CINEMA: CORRUPÇÃO

CORRUPÇÃO
À partida ia muito desconfiado para este filme cujas peripécias sabidas e amplamente publicitadas não auguravam nada de bom. Desde logo o livro donde parte, “Eu, Carolina”, de Carolina Salgado, não me merece qualquer credibilidade, muito embora o tenha comprado e lido (só assim cheguei á conclusão de não me merecer credibilidade). Por outro lado, os problemas que estalaram entre realizador e produtor são quase inéditos no nosso país, apesar de serem vulgares, até há pouco, um pouco por todo o lado onde a figura do produtor dispunha de poder de vida ou de morte sobre os filmes. Surge assim nas salas de cinema um filme não assinado pelo realizador (João Botelho), apesar de toda a gente saber quem é o realizador, após uma obsidiante campanha publicitária que martelou dia a dia a realização da obra junto dos olhos e dos ouvidos da população portuguesa. Dado o melindre da realização, esta campanha destinou-se, em parte, a tornar irreversível a produção do filme, é evidente e foi bem pensada e melhor executada.
E pronto, temos o filme em 55 salas portuguesas, com boas receitas. Talvez não tão boas como a produção esperasse. Não vai de certeza retirar o primeiro lugar no discreto “box office” português a filmes como “Capas Negras”, “Fado”, e alguns mais. Mas está a facturar bem. A ser visto, o que é muito bom para um filme português. Não sou, porém, daqueles que acha que se deve facturar a todo o preço. Um mau filme que facture e seja visto por muito público só desprestigia. Nada traz de significativo, a não ser para a conta do produtor.
Mas “Corrupção” não é um mau filme. Tem consigo a marca de João Botelho. Não sendo um mau filme, levanta contudo curiosas questões que será bom analisar. Comecemos pela adaptação do livro de Carolina Salgado, “Eu, Carolina” que passa a ser conhecido por “Eu, Sofia”. Uma nuance que, todavia, nada muda, a não ser em pormenores.
O filme segue, a par e passo, a carreira martiriológica de uma mulher jovem, bonita e bem feita, que para assegurar a sobrevivência de dois filhos trabalha no Porto, de dia num supermercado (actividade que nunca vemos), de noite numa afamada casa de alterne, onde leva uma vida pudica e recatada. Ela está ali “para beber, não para dormir”, e sempre que um cliente troca o copo de champanhe pela sua roliça perna, lá vem tempestade. Percebe-se. Nesta altura entra em cena um polícia incorrupto que quer provas para enterrar um dirigente desportivo que todos sabem corrupto, mas de quem ninguém consegue reunir provas suficientes para o entrincheiras atrás das grades. Falinhas mansas de um e outro, e a pequena acaba por cair nas garras do prepotente que a leva em romagem à Galiza e acaba por metê-la na cama na estalagem de Santiago de Compostela. A menina era tão distraída que nem levara roupa a condizer, nada que não fosse prontamente remediado num armazém galego.
Poderia nesta altura pensar-se então que a senhora sofria, na cama, com as arremetidas do verdugo, a bem da Pátria e da segurança nacional, mas tal não acontece: Sofia não se vende sob nenhum pretexto. Aceita uma chamada do polícia e informa-o para nunca mais telefonar: ela afinal apaixonou-se pelo “Presidente”. Enquanto o “romance” rola, vai descobrindo as trapaças que envolvem futebol, política, justiça, polícia, economia, etc. Juízes corruptos, árbitros vendidos, inspectores de polícia comprados, etc., etc. Mas Sofia lá vai mergulhando com prazer nas piscinas da putrefacção. Por amor. Até que um dia chega e se descobre trocada por outra, aí descarrila, o marido põe-a na rua à bofetada, e a “gestora” vê-se sozinha, com a cara feita num bolo (escuro). Regressa o polícia incorruptível, inicia-se a recolha de provas, os corruptos são chamados a depor, Sofia e o polícia partem, quem sabe?, em viagem de (segundas) núpcias. A vida de Sofia não acaba aqui, ameaça “continuar…” é o que nos diz a legenda final.
Não se trata bem de um filme sobre o tão falado “sistema”, a corrupção em Portugal, nem dos negócios obscuros do futebol e da restante sociedade, mas sim da história de uma mulher com pouca sorte na vida, mas resoluta para resolver e ultrapassar os problemas que se lhe colocam, que teve a infelicidade de tropeçar num (reparem “um”) “Presidente” que é corrupto. Se aquele prepotente, que ainda por cima põe a vida da mulher em permanente risco, ao mandá-la acender cigarros a toda hora, e já se sabe que o fumo mata!, se aquele prepotente, dizia, for dentro, fica o país livre de corrupção desportiva? Não fica. Este ajuste de contas pessoal não serve as intenções. Se aquele “presidente”, por um azar do carraças (para ele) fosse dentro, o polvo continuaria com os tentáculos bem estendidos, desde a Liga Bwin até aos distritais (veja-se o que aconteceu agora em Viseu, com árbitros e dirigentes desportivos de Tondela e Castro Daire). Uma “vendeta” pessoal não serve a ninguém. É o caso.
Agora o filme: como se sabe João Botelho é um dos mais conceituados realizadores portugueses. Tem atrás de si uma obra muito pessoal, de autor, onde a denúncia social é uma constante. Filmes belíssimos, ao lado de outros não tanto (não aprecio muito a sua veia satírica que ultimamente tem vincado alguns títulos). Acontece que julgo que o registo optado para “Corrupção” é dos que melhor o serve. Este “realismo” nocturno, inspirado nos “filmes negros” de Hollywood anos 40, é muito bem aproveitado para certas cenas do filme, reuniões mafiosas, cenas familiares, encontros a transpirarem clandestinidade quotidiana, viagens à Galiza ao som de ópera... Julgo que aqui se descobre do melhor João Botelho. O pior fica para as cenas de pequenas multidões, entradas e saídas de tribunais, etc., onde as movimentações da comunicação social e dos apoiantes são pífias e nada credíveis.
Quase sempre boa a fotografia, boa a iluminação, a rondar o expressionismo, aceitável criação de ambientes, muito boa no geral a interpretação, que vai do excepcional (Ruy de Carvalho, Nicolau Breyner e outros) até um ou outro malogro, mas quase sempre em curtos papeis não muito bem resolvidos. Margarida Vilanova, no papel de “Sofia” defende bem uma tarefa ingrata. É muito bonita, tem aquele ar arisco e sabido que convinha, deixa sempre antever que “sabe muito mais do que confessa” e que tem “uma outra vida” muito bem escondida, por detrás daquela que aparenta. Pode ir longe, se bem dirigida, como aqui foi.
Esperemos pela “director’s cut”, que se anuncia já nesta bem montada operação de marketing, para ver o que melhora ou piora em “Corrupção”.


