sexta-feira, julho 13, 2007

ENCANDESCENTE

Sou no verso como sou!
Impertinente
Irascível
Excessiva
Desabrida
Exagerada.
Inoportuna
Inconveniente
Desmedida
Descomedida
Descompassada.
Sou puro desatino
Irregularidade
Desacerto,
Que eu não acerto
Que eu sou erro
Contratempo
E incorrecção.
Sou pergunta e resposta
Certeza convicta
Dúvida permanente
E contradição.
Sou crack rasca
Nunca heroína
Droga marada
Não cocaína
Pêlo na venta
Cavalo à solta
Anomalia
Aberração
Ou besta presa
Fera amansada
Domesticada
Aprisionada
Pouco me importa
Que pensem ou não!
*
Pois é um belo poema da "Encandescente", de que gostei.
Aqui fica o retrato. Sem mais.
Pode ser tudo isso, e ainda uma simpatia.

segunda-feira, julho 09, 2007

VAVADIANDO COM EURICO GONÇALVES

VÁ.VÁ.DIANDO
8 º J A N T A R
D A T E R T Ú L I A

PRÓXIMA QUARTA-FEIRA

11.07’07: 20H
R E S T A U R A N T E - C A F É V Á V Á

CONVIDADO ESPECIAL:
EURICO GONÇALVES
PINTOR, CRÍTICO, SURREALISTA-ZEN

DEPOIS DE RAUL SOLNADO, FERNANDO DACOSTA, NUNO JÚDICE, TEOLINDA GERSÃO, IVA DELGADO, LIDIA JORGE e MARIA DO NA MEHOR TRADIÇÃO DAS TERTÚLIA DO CAFÉ-RESTAURANTE VÁVÁ.

EURICO GONÇALVES, PINTOR, CRÍTICO DE ARTE, ENSAISTA, SURREALISTA ZEN, E TUDO O MAIS, ESTARÁ NO CENTRO DE MAIS UMA TERTÙLIA.

TODOS ESTÃO CONVIDADOS MEDIANTE O PAGAMENTO DE UMA SIMBÓLICA QUANTIA: 12,5 EUROS POR PESSOA. COM DIREITO A SOPA, UM PRATO DO DIA, PEIXE OU CARNE, SOBREMESA, BEBIDA (VINHO É O DA CASA!) E CAFÉ. EXTRAS POR CONTA DO FREGUÊS.

RECUPEREM O BOM GOSTO DE UM SABOROSO JANTAR E DE UMA RECONFORTANTE CONVERSA À RODA DA MESA.
[ LOTAÇÃO LIMITADA A 50 CADEIRAS. ACEITAM-SE INSCRIÇÕES NO BALCÃO DO VÁVÁ. ]

Para informações e marcações de lugares:
LAURO ANTÓNIO / [ Blogue Va.Va.diando (http://vava-diando.blogspot.com/ ] [ mail: laproducine@gmail.com ]

RESTAURANTE - CAFÉ VÁVÁ AV. EUA, Nº 100 - 1700-179 – LISBOA (TELF 21.7966761)

domingo, julho 08, 2007

PUBLICIDADE: UM BOM ANÚNCIO

Mão amiga fez-me chegar este vídeo. Recomendo-o.
Um bom anúncio, uma boa mensagem.

sábado, julho 07, 2007

"NEGUINHO" MAIS EUROPEU QUE AFRICANO


AINDA NO DIA DO LIVE EARTH (7.7.7)
No blogue de uma brasileira activista política,
Maria Frô”,
uma notícia da Globo carreghada de significado.
Vale a pena tomar conhecimento,
e ler no sotaque saboroso do brasileiro:
Neguinho da Beija-Flor tem mais gene europeu que africano
http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2007/05/29/295942786.asp
Publicada em 29/05/2007 às 11h11m


RIO - Neguinho da Beija-Flor, o sambista carioca que leva a cor da pele no nome artístico, é geneticamente mais europeu do que africano, indica uma análise do seu DNA feita a pedido da BBC Brasil como parte do projeto Raízes Afro-brasileiras.
De acordo com essa análise, 67,1% dos genes de Luiz Antônio Feliciano Marcondes, o Neguinho, têm origem na Europa e apenas 31,5%, na África.
"Europeu, eu?! Um negão desse", disse, apontando para si mesmo e num tom entre divertido e desconfiado, ao ouvir o resultado do exame da amostra de saliva que enviou ao Laboratório Gene, do genetista Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Antes de conhecer a conclusão surpreendente do teste, o sambista apostara que devia ser de 70% a 90% africano e que não teria um só gene europeu. "Não tenho olho azul, não tenho cabelo escorrido, não tenho nada de branco aqui. Da Europa, nada", havia dito, brincando.
O geneticista Sérgio Pena explica a aparente contradição: "Os genes que determinam a cor da pele são uma parte ínfima do conjunto de genes de uma pessoa".
Para o especialista, o resultado do exame de Neguinho é apenas a comprovação de que a cor da pele é, do ponto de vista genético, o equivalente à pintura de um carro. "É como a diferença entre um Fiat amarelo e um Fiat vermelho. Por dentro, são iguais", comparou.
Miscigenação intensa
Para chegar aos percentuais em questão, a equipe de geneticistas liderada por Pena analisou 40 regiões do genoma de Neguinho.
As seqüências genéticas (haplótipos) encontradas no sambista foram então comparadas com as registradas em bancos de dados internacionais e do próprio laboratório.
Segundo Pena, o resultado de Neguinho não é raro e reflete, simplesmente, a intensa miscigenação que houve e ainda há no Brasil entre índios, europeus e africanos. O próprio Neguinho tem, por exemplo, 1,4% de ancestralidade ameríndia.
O geneticista compara a análise do DNA genômico às pesquisas de intenção de voto, e destaca que o processo está sujeito a uma margem de erro que vai de 5% a 10%.
Ancestrais africanos
Além da análise do DNA genômico, uma amostra de saliva de Neguinho da Beija-Flor foi submetida a outros dois testes que revelaram de onde vieram os seus ancestrais.
O ancestral paterno mais distante é revelado por meio da análise do cromossomo Y, passado de pai para filho (e não para filha) sem sofrer mudanças, a não ser que haja uma mutação.
A ancestral materna mais distante é revelada por meio da análise do DNA mitocondrial que é passado da mãe para filhos e filhas, também sem sofrer mudanças.
Na análise da linhagem materna, seqüências genéticas idênticas às de Neguinho foram vistas em três populações da África Ocidental: os mancanha (Guiné Bissau), o povo limba (Serra Leoa) e os iorubás (distribuídos por uma região que engloba hoje países como Nigéria, Benin, Gana e Togo).
Do lado paterno, é mais difícil precisar a origem porque o material genético analisado tem, segundo Pena, ampla distribuição geográfica entre as três regiões da África que enviaram escravos ao Brasil - África Ocidental, África Central e Sudeste da África.
A genética novamente explica como um exame pode indicar a predominância européia de Neguinho e ao mesmo tempo "o lado europeu" não aparecer no exame das ancestralidades materna e paterna.
"São bananas e maç ãs", diz Pena, enfatizando que as informações não se contradizem.
É que o DNA mitocondrial, usado para rastrear a ascendência por parte de mãe, remete a apenas uma ancestral materna que viveu na África não se sabe quando. Pode ter vivido há centenas ou milhares de anos atrás. Dessa forma, esse teste não reflete as sucessivas misturas que ocorreram depois dessa ancestral.
A mesma coisa acontece com o cromossomo Y, usado para rastrear a ancestralidade paterna. Esse cromossomo, explica Pena, é passado como um "sobrenome", de pai para filho sem alterações. Por isso, a sua análise revela um ancestral que deu origem a esse sobrenome, mas não aos que vieram depois dele.
Tanto o DNA mitocondrial como o cromossomo Y são "marcadores de linhagem" que não necessariamente têm expressão genética, mas ficam "gravados" no DNA do indivíduo.
Para Neguinho, os resultados foram surpreendentes, mas não vão mudar a forma como ele se vê.
"Eu vou pela cor da pele. Se eu disser que sou 67% europeu, nego vai achar que estou de gozação", disse o músico carioca, pai de dois filhos.
O geneticista Sérgio Pena explica, no entanto, que os testes de ancestralidades materna e paterna revelam apenas o ancestral mais antigo de cada lado.
Daí a importância de se fazer o teste de ancestralidade genômica que tira uma "média" do DNA e estima as porcentagens de ancestralidade africana, européia e ameríndia.
Sérgio Pena calcula em 2,5% a margem de erro dos testes de ancestralidade genômica.

"CINE ECO" NO LIVE EARTH


O director do Festival Internacional de Cinema e Vídeo do Ambiente, de Seia (mais conhecido por "Cine Eco", único festival de cinema ambiental português, e um doa mais reputados da Europa), vai estar presente no "Live Earth", numa entrevista, em directo, a ir para o ar, na RTP-1, depois das 18,30 horas (aproximadamente).

AQUECIMENTO GLOBAL: LIVE EARTH (7.7.7)


Retirado do (Non)Blog

com a devida vénia

(hoje, 7.7.7. dia do Live Earth)


AQUECIMENTO GLOBAL
Sei que está em inglês, mas vale a pena GANHAR 5 minutos e ler esta lista de acções que podemos implementar no nosso dia-a-dia, para ajudar a travar o Aquecimento Global.

O nosso papel individual é determinante!


Top 50 Things To Do
To Stop Global Warming


Global warming is a dramatically urgent and serious problem. We don't need to wait for governments to solve this problem: each one of us can bring an important help adopting a more responsible lifestyle: starting from little, everyday things. It's the only reasonable way to save our planet, before it is too late.

Here is a list of 50 simple things that everyone can do in order to fight against and reduce the Global Warming phenomenon: some of them are at no cost, some other require a little investment but can help you save a lot of money, in the middle-long term!

1.
Replace a regular incandescent light bulb with a compact fluorescent light bulb (cfl)
CFLs use 60% less energy than a regular bulb. This simple switch will save about 300 pounds of carbon dioxide a year.

2.
Install a programmable thermostat
Programmable thermostats will automatically lower the heat or air conditioning at night and raise them again in the morning. They can save you $100 a year on your energy bill.

3.
Move your thermostat down 2° in winter and up 2° in summer
Almost half of the energy we use in our homes goes to heating and cooling. You could save about 2,000 pounds of carbon dioxide a year with this simple adjustment.

4.
Clean or replace filters on your furnace and air conditioner
Cleaning a dirty air filter can save 350 pounds of carbon dioxide a year.

5.
Choose energy efficient appliances when making new purchases
Look for the Energy Star label on new appliances to choose the most efficient models available.

6.
Do not leave appliances on standby
Use the "on/off" function on the machine itself. A TV set that's switched on for 3 hours a day (the average time Europeans spend watching TV) and in standby mode during the remaining 21 hours uses about 40% of its energy in standby mode.

7.
Wrap your water heater in an insulation blanket
You’ll save 1,000 pounds of carbon dioxide a year with this simple action. You can save another 550 pounds per year by setting the thermostat no higher than 50°C.

8.
Move your fridge and freezer
Placing them next to the cooker or boiler consumes much more energy than if they were standing on their own. For example, if you put them in a hot cellar room where the room temperature is 30-35ºC, energy use is almost double and causes an extra 160kg of CO2 emissions for fridges per year and 320kg for freezers.

9.
Defrost old fridges and freezers regularly
Even better is to replace them with newer models, which all have automatic defrost cycles and are generally up to two times more energy-efficient than their predecessors.

10.
Don't let heat escape from your house over a long period
When airing your house, open the windows for only a few minutes. If you leave a small opening all day long, the energy needed to keep it warm inside during six cold months (10ºC or less outside temperature) would result in almost 1 ton of CO2 emissions.

11.
Replace your old single-glazed windows with double-glazing
This requires a bit of upfront investment, but will halve the energy lost through windows and pay off in the long term. If you go for the best the market has to offer (wooden-framed double-glazed units with low-emission glass and filled with argon gas), you can even save more than 70% of the energy lost.

12.
Get a home energy audit
Many utilities offer free home energy audits to find where your home is poorly insulated or energy inefficient. You can save up to 30% off your energy bill and 1,000 pounds of carbon dioxide a year. Energy Star can help you find an energy specialist.

13.
Cover your pots while cooking
Doing so can save a lot of the energy needed for preparing the dish. Even better are pressure cookers and steamers: they can save around 70%!

14.
Use the washing machine or dishwasher only when they are full
If you need to use it when it is half full, then use the half-load or economy setting. There is also no need to set the temperatures high. Nowadays detergents are so efficient that they get your clothes and dishes clean at low temperatures.

15.
Take a shower instead of a bath
A shower takes up to four times less energy than a bath. To maximise the energy saving, avoid power showers and use low-flow showerheads, which are cheap and provide the same comfort.

16.
Use less hot water
It takes a lot of energy to heat water. You can use less hot water by installing a low flow showerhead (350 pounds of carbon dioxide saved per year) and washing your clothes in cold or warm water (500 pounds saved per year) instead of hot.

17.
Use a clothesline instead of a dryer whenever possible
You can save 700 pounds of carbon dioxide when you air dry your clothes for 6 months out of the year.

18.
Insulate and weatherize your home
Properly insulating your walls and ceilings can save 25% of your home heating bill and 2,000 pounds of carbon dioxide a year. Caulking and weather-stripping can save another 1,700 pounds per year. Energy Efficient has more information on how to better insulate your home.

19.
Be sure you’re recycling at home
You can save 2,400 pounds of carbon dioxide a year by recycling half of the waste your household generates. Earth 911 can help you find recycling resources in your area.

20.
Recycle your organic waste
Around 3% of the greenhouse gas emissions through the methane is released by decomposing bio-degradable waste. By recycling organic waste or composting it if you have a garden, you can help eliminate this problem! Just make sure that you compost it properly, so it decomposes with sufficient oxygen, otherwise your compost will cause methane emissions and smell foul.

21.
Buy intelligently
One bottle of 1.5l requires less energy and produces less waste than three bottles of 0.5l. As well, buy recycled paper products: it takes less 70 to 90% less energy to make recycled paper and it prevents the loss of forests worldwide.

22.
Choose products that come with little packaging and buy refills when you can
You will also cut down on waste production and energy use!

23.
Reuse your shopping bag
When shopping, it saves energy and waste to use a reusable bag instead of accepting a disposable one in each shop. Waste not only discharges CO2 and methane into the atmosphere, it can also pollute the air, groundwater and soil.

24.
Reduce waste
Most products we buy cause greenhouse gas emissions in one or another way, e.g. during production and distribution. By taking your lunch in a reusable lunch box instead of a disposable one, you save the energy needed to produce new lunch boxes.

25.
Plant a tree
A single tree will absorb one ton of carbon dioxide over its lifetime. Shade provided by trees can also reduce your air conditioning bill by 10 to 15%. The Arbor Day Foundation has information on planting and provides trees you can plant with membership.

26.
Switch to green power
In many areas, you can switch to energy generated by clean, renewable sources such as wind and solar. The Green Power Network is a good place to start to figure out what’s available in your area.

27.
Buy locally grown and produced foods
The average meal in the United States travels 1,200 miles from the farm to your plate. Buying locally will save fuel and keep money in your community.

28.
Buy fresh foods instead of frozen
Frozen food uses 10 times more energy to produce.

29.
Seek out and support local farmers markets
They reduce the amount of energy required to grow and transport the food to you by one fifth. You can find a farmer’s market in your area at the USDA website.

30.
Buy organic foods as much as possible
Organic soils capture and store carbon dioxide at much higher levels than soils from conventional farms. If we grew all of our corn and soybeans organically, we’d remove 580 billion pounds of carbon dioxide from the atmosphere!

31.
Eat less meat
Methane is the second most significant greenhouse gas and cows are one of the greatest methane emitters. Their grassy diet and multiple stomachs cause them to produce methane, which they exhale with every breath.

32.
Reduce the number of miles you drive by walking, biking, carpooling or taking mass transit wherever possible
Avoiding just 10 miles of driving every week would eliminate about 500 pounds of carbon dioxide emissions a year! Look for transit options in your area.

33.
Start a carpool with your coworkers or classmates
Sharing a ride with someone just 2 days a week will reduce your carbon dioxide emissions by 1,590 pounds a year. eRideShare.com runs a free national service connecting commuters and travelers.

34.
Don't leave an empty roof rack on your car
This can increase fuel consumption and CO2 emissions by up to 10% due to wind resistance and the extra weight - removing it is a better idea.

35.
Keep your car tuned up
Regular maintenance helps improve fuel efficiency and reduces emissions. When just 1% of car owners properly maintain their cars, nearly a billion pounds of carbon dioxide are kept out of the atmosphere.

36.
Drive carefully and do not waste fuel
You can reduce CO2 emissions by readjusting your driving style. Choose proper gears, do not abuse the gas pedal, use the engine brake instead of the pedal brake when possible and turn off your engine when your vehicle is motionless for more than one minute. By readjusting your driving style you can save money on both fuel and car mantainance.

37.
Check your tires weekly to make sure they’re properly inflated
Proper inflation can improve gas mileage by more than 3%. Since every gallon of gasoline saved keeps 20 pounds of carbon dioxide out of the atmosphere, every increase in fuel efficiency makes a difference!

38.
When it is time for a new car, choose a more fuel efficient vehicle
You can save 3,000 pounds of carbon dioxide every year if your new car gets only 3 miles per gallon more than your current one. You can get up to 60 miles per gallon with a hybrid! You can find information on fuel efficiency on FuelEconomy and on GreenCars websites.

39.
Try car sharing
Need a car but don’t want to buy one? Community car sharing organizations provide access to a car and your membership fee covers gas, maintenance and insurance. Many companies – such as Flexcar - offer low emission or hybrid cars too! Also, see ZipCar.

40.
Try telecommuting from home
Telecommuting can help you drastically reduce the number of miles you drive every week. For more information, check out the Telework Coalition.

41.
Fly less
Air travel produces large amounts of emissions so reducing how much you fly by even one or two trips a year can reduce your emissions significantly. You can also offset your air travel by investing in renewable energy projects.

42.
Encourage your school or business to reduce emissions
You can extend your positive influence on global warming well beyond your home by actively encouraging other to take action.

43.
Join the virtual march
The Stop Global Warming Virtual March is a non-political effort to bring people concerned about global warming together in one place. Add your voice to the hundreds of thousands of other people urging action on this issue.

44.
Encourage the switch to renewable energy
Successfully combating global warming requires a national transition to renewable energy sources such as solar, wind and biomass. These technologies are ready to be deployed more widely but there are regulatory barriers impeding them.

45.
Protect and conserve forest worldwide
Forests play a critial role in global warming: they store carbon. When forests are burned or cut down, their stored carbon is release into the atmosphere - deforestation now accounts for about 20% of carbon dioxide emissions each year.

46.
Consider the impact of your investments
If you invest your money, you should consider the impact that your investments and savings will have on global warming.

47.
Make your city cool
Cities and states around the country have taken action to stop global warming by passing innovative transportation and energy saving legislation. 194 cities nationwide representing over 40 million people have made this pledge as part of the U.S. Mayors Climate Protection Agreement.

48.
Tell Congress to act
The McCain Lieberman Climate Stewardship and Innovation Act would set a firm limit on carbon dioxide emissions and then use free market incentives to lower costs, promote efficiency and spur innovation.

49.
Make sure your voice is heard!
Americans must have a stronger commitment from their government in order to stop global warming and implement solutions and such a commitment won’t come without a dramatic increase in citizen lobbying for new laws with teeth. Make sure your voice is heard by voting!