CORRUPÇÃO
Realização: João Botelho (não creditado na versão estreada no cinema) (Portugal, 20007); Argumento: João Botelho, Leonor Pinhão, segundo livro de Carolina Salgado; Fotografia (cor): Orlando Alegria; Montagem: João Braz; Design de produção: Catarina Amaro; Guarda-roupa: Silvia Grabowski, Vera Midões, Catarina Rodrigues; Maquilhagem: Sano de Perpessac; Direcção de produção: Pedro Bento, Rita Simão; Assistentes de realização: João Fonseca, Tiago Almada, Iris Reis; Som: Branko Neskov, Francisco Veloso; Produção: Alexandre Valente; Produtor executivo: Rui Louro; Bruno Martins; Companhia de produção: Utopia Filmes.
Intérpretes: Nicolau Breyner (Sr. Presidente), Margarida Vila-Nova (Sofia), António Cerdeira (Inspector Luís), Alexandra Lencastre (Mãe de Sofia), André Gomes (Advogado do Presidente), António Cid (Banqueiro), Aulácio Costa Almeida (Amigo Figueira), Carlos Costa (Patrão do Bar), Dinarte Branco (Médico), Edmundo Rosa (Adepto), Eurico Lopes (TV Anchor), Filipe Vargas (Agente PJ), Francisco Cunha Leal (Amigo Figueira), João Brás (Editor 1), João Cabral (Editor 2); João Catarré (Fotógrafo), João Lagarto (Figueira), João Loy (Cliente), João Ricardo (Empresário), João Silvestre (Taxi Driver), Jorge Schnitzer (Amigo Figueira), Jorge Sequerra (Homem da Rua), José Eduardo (Almirante), José Raposo (Inspector da PJ), Luísa Ferreira (Fotógrafa), Luís Soveral (Deputado), Manuel Gregório (Árbitro 1), Maria Duarte (Vizinha 1), Miguel Guilherme (Presidente dos Árbitros), Miguel Monteiro (Director Polícia Judiciária), Nelson Veiga (Cavalheiro do Jantar), Paula Guedes (Criada Zulmira), Paula Lobo Antunes (Alternadeira), Paulo Filipe (Jornalista), Paulo Manso (Vendedor da Livraria), Pedro Valente (Polícia de Ruela), Rita Blanco (Esposa do General), Rui Morrison (Procurador), Rui Santiago (Jornalista Espancado), Ruy de Carvalho (Juiz Presidente), Sérgio Grilo (Membro da Claque), Sónia Balacó (Alternadeira 2), Suzana Borges (Magistrada), Teresa Ovídio (Secretária do Tribunal), Tina Barbosa (Vizinha 2), Virgílio Castelo (Vice-Presidente), Jorge Chança (Segurança do Bar), Adérito Lopes, Matilde (Alternadeira), Margarida Moreira (Alternadeira), Ana Murinello (Mulher do Deputado), Samantha (Alternadeira), Luís Teodoro (Barman), etc.
Duração: 93 minutos; Classificação etária: Portugal: M/16 anos; Distribuição em Portugal: Filmes Lusomundo; Locais de filmagem: Aroeira, Lisboa, Peniche, Porto, Seixal, Portugal; Santiago de Compostela, A Coruña, Galiza, Espanha.
“Corrupção” na imprensa
O realizador João Botelho disse à agência “Lusa” que abdica de todos os direitos de autor relativamente ao filme “Corrupção”. O filme baseado no livro de Carolina Salgado estreou esta quinta-feira em 55 salas de cinema do país. “Eu abdico dos meus direitos, sei que por lei tenho direito a eles, mas não os quero”, declarou.
Contactado pela “Lusa”, o Gabinete dos Direitos de Autor e da Propriedade Intelectual afirmou que “o realizador, enquanto autor da obra, assine-a ou não, tem sempre direito aos respectivos direitos de autor”.
A mesma fonte sublinhou que “todo o processo entre produtor e realizador é exterior à questão dos direitos de autor”.
Botelho, que assinou já a realização de mais de dez longas-metragens, afirmou que apenas lhe interessa agora fazer o “seu” filme, mesmo que “daqui a muito tempo”, escusando-se a dar outros pormenores.
A 4 de Outubro, o realizador anunciou em comunicado que não assinaria o filme porque a Utopia Filmes optara por “uma versão diferente de imagens e de sons” na qual não reconhecia a linha fundamental do argumento, de que é co-autor (com Leonor Pinhão), e o cinema que há 30 anos defende.
Por seu lado, o produtor Alexandre Valente, comentou na altura que as divergências com o realizador, nomeadamente sobre a montagem final e a banda sonora, já eram esperadas desde o início do projecto, e por isso celebrou “um contrato muito claro”.
Filmado em Lisboa, Porto e Santiago de Compostela, a longa-metragem é baseada no livro “Eu Carolina”, de Carolina Salgado, ex-companheira de Pinto da Costa, presidente do Futebol Clube do Porto, e tem nos principais papéis os actores Nicolau Breyner e Margarida Vilanova.
O seu filme de estreia, “Conversa acabada”, recebeu Prémio Glauber Rocha e uma Menção Especial do júri da Federação internacional da Imprensa Cinematográfica do Festival da Figueira em 1981 e o Grande Prémio do Festival de Cinema de Antuérpia em 1982.

domingo, novembro 18, 2007

TEATRO: SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO

"Sonho de uma Noite de Verão", em musical, inspirado na obra de Shakespeare, estreou no Teatro D. Maria II.
O projecto nasceu em Aveiro, no início de 2007, quando o encenador argentino Claudio Hochman agarrou num grupo de estudantes universitários de música que "tinha a fantasia de transformar Shakespeare num musical". O director do Teatro Nacional D. Maria II, Carlos Fragateiro, "viu o espectáculo, gostou e decidiu trazê-lo para Lisboa para ser representado por actores profissionais", explicou o encenador.
"Sempre gostei de trabalhar Shakespeare de uma maneira mais descomprimida, menos de museu", revelou Claudio Hochman que tem encenado vários trabalhos inspirados na obra do mais conhecido dos dramaturgos, e acrescenta: "Não é um espectáculo destinado essencialmente ao público infantil, mas também pode ser visto pelas crianças".
"Sonho de uma Noite de Verão" é uma comédia que fala de uma história de amor e de jogos de sedução. Teseu, duque de Atenas, vai casar-se com Hipólita, Rainha das Amazonas, e lança um concurso de teatro para animar a festa. Um grupo de artesãos, “com mais vontade que talento”, concorre e dirige-se ao bosque para ensaiar uma tragédia. Aí há duendes, fadas, encontros, desencontros e trapalhadas várias. E uma flor que, quando lança o seu perfume nos olhos de alguém, o faz despertar para o amor. Quando há um engano, pode haver muitos desenganos. É o que acontece.
A história é contada através de trinta canções que foram quase todas escritas pelo encenador e são interpretadas por um grupo de jovens actores (Bruno Huca, Catarina Guerreiro, Diogo Mesquita, Fernanda Palma, Joana de Carvalho, João Miguel Mota, Marta Queirós, Pedro Pernas, Rita Cruz e Samuel Alves, quase todos com futuro garantido, alguns com graça especial, outros com “com mais vontade que talento”, mas tudo bem. São jovens e possuem toda a esperança do mundo. Não os desiludamos.
Um grupo de músicos (Eduardo Jordão, Eduardo Lala, Gonçalo Santos, Jorge Silva e José Luís Carvalho) apresenta-se em cena para tocar e representar alguns papéis de artesãos (a peça que é representada dentro da peça).
A encenação é colorida, dinâmica, começa mal, mas recompõe-se rapidamente. O que ameaça ser uma estopada acaba por ser um espectáculo divertido, sugestivo, imaginativo e alegre que deixa graúdos e miúdos bem dispostos e com vontade de voltar ao teatro. Um bom guarda-roupa (não gosto apenas dos fatos da orquestra, demasiados apalhaçados), boa iluminação e um cenário minimalista bem utilizado. Não é uma obra-prima, mas pode ser uma prima da obra que sabe bem convidar para um chá. "Sonho de uma Noite de Verão" vai estar em cena até 30 de Dezembro.

Imagem: Study for The Quarrel of Oberon and Titania c. 1849, Sir Joseph Noel Paton

CINEMA: AMERICAN GANGSTER

AMERICAN GANGSTER

Ridley Scott é um competente e respeitado cineasta norte-americano, autor de algumas obras extremamente curiosas, entre as quais se podem citar “The Duellists” (1977), “Alien” (1979), “Blade Runner”, sobretudo este (1982), “Someone to Watch Over Me” (1987), “Black Rain” (1989), “Thelma & Louise”, este também, claro (1991), “1492: Conquest of Paradise” (1992), “Gladiator”, de que gosto muito (2000), “Hannibal” (2001), “Black Hawk Down” (2001), “Matchstick Men” (2003), “Kingdom of Heaven” (2005) e agora este “American Gangster” (2007).
Vistas assim de relance, ressalta que o melhor da sua obra tem por cenário o mundo do crime organizado, com uma ou outra estimável incursão pelos terrenos da reconstituição histórica. Não lhe é igualmente estranha a fantasia inscrita na ficção científica e uma ou outra experiência, menos feliz, diga-se de passagem, pelas trincheiras da guerra. Mas globalmente o seu cinema é musculado, enérgico, violento, bem ritmado, nervoso, roçando a atmosfera ameaçadora e claustrofóbica de um fim de mundo planetário.
Isso mesmo se pressente em “American Gangster”, que, partindo de uma artigo de revista ("The Return of Superfly", de Mark Jacobson), e baseando-se em factos reais, reconstitui uma boa parte da vida de um dos mais célebres gangsters norte-americanos, Frank Lucas, o “The Superfly”, que criou um império em Nova Iorque, baseado na droga, após a morte de Ellsworth Raymond, conhecido por Bumpy (1906–1968), de quem era motorista e guarda costas. Inteligente, arguto, frio, pragmático, calculista, de rosto imperscrutável, sereno, mesmo nas súbitas e rápidas decisões que era obrigado a tomar, Frank Lucas tornou-se rapidamente senhor das ruas de Nova Iorque, admirado no Harlem, generoso chefe de família, amigo de celebridades do mundo do espectáculo e do desporto, da política e das instituições nacionais, companheiro de mafiosos de todas as origens, incluindo dos italianos, que subalternizou.
Nascido em 1930, na Carolina do Norte, foi no final da década de 60, inícios da de 70 que introduziu novas regras no disputado mercado de drogas. Estudioso das técnicas de marketing e publicidade, certamente conhecedor dos melhores processos de gestão, para ele o cliente estava acima de tudo: havia que se lhe reservar o melhor produto ao mais baixo preço. Criara assim uma competitividade sem precedentes. O seu pó, com a marca “Blue Magic”, era uma heroína cem por cento pura, como não se vira antes no mercado, e vendida a metade do preço. Facilmente se tornou um imperador, sem concorrência. Por isso mesmo invejado, cobiçado, prontamente colocado na mira de rivais sem escrúpulos (!?).
Qual a sua descoberta? O “produto” que era distribuído na América estava falsificado em percentagens variáveis. Ele iria arranjar produto cem por cento limpo, puro. Para isso havia que ir à fonte. A fonte eram as plantações do Vietname, onde na altura os americanos combatiam. Frank Lucas desloca-se ao Vietname, encomenda uma carga monumental, e não se preocupa com o transporte: serão os aviões militares norte americanos a transportá-la. Na América, ele naoq uer enriquecer de um dia para o outro. Basta-lhe de uma semana para a outra. Por isso baixa o preço do produto. Ganha o mercado. Ganha também mansões que paga a pronto e para onde convida a família que viaja da Carolina da Norte com armas e bagagens. Ou melhor, sem nada disso, que não precisavam. Umas e outras Frank Lucas lhes irá fornecer à chegada a N.Y., bem como empregos que escondam a distribuição o produto. Tem estatuto ainda para “escolher” para esposa uma Miss de Porto Rico que não hesita um minuto perante o convite. Claro que ao domingo vão todos à missa.
O filme é um bom entretenimento, acompanha-se com agrado, e reserva-nos algumas revelações muito curiosas sobre o papel de parte das tropas americanas no Vietname. Não todas, claro. Muitos morreram sem sequer desconfiarem do que se passava. Mas uma boa parte, entre duas rajadas de napalm a varrer aldeias do Vietcong, consumiam droga e prostitutas, ficavam dependentes de heroína, ópio e doenças venéreas, e ainda tinham tempo para comprar droga pura e colocarem-na nas ruas americanas, sem pagar taxas de importação, pois vinha em aviões militares que assim se transformavam em voos comerciais, que transportavam no seu bojo não só os que morreram no Vietname mas também os que iriam morrer na América. Instrutivo.
Nesse aspecto esta obra é uma pedrada no charco. Tardia mas ainda a tempo de se perceber o que quase sempre as guerras em nome de virtudes e princípios escondem por detrás da fachada legal.
Por outro lado, nas polícias estatal e federal, temos também alguns bons e muitos, mas mesmo muitos, mafiosos, comprados pelas “famílias” locais. Richie Roberts, em processo de divórcio, olhado com desconfiança pelos colegas por ser honesto, por ter entregue à policia muitos milhares de dólares que encontrou, um tipo arrufiado, mal e porcamente vestido, é o escolhido para enfrentar o crime organizado e chefiar a Brigada anti droga de Harlem, dando inicio à caçada ao “homem mais perigoso que anda nas ruas da nossa cidade”.
Denzel Washington é Frank Lucas e Russell Crowe é Richie Roberts. Não me admira que ambos apareçam nomeados, sobretudo o primeiro, notável na sobriedade e na violência contida. Mas há muito mais para satisfazer os jurados da próxima atribuição dos Oscars da Academia, onde “American Gangster” deve ficar bem colocado. Não será uma obra-prima, mas dignifica o cinema americano e uma certa consciência cívica liberal dos EUA. Que assim seja.
AMERICAN GANGSTER
Título original: American Gangster
Realização: Ridley Scott (EUA, 2007); Argumento: Steven Zaillian, segundo artigo de Mark Jacobson ("The Return of Superfly"); Música: Marc Streitenfeld; Fotografia (cor): Harris Savides; Montagem: Pietro Scalia; Casting: Avy Kaufman; Design de produção: Arthur Max; Direcção artística: Nicholas Lundy; Decoração: Sonja Klaus, Leslie E. Rollins, Beth A. Rubino; Guarda-roupa: Janty Yates, Maquilhagem: Belinda Anderson, John Caglione Jr., Don Kozma, Craig Lyman, Bernadette Mazur, Diana Sikes, Kenneth Walker; Direcção de produção: Jonathan Filley, Teresa Kelly, Branko Lustig, Lyn Pinezich; Assistentes de realização: Noreen R. Cheleden, Betsy Friedman, Kali Harrison, Christo Morse, Darin Rivetti, Phattana Sansumran; Alexander Witt; Departamento de arte: Madeline Austin-Kulat, Jasmine E. Ballou, Lek Chaiyan Chunsuttiwat, Julia G. Hickman, Derrick Kardos, Sonja Klaus, Erik Knight, Max Sherwood, Omar Vaid; Som: Christopher Assells, Karen M. Baker, Per Hallberg, Dan Hegeman; Efeitos especiais: Herbert Blank, Connie Brink, Matt Vogel; Efeitos visuais: Christopher Cram, Dick Edwards, Margaux Mackay, Gray Marshall, Christian Severin, Wesley Sewell; Produção: Michael Costigan, Jonathan Filley, Brian Grazer, Branko Lustig, Nicholas Pileggi, Ridley Scott, Kehela Sherwood, James Whitaker, Steven Zaillian; Companhia de produção: Universal Pictures; Imagine Entertainment; Relativity Media; Scott Free Productions.
Intérpretes: Denzel Washington (Frank Lucas), Russell Crowe (Richie Roberts), Chiwetel Ejiofor (Huey Lucas), Josh Brolin (Detective Trupo), Lymari Nadal (Eva), Ted Levine (Lou Toback), Roger Guenveur Smith (Nate), John Hawkes (Freddie), RZA (Moses Jones), Yul Vazquez (Alphonse Abruzzo), Malcolm Goodwin (Jimmy Zee), Ruby Dee (Mama Lucas), Ruben Santiago-Hudson (Doc), Carla Gugino (Laurie Roberts), Skyler Fortgang (Michael Roberts), John Ortiz (Javier J. Rivera), Cuba Gooding Jr. (Nicky Barnes), Armand Assante (Dominic Cattano), Kathleen Garrett (Mrs. Dominic Cattano), Joe Morton (Charlie Williams), Ritchie Coster (Joey Sadano), Bari K. Willerford (Joe Louis), Idris Elba (Tango), Common (Turner Lucas), Warner Miller (Melvin Lucas), Albert Jones (Terrence Lucas), J. Kyle Manzay (Dexter Lucas), T.I. (Stevie Lucas, Melissia Hill, Quisha Saunders, Kevin Corrigan, Robert Funaro, Jon Polito, Tom O'Rourke, Robert C. Kirk, Tom Stearns, KaDee Strickland, Jon DeVries, Jim R. Coleman, Lee Shepard, Gavin Grazer, Linda Powell, Roxanne Amandez, Norman Reedus, Pierra Francesca, Eddie Rouse, Maryann Urbano, Cedric Sanders, Jason Veasey, Roosevelt Davis, Roger Bart, Eric Silver, Mitchell Green, Saycon Sengbloh, Conor Romero, Daniel Hilt, Daniel Farcher, David Spearman, Maurice Ballard, Paul Doherty, William C. Tate, George Lee Miles, Jason Furlani, Chris McKinney, Ric Young, David Wayne Britton, Tommy Guiffre, Laurence Lowry, Dan Moran, Marjorie Johnson, Larry Mitchell, Chuck Cooper, Kevin Geer, Chance Kelly, Hamilton Clancy, Sam Freed, Joey Klein, Scott Dillin, Anthony Hamilton, Sarah Hudnut, Jeff Greene, Tyson Hall, Kirt Harding, Bryant Pearson, Al Santos, William Hudson, Christopher A. Sawyer, Dylan Gallagher, Jehan-Pierre Vassau, Robbie Neigeborn, Clinton Lowe, Wilhelm Lewis, James Hunter, Neville White, Lonnie Gaetano, Jeff Mantel, Serena Joan Springle, Ron Piretti, Nino Del Buono, Arthur Mercante, Panama Redd, Robert Wiggins, Fab 5 Freddy, Jonah Denizard, Steve McAuliff, Joseph Ferrante, etc.
Duração: 157 minutos; Classificação etária: M/ 16 anos; Distribuição em Portugal: Lusomundo Audiovisuais; Locais de filmagem: Briarcliff Manor; Briarcliff Manor; Bronx, New York City,; Brooklyn South Marine Terminal, Brooklyn, New York City,; Harlem, Manhattan, New York City; New York City; Old Westbury Gardens - 71 Old Westbury Road, Old Westbury, Long Island; Stewart Airport, New Windsor, tudo em Nova Iorque; Chiang Mai, Tailândia.