50.
Share this list!
Send this page via e-mail to your buddies, digg it, add it to your favourite bookmark site; and if you're a blogger, blog it: the more people you will manage to enlighten, the greater YOUR help to save the planet will be (but please take action on first person too)!
*
Depois de ver o que pode (e deve) fazer, veja o que não deve fazer, a reacção típica do parvo português. Um comentário que um qualquer "pirata vermelho" (anónimo, obviamente!) deixou no blogue atrás referido, respondendo ao apelo de S. e do texto. Desculparmo-nos com o que outros não fazem, não é atitude civilizada ou sequer inteligente. O que se deve fazer é tentar modificar o nosso comportamento e o de outros que julgamos procederem erradamente. Mas acusarmos os outros de fascistas e comportarmo-nos enquanto tal, enfim, é uso que fica e qualifica quem a pratica e estimula.
Vale a pena transcrever, para nos revoltarmos realmente com tanta inconsciência:
-pirata-vermelho- disse...
Sim
eu tomo estes trabalhinhos todos em mãos, graciosamente, mesmo quando estiver indisponível de cansado, no dia em que o governo americano acabar com o fabricação de carros V8 e camiões com motores desmesurados cuja eficácia está mais 'dentro do peito' de quem os vê do que na mercadoria que transportam.
29 de Junho de 2007 16:29

AQUECIMENTO GLOBAL: LIVE EARTH (7.7.7) (a)

AINDA SOBRE AQUECIMENTO GLOBAL

Um texto, em português, do Brasil, para fazer pensar. Retirado da revista “GALILEU”, nº 170, edição de Junho de 2006. Texto de Edson Franco.

Muitas questões envolvendo o aquecimento global ainda geram discussões entre a comunidade científica. Mas há alguns consensos. Para chegar a eles, a revista “Galileu” montou um questionário com 50 perguntas e foi atrás de entidades, cientistas, pesquisadores e órgãos governamentais. Agora a bola está com você. Leia, reflicta e faça alguma coisa para proteger a nossa casa.

1) O fenómeno é real? Já começou?
Sim, é para valer e já deu o pontapé inicial. No último século, a temperatura média na superfície do planeta subiu 0,8 ºC nos dois hemisférios. Parece pouco, não é? Mas o derretimento das geleiras e a diminuição da cobertura de gelo no Hemisfério Norte estão aí para dar razões aos cientistas que ligam o sinal amarelo.

2) Há outros sinais na superfície além do derretimento de gelo?
Vários. Consequência do derretimento, a água dos oceanos está subindo e ameaçando países e cidades próximas ao nível do mar. Um caso urgente é o de Tuvalu, pequeno arquipélago no Pacífico. Já há planos para evacuar os 11 mil moradores locais para a vizinha Nova Zelândia. Bangladesh e a ponta sul da Florida também correm riscos. Outros sinais são a desertificação, o aumento da força e da frequência de tufões, ciclones e furacões e o maior número de incêndios florestais.

3) Qual é o percentual de participação humana nessa história?
Há um consenso entre estudiosos de que dois terços é a parte que nos cabe. Mesmo quem não concorda com isso admite que o homem, no mínimo, acelera o processo.

4) Quem são os maiores vilões, os países desenvolvidos ou os demais?
Hoje, são os desenvolvidos, principalmente os Estados Unidos, responsáveis por um quarto de todas as emissões globais de gases-estufa. Teme-se que, com um crescimento económico acelerado, China (que já é o segundo maior poluidor) e Índia (o quinto) piorem ainda mais a situação.

5) As medições dos gases-estufa nunca foram tão precisas. Por que ainda há tantas incertezas a respeito das consequências do aquecimento global?
Porque tudo reage em cadeia. Embora seja líquido e certo que, caso dobremos a quantidade de CO2 na atmosfera, os termómetros irão subir um grau, processos como a formação de gelo e nuvens, a circulação dos oceanos e a actividade biológica interagem. Tudo isso somado pode acelerar o aquecimento ou dar à vida na Terra mais alguns anos.

6) Há outros gases, além do dióxido de carbono, que agravam o problema?
Sim. Metano (CH4), clorofluorcarbonetos (CFCs), ozónio e óxido nitroso também contribuem.

7) O aquecimento global pode motivar o aparecimento de variações repentinas que afectem o clima da Terra nas próximas décadas ou séculos?
É pouco provável que uma mudança como a vista no filme "O Dia Depois de Amanhã" ocorra no futuro próximo. Mas a própria história do planeta mostra que uma sequência de círculos viciosos - em que uma anomalia alimenta e dá força a outra - pode ir levando a Terra até um ponto limite. Daí para frente, basta só uma gota d'água para que a coisa desande e mudanças bruscas e repentinas entrem em campo.
8) Há fenómenos naturais que contribuem para o efeito estufa?
Sim, até porque a Terra precisa dessa capa. Sem o efeito estufa, a vida não seria possível por aqui. É ele que nos mantém quentes à noite. Por sua abundância, o vapor d'água é o mais importante gás causador natural do efeito. Logo atrás está o dióxido de carbono, que vem sendo lançado naturalmente pelos vulcões ao longo da história do planeta.

9) O que acontece com as áreas hoje destinadas à agricultura?
As plantações são sensíveis ao clima. Um aumento de 2 ºC combinado com uma queda de 10% na precipitação de chuvas pode matar 20% da produção de milho dos Estados Unidos, por exemplo. Além de mais calor e menos chuvas, as lavouras sofrerão com as pragas. O aquecimento global favorecerá insectos de vida curta comuns em áreas quentes e que podem adaptar-se e evoluir rapidamente. Eles tendem a proliferar sob condições de rápido aquecimento. Por isso, acredita-se que as perdas agrícolas serão maiores.

10) E a pecuária, como é que fica?
Com mais regiões desérticas, ficará cada vez mais complicado encontrar áreas para pastagens, e as consequências são óbvias. Prevendo um futuro sombrio na área, o Departamento de Agricultura dos EUA criou, já em 1998, um programa batizado de Estratégia Nacional Unificada para as Operações de Alimentação de Animais, cuja função principal é garantir capim nos pastos e bifes nos pratos.

11) A necessidade de se refrescar em um planeta mais quente vai aumentar o consumo de energia?
Com a mais absoluta das certezas. Resta torcer para duas coisas: que as formas de energia utilizadas para gerar a sensação de frescor venham de fontes alternativas e renováveis; e que nós aprendamos a criar espaços residenciais, industriais e comerciais que optimizem a energia e aproveitem as formas naturais e limpas de ventilação e resfriamento.

12) A saída são as energias renováveis?
Se não a saída toda, elas pelo menos colaboram bastante. As fontes alternativas de energia eólica e solar são chamadas de limpas. Elas não são poluidoras pelo simples fato de suas fontes primitivas já fazerem parte da natureza (sol e vento). Na medida em que aumenta a sua participação na matriz energética do mundo, elas reduzem a participação de energias poluentes, como as vindas do petróleo e derivados. Assim, elas são agentes mitigadores do aquecimento global.

13) Energia alternativa e energia renovável são a mesma coisa?
Não. Por exemplo, a energia hidroeléctrica tem fonte primitiva renovável (água), mas não é alternativa. Utiliza-se a expressão "energia alternativa" para fontes não convencionais, que não são exploradas ou usadas em baixa escala. As fontes convencionais são aquelas que movimentam a economia mundial: energia hidroelétrica, carvão, petróleo, energia nuclear etc.

14) É uma estratégia viável e útil desviar o CO2 emitido para o fundo do mar?
A idéia não é nova, mas vem crescendo em importância na medida em que os países precisam se ajustar às metas de emissões determinadas pelo Protocolo de Kyoto (veja pergunta 35). O esquema funciona assim: o dióxido de carbono emitido é liquefeito e bombeado até o fundo do mar por meio de oleodutos.

Enquanto os cientistas discutem a capacidade de armazenamento de CO2 sob os oceanos, alguns números animam os investimentos nessa tecnologia. Estima-se que 1 milhão de toneladas de carbono - equivalente ao total emitido por 100 mil carros utilitários desportivos todo ano - seja retirada da atmosfera anualmente caso a estratégia seja adoptada em larga escala. O problema por enquanto é económico: o custo de capturar e armazenar CO2 vai de US$ 50 a US$ 100 por tonelada. Mas cientistas calculam que esse custo pode cair para US$ 25, desde que rolem investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

15) O que está sendo feito para estimular empresas poluentes a controlar suas emissões de CO2?
O que pode estimular mais uma empresa do que a perspectiva de obter lucros? Com isso em mente, foram criados os créditos de carbono, que são certificados que países em desenvolvimento (como Brasil, China e Índia) podem emitir para cada tonelada de gases-estufa que deixem de emitir ou que seja retirada da atmosfera. As Reduções Certificadas de Emissões (CERs), como são chamadas, podem ser comercializadas com países industrializados que não conseguem ou não desejam reduzir as suas emissões internamente.

Estes compram o direito de poluir, investindo em países em desenvolvimento. Esses projectos podem ser de redução de emissões, como os de reflorestamento e florestamento (sequestro de carbono) ou projectos que evitam as emissões, como os que exploram fontes de energia limpa.

Além do comércio mundial, iniciado com a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, existem diversos mercados de crédito de carbono regionais. Actualmente, um dos principais é o europeu, onde a tonelada do carbono reduzido é negociada por cerca de 15 euros. Até os EUA possuem uma bolsa de negociações especializadas em créditos de carbono, fundada em 2003: a Bolsa do Clima de Chicago.

16) Como o aquecimento global pode afectar a Amazônia?
A resposta curta é: nós ainda não sabemos os efeitos do aquecimento global na Amazónia. Há vários estudos - que utilizam um sistema baptizado de Modelo de Circulação Global - sendo feitos. Eles chegam a diferentes prognósticos.

O mais alarmante deles vem do Hadley Center, no Reino Unido. Ele prevê uma perda maciça de área verde, devido a secas futuras. Os outros modelos também antevêem aumento de temperatura e menos chuvas, mas as conclusões são menos dramáticas.