Frank Lucas, o verdadeiro e o outro

sexta-feira, novembro 16, 2007

BRAGA, PORTO EM FOTOS





fotos de LA

BRAGA, PORTO



fotos da MEC
PASSEIO POR BRAGA,
COM ESCAPADA AO PORTO

Rápida viagem a Braga, a convite do “BragaCine”, para intervir num debate sobre “Cinema e Ecossistema” e ser “homenageado” com um “Prémio de Carreira - Manoel de Oliveira” (quando se começa a receber “prémios de carreira” é mau sinal!).
Braga estava soalheira e meiga de atmosfera. No Hotel do Elevador estava-se bem com a cidade aos pés, envolta em verdura outonal. Passear nas ruas solitárias depois da meia-noite, ou serpentear por entre pequenas multidões nas mesmas ruas de intenso comércio num sábado ao fim da tarde, são sensações que ficam na recordação. Como se recorda a permanência de Luís Pacheco e a leitura do seu “O Libertino Passeia por Braga, a Idolátrica, o Seu Esplendor” (1970).
Terra de igrejas belíssimas e soturnas, de padres e freiras, mas também cidade invadida por uma juventude ruidosa e heterodoxa, casas com história colectiva e janelas de olhares muito pessoais, largos e praças, avenidas com estátuas de pedra e bronze, o peso do passado, mas a presença ruidosa do presente a anunciar um futuro apenas imaginado.
Gostei de voltar a Braga, gostei de rever amigos, o Nicolau Breyner, o Joaquim de Almeida, alguns elementos ligados à organização, mas também de estimular novas estimas (o António Ferreira, que apresentou uma bela curta-metragem de ficção, “Deus Não Quis”; o Dominic Lees, de quem passou um muito interessante “Outlanders”; o galego Anxo Santomil, que fazia parte do Júri, e me lembrou com alguma nostalgia os tempos em que a “Manhã Submersa” passou pelos cinemas e cine-clubes da Galiza, despertando um vivo interesse e o calor de pessoas como a inesquecível Uxia Blanco).
Gostei de voltar a Braga e entrar no Theatro Circo pela mão amiga do Paulo Brandão, com quem privei na Casa das Artes de Famalicão, durante anos de Famafest, e agora vou encontrar a dirigir, com o seu gosto proverbial, esta fabulosa sala que percorri demoradamente e onde assisti a um bom Concerto da Orquestra Nacional do Porto. É bom sentir o abraço de alguém que estimamos e partirmos para um jantar de bacalhau à bracarense (que os há para todos os paladares!). Foi bom entrar no “Teatro Circo Café” e no “Praça Maior”, restaurantes que não devem nada à capital. Foi bom encontrar a Sara F. Costa, que eu não conhecia pessoalmente, e apalavrar Zhang Yimou no Café Viana, o café dessas belas arcadas de cinzento granítico.
Foi bom acordar, num sábado, às seis da manhã e tomar o pequeno almoço numa sala que nos olhava só a nós, beber um café e ver a paisagem, generosa no Minho, como o é generosa por esse Portugal fora. Foi bom entrar no santuário e admirar o fabuloso altar-mor em escultura e alto-relevo, banhado por uma quente luz dourada.
Foi bom sair de Braga, com a Eduarda, levados pelo Zé e a Bárbara (que têm 18 anos, ajudam na organização, e se amam!), que nos deixaram em Serralves, ali para os lados da Boavista, bem no centro cultural do Porto, para ir visitar a Exposição de um americano que de todo desconhecia. Robert Rauschenberg apresentou aqui a sua primeira grande exposição em Portugal. Desconcertante. Papelão resgatado de caixas e caixas, desperdícios vários, lixo, objectos em ruína, tecidos, pouco mais. A recuperação do inútil, numa sociedade a avançar para o consumismo desenfreado. Não sei se gostei ou não. Nem interessa esse facto: é um momento da arte moderna, uma etapa, um “travelling ‘70-‘76” que reúne sessenta e cinco trabalhos produzidos pelo artista.
Depois, um almoço em Serralves é sempre um momento de relaxe, mesmo que o ruído dos utilizadores do refeitório seja grande. Valeu a fuga para a esplanada, com a câmara da RTPN a captar as nossas opiniões sobre os livros de Woody Allen e Julian Barnes. Sugeri (e foi aceite) o cenário para as filmagens, uma cadeira simples com os matizados de verdes da paisagem do jardim por detrás. Um Outono perfeito, já o disse.
Passámos ainda pela Fnac da Rua de Santa Catarina (mais dois dvds e um livro!) e pela esplanada do Magestic, local de romagem imprescindível para sermos “roubados” por um café ao preço de um euro e noventa. Mas é um “roubo” em que oferecemos a carteira à marosca - por entre os ouros e os espelhos, rodeados de turistas palavrosos, num cálido por de sol, com o cheiro das castanhas assadas a esvoaçar por perto (oferecidas pela Vodafone a filas intermináveis de portuenses).
Gosto do Norte e tenho saudades dos dias passados no Porto. Tenho saudades dos meus alunos. Saudades aplacadas minimamente por um telefonema do Zé Magano, do João Leal, da Cristiana Maravilhas, do Samuel Reis e de outros mais alunos que deixei por lá e que queriam saber a opinião do professor sobre o filme que acabaram de terminar em produção TCAV. A opinião já lha dei. Foi bom o telefonema, o filme, a lembrança. Gosto do Porto, da luz, das casas, das gentes. Das manhãs e das tardes nas salas de aula, das semanas do Fantasporto, das noites, do comboio (ou do carro) galgando trezentos quilómetros para cima e para baixo todas as semanas. Gosto do Minho, de Famalicão onde anualmente regresso, de Viana que não esqueço, das férias em Moledo e Caminha, das tentações da Póvoa e de Espinho (que não fica no Minho, mas dá jeito incluir aqui!), das curtas-metragens em Vila do Conde. Gosto das pessoas, gosto do ar, gosto do cheiro, gosto do que ali já vivi e do que ali vou viver.

quarta-feira, novembro 14, 2007

VAVA.DIANDO COM CELINA PEREIRA

HOJE
VÁ.VÁ.DIANDO
13 º J A N T A R DA TE R T Ú L I A

14.11’07: 20H
R E S T A U R A N T E - C A F É V Á V Á


CONVIDADO ESPECIAL:
CELINA PEREIRA
De Cabo Verde e das Mornas

DEPOIS DE RAÚL SOLNADO, FERNANDO DACOSTA, NUNO JÚDICE, TEOLINDA GERSÃO, IVA DELGADO, LÍDIA JORGE, MARIA DO CÉU GUERRA, EURICO GONÇALVES, PAULO PORTAS, LAURO ANTÓNIO, ROGÉRIO SAMORA e CARLOS DO CARMO, CONTINUAM OS JANTARES-ENCONTROS NA MELHOR TRADIÇÃO DAS TERTÚLIAS DO CAFÉ-RESTAURANTE VÁVÁ.

“Entre os grandes intérpretes da Morna destacam-se, pela importância na divulgação da música e da cultura cabo-verdiana, os cantores Bana, Cesária Évora, Celina Pereira, Paulino Vieira e Ildo Lobo.”

PRÓXIMOS CONVIDADOS
26 DE NOVEMBRO: OTELO SARAIVA DE CARVALHO
5 DE DEZEMBRO: RUY DE CARVALHO (a confirmar)
22 DE DEZEMBRO: JANTAR DE NATAL DO VAVA.DIANDO


TODOS ESTÃO CONVIDADOS MEDIANTE O PAGAMENTO DE UMA SIMBÓLICA QUANTIA: 12,5 EUROS POR PESSOA. COM DIREITO A SOPA, UM PRATO DO DIA, PEIXE OU CARNE, SOBREMESA, BEBIDA (VINHO É O DA CASA!) E CAFÉ. EXTRAS POR CONTA DO FREGUÊS.