O que há de mais amedrontador é que esses estudos levam em conta apenas os efeitos do aquecimento global, deixando de fora a influência de fenómenos como o desmatamento e a fragmentação da floresta amazónica, o que, por si só, já reduz a quantidade de chuvas.

17) Existe algum efeito positivo no aquecimento global?
Por incrível que pareça, há sim. Enquanto no Hemisfério Sul a subida dos termómetros facilita a proliferação de insectos causadores de doenças tropicais, no interior da Inglaterra, a subida de um grau diminuiu o número de atendimentos emergenciais decorrentes de crises respiratórias provocadas pelo vírus sincicial. Não é um caso isolado, segundo a University College London, que lançou um estudo mostrando como quem sofre de outras doenças respiratórias se beneficia com a elevação da temperatura.

18) Que lugar o Brasil ocupa entre os maiores emissores de CO2 e quais são os grandes vilões no País?
O Brasil ocupa a 15a posição. Quase 25% das emissões nacionais são procedentes da indústria e da agricultura modernas, e 75% vêm da agricultura tradicional e das actividades madeireiras ineficientes ou predatórias.

19) Uma seca regional poderia instalar-se e continuar por décadas ou séculos?
Hoje é difícil acreditar, mas a região do deserto do Saara já teve uma vegetação rica e variada. Apesar disso, os cientistas mandam para um futuro bem distante a possibilidade de desertificação de uma grande floresta.

Citam como exemplo a seca de 2005 na Amazónia, causada pelo aumento da temperatura na superfície do Atlântico, que, por sua vez, foi motivada por uma combinação de aquecimento global e variabilidade climática natural. Foi um caso isolado, mas, quanto mais o planeta se aquece, situações como essa acontecerão com mais frequência.

Apesar disso, a possibilidade de seca permanente é remota. Mesmo assim, há a preocupação de que, somados, o aquecimento e as queimadas possam gerar um ciclo em que um alimenta o outro, o que colocaria em risco grandes partes da floresta.

20) Um planeta mais quente não absorve mais dióxido de carbono?
Por um lado, o raciocínio procede. Afinal, com mais calor e com o efeito fertilizante do CO2 no ar, as plantas seriam estimuladas a crescer rapidamente e absorver mais dióxido de carbono. Por outro lado, as plantas precisam de outras coisas, principalmente de água, que será um artigo mais raro em um planeta com índices avantajados de evaporação.

21) As geleiras e as coberturas de gelo estão derretendo para sempre?
Não. Até porque, apesar do atraso gerado pelo aquecimento global, uma nova era glacial vem por aí.

22) Mesmo assim, de 1996 para cá, a Groenlândia viu sua cobertura de gelo diminuir de 85 km3 para 35 km3. O que acontecerá se todo o gelo derreter?

Bom, aqui a histeria ambientalista encontra os cálculos científicos. De acordo com um estudo do britânico Hardley Center for Climate Prediction, um aquecimento de 3 ºC até o final deste século poderia detonar o derretimento total. Com isso, o nível dos mares subiria até 7 metros.

23) E se a capa de gelo da Antártida desaparecer, o que será de nós?
Seria uma catástrofe, pois a região guarda em seu interior gelo suficiente para fazer o nível global dos mares subir em mais de 65 metros.

24) É verdade que o porcentual de superfície terrestre sujeita a secas praticamente dobrou nos últimos 30 anos?
Um estudo do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA (NCAR, na sigla em inglês) mostrou que, entre os anos 1970 e o começo deste século, a superfície terrestre sujeita a secas severas mais que dobrou. Há 36 anos, essas regiões ocupavam entre 10% e 15% do planeta. Em 2002, esse porcentual chegou a 30%. Os cientistas responsáveis pelo estudo concluíram que a elevação da temperatura foi mais determinante que a queda do índice pluviométrico para gerar esse quadro.

25) O aquecimento pode acelerar a extinção de animais? Há espécies que já estão sofrendo os efeitos do aquecimento?
Dentre as espécies mais famosas, o elefante africano é aquela que corre mais risco. E por um cálculo matemático simples: a diminuição das áreas onde podem encontrar comida e água é cruel para uma espécie que chega a consumir 300 quilos de vegetais e 100 litros de água por dia.

Encontrar água demais é o problema que pode riscar do mapa os ursos-polares. Com a diminuição da cobertura de gelo, aumenta a distância entre as áreas em que eles podem emergir. Apesar de exímios nadadores, eles não são muito resistentes. E acabam morrendo afogados.

Habitantes do planeta há mais de 350 milhões de anos, os anfíbios estão em perigo mais iminente ainda. Calcula-se que, com o aquecimento global, um terço das 5.743 espécies conhecidas estão em grande perigo de desaparecer. Além disso, há 26 espécies de pássaros - entre eles o ganso-de-peito-vermelho, que vive no Ártico - ameaçadas de extinção.

Debaixo d'água, recifes de coral no Caribe e no Pacífico Sul estão morrendo, enquanto os recém-descobertos corais de água fria, no norte, não sobreviverão ao século. Isso é devastador para toda a vida marinha. As elevadas temperaturas também estão liquidando partes da Grande Barreira de Coral na Austrália, a maior formação desse tipo no mundo.

Os cientistas investigam o alcance da descoloração dos corais. Até 98% da Grande Barreira foram afectados, informa o Instituto Australiano de Ciências Marinhas.

26) Os organismos nos oceanos afectam o aquecimento global?
Sim, e no bom sentido. Depois que se dissolvem na superfície da água, partículas de CO2 são absorvidas por plâncton e outros organismos marinhos. Depois, são transformadas em compostos orgânicos.

27) Os efeitos do aquecimento são sentidos de maneira uniforme pelo planeta?
Não. Algumas simulações mostram diferenças em determinadas regiões. Isso se deve ao fato de vários fenómenos se combinarem e formarem padrões circulares que se alteram repentinamente. Mas, numa análise mais geral, o aquecimento torna as áreas litorâneas mais húmidas e os interiores dos continentes mais secos.

28) Há metrópoles que correm risco de desaparecimento?
Sumiço completo seria um exagero cravar, mas aquelas cidades próximas ao nível do mar terão várias partes inundadas, ainda neste século, caso as estimativas mais pessimistas se confirmem. Rio de Janeiro, Nova York, Tóquio e Xangai fazem parte desse grupo de risco.

29) A que riscos a saúde humana fica sujeita com o aquecimento?
O maior deles decorre do aumento do hábitat para mosquitos transmissores de doenças como dengue e malária. Há também o risco de as pessoas morrerem pela acção directa do calor - como na Europa, há dois anos, quando a elevação da temperatura matou 30 mil pessoas - ou em decorrência de doenças transmitidas pela água poluída de inundações.

30) Com tecnologias ecologicamente incorrectas, Índia e China estão virando potências produtivas. Isso ameaça a estratégia para diminuir as emissões?
Nas previsões mais pessimistas, até 2020 a China deve deixar de ser vice e subir ao topo do pódio entre os campeões de emissões de gases-estufa. Mas tem gente trabalhando para que a coisa não degringole.
Sabendo que a economia do país depende demais da energia gerada pelo carvão, o Centro de Pesquisa de Energias Limpas de Tsinghua inventou um sistema chamado poligeração. Por meio dele, o carvão é convertido em um limpo e gasoso combustível. O método ainda é mais caro que a simples queima do mineral, mas os cientistas esperam seduzir o governo para subsidiar uma planta de demonstração das virtudes do processo.

A Índia está mais preocupada com o ar respirado em cidades como Nova Délhi, que recebe 500 novos carros diariamente. Por isso, a cidade abriga projectos para que ônibus e táxis usem o gás. Tomara que resolvam logo isso, pois calcula-se que o nível de emissões do país, que já é alto, pode subir até 70% por volta de 2025.
31) Como ainda temos Invernos tão frios, apesar do aquecimento?
É justamente aqui que reside a argumentação dos cépticos. Como um grauzinho a mais em um século pode gerar preocupação se, num único dia, a temperatura varia bem mais? Se alguém vier com esse papo, contra-ataque dizendo que, ok, os Invernos continuam frios, mas não o suficiente para manter as geleiras.

32) O aquecimento produzido pelo homem não está livrando o planeta de uma próxima era glacial?
Segundo estudos da Universidade da Virgínia (EUA), as atividades humanas nos últimos 5 mil anos atrasaram o início da próxima era glacial.As eras glaciais são períodos que ocorrem periódica e naturalmente na história do planeta. Cai a concentração de gases do efeito estufa e uma boa parte da superfície terrestre é coberta por gelo. A última terminou há 10 mil anos. Ninguém sabe quais serão as conseqüências de seu atraso para a Terra.

33) Por que, mesmo com tanto degelo, o abastecimento de água corre riscos?
O exemplo da passagem do furacão Katrina por Nova Orleans ajuda a entender a coisa. As águas do rio Mississippi inundaram a cidade e fizeram os reservatórios de água e o esgoto virarem uma coisa só. Com o degelo, muitas cidades podem passar por problema parecido. E a população iria morrer de sede em frente a um mar (de lama e coliformes, no caso).

34) O homem passou a influenciar o clima só depois da Revolução Industrial?
Um estudo de William Ruddiman, professor de ciências ambientais da Universidade da Virgínia, sugere que o homem começou a emitir quantidades significativas de gases-estufa há pelo menos oito milénios. Isso se deveu ao desmatamento e à irrigação de áreas cultiváveis.

35) O que estabelece o Protocolo de Kyoto? Estamos cumprindo o combinado?
Adotado durante a COP 3 (Conferência das Partes) em 1997, o Protocolo fixou uma redução global de pelo menos 5,2%, em relação ao que era emitido em 1990, a ser atingida no período de 2008 a 2012, pelos países que mais emitem dióxido de carbono. Essa meta representa, aproximadamente, uma redução mundial nas emissões de 200 milhões de toneladas de CO2 por ano.
O Brasil ocupa a 15ª posição entre os maiores poluidores, o que nos deixa fora do clube dos países obrigados a diminuir as suas emissões. Para ter uma ideia, EUA, Japão e França emitem, respectivamente, 19, 8,8 e 6,3 toneladas per capita de CO2 por ano, enquanto o Brasil manda só 1,4.