RECUPEREM O BOM GOSTO DE UM SABOROSO JANTAR E DE UMA RECONFORTANTE CONVERSA À RODA DA MESA.
[ LOTAÇÃO LIMITADA A 50 CADEIRAS. ACEITAM-SE INSCRIÇÕES NO BALCÃO DO VÁVÁ. ]

Para informações e marcações de lugares:
LAURO ANTÓNIO / [Blogue Va.Va.diando (
http://vava-diando.blogspot.com/ ] [ mail: laproducine@gmail.com ] (Só se aceitam marcações, sob prévio pagamento)

RESTAURANTE - CAFÉ VÁVÁ AV. EUA, Nº 100 - 1700-179 – LISBOA (TELF 21.7966761)

quinta-feira, novembro 08, 2007

RELATÓRIO PESSOAL, I


AS MINHAS ESCOLHAS
DO CINE ECO 2007
Ver mais de quatrocentas obras dedicadas a uma temática tão específica como a do ambiente não é tarefa fácil. Foi o que me aconteceu, antes do Cine Eco 2007 começar. Depois revi ainda noventa que sobraram para uma segunda fase de apuramento, das quais saíram as sessenta que foram apresentadas ao público e aos Júris entre 22 e 27 de Outubro último. Algumas, a maior parte das sessenta, voltei a vê-las no CISE, e a confirmar, ou não, a opinião que delas tinha retido nas anteriores visões. Uma boa dúzia ou mesmo uma dezena poderia ter sido ainda limada, não fora alguns aspectos que me pareceram dignos de figurar nos critérios de selecção: obras de jovens, estreia de gente ligada à cidade, ou ao Concelho de Seia, ou ao Distrito, títulos portugueses que mereciam um incentivo, provenientes de universidades, autarquias ou instituições diversas.
Globalmente há curiosas conclusões a extrair. Julgo que o clima do filme ambientalista se está a distender. Continuam a existir (e esperemos que nunca deixem de existir) obras a denunciar abusos, ofensas, massacres, violações, crimes de todo o género contra o planeta e o homem que nele habita, contra a natureza e contra todos os seres que a povoam, que dela fazem parte, quer sejam humanos ou não, mas, ao lado dessas acusações, a maior parte das vezes legitimas, vamos encontrar propostas de um olhar diferente, mais optimista, mais positivo, mais virado para a construção do que para a simples incriminação. Não que esta não seja necessária, para se repor a verdade e a justiça, mas é importante este novo olhar aberto sobre um futuro que pode ser muito menos negro do que aquele que nos oferecem os trágicos paladinos da desgraça.

Vamos então dar uma vista de olhos pelos meus filmes preferidos, sendo que a maior parte deles aparecem consagrados nas listas dos diferentes júris do festival.
Obviamente que o Grande Prémio do Ambiente foi para um dos grandes filmes da edição deste ano do Cine Eco: "Encontro com Milton Santos", da autoria de Silvio Tendler, um dos melhores e mais originais documentaristas brasileiros (outro estava no Júri Internacional, João Batista de Andrade).
O filme tem por base uma entrevista com o geógrafo brasileiro Milton Santos, um dos ideólogos marxistas mais considerados da América Latina, que discute e critica a globalização, expondo “as distorções impostas aos países pobres que pagam injustamente pelo crescimento da economia dos países ricos e as consequências provenientes dessa lógica do capital, que amplia as diferenças ao invés de redistribuir as riquezas.” Por outro lado, tenta mostrar um novo mundo, onde a união entre as “novas técnicas” e “os de baixo” podem fazer um futuro mais distinto para a humanidade. Polémico, irreverente, jogando com uma narrativa colorida, utilizando colagens de frases, textos, fotos, imagens de diversa origem, o filme é um puzzle conduzido pelo pensamento de Milton Santos que não deixa de ser fascinante e sedutor.
Silvio Tendler, licenciado em História pela Universidade de Paris, mestre em Cinema e História pela École des Hautes-Études/Sorbonne, é autor, entre outros, de “Glauber O Filme, Labirinto do Brasil”,“Jango” e “os Anos JK”. Em Portugal, foi alvo de uma retrospectiva no FAMAFEST, Festival de Cinema de Vila Nova de Famalicão.
Outra das confirmações deste Cine Eco (e Grande Prémio da Lusofonia!), foi "Grande Hotel", uma produção da RTP, com realização de Anabela de Saint-Maurice, que se debruça sobre aquele que foi um dos maiores e mais luxuosos hotéis de África, situado na cidade da Beira, Moçambique, inaugurado em 1955, e que hoje em dia é um registo histórico da vida política e social do país, arruinado pelas vicissitudes da descolonização, da guerra, da pobreza. O documentário evoca a história trágica do espantoso edifício, através do olhar de um dos seus arquitectos, que o re-visita 50 anos depois de inaugurado, com um olhar incrédulo, nostálgico e ao mesmo tempo cheio de expectativas quanto ao futuro, quanto ao povo e ao pais.
Anabela de Saint-Maurice, licenciada em Filosofia pela Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, dedica-se há vários anos à realização de documentários na Radiotelevisão Portuguesa, e assina aqui um dos seus melhores trabalhos.
Ainda da mesma autora é “A Ponte de Todos”, que acompanha o testemunho de quem trabalhou na ponte sobre o rio Tejo, uma das maiores construções deste tipo do mundo, símbolo de Lisboa e importante obra do regime de Oliveira Salazar. De ponte “Salazar” a “Ponte 25 de Abril”, eis o percurso. Rosa Lopes, reformado, conhecido como o “Dono da Ponte”, lamenta o desleixo a que se vota a “sua” ponte no presente, enquanto o engenheiro Mário Fernandes não esquece a equipa de elite que dirigiu a sua construção. Admirador confesso de Salazar, guarda para si a pompa e a circunstância da inauguração.
“Vilarinho das Furnas”, de Sofia Leite, outra produção da RTP, é outro trabalho de interesse. A aldeia de Vilarinho das Furnas foi submersa no início dos anos setenta, quando começou a construção de uma barragem, à qual foi dado o nome da aldeia. Sobre este caso, António Campos dirigiu nessa altura um filme que funciona como marco do documentarismo social português. A barragem foi construída no rio Homem, num vale da serra Amarela e faz parte do plano de bacia hidrográfica do rio Cávado. Um complexo gigantesco, de sete bacias, que transformou a paisagem geográfica e humana desta região onde o Minho faz fronteira com Trás-os-Montes. Desde os primeiros planos a oposição à sua construção foi total por parte dos habitantes de Vilarinho, uma comunidade comunitária, rara em Portugal. Vilarinho das Furnas tornou-se num mito e numa bandeira. Sofia Leite foi ver o que resta hoje dessa aldeia, transposta para outro local, falou com habitantes, ouviu a repetição de queixumes, mas também vozes diferentes, que aceitaram a mudança e o novo estilo de vida.
“Portugal, Um Retrato Social”, de que se encontravam a concurso os episódios 1 e 3, “Gente Diferente” e “Mudar de Vida”, e extra concurso se puderam ver os restantes outros cinco episódios, é um excelente trabalho de direcção de Joana Pontes, com argumento de António Barreto e da própria Joana Pontes.
O texto de apresentação indica o rumo: “Os portugueses são hoje muito diferentes do que eram há 30 anos. Vivem e trabalham de outro modo. Mas sentem pertencer ao mesmo país dos nossos avós. É o resultado da história e da memória que cria um património comum. Nascem em melhores condições, mas nascem menos. Vivem mais tempo. Têm famílias mais pequenas. Os idosos vivem cada vez mais sós.” Ou: “A sociedade contemporânea, urbana, era ainda há pouco tempo rural. Mudou muito depressa. Muitos portugueses emigraram, a maior parte saiu das aldeias e foi viver para as cidades e para o litoral. O campo está despovoado. As cidades cresceram. As estradas aproximam as regiões. Nas áreas metropolitanas, organizou-se uma nova vida quotidiana. Há mais conforto dentro das casas, mas as condições de vida nas cidades são difíceis.”
A ideia era, portanto, saber qual o “Retrato Social” do nosso país de hoje, por comparação com o Portugal de “antigamente”, o Portugal rural e fechado anterior ao 25 de Abril, produto do Estado Novo. As imagens são magníficas, o vigor da realização é notável, a abordagem e o tom coloquial de António Barreto excelentes, a série foi um êxito aquando da sua exibição e lamento não ter tido melhor sorte em Seia. Ganhou o Prémio “Polis”. Julgo que merecia mais.
Portugueses eram ainda outras obras interessantes, se bem que mais convencionais na sua estrutura e narrativa. “O Fogo Controlado”, de Francisco Manso, procurava ser didáctico na forma como abordava o fogo nas florestas e as técnicas do seu controle; “Corno de Bico”, de Martin Dale, documentava uma região de Portugal, tal como “Discretas Afinidades”, de Ana Neves (Bio Ria, em Estarreja). “Fronteiras do Tempo”, de Cláudia Rodrigues, Pedro Gancho e Francisca Veiga, recuperava o imaginário de Fernando Namora, através de relatos de contrabando, numa zona fronteiriça, com a lembrança da Guerra de Espanha presente. “A Casa”, de Paulo Cartaxana, acompanhava o dia a dia de uma terapêutica para crianças, jovens e adultos necessitados de cuidados especiais, na Casa Santa Isabel (Seia, Serra da Estrela). Fazia-o com um olhar de simpatia sem lamechices. "O Fabrico do Queijo da Serra", de Cátia Brito, assinalava aestreia de outra jovem se Seia na realização (depois de ter passado pelo Júri da Juventude em 2006. “Esta Água que Vos Deixo”, de Clube Audiovisuais da Escola Abranches Ferrão, foi igualmente uma arejada viagem pelo concelho de Seia, expondo problemas e desejos de jovens, guiados pelo professor João Tilly.
Ainda na luofonia, atente-se agora na representação brasileira também numerosa e valiosa. “Xingu, a Terra Ameaçada”, de Washington Novaes, é uma curiosa experiência: há vinte anos, Washington Novaes, brasileiro e um dos mais reputados ambientalistas mundiais, dirigiu uma série sobre “Xingu”, uma das tribos índias perdidas no interior do Brasil. Vinte anos depois volta ao local para descobrir a motorizada, a televisão, o satélite, a verdadeira sociedade de consumo no âmago da selva amazónica. Um documento etnográfico excelente que passou em claro nos palmarés.
Também ““Pirinop, Meu Primeiro Contato”, de Mari Correia, Karané Ikpeng, dentro do mesmo estilo, com o mesmo povo Xingu, é outra viagem antropológica e etnográfica muito curiosa. Em 1964, os Índios Ikpeng têm o seu primeiro contacto com o homem branco numa região próxima do rio Xingu, no Mato Grosso. Ameaçados nos seus territórios pelas invasões de garimpeiros, eles são transferidos para o Parque Indígena Xingu onde ainda vivem. Mas os Ikpeng sofrem com o exílio das suas terras ancestrais e lutam para reconquistá-las. Mari Corrêa, realizadora, produtora e montadora, é uma das instigadoras do grupo “Vídeo das aldeias” e coordenadora do programa de formação de realizadores indígenas. Estudou ciências sociais e cinema na Sorbonne.
Gostei muito da serenidade e do simbolismo da viagem de barco de “Nascente”, de Helvécio Marins Jr, um belo filme que passou discreto, como discreta viajava a barcaça pelo riacho; vibrei com o “agit prop” “Rapsódia do Absurdo”, de Cláudia Nunes; achei instrutivo e bem humorado “Bicho Preto Nasce Branco”, de Ângelo Lima; acompanhei com interesse “Cerrado: Quanto Custa?”, de Rosa Berardo e Murilo Berardo.
“As Pessoas que vivem do Lixo”, de André Cywinski e João Gomez, não trazia nada de novo, para lá de ser um trabalho de jovens, “Profetas da Chuva e da Esperança”, de Márcia Paraíso, era correcto na sua proposta, e “Multiplicadores”, de Renato Martins e Lula Carvalho, observavam os “grafittis” como nova forma de arte urbana que transforma a cidade. Um pouco mais de profundidade seria bem-vinda.
Assim se passou a extensa representação portuguesa e brasileira. Em relação ao extenuante trabalho dos Júris, nada a dizer. Uma ou outra falha, quanto ao meu gosto pessoal, não põe em causa em nada a avaliação global. Bom trabalho.
Falarei dos outros prémios do Cine Eco 2007, não lusófonos, e de algumas outras preferências pessoais não galardoadas, quando tiver tempo, engenho e arte.

A SORTE GRANDE TODOS OS DIAS PELO EMAIL


A sorte que eu tenho! Eu e mais dezenas de milhares, por todo o mundo. Devo ser, por isso, dos homens mais sortudos do planeta. A mim mandam-se coisas destas todos os dias, às dezenas. Sorte Grande, Loto, Bingos, Viúvas ricas sem herdeiros, herdeiros milionários sem viuvas, com fabulosas fortunas africanas para desbaratar, Bancos filantrópicos, o sorteio da Coca-cola, e mais disto e daquilo. São milhares, milhões de euros e dólares que desprezo diariamente.

Mas que fazer? A Vida é assim.

Ensinaram-me que só se deve ganhar a vida com o suor do trabalho. lol. Logo rejeito estas "sortes grandes" todas. Só não rejeitava o Euro milhões ou o algo parecido. Agora estas bateladas de massa que me caiem em cima, vindas sabe se lá de onde, essas não as quero. Imaginem a que me chegou agora mesmo:


Fondazion Di Vittorio, ITALY
http://www.fondazionedivittorio.it
BATCH NO: (B10-09)



We bring to your notice the decision by the board of trustees of The Foundazion di Vittorio to choose you as one of the final recipients of a cash Grant/Donation for your own personal,educational, and business development.

To celebrate the 30th anniversary program, We are giving out a yearly donation of US$100,000.00 (One Hundred Thousand United States Dollars) to 10 lucky recipients who have been selected from over 25,000 websites all over the globe, as charity donations/ aid from the Fondazion Di Vittorio, ECOWAS, EU and the UNO in accordance with enabling acts of Parliament. Please Contact paying office (Nigeria) Dr Alfred Razaq, email: ecowasdeliveryagent_07@yahoo.com.hk
Phone num+2348074420411
Also in order to avoid unnecessary delays and complications, remember to quote your
Qualification numbers (N-222-6747, E-900-56)BATCH NO: (B10-09) and the underlisted details in all your correspondence with your fiduciary agent;

Full name.:.....................................
Sex:................................................
Office/Resident Address:....................
Telephone:........................................
Mobile..............................................
Fax:.................................................
Occupation:......................................
Date of Birth.....................................
Nationality:..................................
Country:.............................................

Regards.
Sir Mario Domenico
Foundation officer.

E lá vou eu não responder. E ainda dizem que não há benfeitores, mecenas e etc.!

A CAMINHO DO BRAGACINE

Programa do Bragacine
Festival de Cinema de Braga
O que ainda falta:

Quinta-feira, 08 de Novembro 2007
16.30 – Colóquio Internacional “Cinema e Ecossistema” com a presença do Dr. Lauro António, Prof. Doutor Manuel Martins (Professor Catedrático da Universidade do Minho), Mestre Artur Barros Moreira (Director do BragaCine), Representante da Embaixada dos Estados Unidos da América, Câmara Municipal de Braga, Governo Civil de Braga.