36) Por que algumas nações não assinaram o Protocolo de Kyoto?
Países como EUA, Austrália e Canadá alegaram que apenas os ricos e industrializados seriam obrigados a diminuir as suas emissões, enquanto os em desenvolvimento continuariam a ver as suas chaminés activas e operantes. Bastam dois números para tirar força dessa tese: com apenas 5% da população mundial, os EUA são responsáveis por 25% das emissões de gases causadores do efeito estufa.

37) A onda de fortes furacões no Hemisfério Norte e ciclones extra-tropicais na Austrália e na América do Sul, que vêm acontecendo desde o final dos anos 1990, tem a ver com o aquecimento global ou faz parte de um ciclo natural?
É quase certo que é fruto do aquecimento. De 1970 para cá, as águas dos oceanos tiveram a sua temperatura elevada em 0,8 ºC. E água mais quente é o combustível perfeito para a formação de tufões e furacões.

Um estudo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Georgia, EUA, mostra que, nos últimos 35 anos, o número de furacões de categoria 4 ou 5 (o Katrina se enquadra nesta última) praticamente dobrou. Além disso, a força e a duração dos fenômenos ficaram 50% maiores.

38) A destruição da camada de ozónio influencia o aquecimento global ou são fenómenos independentes?
Na verdade, o risco é acontecer exactamente o contrário. O aquecimento pode levar ao enfraquecimento da camada de ozónio (que protege a Terra contra os raios nocivos do Sol). Isso porque, enquanto a temperatura na superfície sobe, a estratosfera esfria, o que torna mais lenta a recuperação da camada. Um estudo da Nasa aponta que, em 2030, as mudanças climáticas devem superar os CFCs (clorofluorcarbonos) como principais responsáveis pela destruição do ozónio.

39) É verdade que os substitutos dos clorofluorcarbonos (CFCs) podem potencializar o aquecimento global?
No mês passado, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) apresentou um estudo que responde afirmativamente a essa pergunta. Pouco nocivos à camada de ozónio, hidrofluorcarbonos (HFC), hidroclorofluorcarbonos (HCFC) e perfluorcarbonos (PFC) são poderosos gases de efeito estufa.

40) Podem surgir novas doenças humanas em decorrência do aquecimento?
Por enquanto, não há nenhuma evidência de que isso possa ocorrer.

41) Pode haver migração de doenças endémicas de um lugar para outro?
Com o planeta mais aquecido, insectos que vivem em áreas tropicais encontram um hábitat favorável mais ao norte, o que pode levar doenças como dengue e malária até a Europa e os Estados Unidos.
42) Doenças erradicadas podem voltar a contaminar e a matar?
Sim. A proliferação de algas é favorecida pelo aquecimento, o que cria hábitats, por exemplo, para os transmissores da cólera, mesmo em locais que hoje não registram a doença.

43) A tecnologia pode ajudar?
Os cientistas trabalham hoje mais nas causas do que nas consequências, ou seja, desenvolvem meios para diminuir a participação humana no aquecimento global. Entre as ideias já em uso, você deve ter ouvido falar de motores híbridos e combustíveis não poluentes.

As novidades mais recentes vêm do Japão, onde foi criado um sistema mais eficiente de bombeamento de dióxido de carbono para o mar, a uma profundidade de até 3 km. Outra ideia vinda da terra do Sol nascente é a elaboração de um mecanismo para promover fotossínteses artificiais.

44) No caso do aquecimento, os EUA estão usando tácticas parecidas com as pesquisas encomendadas da indústria do tabaco - para provar que cigarro não faz mal à saúde - ou a alegação da existência de armas químicas no Iraque?
"Alguns dos mesmos cientistas que tomaram dinheiro para justificar os interesses das companhias de tabaco agora estão recebendo das indústrias de petróleo e carvão, para participar da estratégia de mostrar que o aquecimento não é real", disse o ex-vice-presidente americano Al Gore. Você pode dizer que isso é discurso de político. Bom argumento, levando-se em consideração que o homem é candidato à sucessão de George Bush no ano que vem. Mas gente como George Clooney e Julia Roberts engrossam o coro.

Mais uma vez, você pode dizer que lugar de artista é no palco. Então aqui vai o golpe de misericórdia: O doutor James E. Hansen, director e maior especialista em clima do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, da Nasa, usou a ciência para mostrar o quanto o termómetro terrestre está prestes a entrar em erupção. Por conta disso, foi perseguido pela administração Bush, que, em vez do cientista, conta com o escritor Michael Crichton para corroborar as suas teses.

45) O processo de derretimento do gelo é humanamente reversível?
Com a tecnologia actual, muito pouco pode ser feito. Mesmo que, de um dia para o outro, a energia eólica passasse a ser usada em escala global, os efeitos dessa diminuição de emissões seria próximo de zero.

46) Como fica a economia mundial?
Com a produção agropecuária comprometida, dá para esperar um aumento generalizado de preços. Estarão bem os países que conseguirem livrar seu território da desertificação e criar um sistema de geração de energia limpa. O petróleo deve perder para a água a condição de bem mais desejado do planeta.

47) É possível que nações passem a brigar por comida, água limpa ou energia?
É bem provável. Por enquanto, a disputa começa apenas por território. Os 11 mil habitantes do ameaçado arquipélago de Tuvalu devem ser mandados para a Nova Zelândia. Na medida em que essas migrações em massa se intensificarem, é quase certo que a solidariedade dará espaço à luta pela sobrevivência. E aí passa a valer a lei do mais forte. Ou mais bem armado.

48) O que o governo pode fazer?
Desenvolver uma política energética que contemple a qualidade do ar e o efeito estufa, sem deixar de lado a competitividade económica. Reduzir a emissão de dióxido de carbono por meio da conservação de energia e do aproveitamento de fontes alternativas. Incentivar e premiar as empresas que diminuam as suas emissões.

49) O que eu posso fazer?
Em primeiro lugar, mantenha o seu carro revisado regularmente. Melhor ainda, sempre que possível, opte pelo transporte público, vá de bicicleta ou caminhe. Evite manter luzes desnecessariamente ligadas e procure adquirir aparelhos que optimizem o consumo de energia. Crie seu próprio ecossistema e plante o maior número de árvores que puder. Por fim, faça aumentar em seu prato a quantidade de grãos, vegetais e frutas e diminua a de produtos de origem animal. Estes últimos requerem mais energia para serem produzidos.

50) Quão preocupado eu devo ficar?
Depende do tanto de sorte que você julga ter.

quinta-feira, julho 05, 2007

Cadeiras


Há blogues onde não se pode colocar comentários. Temos de comprar bilhete para nos sentarmos nas cadeiras que ali são postas à nossa disposição, e esperar a vez para mandar um beijo, saber do estado das cordas do piano, ou dizer um olá. É o que faço aqui.

LIVROS: O SILÊNCIO DOS LIVROS, DE GEORGE STEINER


De George Steiner, um pequeno livro que fala dos grandes livros: “O Silêncio dos Livros”, seguido de um outro texto, de Michel Crépu, “Este Vício ainda Impune”.
Edição Gradiva (Junho de 2007), para ler de um fôlego (ontem, ao deitar, eram quase quatro da madrugada, de “hoje”) e para meditar durante muito tempo. Curto, setenta páginas, mas incisivo. Como sempre, Steiner diz-nos que a nossa civilização sai de dois centros culturais, Jerusalém e Atenas, personificados por Cristo e Sócrates, e que ambos não utilizavam a escrita, mas sim a palavra oral. A partir daí vem a lição de sapiência, clara e aberta à discussão. Há conclusões com as quais não concordo a cem por cento, mas a lógica é notável, o pensamento exaltante, a inteligência brilhante e a cultura monumental, sem haver ostentação desnecessária.
A oralidade versus a escrita, o livro e os seus opositores, a censura e a barbárie contra o livro, os tempos modernos da virtualidade, a ausência de silêncio e de recolhimento – tudo temas abordados com intensidade e um amor muito evidente pela palavra: escrita, dita, sonhada, adivinhada.
Vale a pena não perder, até para se discordar, se for o caso. A inteligência é algo que dá gosto ver transmitida. E o gosto pelos livros também.



“Temos tendência para esquecer que os livros, eminentemente vulneráveis, podem ser suprimidos ou destruídos. Têm a sua história, como todas as outras produções humanas, uma história cujos primórdios contêm, em gérmen, a possibilidade, a eventualidade de um fim.” George Steiner sublinha assim a permanência incessantemente ameaçada e a fragilidade da escrita, interessando-se paradoxalmente por aqueles que quiseram – ou querem – o fim do livro. A sua abordagem entusiástica da leitura une-se aqui a uma crítica radical das novas formas de ilusão, de intolerância e de barbárie produzidas no seio de uma sociedade dita esclarecida.
Esta fragilidade, responde Michel Crépu, não nos remeterá para um sentido íntimo da finitude que nos é transmitido precisamente pela experiência da leitura? Esta estranha e doce tristeza que se encontra no âmago de todos os livros como uma luz de sombra. A nossa época está prestes a esquecer-se disto. Nunca os verdadeiros livros foram tão silenciosos.

O PORTO E OS SONHOS COM SABOR A BAUNILHA


No blogue da Ida Rebelo, querida amiga do Rio, "Sulburbio", há um belo texto sobre o Porto, sobre a cidade e as memórias, que podem ser de dor ou de sonho e de baunilha.
Lá deixei este comentário que me apeteceu transformar em post o meu blogue. Aqui fica:

"Bonito texto, magoado e sombrio, mas doce como baunilha. Quanto ao Porto, é a minha segunda cidade em Portugal. Adoro o lado cinzento, de Europa do Norte, desta cidade que se sabe deixar amar como poucas. Durante muitos anos fui lá dar aulas, ia quase sempre de véspera, para melhor gozar o Porto, as suas ruas e as suas gentes, ia sempre com um prazer indiscutível, porque adoro dar aulas e gostava imenso dos meus alunos do Porto.Como em todas as cidades que habitamos, como em todos os locais que vivemos, como em todas as pessoas que possuimos e por elas somos possuídos, há a hipótese da dor. E quanto maior for o prazer anterior, maior será a dor futura. Há quem fuja do prazer, antevendo a dor. Há quem se atire de cabeça e morda a vida e o prazer de viver, mesmo que saiba que depois pode sempre vir a desilusão e a perca da inocêcia. Mas depois de "beijos que sabem a sonho", há sempre outros "beijos que sabem a sonho" (a um novo sonho). "

Agora releiam o texto que lhe deu origem, e descubram se o Porto é ou nâo terra de feitiço. Como diria o Malato, que nestas coisas dita lei, "Já fui muito feliz no Porto."
foto de Ida Rebelo

ELEIÇÔES: LISBOA OU CAVACO?

A campanha do candidato Dr. Fernando Negrão para a Câmara de Lisboa parece não acertar uma.
Em lugar de tentar vencer as autárquicas, agora lança-se na defesa do Prof. Cavaco Silva. Francamente.
“Aqui quem manda não é o Governo, é o Presidente.”
Numa altura em que a coabitação institucional até tem sido tão boa, para quê levantar esta questão?
“Não havia necessidade”, como diria o outro.

PS. Ou será que o slogan se refere simplesmente ao PSD? Lá está em cima a sigla: PSD. Em baixo a mensagem: "Aqui quem manda não é o Governo, é o Presidente!"

FUTEBOL: COPA AMÉRICA zzzzzzzzzzzzzzzz


Nem tudo é bom pelo Brasil. A selecção actual de futebol deixa muito a desejar. Não fora Robinho, e mais um cheirinho de raro talento aqui e ali, e esta Copa América mais se assemelhava a um grupo de joguinhos de casados e solteiros, com arbitragens de péssima qualidade e suspense de adormecer.
Uns laivos de México e Argentina (não vi todos os jogos, mas os que vi assim foi!) não chegam para entusiasmar ninguém. Jogar futebol sem inteligência nem magia é coisa que dói. E há tanto assim, nesta versão americana do campeonato da Europa. Que, por isso mesmo, devia assumir um outro estatuto. Afinal estamos nos domínios de algumas das mais fabulosas tradições futebolisticas do mundo.
Esperemos que passada a fase dos grupos, as eliminatórias valham mais.

LIVROS: PARATY - FEIRA LITERÁRIA

Paraty, capital literária
Entre 4 e 8 deste mês
5ª Festa Literária Internacional de Parati


Eis um lugar onde não me importaria nada de estar durante estes dias. Paraty, linda cidade histórica brasileira, no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, onde foi filmada “Gabriela”, e onde durante cinco dias se encontra um conjunto de escritores de boa colheita, por entre brasileiros, argentinos, mexicanos, norte-americanos, africanos, ingleses e asiáticos. É 5ª Festa Literária Internacional de Parati (Flip), cujo homenageado deste ano é nem mais do que o prodigioso dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues.
Concebido pela inglesa Liz Calder, fundadora da editora britânica Bloomsbury, o encontro debate os rumos das temáticas literárias contemporâneas, fala de inovações formais, da construção de romances, contos, ensaios, poesias e relatos históricos e, principalmente, promove o intercâmbio, por meio da literatura, de diferentes culturas, que vão da Índia à periferia de São Paulo, passando por países como Moçambique e Serra Leoa. Estão previstos na programação debates, palestras, conferências e sessões de autógrafos. Entre os convidados desta edição o destaque vai para dois Prémio Nobel de Literatura, os sul-africanos J.M. Coetzee e Nadine Gordimer. Outra atracção badalada é o mexicano Guilhermo Arriaga, argumentista do filme “Babel”, trabalho pelo qual ganhou um Oscar neste ano. Da Argentina vêm os aclamados Alan Pauls e César Aira, além do moçambicano Mia Couto, do angolano José Eduardo Agualusa, do israelita Amóz Oz e do norte-americano Denis Lehane, autor do livro “Sobre Meninos e Lobos”. Do lado brasileiro estão Arnaldo Jabor, Silviano Santiago, Fernando Morais e Ruy Castro, entre outros. Tudo boa gente com quem valeria a pena trocar ideias e ouvir o que têm para dizer.

No Jornal “Popular”, de Goiania, que a mão amiga da Lisa França me fez chegar, podem ler-se, com o sotaque brasileiro, as referências aos escritores presentes. Água na boca, pelas presenças, e pelo cenário da cidade, belíssima, que visitei há vinte anos e que muitas saudades deixou. Aqui vaio a lista dos presentes.

¤ Alan Pauls (Argentina) – Nome respeitado da literatura argentina contemporânea, Pauls é romancista e roteirista de cinema.
¤ Amós Oz (Israel) – O maior nome da literatura israelense atual, Oz é um autor militante na missão de viabilizar a paz entre judeus e árabes.
¤ Arnaldo Jabor (Brasil) – Cineasta, cronista e comentarista da TV Globo, Jabor será uma das caras mais conhecidas do grande público nesta Flip.
¤ César Aira (Argentina) – Escritor de produção abundante, César Aira já publicou romances, traduções, peças de teatro, ensaios e contos.
¤ Dennis Lehane (Estados Unidos) – O romance policial é seu gênero predileto. É o autor de Sobre Meninos e Lobos.
¤ Guilhermo Arriaga (México) – Roteirista de filmes como Amores Brutos e 21 Gramas, ganhou o Oscar pelo filme Babel.
¤ Ignacio Padilla (México) – Jornalista, o autor escreve livros infantis, ensaios e romances, em que o México e sua visão política estão presentes.
¤ Ishmael Beah (Serra Leoa) – Sua família foi vítima da guerra civil em seu país. Foi escrevendo suas memórias que se livrou daquele horror.
¤ J.M.Coetzee (África do Sul) – A grande estrela da festa, o Prêmio Nobel de Literatura traz para o evento sua prosa engajada e bem elaborada.
¤ José Eduardo Agualusa (Angola) – Porta-voz literário dos traumas e anseios de seu país, a prosa do autor tem fortes ligações com o Brasil.
¤ Kiran Desai (Índia) – Já em seu segundo romance, O Legado da Perda, a escritora indiana conquistou renomados prêmios nos EUA e na Europa.
¤ Lawrence Wright (Estados Unidos) – Foi com uma análise sobre o que fez surgir a Al-Qaeda que o autor faturou o Prêmio Pulitzer nos EUA em 2006.
¤ Mia Couto (Moçambique) – Aclamado escritor africano em língua portuguesa, sua ficção se concentra na história de guerras de seu país.
¤ Nadine Gordimer (África do Sul) – Vencedora do Nobel de Literatura, escreve sobre os problemas de seu país natal. Tem 30 livros editados.
¤ Paulo Cesar de Araújo (Brasil) – Autor da polêmica biografia de Roberto Carlos, o historiador é um expert na trajetória da música brasileira.
¤ Robert Fisk (Reino Unido) – Correspondente internacional do jornal The Independent, é autor de livros que retratam o Oriente Médio.
¤ Rodrigo Fresán (Argentina) – Considerado um inovador do gênero conto em seu país, o escritor prefere temas perturbadores e contemporâneos.
¤ Ruy Castro (Brasil) – Biógrafo de Carmem Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, o jornalista é colunista de grandes jornais brasileiros.
¤ Silviano Santiago (Brasil) – Crítico literário e ensaísta, ele é também ficcionista. Gosta de incluir personalidades famosas em suas histórias.

segunda-feira, julho 02, 2007

TEATRO: O CASO RIVOLI, 1


Recebemos a seguinte informação, veículada por "Quarta Parede", "Blog sobre o teatro que se faz e acontece no Porto".

"A credibilidade das informações camarárias."

A nota do refido blogue, coloca as seguintes questões:

No seu blog, Lauro António, secundado por Eduardo Pitta, pergunta:

Já agora um pouco de esforço: os 1500 contos eram gastos em quê, por dia, se não serviam sequer para montar espectáculos e eram consumidos unicamente na manutenção da sala?

A resposta é esta:
Prejuízos da Culturporto vieram com a gestão de Rui Rio

Jorge Marmelo

Em 2002, com um orçamento ainda feito pela equipa de Manuela de Melo, a instituição teve quase um milhão de euros de resultado positivo, voltando depois ao prejuízo. Receitas de bilheteira do Rivoli cresceram continuamente entre 2001 e 2005, apesar do desinvestimento da autarquia

Quando, em Julho do ano passado, anunciou a privatização do Rivoli, o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, argumentou que a autarquia pouparia, com esta medida, 10,9 milhões de euros em quatro anos. Essa quantia corresponde, porém, ao total da verba que a câmara transferiu, entre 2002 e 2005, para a Culturporto, entidade já extinta e que geria não só o Rivoli, mas assegurava também as actividades de animação da cidade (as quais vão continuar a ser pagas pela edilidade, através da empresa municipal PortoLazer, entretanto criada). Esta é apenas uma das conclusões a que se pode chegar consultando os relatórios e contas da Culturporto no referido período.
Jorge Marmelo, in "Público"
Posted by Jorge Filed in Contra-desinformação, Rivoli

*

Fica-se assim a saber que a Culturporto geria não só o Rivoli, como "as actividades de animação da cidade" do Porto. Que actividades eram essas de animação? Quanto orçavam em relação ao que se gastava com o Rivoli? A Câmara e a Culturporto não disponibilizam dados concretos sobre as despesas reais quer do Rivoli, quer da "animação da cidade"? A "animação da cidade" é algo muito vago. Tem a ver com as Festas de São João? Contemplou toda a animação do Porto, ou havia outras entidades a organizar certos festejos e "esta animação da cidade" era apenas residual?

Entretanto, como se diz na nota, "Rui Rio anunciou que, com a privatização do Rivoli, pouparia 10,9 milhões de euros em quatro anos." Uma outra afirmação a necessitar de confirmação. A simples privatização do Rivoli assegura essa poupança? Que tal saber-se mais sobre tudo isto.