O Colóquio será moderado por Dalila Monteiro (jornalista TSF/Visão).
18.45 – “ A Velha Raposa” de Henry Hathaway. Com John Wayne.
21.30 – Estreia em Braga
23.30 – “Venus Drowning” de Andrew Parkinson. Realizador de “Os Mortos Vivos”

Sexta-feira, 09 de Novembro 2007
19.00 – “Humanos” de António Ferreira e Rockmentário de Sandra Castiço. Presença e intervenção dos realizadores.
21.30 – “ Outlanders” de Dominice Leef (vencedor dos prémios Basta(oscares britânicos) -Thriller, na linha de “Déjà Vu” e “Departed”.
23.30 – “ As Loucuras de Jake” de Jonathan Newman

Sábado, 10 de Novembro 2007
16.30 – “Easy Rider” de Dennis Hopper
21.30 – Sessão Oficial de Encerramento: “La Cucina” de Allison Hebble & Zed Starkovichi. Anteestreia euuropeia. Com Christina Hendricks, Joaquim de Almeida, Rachel Hunter. Selecção oficial do Festival Internacional de cinema independente de Hollywood. Antecipado pela curta metragem “Deus Não Quis” e “Ó Moço se fores ao Monte” (videoclip musical , interpretado por Paulo Ribeiro) de António Ferreira.
Homenagens a John Hurt, Joaquim de Almeida, Lauro António, António Ferreira e Entrega dos Prémios das obras a concurso: BRAGACINE-AUGUSTA
23.30 – “Filme Vencedor do Grande Prémio Bragacine /Augusta”

sábado, novembro 03, 2007

LIVROS - JULIAN BARNES

“ARTHUR & GEORGE”
Julian Barnes é inglês, escritor, admirador de Gustave Flaubert, que já foi tema de um romance seu, “O Papagaio de Flaubert”. “Arthur & George”, seu mais recente livro, volta a centrar a acção num escritor, Arthur Conan Doyle (1859-1930), criador da personagem do detective Sherlock Holmes, cujas histórias policiais de pura dedução, ambientadas numa Inglaterra vitoriana, entusiasmaram gerações. Mas Julian Barnes não pegou na personagem de ficção, mas sim no escritor com existência física para dele nos falar em “Arthur & George”: Arthur é, pois, o célebre Conan Doyle, George é um tal pouco falado George Edalji, inglês de ascendência pársi (indiano de estirpe aristocrata) que, no início do século XX, se viu injustamente condenado pelo crime de esventrar um cavalo na aldeia de Great Wyrley.
O romance de Julian Barnes inicia-se de forma fulgurante com uma montagem em paralelos de curtos capítulos desenhando rapidamente a meninice de dois jovens que se conhecem apenas pelos nomes de Arthur e George. Ambos são contemporâneos, mas cresceram em mundos diferentes, a muitos quilómetros de distância um do outro. Na página 60, descobre-se enfim que Arthur escrevia histórias sobre Sherlock Holmes e que o seu nome completo é Arthur Conan Doyle. Expoêm-se a partir daí também as desventuras de George, oriundo de uma família constituída por um austero pastor anglicano, indiano, e uma devota mãe escocesa, e ainda uma impulsiva irmã mais nova.
Rodeados estão por desconfiados e pérfidos vizinhos que não aceitavam o facto de terem como companhia “indianos”. George bem afirma que é inglês, mas os enxovalhos prosseguem, até que um dia, sendo já advogado e solicitador em Birmingham, e na sequência de vários acontecimentos sangrentos e reais que são ainda hoje conhecidos como “Os Ultrajes de Great Wyrley”, foi parar à cadeia, julgado, e condenado a sete anos atrás das grades. A acusação era de que esventrava cavalos pelos campos de Great Wyrley, em noites de tempestade e ventania.
O trabalho de Barnes é um romance de fundo histórico, uma cuidada reconstituição ficcional que joga com elementos minuciosamente recuperados e mostra como, a partir de certa altura, Arthur Conan Doyle, então no apogeu da sua glória literária, e entre a morte da sua mulher Touie, e o possível casamento com Jean, a quem amou secretamente durante anos, no mais puro platonismo, se envolveu no caso e lutou por inocentar George, levando a justiça britânica a mudar leis e restaurar, não só a liberdade do condenado, como sobretudo a reputação daquele pársi que nunca deixou de reclamar da sua origem inglesa e nunca acreditou inteiramente que tudo o que lhe estava a acontecer era devido a preconceitos raciais. O livro é uma belíssima e envolvente descrição da sociedade inglesa da época, erguendo duas figuras bem desenhadas com largueza e eficácia, entrelaçadas num erro judiciário que as irá reunir, quando nada o fazia prever.
Excelente de início, um pouco menos conseguido mais para o fim, mas nunca desinteressante, “Arthur & George” mostra-nos a qualidade de escrita de um dos mais reputados autores ingleses contemporâneos, que se coloca ao lado de um Ian McEwan ou de um Martin Amis. Barnes, agora com 61 anos, esboça um retrato de Conan Doyle que não esquece os problemas familiares, o gosto pelo críquete, a mundaneidade e o interesse espírita, sugerindo a dependência da droga e outras características bem conhecidas. Por seu turno George é ainda mais sugestivo, talvez por ser desconhecido do grande público. Introvertido, solitário, bom filho e estudante cumpridor, míope, o jovem advogado manteve até ao fim uma inabalável fé na infalibilidade da lei e da justiça inglesas. Mesmo preso nunca recuou nas suas convicções. O seu caso tornar-se-ia um exemplo, dado que em função do erro cometido as instituições jurídicas inglesas se viram obrigadas a alterar o processamento normal, criando tribunais de apelação para prevenir que outros casos deste tipo pudessem voltassem a aparecer em tribunais do país.
“Arthur & George” foi finalista do Booker Prize 2005 e do International IMPAC Dublin Literary Award 2007.
Principais obras: Metroland (1980, romance), Fiddle City (1981, romance, pseudo. Dan Kavanaugh), Before She Met Me (1982, romance), Flaubert's Parrot (1984, romance), Putting the Boot In (1985, romance, pseudo. Dan Kavanaugh), Staring at the Sun (1986, romance), A History of the World in 10 1/2 Chapters (1989, romance), Duffy (1980, romance, pseudo. Dan Kavanaugh), Going to the Dogs (1987, romance, pseudo. Dan Kavanaugh), Talking it Over (1991, romance), The Porcupine (1992, romance), Letters from London (1995, ensaio), Cross Channel (1996, contos), England, England (1998, romance), Love, Etc. (2000, romance), Something to Declare (2002, ensaios), The Pedant in the Kitchen (2003, gastronomia), The Lemon Table (2004, contos) e Arthur & George (2005, romance)