Creio que todas estas perguntas merecem respostas alicerçadas em números reais e não em passes de mágica ou manipulações baratas.

Obrigado ao Blogue "Quarta Parede" e a Jorge, autor do blogue, pela sua contribuição. Continuamos à procura de uma maior clareza no debates destas questões, e todos as colaborações serão bem vindas.

sábado, junho 30, 2007

PINTURA:GRACINDA CANDEIAS


GRACINDA CANDEIAS CONVIDA....
Gracinda Candeias convida o público a visitar o seu atelier.
Abre a porta para apreciação plena da obra da artista
no seu ambiente de trabalho, com preços ex-works.

28 e 29 de Junho, das 19h00 às 00h00
30 de Junho e 1 de Julho, das 15h00 às 00h00
Rua Alberto Oliveira - Coruchéus - Atelier 29(1º andar)1700-019 Lisboa
Tel 217 970 225 . Tlm 917 527 771

Lá estarei hoje, sábado, ainda não sei a que horasAs obras prometem.
Fica aqui uma "Dama da Noite" para abrir o apetite.
Para saber mais, viaje até Gracinda Candeias AQUI.

CORRENTES E NOMEAÇÕES

O blogue Trionfo ao Grand nomeou este meu blogue para as "7 Maravilhas da Blogsfera". Escreveu o seguinte texto que muito me desvanece, que agradeço, que não mereço. Muito obrigado. Antes "Maravilha" que "Grelo" ou mesmo "Tomate". Mas realmente não vou dar continuidade a esta corrente. Não gosto de correntes. Nem ao pescoço, nem em emails, nem em blogues.

Não levem a mal os que me nomearam. Apenas não me apetece pactuar com esta feira de vaidades. Agora já é mesmo mais "mercado de verdura."

LAURO ANTÓNIO Que têm um comboio de Blogues, mas o que eu visito é o um. Teve sempre a atenção de colocar-me ao corrente de alguns eventos que participa, e que acha que são
importantes para mim. Um expert na matéria de cinema.Mas com toda a certeza não estou a dar alguma novidade! Foi um bom anfitrião na minha chegada a este mundo dos Blogs.
LAURO ANTÓNIO APRESENTA / http://www.lauroantonioapresenta.blogspot.com

TEATRO: QUANDO O INVERNO CHEGAR

QUANDO O INVERNO CHEGAR
(com agradecimentos à minha querida amiga Yvette Centeno,
que me alertou para o espectáculo e traduz primorosamente Goethe).

Sala cheia (ou quase), muito público jovem, grande entusiasmo no final. No Teatro São Luíz, últimas representações de “Quando o Inverno Chegar”, de José Luís Peixoto.
O pano sobe sobre uma floresta, onde se encontram três homens, três tuberculosos, que vivem num sanatório perdido no interior dessa floresta. São três náufragos, três desterrados, três destroços que encontram no sanatório mais do que um local de tratamento, um refúgio. Como fala Marco Martins, o encenador, são personagens que criaram uma inércia de paragem. Encontram-se no sanatório "sob pretexto de estarem em recuperação de doenças respiratórias", explica o escritor, mas "vamo-nos apercebendo de que têm dificuldade em lidar com o mundo exterior e inventam todas as desculpas para não encarar a realidade". Um dia, passeando pela floresta, encontram a “menina Lena” que está prestes a suicidar-se, enforcando-se no tronco de uma árvore. Mas eles vão desviá-la desse desígnio. Percebem depois que Lena fora empregada numa casa abastada e que o herdeiro da mansão, Lucas de seu nome, a havia engravidado e fugido depois. Lena procura Lucas e procura sobretudo uma razão para continuar a viver. Coisas que todos procuram, é certo, mas de formas diferentes. Uns estão para sempre aprisionados nas suas próprias armadilhas. Como se verá.
A peça, da autoria de José Luis Peixoto é, todavia, uma criação colectiva, deste e ainda de Marco Martins, Nuno Lopes, Beatriz Batarda, Dinarte Branco e Gonçalo Waddington. "Eu fui o filtro. Fui sempre aproveitando as sugestões, sobretudo a partir da improvisação dos actores. Só depois se foi para a caracterização mais detalhada de cada personagem, as cenas foram muito discutidas", disse José Luís Peixoto, que foi assistindo a todos os ensaios entre Novembro e Dezembro, tendo concluído o texto no fim do ano.
Diga-se que é um excelente texto, literariamente muito bem escrito, sugestivo, apelativo, trágico nalgumas das suas consequências, mas cozinhado com humor e ironia, muito bem trabalhada por toda a equipa. Há muito tempo que não via em palcos nacionais um espectáculo português (digamos que quase 100 % português) tão completo, tão bem
conseguido, tão perfeito na forma como se apresenta ao público. Faz lembrar, aqui e ali, “À Espera de Godot” ou algumas outras peças de Samuel Beckett (não esquecendo Tchekov). José Luís Peixoto afirma que teve "duas influências literárias assumidas" para a construção deste texto: a ideia do sanatório surgiu a partir de "A Montanha Mágica" de Thomas Mann, e a figura feminina, Lena, inspirou-se numa personagem com o mesmo nome de "Luz em Agosto", de William Faulkner." É uma peça sobre a inércia, sobre a cobardia, o medo, a auto-ilusão", resumiu o escritor.
A encenação de Marco Martins é excelente, o cenário de João Mendes Ribeiro é brilhante, o desenho de luz, de Nuno Meira, rigoroso e inventivo, bem como os figurinos de Adriana Molder, a música original de Pedro Moreira ajustadíssima, e as interpretações de Beatriz Batarda, Dinarte Branco, Gonçalo Waddington e Nuno Lopes notáveis.
Marco Martins que se estreara no cinema de ficção com a longa-metragem "Alice", e que dera óptimas referências neste trabalho, mostra-se igualmente um encenador talentoso e a não perder de vista. No elenco de “Quando o Inverno Chegar”, figuram, aliás, três dos actores que já tinham aparecido em "Alice", Beatriz Batarda, Nuno Lopes e Gonçalo Waddington.
A não perder sob pretexto algum. Tanto mais que só resta uma representação: hoje, sábado, dia 30 de Junho, pelas 21,00. No São Luiz.

TEATRO: O CASO RIVOLI

O CASO RIVOLI: 1500 CONTOS POR DIA?
O Teatro Rivoli no Porto continua a dar muito que falar e, sobretudo, a desenvolver uma histeria a todos os níveis que ninguém percebe muito bem ao que vêm. Mão amiga fez-me chegar uma revista da Câmara Municipal do Porto, “Porto Reformar, para Servir Melhor”, “Informação aos Munícipes”, de Novembro de 2006, onde se levantam algumas curiosas questões que era bom ver elucidadas. Mas a histeria das manifestações tudo encobre e o jornalismo de investigação nada investiga. Por exemplo, saber-se se é verdade, ou não, o que aqui se transcreve, seria algo muito interessante. Saber se o Rivoli gastava 1500 contos por dia do erário público para acolher peças de companhias que não eram produzidas sequer com essas verbas seria um bom princípio para uma próxima discussão sobre o futuro do Rivoli.
Já agora uma contribuição pessoal para o debate. Durante dezenas de anos fui professor no Porto, deslocava-me semanalmente a esta cidade que eu amo, vi magníficos espectáculos em muitos dos seus palcos. Raros os bons que vi no Rivoli, onde o Fantasporto, esse sim, marcou lugar destacado, nos últimos anos. Para ser sincero, para lá de ciclos de cinema, concertos, um ou outro espectáculo curioso, pouco me recordo mais. Mas não esqueço algumas memoráveis chatices de um pretensiosismo intelectual de bradar aos céus. Com muitos votos de pobreza franciscana que a “burguesa” sala do Rivoli acolhia.
***
Vejamos então o texto da tal revista. Agradeço informação detalhada de quem de direito. Se houver “quem de direito” nesta questão toda. O pior será se tudo isto não passar de uma defesa de interesses económicos rasteiros.

Tentar promover a cultura de forma racional e sem demagogia

Com a responsabilidade da animação da cidade e a gestão do Teatro Rivoli, a Culturporto era a estrutura mais criticada de toda a Câmara do Porto. Acusada de não promover a animação, de ter muitos funcionários e de não conseguir chamar a cidade ao Rivoli, a Culturporto estava numa situação realmente insustentável.
Nos últimos 4 anos, a Câmara transferiu 11 milhões de Euros para o Rivoli ou seja, cerca de 1.500 contos por dia. O dobro do que gastou na requalificação de escolas e quase o dobro do que gastou com a acção social ou com a manutenção e utilização de todos os seus equipamentos desportivos. Enquanto isso, as receitas de bilheteira apenas cobriram 6% da despes. O resto, 94%, foram pagos pelo erário público.
Por isso transferimos a animação da cidade para a "PortoLazer", e vamos passar a gestão do Rivoli para uma entidade privada com contratos de 4 anos, por forma a que os próximos executivos tenham a liberdade de fazer uma opção diferente se assim o entenderem.
Com esta reforma a Câmara vai poupar maias de 2 milhões de Euros por ano que poderá investir em sectores decisivos para aquele que é o nosso principal objectivo: a política de integração e equilíbrio social.

Li nalguns blogues que este texto é mera manipulação camarária mas nenhum me explicava porquê. Já agora um pouco de esforço: os 1500 contos eram gastos em quê, por dia, se não serviam sequer para montar espectáculos e eram consumidos unicamente na manutenção da sala?

quinta-feira, junho 28, 2007

AS MULHERES NO CINEMA

Um amigo nosso, o Germano Campos, enviou à M. um link que ela colocou no seu blogue "Detesto Sopa". Fiquei tão invejosos que nao resisti, e coloquei também aqui. Obrigado ao Germano e à M. Obrigado a todas as mulheres do cinema. Elas são rigorosamente uma das razões de tantas paixões pelo cinema e pela "mulher".