CINEMA: A VIDA ÌNTIMA DE MARTIN FROST

A VIDA ÍNTIMA DE MARTIN FROST
Há muito que a vida me ensinou a não confiar senão no que vejo e ouço, e não no que se lê ou ouve sobre obras de arte. Um pouco porque nem sempre as fontes são fiáveis, mas sobretudo porque para cada cabeça sua sentença, cada olhar um sentir. Li muito sobre “The Inner Life of Martin Frost”, de Paul Auster, e já calculava que um dos meus escritores de eleição tivesse escorregado completamente nesta sua segundo incursão (e meia) pela direcção cinematográfica. Mas não é verdade. O filme não é uma obra-prima mas está longe de ser o desastre que muitos cantam. Pelo contrário. É, seguramente, uma obra discreta, frágil (que permite a qualquer crítico mal avontadado destruí-la em três penadas), mas observada com alguma atenção, e sem preconceitos, acho-a uma filigrana de sentimentos e emoções inestimável, um exercício de palavras e inteligência indiscutível, um “mistério filosófico”, como o próprio Paul Auster lhe chamou, que não deixa de ser fascinante e envolvente.
Apesar das falhas que são algumas. A começar pela interpretação: não aprecio realmente o actor principal, David Thewlis (Martin Frost), que me parece pouco carismático para um filme que vive centrado na sua figura. Julgo que esse terá sido o pecado maior desta obra. De resto, Claire Martin (Irene Jacobs), Anna (Sophie Auster) e, sobretudo, o multifacetado Fortunado (Michael Imperioli, dos “Sopranos”), não impedem o filme de atingir bom plano.
Mas é, sobretudo, na ambiência criada que a obra de Paul Auster se impõe. “A Vida Íntima de Martin Frost” fala-nos de um escritor nova-iorquino que acaba de escrever o seu último romance, que precisa de uns momentos de retiro (“viver a vida de uma pedra”, explica), que aceita a casa de campo de uns amigos (uma foto de Paul Auster e família sobre a lareira sugere que a casa é deste), que aí se instala, deliberadamente isolado e só, preparando-se para arrancar para outra história, coisa pequena, máximo quarenta páginas, quando acorda abraçado a uma bela mulher de que desconhece a identidade.
Sabe depois que se chama Claire Martin, afirma ser sobrinha da dona da casa, e acabam por coexistir uns dias em equilíbrio precário, de início, em profundo enamoramento depois. Ele escreve e ela incentiva-o, enquanto prepara o mestrado sobre Berkeley, o filósofo que afirma que nada existe senão nossa cabeça, “que a árvore não existe, só a ideia que temos dela na nossa cabeça”, “que o fogo real e a ideia de fogo real não coexistem”, que “vivemos sobretudo através do que pensamos”. Importante achega para um filme que lentamente nos leva a acreditar em musas inspiradoras.
Claire, que é Clara, rapidamente se percebe que não é a sobrinha de ninguém mas um ser etéreo que se alimenta da inspiração que transmite ao escritor. Intriga complicada é certo, como todas as de Auster, que afirma sobre ela: “Trata-se de uma história acerca de um homem que escreve uma história acerca de um homem que escreve uma história – a história dentro da história. O filme que vemos, desde o momento em que Martin acorda e encontra Claire a dormir ao seu lado até ao instante em que pára de escrever à máquina e olha através da janela, é tão excitante e implausível, tão louco e imprevisível que, sem algumas doses de humor, seria insuportavelmente pesado. Ao mesmo tempo, acho que uns traços de humor sublinham o clima patético da situação de Martin."
Introduzido por um comentário off, que tanto é o pensamento de Martin como a sua narrativa, “The Inner Life of Martin Frost” assume-se aparentemente como um filme “fantástico”, que se inscreve num clima surrealista, onde a realidade passa pelo sonho e a imaginação, que por sua vez é inspiração de musa, que por seu turno se alimenta desse mesmo sopro de vida que instila no objecto da sua inspiração. Assim, quando a obra que Martin Frost escreve se aproxima do fim, Claire cai doente. Ela própria insiste: “Vai escrever as páginas que faltam.” Ingenuamente ele vai e, de regresso, encontra Claire morta ou à beira da morte. Para a ressuscitar e a manter junto dele, Frost queima o manuscrito de que Claire era inspiração para desse fogo renascer a vida e o amor que a ambos une. É uma história lindíssima de amor louco e fantástico, mas de um realismo fantástico que podemos encontrar no dia a dia das nossas vidas, se assim o sentirmos, se assim o desejarmos.
O clima criado por Paul Auster vive unicamente de uma certa magia, alimentada quase do nada. A narrativa é pobre de recursos. Nada de muito especial, um filme de estrutura artesanal, planos que se reúnem de forma clara e simples, paisagens, interiores de casa, Sintra ao fundo, arvoredo e pequenas estradas, janelas e portas que abrem sobre si próprias, e para o interior de personagens que se vão descobrindo enquanto se oferecem ao amor uma da outra. Auster: ““Eu quis criar um ambiente do outro mundo, um lugar que podia existir em qualquer parte, um espaço sentido como se existisse fora do tempo. Acima de tudo, a acção desenvolve-se na cabeça de Martin e, ao escolher aquela casa, um pequeno território separado do resto do mundo, eu senti que iria engrandecer a interioridade da história.” Assim é.
Ainda Paul Auster: “É a história de Martin Frost, um escritor e a de uma misteriosa mulher, que encarna a sua musa. É uma história fantástica, na realidade, mais ou menos no espírito de Nathaniel Hawthorne. Mas a Claire não é uma musa tradicional. Ela é a encarnação da história que Martin está a escrever…" Por isso quando a história acaba, morre Claire, por isso terá de matar-se a história para regressar à vida a sua inspiradora, e subverter as regras “deles”.
A arte a submeter-se aos impulsos do coração, da vida, do amor. Sim, mas algo mais complexo ainda, uma emoção em circuito fechado, em circulo viciado: este é um amor imaginado, esta é uma personagem idealizada, traz Berkeley inscrito na sua t-shirt, só existe na nossa imaginação (isto é, na de Frost, e na nossa, espectadores privilegiados). “Mas como amar uma pessoa em que não se acredita?”, eis uma questão que se põe a Frost, depois de descobrir que Claire não é nada “clara” quanto à sua identidade. Claire responde: “Se é isso que queres, isso acontecerá.”
Frost explica o fenómeno da criação: “Num minuto não há nada, no minuto seguinte descobrimos que se instalou dentro de nós uma história.” Ao que Claire contrapõe, com humor, que “ler faz mal à saúde”, “que há os livros do colesterol, e os vegetarianos, com poucas calorias.” Tal como nalguns dos livros de Auster, também aqui surgem desenhos exemplificativos, histórias que andam em ziguezague ou em círculos que se fecham sobre si próprios.
A máquina de escrever de Paul Auster irrompe como elemento com vida própria, funcionando como personagem de um sonho, tal como no seu livro “The Story of um Typwriter”, com desenhos de Sam Messer. É o universo de Paul Auster a impor-se.
Continuará assim na segunda parte do filme, quando Claire desaparece e surge um multifacetado Jim Fortunato, canalizador, escritor, tio de uma sobrinha igualmente misteriosa, que não será a sua musa inspiradora mais desejada. Ou será que este autor de contos fantásticos, ficções científicas, pornos e policiais é um autor não muito inspirador, que por isso mesmo põe em risco a vida da própria musa? Neste filme, musas e autores inspiram-se mutuamente e criam vida, vegetam ou morrem em função uns dos outros. O filme passa a viver de algumas rábulas divertidas de Michael Imperioli (que encarna um trotskista que odeia Bush), não perde a sua graça e alguma magia, mas esfarela-se um pouco enquanto narrativa.
Filme sobre a escrita e a criação artística, sobre a realidade e a imaginação, sobre o amor e a dádiva, sobre Berkeley e Hume, sobre a filosofia e a vida, sobre a projecção de nós próprios nos outros, “A Vida Íntima de Martin Frost” é Paul Auster, inteiro, sem a perfeição da narrativa das suas obras literárias, mas com a saudável imperfeição de quem arrisca, de quem se arrisca, de quem consegue transpor alguma da magia das suas imagens descritas por palavras para as palavras sonhadas em imagens. Vale a pena ver. Sobretudo porque não deve acreditar em nada do que lhe digam, sobre estas coisas de arte. Nem nestas que eu lhe digo, porque ver por si, é sempre a melhor forma de julgar. Neste caso, julgo, de se deixar invadir por um universo muito pessoal, intimista, secreto, que roda sobre si próprio como um pneu girando livremente numa estrada. Até ao momento da surpresa.
A VIDA ÍNTIMA DE MARTIN FROST
Título original: The Inner Life of Martin Frost
Realizador: Paul Auster (EUA, Portugal, Espanha, França, 2007); Argumento: Paul Auster; Música: Laurent Petitgand; Fotografia (cor): Christophe Beaucarne; Montagem: Tim Squyres; Design de produção: Zé Branco; Guarda-roupa: Adelle Lutz; Direcção de produção: Diana Coelho; Som: António Lopes, Miguel Martins, Pedro Melo; Efeitos visuais: Michael Turoff; Produção: Paul Auster, Paulo Branco, Greg Johnson, Eva Kolodner, Yael Melamede, Peter Newman; Companhias de produção: Clap Filmes, Gémini Films, Peter Newman Productions, Salty Features, Tornasol Films S.A.;
Intérpretes: David Thewlis (Martin Frost), Irène Jacob (Claire Martin), Sophie Auster (Anna James), Michael Imperioli (Jim Fortunato);
Duração: 94 minutos; Distribuição em Portugal: Atalanta Filmes; Classificação etária: M/12 (Qualidade); Locais de filmagem: Lisboa, Portugal; Estreia em Portugal: 11 de Outubro de 2007.
Paul Auster é autor de várias obras, entre as quais, “Viagens no Scriptorium” (2007), “As Loucuras de Brooklyn2 (2006), “A Noite do Oráculo” (2003), “O Livro das Ilusões” (2002), “Timbuktu” (1999), “O Caderno Vermelho” (1995), “Mr. Vertigo” (1994), “Leviathan” (1992), “A Música do Acaso” (1990), “Palácio da Lua” (1989), “No País das Últimas Coisas” (1987), “A Trilogia de Nova Iorque” (1985 - 1987). Escreveu ainda os livros de memórias “Inventar a Solidão” (1982) e “Da Mão para a Boca” (1997) e alguns ensaios críticos. Em 2003 e 2004, foram publicadas as obras completas de prosa e poesia. Efectuou ainda inúmeras traduções de obras de escritores e poetas franceses, tais como Jacques Dupin, André du Bouchet, Joseph Joubert, Stéphane Mallarmé, Phillippe Petit, Maurice Blanchot e Pierre Clastres. Recentemente, celebrou o centenário de Samuel Beckett com “The Grove Centenary Edition” (2006).
Apaixonado pelo cinema, escreveu o argumento do filme “Smoke” (1995) de Wayne Wang, com quem depois co-realizou “Blue in the Face”. Em 1998, realizou o seu primeiro filme, “Lulu on the Bridge”.