VEJA AQUI: MULHERES NO CINEMA

80 anos de retratos de mulher no cinema

Apresentando em ordem Mary Pickford, Lillian Gish, Gloria Swanson, Marlene Dietrich, Norma Shearer, Ruth Chatterton, Jean Harlow, Katharine Hepburn, Carole Lombard, Bette Davis, Greta Garbo, Barbara Stanwyck, Vivien Leigh, Greer Garson, Hedy Lamarr, Rita Hayworth, Gene Tierney, Olivia de Havilland, Ingrid Bergman, Joan Crawford, Ginger Rogers, Loretta Young, Deborah Kerr, Judy Garland, Anne Baxter, Lauren Bacall, Susan Hayward, Ava Gardner, Marilyn Monroe, Grace Kelly, Lana Turner, Elizabeth Taylor, Kim Novak, Audrey Hepburn, Joanne Woodward, Shirley MacLaine, Natalie Wood, Angie Dickinson, Janet Leigh, Brigitte Bardot, Sophia Loren, Ann-Margret, Julie Andrews, Raquel Welch, Tuesday Weld, Jane Fonda, Julie Christie, Faye Dunaway, Catherine Deneuve, Jacqueline Bisset, Candice Bergen, Isabella Rossellini, Diane Keaton, Goldie Hawn, Meryl Streep, Susan Sarandon, Jessica Lange, Michelle Pfeiffer, Sigourney Weaver, Kathleen Turner, Holly Hunter, Jodie Foster, Melanie Griffith, Sharon Stone, Meg Ryan, Demi Moore, Julia Roberts, Uma Thurman, Sandra Bullock, Julianne Moore, Diane Lane, Nicole Kidman, Catherine Zeta-Jones, Angelina Jolie, Charlize Theron, Reese Witherspoon, Gwyneth Paltrow

terça-feira, junho 26, 2007

CINEMA:OS INIMIGOS DO IMPÉRIO

OS INIMIGOS DO IMPÉRIO
“Ye Yan” (Os Inimigos do Império), do chinês Feng Xiaogang, parte de uma adaptação livre da tragédia “Hamlet”, de William Shakespeare, transpondo-a para os tempos caóticos do século X (entre 907 e 960), na China, num período da Dinastia Tang em que existiam Cinco Dinastias e Dez Reinos. Para quem viu “A Maldição da Flor Dourada”, de Zhang Yimou, as semelhanças não passarão despercebidas. Trata-se de novo de um conflito familiar que envolve uma luta pelo poder, desta feita protagonizada por um Imperador que assassinara o irmão para assim conseguir chegar ao poder, uma Imperatriz que está apaixonada pelo Príncipe, filho do seu ex marido, mas não seu, e que aceita casar com o cunhado para se salvar e poupar o legítimo herdeiro, e ainda por um numeroso séquito de ardilosos conspiradores e inocentes amantes. Ministros, generais, filhos e filhas de ministros, todos os seus destinos se entrelaçam neste jogo mortal que tem como fito o trono do Império.

Um dia, depois de muitas armadilhas e traiçoeiras ciladas, com muitos duelos de uma olímpica beleza e proverbial agilidade, com os guerreiros a esgrimir na terra e no ar, evoluindo por entre espadas, lanças e punhais que se cruzam e descruzam e vão provocando rios de sangue-vermelho-vivo, o Imperador resolve oferecer um banquete, num dia que o Camareiro-mor não acha o mais auspicioso para semelhante ocorrência. Mas como as vontades do Imperador são para cumprir, assim seja. E assim foi que num espaço de um palco frente ao trono do Império, se sucederam as mortes, com um compasso feroz, marcado pela cobiça dos homens e executado através de múltiplos expedientes, salpicados por fatalidades e equívocos sem retorno. A Imperatriz tenta envenenar uns, mas acaba por ver desviada a taça, e a partir daí o morticínio é total. No palco desse jogo de poder nefasto, jazem corpos que tombam num bailado fúnebre.
O filme é basicamente mais uma meditação sobre a febre do poder que tudo corrói e corrompe. O talento de Feng Xiaogang é inequívoco, ainda que uns pontos abaixo da genialidade de Zhang Yimou. Será aliás curioso comparar como dois filmes tão semelhantes quanto ao seu argumento, podem ser tão diferentes, mesmo contraditórios, quanto à estética, ao ritmo, ao estilo de ambos os cineastas. Numa escola de cinema, mostrar “A Maldição da Flor Dourada” e “Os Inimigos do Império” um a seguir ao outro, é uma boa maneira de “explicar” o que é um estilo, um tom pessoal, um olhar diferente. Feng Xiaogang é mais denso, mais soturno, mais nocturno nas suas imagens. Mais lento na forma como conduz a obra. Mais “intelectualizado”, mais “artístico”, sem que nada disso sejam virtudes só por si. Como já dissemos, preferimos a limpidez kurosaweana (e fordeana) de Zhang Yimou. Não é por querer ser mais “intelectual” que se é melhor.
Mas é evidente igualmente que este é um filme fascinante, inclusive por essa necessidade de se afirmar mais reflexivo. Desde as primeiras imagens que Feng Xiaogang aproxima a sua narrativa do palco teatral. O seu Príncipe, angustiado pelo que vai no palácio, afasta-se para longe da corte e vai aprender arte de representação, utilizando máscaras e túnicas brancas que tornam todos os actores iguais. Explica-se mesmo que representar com máscara é que é a autêntica forma de representar, pois se torna mais difícil mostrar as emoções. É ai que os primeiros enviados do Imperador usurpador o vão tentar assassinar pela primeira vez. Aí se vai iniciar o bailado bélico que acompanha toda a obra. Aí principia igualmente a “representação” ostensiva desta tragédia que se envolve num melodrama passional de umas proporções de tal forma excessivas que chega a surpreender. Feng Xiaogang não recusa um plano mais extenso (o longo travelling acompanhando o caminhar da Imperatriz, de costas!) ou uma fixidez de uma duração insuspeita (vários exemplos ao longo do filme). Mas a estes seguem-se cenas de um ritmo avassalador, verdadeiros ballets organizados em função de lutas corpo a corpo, onde a beleza, a brutalidade, a elegância e a violência se cruzam (há muito de “O Tigre e o Dragão” nesta obra que é produzida por um dos responsáveis pela coreografia do filme de Ang Lee).
O que mais impressiona nesta obra é objectivamente a forma como o realizador cria uma atmosfera quase doentia, patológica, através de ambientes pesados e sombrios, jogos de luzes e sombras, cores densas e magoadas, cenários sumptuosos que oprimem, e uma “encenação” (os franceses chamam-lhe “mise-en-scène” com muito rigor) que vai buscar influência ao teatro e o transporta com eficácia e rigor para a narrativa cinematográfica que, não descolando do estilo “wuxia”, não deixa de ser uma obra de grande beleza e severidade estética.
Conhecido internacionalmente como “The Banquet” esta obra de Xiaogang Feng, que conta com interpretações de Ziyi Zhang (excelente, e continua a ser uma das mais belas presenças do cinema asiático) e Daniel Wu, possui uma admirável fotografia que ajuda a criar esse clima poético de viciada decadência moral, sendo ainda o todo muito ajudado pela direcção artística e o guarda roupa de uma qualidade estética invulgar.
OS INIMIGOS DO IMPÉRIO
Título original: Ye Yan ou Banquet
Realizador: Feng Xiaogang (China, 2006); Argumento: Chiu-Tai An-Ping, Sheng Heyu; Música: Tan Dun; Fotografia (cor): Zhang Li; Director de cenas de acção: Yuen Woo Ping; Montagem: Miaomiao Liu; Direcção artística: Timmy Yip; Guarda-roupa: Timmy Yip; Coreografia: Wang Yuanyuan; Departamento de arte: Li Ji Qing; Som: Danrong Wang; Efeitos visuais: Phil Jones, Tracy Lefler, Persis Reynolds, Sarah Wormsbecher; Produção: John Chong, Zhonglei Wang, Woo-ping Yuen; Companhias de produção: Huayi Brothers & Taihe Film Investment Co.
Intérpretes: Ziyi Zhang (Imperatriz Wan), Daniel Wu (Principe Wu Luan), Xun Zhou (Qing Nu), You Ge (Imperador Li), Jingwu Ma (Ministro), Xiaoming Huang (Filho do Ministro), etc.
Duração: 131 minutos; Distribuição em Portugal: Vitória Filmes; Classificação etária: M/ 12 anos; Filmagens: Setembro de 2005 até Fevereiro de 2006, em Beijing, Montanhas de Altay, Xinjiang; "Mar de Bamboo", Zhejiang; Orçamento: 20 milhões de dólares.

Feng Xiaogang é um dos mais cotados realizadores chineses da actualidade. Nascido em Beijing, em 1958, Xiaogang é filho de um professor de um colégio do Partido Comunista e de uma enfermeira. A sua formação cinematográfica foi adquirida na televisão. Primeiro como assistente de produção, omo argumentista, como pintor de cenários num grupo teatral, etc. Em 1991 adaptou a televisão um romance popular sobre emigração chinesa nos EUA, de que resultou uma série de TV muito popular, "Beijingers in New York", estreada na China em 1992. Rapidamente surgiu o sucesso, e outras séries que estabelecem um novo género de teledramáticos na China "Hesui Pian (贺岁片)" ("New Year Celebration Movies"): “Dream Factory” (Jiafang yifang, 1997), “Be There or Be Square” (Bujian busan, 1998), “Sorry, Baby” (Meiwan meiliao, 1999) ou "A Sigh” (Yisheng tanxi, 2000). No cinema o seu reconhecimento dá-se com “Big Shot's Funeral”, “A Sigh” e, sobretudo, “Cell Phone”, afirmando um cineasta um pouco diferente de camaradas como Chen Kaige ou Zhang Yimou. Feng Xiaogang é casado com a actriz chinesa Xu Fan. Nos seus filmes Ge You é a sua actriz fetiche.